SUPER JUNIOR: Danger, by Defalt

Danger

DANGER
por Defalt

Era para ser só mais uma... Mas não foi o que aconteceu. Künstler era conhecido na Coreia do Sul como o garanhão de Seul, o fato de ele dormir com uma a cada noite nunca o incomodara, até aquela noite.
Henry estava em uma casa noturna em Seocho-gu — o Club Mass — quando conheceu ela. A principio achou ser só um desejo de momento, mas ao passar uma noite de amor com ela, descobriu o que realmente sentia. Mas as coisas não são tão fáceis quando se ama de verdade e assim, o feitiço virou contra o feiticeiro. Künstler foi deixado, como era acostumado a fazer com todas após a diversão.
No começo, embora ele achasse que ela não quisesse nada com ele, a história era muito mais complexa do que ele poderia imaginar.
Quando seu pai o destina um trabalho relativamente simples, descobre que seu trabalho envolve justamente a pessoa que ele ama e varias incógnita começam a surgir em sua cabeça. Com o desenrolar dos fatos, ele acha que descobre a verdade por trás do interesse de seu pai nela. Em cima disso, mentiras começam a correr como uma doença contagiosa e tudo começa a dar errado na vida de ambos, desde desconfiança entre amigos a traições. E com isso as coisas vão ficando cada vez mais perigosas para ambos os lados.
                  Welcome to Danger...
Gênero: Ação, Citrus, TWT, Suspense, Drama
Dimensão: Longfic
Classificação: PG-17
Aviso: Os integrantes e Huang Xiao Ming são fixos.
Contém cenas explicitas de sexo, linguagem obscena, tortura, violência, morte, consumo de drogas licitas e ilícitas.

Beta: Nikki

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# Capítulo 1 # Capítulo 2 # Capítulo 3 # Capítulo 4 # Capítulo 5 # Capítulo 6 #

 

 

Capítulo Um

 

A noite estava um pouco fria para aquela época do ano em Seul. Uma leve brisa tocava o rosto desprotegido de um rapaz que andava por Seocho-dong. A lua havia se erguido soberana no céu agora cor de cobalto ante uma horda de estrelas submissas. Sua luz caía sobre os dongs de Seocho-gu, com suas abarrotadas lojas, agora escuras e silenciosas, ofuscadas pelas luzes dos letreiros de casas noturnas na região. Sua luz também banhava a silhueta do jovem de outrora, que agora, se aproximava de um Club noturno, cujo letreiro — enorme e chamativo — anunciava ser o Club Mass.

Ele tinha a pele pálida, cabelos escuros e rebeldes e, seus olhos orientais, eram de um negro tão intenso quanto uma noite sem luar. Vestia jeans escuros, coturnos, camiseta branca e uma jaqueta de couro preto com as mangas arregaçadas até os cotovelos. Era alto e esguio como um modelo. Ele usava um colar longo preto no pescoço e uma pulseira artesanal preta no pulso esquerdo.

O garoto se aproximava, estava com as mãos nos bolsos da calça e assim que notou duas lindas coreanas saírem do Club e seguirem em sua direção, retirou a mão direita do bolso e a levou aos cabelos, bagunçando-os ainda mais. As duas garotas passaram sorrindo para ele, que retribuiu o sorriso jogando todo seu charme, deixando-as derretidas logo atrás.

A entrada do Club era guardada por dois seguranças vestindo negro. Ambos estavam de braços cruzados, não possuíam nem de longe, traços asiáticos e não pareciam de bom humor. O rapaz se aproximou, os seguranças tinham o dobro do tamanho e massa muscular dele, mas, mesmo assim, ele não se importou, continuou seu caminho até a entrada do Club.

Antes que estivesse a três passos da porta, um dos seguranças se colocou entre o garoto e seu destino. Ainda de braços cruzados o encarou de forma intimidadora.

— O que pensa que está fazendo aqui, garoto? — surgiu a voz como rochas se entrechocando. — Eu não te disse para não voltar aqui?

O rapaz pendeu a cabeça para o lado, a fim de encarar o segundo segurança, que mantinha sua expressão de poucos amigos, então, voltou sua atenção ao primeiro, endireitando a cabeça com exagerado sarcasmo.

— Sabe o que é — começou ele. — Eu não sou muito de seguir ordens e eu pretendo vir aqui — ele apontou para a entrada do Club. — Quantas vezes eu quiser!

— Ah é? — o segurança descruzou os braços e deu um passo à frente, parecendo ainda maior do que o garoto, então sorriu levantando o punho. — Então vai na boa, Henry! — ele colocou a mão sobre o ombro esquerdo do garoto, dando passagem a ele logo em seguida.

Henry sorriu, seguiu seu caminho abrindo a porta e antes que a mesma se fechasse atrás de si ouviu a voz do segurança:

— E vê se deixa umas gatinhas pra gente, moleque!

— Pode deixar, Carlos! — respondeu Henry, sorrindo.

A porta se fechou e Henry seguiu em direção ao aglomerado.

—✰—


O local estava lotado, típico de um sábado à noite. Henry precisava de uma bebida e após cumprimentar alguns conhecidos aqui e ali, ele chegou ao bar.

— Uma dose de tequila, por favor! — pediu, sentando-se em uma banqueta.

Henry colocou os cotovelos apoiados sobre o balcão entrelaçando os dedos em frente ao rosto. Ao fundo a introdução da música Nalina podia ser ouvida. O barman virou-se para pegar um copo e uma garrafa com a bebida pedida. Uma olhada para o lado e Henry avistou uma garota na pista de dança. O barulho do copo batendo contra o balcão fez Henry desviar o olhar da garota e concentrar-se no copo a sua frente, sendo cheio com a tequila.

— Ai esta a sua bebida, senhor! — o barman disse. Henry assentiu, agradecendo, viu o rapaz se distanciar e olhou o pequeno copo a sua frente. Desvencilhando os dedos, pegou o copo dando uma golada.

O líquido desceu queimando-lhe a garganta e, no segundo seguinte, Henry se pegou olhando novamente para a garota na pista de dança.

Henry a achava bonita, ela dançava bem e mesmo não sendo asiática, de algum modo, ele sentia-se atraído por ela. Talvez fosse por ela não estar vestida de forma vulgar como a maioria das garotas ali. Jeans preto, coturnos, regata branca e uma jaqueta de couro preto, sem contar que seus longos cabelos balançando ao som da música a deixavam ainda mais graciosa aos olhos de Henry.

—✰—


Henry tomava sua terceira dose de tequila, em um único gole como as anteriores, mas ainda não havia tomado coragem para ir falar com a estrangeira que lhe chamara a atenção. Ele se perguntava por que tinha tanto receio de chegar nela e puxar assunto, sendo que com outras garotas era tão simples. Talvez por ela ser estrangeira — e extremamente linda — não que as coreanas de Seul não fossem prova disso, como as duas garotas que passaram por ele outrora, mas aquela garota de olhos ocidentais era quase perfeita e, mexia com a cabeça de Henry de um modo que nenhuma outra — asiática ou não — mexera.

Na quarta dose, Henry tomou coragem, mas assim que estava prestes a se levantar, notou que a garota estrangeira se aproximava e sua coragem criou asas. Seu coração disparou, então, com um meneio de mão pediu mais uma dose de tequila, que foi rapidamente posta sobre o balcão pelo barman.

Henry não sabia exatamente o que estava sentindo, mas sabia exatamente quem era a causadora de tais sintomas. A garota sentou-se em uma banqueta à direita de Henry. Ela moveu o corpo sensualmente sobre o acento e, vendo-a assim, Henry a desejou ainda mais — se é que era possível.

— Duas doses de vodka, por favor! — disse ela em inglês ao barman, que no mesmo instante colocou dois copos e encheu-os com vodka. Ela sorriu, agradecendo em russo. — Spasibo!

A garota pegou um dos copos e colocou-o na frente de Henry, que a olhou de esguelha, deslizando os dedos sobre a borda do copo com a quinta dose de tequila ainda intocada.

— É falta de educação não aceitar bebida de uma mulher — disse ela, agora em um coreano fluente e em seguida bebeu toda a sua vodka em um único gole. Ela colocou o copo vazio sobre o balcão e virou-se de frente para Henry, cruzando as pernas, estendeu a mão em cumprimento. — Me chamo Möretz, muito prazer.

Henry bebeu a vodka oferecida por e colocou o copo vazio sobre o balcão.

— Henry Künstler. E o prazer é todo meu — disse ele, apertando a mão dela.

Ele sorriu, notou um colar de identificação militar no pescoço de e voltou a fitar o copo com tequila a sua frente.

— Notei que você não parou de me olhar um minuto sequer desde que entrou aqui — disse ela, apoiando o braço direito sobre a beirada do balcão e entrelaçando os dedos em frente à barriga, ainda com suas pernas cruzadas.

Como ela percebeu isso? Eu estava sendo o mais cauteloso possível, pensou Henry, surpreso, mas, porém não deixou transparecer.

— Se está interessado em mim, por que não veio falar comigo? — perguntou ela sem retirar os olhos de Henry, por sua vez, ele só conseguia olhar para o copo com a tequila à sua frente.

— Estava apenas tomando coragem — Henry levantou o copo, chacoalhou o líquido transparente como se explicasse o que havia dito, então, em seguida bebeu toda a tequila em um único gole.

— Assim você me ofende — disse calmamente, fingindo indignação. — Faz parecer que um cara precisa estar bêbado para vir falar comigo.

— Não foi isso o que eu quis dizer — Henry virou-se de frente para . — Mas é que é duro levar um fora. Ainda mais de uma garota linda como você.

— Se você não perguntar a resposta sempre será não — ela sorriu.

Henry levantou-se do banco e se aproximou de , levou sua mão direita à nuca dela e a puxou para um beijo, que ela não recusou — afinal, Henry era lindo.

— Viu, não foi tão difícil e você nem esta bêbado — disse após Henry ter afastado seus lábios dos dela.

—✰—


As luzes dos postes de iluminação pública ainda estavam acesas, algumas estrelas estavam no céu que ainda não contava com o nascer do sol. As luzes estavam acesas em um quarto de hotel onde Henry estava hospedado e, onde passara uma noite de amor ardente com . Ele ainda estava deitado na cama, apenas de cueca, com as mãos entrelaçadas atrás da nuca e com um lençol de seda preta cobrindo da cintura para baixo. estava logo à frente da cama vestindo seu jeans e Henry a observava com malícia.

— Você já vai? — perguntou Henry, olhando para o relógio na parede atrás de . — Ainda são seis horas.

Ela vestiu sua regata branca e sentou-se na cama para calçar seu coturno.

— Eu tenho que estar em um lugar daqui à uma hora — mentiu.

amarrou os cadarços do seu coturno e levantou-se indo até o criado-mudo do lado direito da cama, pegando seu colar de identificação militar.

— Eu preciso ir — disse ela enquanto colocava as plaquetas militares. — Foi um prazer conhecer você, Henry.

sorriu e virou-se para sair. Henry sentou-se na cama rapidamente e segurando-a pelo pulso, impediu-a de ir.

— Quando vamos nos ver novamente? — perguntou ele.

— Não vamos! — disse ela, puxando seu braço e indo em direção à porta.

parou, pegou sua jaqueta de couro sobre o encosto de uma poltrona próxima a porta e continuou seu caminho enquanto vestia a mesma. Ao chegar de frente para a porta, levou à mão a maçaneta, parou por alguns segundos parecendo pensar, então, girou a maçaneta para abrir a porta. E em seguida saiu, fechando a porta atrás de si.

Henry ficou ali, paralisado. Não entendia o que havia acontecido para cogitar um segundo encontro com a garota. Estava acostumado a dormir com uma a cada noite e, realmente não entendia o que havia feito para atraí-lo tanto assim. Henry balançou a cabeça, tentando afastar as lembranças da noite anterior, de como o corpo dela encaixava-se perfeitamente sobre o seu, ou de suas mãos passeando por sobre a pele quente e suada dela enquanto ela gritava seu nome sem nenhuma prudência.

Passando as mãos nos cabelos e os jogando para trás, Henry levantou-se da cama e seguiu em direção ao banheiro — precisava de um banho.

—✰—


andava tranquilamente pela calçada, o hotel já havia ficado a algumas quadras atrás, ainda era cedo e poucas pessoas eram vistas na rua. Ela levou as mãos aos bolsos da calça e um sorriso bobo encurvou seus lábios ao lembrar-se de Henry. Ao virar a esquina seu sorriso murchou e ela cessou seus passos bruscamente ao ver um AUDI S8 2013branco parado.

O vidro escuro baixou e um rapaz a encarou. Estava de óculos escuros e vestia uma jaqueta de couro preto sobre uma camiseta também preta. Era jovem e bonito.

— Parece que viu um fantasma — disse ele cinicamente, retirando seus óculos. — Onde foi que passou a noite? — seu tom de voz agora era sério.

— Como se você não soubesse! — disse ela, voltando a andar.

O veiculo começou a segui-la.

— O que eu devo fazer com aquele cara da boate? — perguntou o rapaz. Então adotou feições de como se estivesse pensando em algo. — Começo cortando os dedos ou arrancando os dentes? — disse por fim.

parou, virou-se para o carro e encarou o rapaz apontando-lhe o dedo.

— Se você tocar nele — ela fez uma pausa. — Eu mando meu pai te demitir.

E voltou a andar.

— Eu estou brincando, — disse ele, soltando uma gargalhada e então voltou a segui-la. — Entre no carro, tenho que te levar pra casa.

— Eu prefiro ir andando!

— Tem certeza? — ele sorriu sarcasticamente. — O caminho é longo até sua casa.

parou novamente, e o carro também.

Ele estava certo, estava em Seocho-gu, tudo bem que Gangnam-gu era ao lado, mas mesmo assim era um longo trajeto até sua casa.

— Aishi! — bufou ela, dando-se por vencida. — Tá bem, Heechul!

deu a volta no carro e entrou, sentando-se no banco do carona e passando o cinto. Ela cruzou os braços e fechou a cara.

— Não fique assim, querida — Heechul levou a mão direita ao queixo dela. — Eu não vou contar para o seu papaizinho onde a filhinha linda e gostosa dele passou a noite.

— E o que você vai querer em troca? — Ela deu um tapa na mão de Heechul e, então, o encarou.

— Não quero nada em troca — Heechul engatou a primeira marcha, seguindo em frente. — Só não volte a encontrar aquele cara. — ele a encarou novamente. Sorriu com crueldade. — Ou eu o mato!

— Você sabe que não estamos mais juntos, não é mesmo, Heechul? — ela sorriu. — Mas, eu não vou mais me encontrar com ele. Só não pense que é por você!

—✰—


Henry andava tranquilamente pela calçada, arrumava a gola da jaqueta quando seu celular vibrou. Ele levou a mão ao bolso da calça e puxou o aparelho, havia recebido um SMS de um número desconhecido.

Estão te seguindo...

Henry guardou o celular no bolso e deu uma breve olhada em volta, não encontrou ninguém, então, voltou a seguir seu caminho.

Andava com as mãos no bolso da jaqueta de couro quando dobrou a esquerda em um beco. Adentrou-o e após alguns passos uma van preta parou na entrada, dois caras vestindo roupas pretas e usando máscara de palhaço desceram segurando tacos de Baseball. Henry parou, olhou para frente e mais dois caras em condições semelhantes apareceram.

Ele estava cercado.

— Podemos fazer do jeito fácil... — começou um deles.

— Ou do jeito difícil. — continuou outro, batendo o taco contra uma das mãos.

Henry olhou de um lado para outro avaliando seus oponentes, então, um sorriso sarcástico encurvou seus lábios, retorcendo seu rosto em sinal de puro desprezo. Ele não sabia se ria, ou se sentia pena do que iria fazer com aqueles caras.

— Tem certeza que vão querer fazer isso? — perguntou Henry. — Sabe, se vocês querem mesmo, eu sugiro que liguem para uma ambulância antes, as coisas vão ficar feias por aqui!

— Você não faz ideia, garoto! — disse um terceiro. Ele deu um passo à frente, batendo seu taco contra a mão numa tentativa falha de intimidar Henry.

Um dos caras que havia saído da van parada em frente ao beco também tomou tal atitude, restando apenas um em cada lado do beco, Henry encarou os dois, que se aproximavam com os tacos em mãos.

— Depois não digam que eu não avisei!

Henry juntou as mãos e estalou os dedos, esperando o primeiro investir contra ele. O cara deu longos passos adiante, levantou o taco de Baseball para acertar em Henry que, apenas segurou o braço do cara no ar. Ainda segurando o braço do sujeito, Henry deu uma joelhada no estomago dele, fazendo-o largar o taco para ele e levar as mãos ao local atingido. O cara se inclinou para frente e Henry deu-lhe um chute no maxilar derrubando-o no chão a tempo de desviar-se da estocada desferida pelo segundo cara. O taco que agora pertencia a Henry foi de encontro às costelas do sujeito fazendo-o largar o taco e cair no chão encolhido.

Ao se afastar dos inimigos tombados, Henry jogou o taco de Baseball que segurava em direção ao segundo cara que havia saído da van, ele sorriu com sarcasmo e disse:

— Por que não apanha com um pouco mais de honra? — ele se aproximou de um dos caras caídos e tocou de leve o corpo com a ponta do coturno. — Veja — ele apontou para o cara desmaiado a seus pés. — Nem jogando sujo vocês me batem!

— Certo, espertinho — bufou o cara próximo a van. Ele jogou o taco longe e a passos largos se aproximou de Henry. — Vamos fazer do seu jeito, garoto!

Ele começou investindo com socos seguidos de direita e de esquerda que eram desviados facilmente por Henry. Ele tentou chutar a perna de Henry enquanto esse protegia o rosto com os antebraços, mas foi surpreendido quando Henry deslizou a perna alvo para trás, deixando-o chutando o vento. O mascarado soltou um palavrão ao ver um sorriso zombeteiro nos lábios do oponente e novamente investiu com mais socos e em seguida uma rasteira, mas Henry era hábil. Pulou sobre as pernas do oponente neutralizando o ataque. O que fez com que o sujeito com mascara de palhaço ficasse ainda mais irritado.

Mas Henry estava cansado de jogar só na defensiva, partiu para o ataque. Investiu com um gancho de direita, mas seu adversário era esperto e não perderia sem uma boa luta. O mascarado segurou a mão cerrada em punho de Henry e girou-o de encontro à parede de tijolos, mas Henry foi mais rápido, subiu pela parede ainda segurando o braço do oponente e girou um mortal sobre ele, ao trazer o braço do mascarado para trás, bateu o rosto do mesmo contra a parede de tijolos vermelhos quebrando talvez, alguns dentes.

Henry jogou o corpo inconsciente de seu adversário de lado. Virou-se de frente para o mascarado remanescente e sorriu.

— Está vendo, Donghae? — disse Henry. Ele passou a mão pelos cabelos deixando-os ainda mais bagunçados e, então, começou a ir em direção ao mascarado. — Deveria ter me enfrentado desde o começo, pouparia a vergonha de ver seus subordinados caírem perante Henry Künstler!

O rapaz retirou a máscara, era um jovem de 28 anos, bonito. Tinha cabelos um pouco compridos e bagunçados, era asiático assim como Henry.

— Como soube que eram meus subordinados? — perguntou Donghae.

— Primeiro — Henry levantou a mão mostrando o número 1 com os dedos. — Você me enviou uma mensagem dizendo que estavam me seguindo, foi fácil adivinhar que era você e — Henry levantou outro dedo mostrando o número 2 — segundo — ele suspirou penosamente —, Seus caras brigam muito mal.

Henry estendeu a mão para cumprimentar seu amigo e, quando este a apertou, ele o puxou para um toque de ombros. Ambos riram do comentário de Künstler.

— Mas então — começou Donghae, levando o braço direito aos ombros de Henry, enquanto seguiam até a van parada na entrada do beco. — Pegou o número daquela garota da boate?

— Você sabe que não pego o número de nenhuma garota, não é, Fishy? — disse Henry, dando de ombros.

— Qual é cara, você poderia pelo menos ter pegado o número dela pra mim — Donghae deu um tapinha nas costas do amigo. — Ela é muito gata, eu não tenho culpa se você é acostumado a dormir com uma a cada noite, mas por aquela menina — Donghae suspirou, levando as mãos juntas sobre o coração. — Por ela, eu deixaria de ser mulherengo.

Henry o olhou de esguelha.

— Pelo menos você sabe o nome dela, não é? É que eu posso pedir ao Kyuhyun para descobrir onde ela mora, se tem irmãos, gato, cachorro, estas coisas.

— Você tá afim da garota com quem eu dormi? — perguntou Henry, irritado.

Donghae soltou uma gargalhada contagiante, mas Henry continuou cético.

— Você tá afim dela, Henry! — Donghae retirou o braço dos ombros do amigo e o encarou. — Henry Künstler o famoso garanhão de Seul esta afim de uma única garota, isso é muito épico, eu tenho que contar para os garotos!

— Você também está afim dela, então não diga muito — Henry se defendeu, escondendo sua decepção, se seu melhor amigo estivesse afim da mesma garota que ele, deveria sair do caminho, já que ela não havia lhe dado tanta atenção depois do que acontecera à noite.

— Cara, como é fácil saber quando você tá afim de alguém — Donghae riu mais um pouco e então ficou serio. — Eu não estou afim dela, só queria que você pensasse que estava. Você devia ter visto a cara que fez quando demonstrei interesse por ela.

Donghae soltou mais uma gargalhada.

Os dois se aproximaram da van, Donghae deu a volta pela frente e abriu a porta do lado do motorista e adentrou o veiculo, ainda rindo.

— Henry Künstler está apaixonadinho — cantarolou Donghae. — Ai Deus, eu morro e não vejo tudo ainda!

— Cala a boca, Lee! — Henry disse, batendo com força a porta da van assim que entrou. — O que vamos fazer com eles? — Henry olhou pelo retrovisor e viu os subordinados de Donghae caídos, ainda inconscientes.

— Eu liguei para alguém vir cuidar deles assim que você derrubou o primeiro — Donghae ligou a van e engatou a primeira marcha, olhou para Henry e sorriu. — Você pegou pesado dessa vez.

— Foi você quem me ensinou a pegar pesado, Fishy.

—✰—


Heechul parou o carro na entrada da mansão onde morava. Ele puxou o freio de mão e desligou o motor, retirou o cinto de segurança e viu a garota levar a mão ao cinto que a prendia para soltá-lo, então, em uma fração de segundo, segurou o pulso dela, impedindo-a de completar a ação. Ele a olhou nos olhos, Heechul ainda era perdidamente apaixonado por ela, e às vezes — quando estava perto dela — fazia as coisas sem pensar, muitas vezes a machucando sem querer por não saber controlar sua força.

Heechul direcionou sua atenção para os lábios vermelhos de , fazia alguns meses que ele não os sentia sobre os seus, mas ainda se lembrava de como os lábios dela eram macios. Naquele momento, Heechul sentiu uma vontade enorme de tomar aqueles lábios para ele novamente.

— O que você pensa que está fazendo, Heechul? — perguntou ela.

— Isso... — Heechul puxou para um beijo.

Ele necessitava daquele beijo, assim como necessitava de ar para respirar. Heechul sabia que iria ser xingado de todos os palavrões possíveis em todos os idiomas que falava mais não se importava a única coisa que importava para ele naquele momento era o gosto doce do beijo da garota que ele amava, do beijo de . No segundo seguinte, Heechul sentiu uma fisgada no lábio inferior e logo depois sentiu o gosto do seu sangue. o havia mordido.

— Ai! — gemeu ele, afastando-se dela. — Por que você fez isso?

Heechul levou as costas da mão ao lábio sangrando, cuspiu o sangue de Heechul no rosto dele.

— Nunca mais faça isso, Heechul! — berrou ela. — O que aconteceu entre a gente acabou pra sempre e o culpa é única e exclusivamente sua!

soltou o cinto, abriu a porta e saiu como um furacão batendo a porta com toda a força que conseguira. Ela passou pela frente do veiculo, olhou para Heechul, este jogou um beijo e ela mostrou o dedo do meio e a língua e seguiu em direção à porta de entrada principal da mansão.

— Você vai voltar a ser minha, ! — disse Heechul para si mesmo.

—✰—


— Seu pai quer falar com você, Henry — disse Donghae.

Os dois andavam em direção ao escritório do pai de Henry.

— Você sabe o que ele quer falar comigo? — perguntou Henry, despreocupado.

— Não faço a mínima ideia, amigo — respondeu Donghae.

— Certo mais algum trabalho para mim, no mínimo — reclamou Henry, suspirando dramaticamente. — Eu mereço!

— Não reclame, garoto — Donghae deu um tapinha nas costas de Henry. — Qualquer outro pivete da sua idade gostaria de ter um pai como o seu.

Henry parou, estavam em frente à porta do escritório do pai. Donghae sorriu, encorajando o amigo a abrir a porta, então, apontou para a mesma.

— Primeiro as damas! — brincou.

Henry rolou os olhos e fez uma careta, que Donghae conteve-se para não rir — muito — e então, levou à mão a maçaneta da porta, abrindo-a e entrando.

O escritório de Thömas Künstler ficava no térreo e tinha vista para os jardins em frente da mansão por meio de dois conjuntos de janelas duplas que se abriam para uma ampla varanda. A sala era forrada com gesso branco, onde um lustre pendia do teto no centro da sala. Havia uma mesa grande em frente às janelas, uma poltrona grande e confortável estava atrás dela e duas médias mais não menos confortáveis estavam à frente. As paredes eram repletas de estantes cheias de livros e rolos de pergaminhos com documentos muito importantes de eras atrás, documentos que Thömas Künstler pagara milhões para ter em sua posse. Em uma parede, no lado esquerdo da sala, um autêntico Pablo Picasso repousava.

Sentado em sua poltrona atrás da mesa, Thömas Künstler observava os traços de seu Guernica, enquanto degustava uma taça de vinho tinto ano 1932. Ele possuía olhos ocidentais, sua pele era clara, assim como a do filho e tinha cabelos negros comportados. Henry pigarreou e temeu que seu pai pedisse a Donghae que se retirasse.

— Bem, eu já vou indo então — disse Donghae prestes a fechar a porta do escritório quando foi interrompido pelo senhor Künstler.

— Não, Donghae — disse ele, colocando a taça de vinho sobre a mesa. — Preciso dos dois aqui. — Ele apontou para as poltronas à sua frente. — Sentem-se.

Henry agradeceu mentalmente por seu pai ter deixado Donghae ficar, pelo menos se ele levasse um sermão seu melhor amigo também levaria.

— Sim, senhor! — disse Donghae.

Henry olhou para Donghae e um sorriso surgiu nos lábios do mais novo. Donghae arregalou os olhos, pois sabia que aquele sorriso significava um "você vai se ferrar junto", então sacudiu a cabeça dando-se por vencido, adentrou a sala e fechou a porta atrás de si. Os dois aproximaram-se da mesa do senhor Künstler e sentaram-se no local indicado — Henry à direita e Donghae à esquerda.

— O que o senhor deseja falar comigo, pai? — perguntou Henry.

— Me surpreende você não estar de ressaca hoje — disse Thömas, vagamente. — Bem, eu tenho trabalho para vocês, meninos.

Thömas abriu uma gaveta em sua mesa, pegou um dossiê e entregou para seu filho. Henry pegou o inventário e o abriu. Ao ver a foto de uma garota seu coração disparou, era quem estava na foto.

— Preciso que você fique de olho nela — explicou Thömas, ele juntou as mãos sobre a mesa e entrelaçou os dedos, olhou atentamente para o filho, que começou a ficar pálido. — Algum problema, filho? — perguntou, preocupado.

— N-Não, não é nada pai. — respondeu Henry, gaguejando.

Donghae pegou o inventário das mãos do amigo, que permanecia imóvel.

— Mas não é a garota... — Donghae foi interrompido por um chute na canela desferido por Henry, ele o olhou e o mais novo lançou um olhar que Donghae entendeu como "não conta pra ele, porra!”.

— Vocês a conhecem? — perguntou Thömas, desconfiado.

— Claro que não! — disse Henry, rapidamente.

— Mas Donghae parece conhecê-la, não é? — perguntou o senhor Künstler a Donghae.

— Não a conheço, senhor — respondeu Donghae. — Ela só estava no mesmo Club que nós ontem à noite, só isso.

— Sim, agora me lembro de tê-la visto no bar — disse Henry, olhando para Donghae como se dissesse: ainda bem que concertou a merda que fez!

Esse era o resultado de anos de amizade, um sabia praticamente quase tudo o que o outro pensava.

— Henry, você dormiu com ela? — a pergunta acertou Henry em cheio. Seu pai arqueou uma sobrancelha esperando a resposta do filho.

— Não, ela não faz meu tipo — mentiu.

— Mulher é o seu tipo, não mente pra mim garoto! — disse o pai.

— Eu não estou mentindo! — berrou Henry. — Por que o senhor nunca acredita em mim?

— Certo, vou te dar esse voto de confiança.

— Obrigado! — Henry rolou os olhos.

— Eu preciso que você se aproxime dela, como amigo, nada de dar em cima dela, ouviu bem?
Henry assentiu. — Eu preciso saber tudo o que ela faz.

— Posso perguntar o porquê disso? — quis saber Henry.

— Não, você não pode perguntar o porquê disso! — respondeu o senhor Künstler. — Pelo menos, não agora.

— Certo, posso ir? — perguntou Henry, levantando-se da poltrona.

— Claro.

Henry se dirigiu até a porta, Donghae levantou e estendeu o dossiê para o Thömas.

— Pode ficar, tem informações de que vão precisar — disse Thömas.

— Certo, com licença senhor Künstler.

Donghae tomou o mesmo rumo que o amigo e ao sair do escritório fechou a porta. Henry o esperava de braços cruzados encostado na parede do lado esquerdo da porta de carvalho escuro do escritório, de frente para a porta de um lavabo que existia ali.

— Por que você fez aquilo? — perguntou Donghae.

Henry ignorou a pergunta do amigo, descruzou os braços e se afastou da parede, virou de costas para Donghae, passou pelo bar e seguiu em direção as escadas que levavam ao segundo andar. O mais velho o seguiu sem dizer uma palavra.

—✰—


Na sala de estar da mansão onde morava, uma jovem muito bonita, sentada em um dos sofás do cômodo, folheava uma revista de moda qualquer. Ela vestia calças de couro preto, sapatilha preta com bico metálico, camiseta regata branca e um blazer amarelo canário. Usava um bracelete de prata e um colar longo com folhas em cobre. Ela tinha a pele morena, olhos castanhos e intensos e cabelos negros e curtos na altura do queixo.

Ela não aguentava mais ficar ali, esperando. Batia a ponta do pé direito em sinal de nervosismo, cruzava as pernas e as descruzava para depois cruzá-las novamente, tentando parar de bater o pé, mas começava a balançá-lo ao léu ainda mais nervosa. Folheava a revista, parava em alguma matéria fingindo interesse, mas nada a fazia ficar menos nervosa. Ela estava realmente muito preocupada.

O som da porta de entrada principal se fechando com um estrondo a fez ficar mais calma. Jogando a revista de lado, descruzou as pernas e levantou-se do sofá. Viu uma silhueta de cabelos compridos passarem como um furacão pela porta e seguir em direção as escadas que levavam ao segundo andar da mansão.

! — disse a jovem, alegre em ver a garota. — Onde você passou a noite? Eu fiquei preocupada!

A jovem caminhou até a porta da sala, de onde tinha vista para a escada, sala de jantar e entrada principal. Não viu na escadaria, então ouviu a porta do quarto da mesma batendo-se com um estrondo. Ela olhou para a porta de entrada, Heechul entrava com um sorriso nos lábios, algo estava errado naquela cena.

— O que você fez com a , Heechul? — perguntou a ele.

— Por que você acha que eu fiz alguma coisa? — indagou Heechul, com um sorriso cínico nos lábios.

— A entra "aparentemente" furiosa, logo depois você entra com essa cara de...

— Lindo? — sugeriu Heechul, interrompendo a garota.

—... de que fez alguma coisa pra deixá-la muito puta da vida — continuou ela, revirando os olhos por conta da interrupção.

Heechul olhou para a morena, levou a mão direita ao queixo dela e sorriu.

— Não se preocupe, — ele fez uma pausa e seu sorriso se alargou ainda mais. — Eu não fiz nada que minha não tenha gostado!

deu um tapa na mão de Heechul, afastando-a de seu queixo. Então, notou que o lábio inferior do rapaz estava um pouco vermelho e que um pequeno talho estava no centro do lábio. Um sorriso zombeteiro encurvou seus lábios.

— Vejo que ela não deve ter aprovado o seu beijo — ela fez uma pausa. — O que Yesung faria se soubesse que você beijou a irmã dele a força?

Heechul levou a mão que afastara de si em direção ao lábio ferido e sorriu com malícia, seus olhos brilhavam.

— Eu não tenho medo do que Yesung faria se soubesse que eu beijei a irmã dele — Heechul passou a mão pelo queixo e olhou com malícia para , sorriu com crueldade. — Assim como também não tenho medo do que Yesung faria se soubesse de toda a história! — Heechul deu a um último sorriso e virou-se, seguindo em direção a cozinha.

rolou os olhos, o que ele queria dizer com toda a história? Ela realmente não sabia.

—✰—


Henry adentrou em seu quarto, seguido por Donghae que fechou a porta atrás de si assim que passou. O mais novo sentou-se na cama, levou a mão direita aos cabelos e os bagunçou, deitou-se na cama e passou a fitar o teto de gesso branco.

Donghae caminhou até a escrivaninha do amigo, jogou o dossiê com desdém sobre a mesma e puxou a cadeira, sentando-se logo em seguida. Ele colocou uma das pernas sobre a outra, formando um quatro, apoiou o cotovelo na beirada da escrivaninha e passou a observar o amigo em silêncio.

Henry soltou um suspiro ao se lembrar de . Então, começou a pensar no porquê de seu pai querer que ele ficasse de olho nela, ainda mais sem ser do modo como Henry queria. Ficou por mais dois minutos sem dizer uma palavra e sem ouvir o melhor amigo falar também.

— Vai ficar de cara amarrada comigo só porque eu quase contei ao seu pai que você transou com a garota que ele pediu que vigiássemos? — Donghae quebrou o silêncio fúnebre que se instalara no quarto.

— Não... só estava... pensando. — Henry soltou um suspiro pesado. Com um impulso sentou-se na beirada da cama novamente, apoiou os cotovelos sobre os joelhos e juntou as mãos apoiando o queixo sobre elas. Olhou para Donghae com tristeza. — E se meu pai estiver interessado nela?

— Por que você acha isso? — perguntou Donghae.

— Sei lá, não há muito mais o que achar em relação a isso — ele fez uma pausa. — É a única explicação em relação a ele não querer que eu me envolva com ela.

— Ou talvez ela seja sua irmã, este também é um motivo bem plausível para que ele não queira a aproximação de vocês como casal — sugeriu Donghae.

— Ficou louco, Fishy? — Henry arqueou uma sobrancelha. — Não somos nem parecidos, ela não é asiática — observou Henry.

— Seu pai também não! — retrucou o mais velho. — Ele pode muito bem ter tido uma filha fora do casamento, com uma mulher do ocidente.

— Mesmo assim, ainda acho que meu pai esteja interessado nela — disse Henry, convicto.

— Sem ofensas Henry, mas não acho que seu pai seja o tipo de cara por quem ela se interessaria. Ele pode fazer sucesso com as mulheres, mas é velho demais para ela.

— Mas...

— Mas nada, Mochi, vamos ao que interessa. — Donghae abaixou a perna que estava sobre a outra e pegou o dossiê sobre a escrivaninha, abriu-o e começou a observá-lo com atenção. — Me diz o nome que ela disse a você — pediu.

Möretz — disse Henry. Ele levantou a cabeça, abaixou as mãos e olhou seriamente para o amigo que mantinha os olhos vidrados no dossiê.

— Ela mentiu pra você, amigo — disse Donghae. — Pelo menos o sobrenome. Ela não queria que você a procurasse, ela fez com você o que você sempre fez com outras garotas. — Donghae olhou para Henry.

— O Feitiço virou contra o feiticeiro! — disse Henry. — Como ela se chama?

Komarova, ela é russa, bom, descendente de russos — respondeu Donghae, voltando a olhar o dossiê. — O pai é Russo, Yuri Komarov, a mãe é brasileira, Sophia Do Valle, ela nasceu em 27/02/1996, tem 18 anos, cursa a segunda fase de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Yonsei e tem um irmão adotivo, JongWoon Komarov, conhecido como Yesung.

— JongWoon? — Henry franziu a testa. — Não é nome coreano?

— Sim, aqui tem um resumo dessa história: Yesung foi deixado na porta da casa dos Komarov assim que o casal se mudou para Seul. JongWoon tinha apenas dois anos de vida, mas foi recebido com muito amor pelo casal que ainda não tinha filhos. Detalhe que ele foi deixado no dia 27/02. Como a mãe de era apaixonada pela cultura coreana e como Yesung era coreano, resolveu colocar um nome coreano no garoto e optou por JongWoon.

— Você mencionou que ela está na segunda fase do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Yonsei, certo? — indagou Henry, Donghae assentiu. — Já sei como me aproximar dela. Donghae — Henry sorriu para o amigo —, que tal fazermos faculdade?

—✰—


adentrou em seu quarto bufando como um touro bravo, estava morrendo de raiva de Heechul. Ela não entendia como ele teve a audácia de beijá-la e entendia ainda menos o porquê de ter gostado do beijo roubado por ele. Balançou a cabeça tentando afastar a lembrança dos lábios de Heechul encostando-se nos seus e a harmonia em que suas línguas trabalhavam sempre que se encontravam. Retirou o celular do bolso da calça e colocou-o sobre a escrivaninha, próximo à TV. Virou-se de costas para a cama e deixou-se cair no colchão, pegou uma almofada preta próxima aos travesseiros e a abraçou, virou a cabeça para o lado direito, fitando o terrário onde mantinha seu camaleão de estimação.

— Ah, Viktor! — disse ao camaleão, suspirando pesadamente logo em seguida. — Eu estou tão confusa!

... — disse , abrindo a porta e entrando no quarto da mais nova. — Onde passou a noite?

— No apartamento de um amigo — mentiu.

— Não mente pra mim garota — fechou a porta e sentou-se aos pés da cama ao lado da amiga. — Eu sou sua melhor amiga, sei quando está mentindo! — disse ela convencida.

— Certo, eu conto onde passei à noite, mas antes eu preciso de um banho — disse, jogando a almofada na amiga e levantando-se da cama. — O Viktor já comeu?

seguiu em direção à porta do closet ao lado de uma estante com livros e porta-retratos.

— Já — respondeu , levantando-se da cama abraçada à almofada. Aproximou-se do terrário de Viktor e bateu com a ponta da unha comprida no vidro tentando acordar o camaleão que dormia. Viktor acordou e correu para trás de uma pedra onde adotou a coloração da mesma. soltou uma gargalhada. — Esse bicho é muito engraçado.

apareceu na porta do closet enrolada em uma toalha preta e olhou para meio curvada, de costas para ela e com a cara enfiada no terrário.

— Para de assustar meu camaleão, sua vadia!

— Ai, sua vaca — endireitou-se e virou-se de frente para a amiga, jogando a almofada com toda a sua força. desviou e a almofada acertou a parede. — Eu só queria ver o seu precioso Viktor mudar de cor!

— E conseguiu? — abaixou e pegou a almofada que jogara e que agora estava no chão, jogando-a sobre a cama.

— Sim — respondeu .

— Satisfeita então? — indagou , virando-se de costas para a amiga a fim de entrar novamente no closet e ir ao banheiro.

— Ainda não — respondeu à morena, entrando no closet atrás da amiga e seguindo até o banheiro. — Você não me contou onde passou a noite!

, que já estava dentro do Box, abriu a porta de vidro e colocou a cabeça para fora.

 — Eu dormi em um hotel, com um cara que fiquei ontem à noite no Club Mass — disse , ela colocou o braço direito para fora do Box, enquanto segurava a toalha que usara e jogando-a na direção de , que a segurou. — E... só pra constar — sorriu com malícia. — Ele não tem o pinto pequeno!

— Ah... — jogou a toalha em direção à , mas esta foi mais rápida e fechou a porta do Box antes que a toalha a atingisse. — E eu pensando que você ainda era virgem, sua vagabunda!

— Você ficou em Paris durante três anos, muita coisa aconteceu por aqui!

— É, eu percebi...

ficou em silêncio, apenas ouvindo a água do chuveiro cair enquanto a amiga terminava o banho. desligou o chuveiro, abriu a porta do Box colocando apenas a cabeça para fora.

— Joga uma toalha que tem ai no balcão da pia, por favor — pediu à .

A garota abaixou-se e abriu as pequenas portas do balcão da pia e pegou uma toalha branca, mostrando-a para .

— Pode ser essa? — perguntou.

assentiu.

fechou as portas do balcão e levantou-se, estendendo a toalha para a amiga pegou a toalha e voltou para dentro do Box fechando a porta.

... — chamou .

— Chore — disse . Saindo enrolada na toalha.

— Heechul beijou você a força, não foi? — perguntou à morena.

— Como você... — hesitou.

— Você entra furiosa, logo depois Heechul entra sorrindo de orelha a orelha, foi fácil juntar as coisas e adivinhar. O lábio inferior dele estava vermelho e tinha um pequeno corte, você o mordeu, né?

— É, mas...

— Eu perguntei a ele o que Yesung faria se soubesse que ele a beijou a força, já que desde que estou aqui, seu irmão não foi muito com a cara de Heechul. Então, ele me disse: eu não tenho medo do que Yesung fara se soubesse que beijei a irmã dele, assim como não tenho medo do que Yesung faria se soubesse de toda a história — ela fez uma pausa. — Que história é essa, ?!

encarou a amiga. Séria.

— Quer mesmo saber de toda a história? — perguntou. — É uma longa história.

— Eu tenho todo o tempo do mundo. — respondeu , sorrindo.

— Certo, vamos ao meu quarto.

 


 

Capítulo Dois

 

 Sentada em posição de lótus sobre a cama, abraçava um urso de pelúcia que ganhara de seu irmão. Os cabelos ainda estavam molhados, mas agora ela vestia um short jeans desgastado e uma camiseta regata branca estampada com o símbolo do game Assassin's Creed. sentava em frente à amiga, aos pés da cama, também abraçava um urso de pelúcia e estava super curiosa para saber a tal história que a melhor amiga tivera com Heechul.

 — Certo, vou contar desde o começo, e volto a repetir: é uma longa história. — disse , olhando seriamente para a amiga.

— Não estou com pressa, anda logo, conta de uma vez essa história! — disse , impaciente.

— Certo tudo começou quando...

 

Março de 2011 - 23h45min P.M.

— Tchau, até amanhã. — disse despedindo-se de April, sua amiga do colegial e parceira de trabalho.

, tá muito tarde, tem certeza de que não quer dormir aqui em casa? — disse April.

April se tornara uma grande amiga para depois que se mudara para Paris, andavam sempre juntas e faziam todos os trabalhos escolares juntas. Naquele dia, o trabalho havia sido um pouco mais complicado do que elas imaginavam e acabaram por termina-lo tarde da noite.

— Tenho sim, April. — disse .

— Mas é perigoso você sair sozinha há essa hora. Espera pelo menos meu irmão voltar, eu peço pra ele te levar pra casa. — sugeriu April, ela não queria que a amiga saísse àquela hora na rua, ainda mais sozinha.

— Eu não quero incomodar, além do mais, eu ligo para meu irmão vir me buscar no caminho. — disse . — Eu agradeço pela preocupação.

deu um beijo na bochecha de April e virou-se, saindo pelo portão da casa da amiga.

—✰—


— Droga de celular! — xingou o aparelho jogando-o na bolsa. — Tinha que acabar a droga da bateria justo agora? Merda!

andava por uma rua deserta, mal iluminada e sozinha. Uma brisa soprava, fazendo-a sentir frio e uma completa idiota por não ter aceitado a proposta da amiga. A lua estava em fase minguante quase nova, então, não podia contar com sua iluminação pelo caminho.

— Por que eu tenho que ser tão estupida?! — disse ela desferindo tapas seguidos em sua testa. — Burra, burra, burra!

Um par de faróis despontou no horizonte e ela logo deduziu que era um veiculo que vinha em sua direção.

Bem que poderia ser o Yesung! pensou .

O veiculo parou ao lado de , era uma van branca. O vidro do lado do passageiro baixou e o motorista espiou por ele. não conseguia ver perfeitamente o rosto dele, pois a luz que os faróis emitiam não era suficiente para clarear dentro do veiculo, mas ela podia ver que era um jovem asiático bonito, nada mais que 26 anos.

— O que uma moça tão bonita faz sozinha em uma rua deserta e escura como essa? — perguntou o motorista em inglês. — Entre, eu te levo pra casa.

— Não precisa, meu namorado esta vindo me encontrar, ele não vai demorar. — respondeu , também em inglês.

 — Tem certeza? — perguntou ele. — Eu não vi nenhum carro vindo.

— Tenho sim, ele me mandou uma mensagem dizendo que já estava chegando.

— Certo, então.

A van se distanciou e suspirou aliviada, voltando a seguir seu caminho.

—✰—


Já fazia meia hora que andava pela estrada e ainda não havia chegado nem na metade do caminho. Estava cansada, com fome e com frio. Novamente, notou um par de faróis seguindo em sua direção, mas desta vez vinham de trás. O veiculo parou ao lado de , era a van de outrora.

— Ainda andando sozinha? — perguntou o motorista. — Parece que seu namorado te deixou no vácuo.

— O pneu do carro furou, ele está trocando. — disse Komarova, como se fosse verdade.

— Se você quiser posso acompanha-la, pelo menos até o fim da estrada, onde começa a iluminação.

— Eu agradeço mais não precisa.

apurou os passos, agora estava começando a ficar com medo. Ela ouviu o cara descer da van e um pânico incontrolável dominou seu corpo.

— Eu já disse que não prec... — virou-se de frente para o sujeito e notou que ele apontava uma pistola 9 mm para ela. — Meu Deus!

— Fica quietinha e nada te acontece, falô? — disse o homem, assentiu, estava começando a tremer como uma vara verde.

— O que você... o que você... o que vai f-fazer comigo? — perguntou nervosa.

— Me diz uma coisa? — perguntou ele. assentiu, tremendo. — Sabe falar coreano?

— S-sei s-sim. — respondeu ela.

— Ótimo — ele fez uma pausa. — Vamos falar em coreano! — disse a última frase em coreano.

O jovem se aproximou de , que continuava a tremer, agora com olhos marejados.

— Certo, como se chama linda moça? — perguntou.

— respondeu ela, gaguejando.

? É um nome lindo, para uma garota linda.

— O que vai fazer comigo? — perguntou ela.

— Pishi! Só eu falo . — disse ele calmamente. — Me responda uma coisa sim?

assentiu, estava quase chorando.

— Você é virgem?

— S-sim, s-sou.

— Perfeito, o valor aumenta! — disse ele vagamente. — Vem, temos que ir!

O homem pegou bruscamente nos cabelos de , enrolando-os na mão, apontava a arma para ela que começava a cair no choro. Ele jogou-a contra a van, virou-a de costas e prensou seu corpo contra o dela. Lagrimas corriam pelas bochechas de e seus longos cabelos grudavam em seu rosto, O jovem afastou alguns cabelos para que pudesse vê-la e então aproximou os lábios dos ouvidos dela.

— Não chora pequena — disse ele. — Vai ficar tudo bem.

Ele afastou da van e a levou até a porta de trás, destrancou a mesma e jogou a garota com tudo dentro do veiculo, fechou a porta e a trancou.

não parava de chorar, agora soluçava enquanto abraçava a si mesmo murmurando que aquilo não estava acontecendo. Realmente ela estava muito assustada. De repente ouviu o som de vidro quebrando e em seguida um tiro que ecoou em seus ouvidos. Ela levou as mãos aos ouvidos e começou a chorar ainda mais. Uma sombra passou pela lateral da van, estava com muito medo, e se ele resolvera mata-la? Ela não queria nem pensar nisso. A porta se abriu revelando um rapaz, cabelos compridos amarrados para trás e uma franja repicada. Era asiático e extremamente bonito.

— Heechul! — disse , praticamente pulando nos braços do garoto. — Você me salvou!

Heechul havia sido apresentado como "guarda-costas ninja" de três meses antes. Ele cuidaria dela e a seguiria para todos os lugares, mas nunca atrapalharia ela, e nem mesmo seria visto por ela.

— Eu nunca deixaria nada acontecer com você, senhorita Komarova! — disse ele, passando uma das mãos pelos longos cabelos da garota enquanto esta o abraçava apertado. — Vamos, eu preciso leva-la para casa.

— Não! — gritou ela afastando-se de Heechul. — Eu não posso ir para casa, meu irmão não pode me ver assim!

— Quer voltar para a casa da sua amiga? — sugeriu.

— Não, ela vai me dar um sermão.

— Então para onde quer ir? Eu levo à senhorita até lá.

— Posso... posso ficar na sua casa? É só até amanhã. — pediu.

— É claro que pode, não é grande coisa, mas a senhorita ficara segura lá.

— Obrigado Heechul! — depositou um beijo na bochecha do rapaz.

—✰—


saiu do banheiro da suíte de Heechul usando um roupão de algodão branco, havia tomado uma ducha quente, agora estava mais calma e sentindo-se mais limpa, como se a água quente do chuveiro tivesse levado as lembranças de seu suposto sequestrador.

Atravessou o quarto e seguiu até a cozinha, viu Heechul sentado em uma das banquetas da bancada de mármore e se aproximou, agora podia ver claramente como ele estava vestido. Jeans escuros, coturnos, camiseta preta e uma jaqueta de couro preto.  Seus cabelos estavam presos e a franja levemente jogada para o lado, ele também usava um óculos de armação preta. Assim que notou a presença de , Heechul arrastou uma xícara para o lado e apontou para a banqueta vazia ao seu lado esquerdo.

— Eu fiz chá de camomila, tem bolo de milho na geladeira, se quiser posso pegar para a senhorita. — disse Heechul, levantando-se da banqueta e dando um passo para ir até o eletrodoméstico.

— Não precisa — disse , segurando em seu braço delicadamente, impedindo-o de ir até a geladeira. — Só o chá é suficiente. — sorriu.

— Certo — disse Heechul, voltando um passo e escorando-se na bancada.

— E outra... — bebeu um gole do chá oferecido por Heechul. — Não precisa me chamar de senhorita, só de , ou , como preferir.

— Tudo bem, . — Heechul sorriu.

levantou, ficando de frente para Heechul, abraçou-o novamente, estava realmente agradecida por ele ter salvado sua vida.

— Obrigado Heechul, obrigado mesmo. — disse ao pé do ouvido do rapaz.

— Não foi nada — disse ele, sorrindo. Heechul gostava da ideia de ter tão próxima a ele.

afastou-se dele, suas bochechas estavam levemente rosadas, não sabia o porquê, mas Heechul a deixava assim. Ela ficou o olhando, em silêncio, e ele fazia exatamente a mesma coisa, os dois se observavam, pensando o que o outro estava pensando, então, em uma fração de segundo, e Heechul já estavam aos beijos.

Heechul encostou contra a bancada, à mão direita na nuca enquanto a esquerda repousava na cintura dela. levou os braços ao pescoço dele, puxando-o para mais perto. Heechul afastou a xícara sobre a bancada e colocou sentada sobre o mármore, tudo isso sem afastar seus lábios dos dela. Ela afastou as pernas, puxando Heechul por entre elas, intensificando mais o beijo.

Mas o ar estava quase acabando, e quando os dois se afastaram, um olhou para o rosto do outro, como se tivessem feito a coisa mais errada e proibida de todas.

— Me desculpe eu... — começou , desviando sua atenção para o chão.

— Não se preocupe, eu é que... — tentou explicar-se Heechul.

Mas a verdade era de que nenhum dos dois sentia-se arrependido.

Abby voltou a encarar Heechul, olharam-se por mais alguns segundos e, novamente, voltaram a juntar seus lábios, um necessitando urgentemente do outro.

puxou Heechul novamente por entre suas pernas, entrelaçou os braços no pescoço dele e beijou-o com mais intensidade, ela nunca beijara um cara como beijava ele. Heechul era perfeito e o seu beijo era o melhor que ela provara.

Heechul gostava de vê-la tomando a iniciativa, o puxando para mais perto e dominando-o. Ele não sabia de onde vinha esse desejo de submissão para com ela, mas gostava disso.

Heechul levou a mão direita novamente até a nuca de , repousou a mão esquerda levemente na cintura dela e a puxou para mais perto. Ela soltou um gemido baixo, abafado pelos beijos do garoto, desceu as mãos do pescoço dele e repousou-as sobre o peito do mesmo. Ela não sabia se deveria, mas abriu a jaqueta de couro — que Heechul usava já com o zíper aberto — e a retirou, jogando-a no chão logo em seguida.

Heechul levou as duas mãos ao rosto dela, segurando-o entre ambas. levou as duas mãos ao cinto na calça do rapaz e desafivelou-a, abrindo o botão e o zíper. Heechul parou o contado com os lábios da garota e levou as duas mãos aos antebraços de , impedindo-a de abrir sua calça.

— Tem certeza de quer fazer isso? — perguntou, olhando-a nos olhos. — Não quero que se arrependa depois.

— Não vou — disse ela, gemendo baixo. — Eu quero que você seja o primeiro, oppa!

— Então — Heechul sorriu. —, prometo que você não vai se arrepender!

 

— Eu não acredito que você perdeu com o Heechul! — disse , levando à mão a boca, abismada.

— Não fale assim — fez um biquinho fofo, sorriu. — Faz parecer que ele é a pior pessoa do mundo.

— E não é?

— Não, pelo menos não na época em que eu o conheci.

— E como ele era na época em que você o conheceu?

— Bem, ele era...

 

, nós estamos atrasados! — gritou Heechul da sala de estar de seu apartamento, ele olhou para seu relógio de pulso e voltou a encarar a porta fechada de seu quarto.

Ele vestia jeans escuros, coturnos, camiseta branca e um blazer preto. O cabelo estava amarrado com alguns fios soltos e sua franja jogada para o lado. Heechul cruzou os braços e começou a bater o pé direito impaciente.

— Eu já estou pronta, Kim. — disse ao abrir a porta do quarto de Heechul.

Ela usava um vestido com cintura marcada xadrez vermelho, colete de camurça preto e salto preto. O cabelo estava erguido em um coque chique com alguns fios cacheados soltos. A maquiagem nos olhos era escura e o batom vermelho-sangue.

— Você... esta... maravilhosa! — disse Heechul pausadamente, piscando algumas vezes, sorvendo a beleza da garota a sua frente.

— Obrigado, oppa — sorriu, sentiu as bochechas corarem. — Você também esta muito bonito.

— Eu queria que fosse uma surpresa, mas... — Heechul levou a mão direita ao bolso dentro do blazer e puxou uma caixinha preta com um laço vermelho. —... você vai ficar ainda mais linda.

Heechul puxou o laço vermelho e abriu a caixinha, revelando um colar Vintage com pingente em forma de coração com detalhe de asas de anjo.

— Heechul, é... — tocou o pingente e olhou para o garoto a sua frente. —... lindo!

— Assim como você — ele sorriu. — Vire-se, vou coloca-lo em você.

virou-se de costas, Heechul pegou o colar e jogou a caixinha no sofá, abriu o fecho da joia e levou-a ao pescoço dela, fechando o colar logo depois. levou a mão direita ao pingente e virou-se para Heechul, sorrindo contente.

Saranghae oppa! — disse ela, abraçando-o.

Saranghae pequena.

 

— Meu Deus! — disse , passando as mãos pelos cabelos. — Ele te deu um colar e disse que te amava?

assentiu com um meneio de cabeça.

— Você ainda tem esse colar? — perguntou à morena.

— Tenho, vou pegar pra você ver.

deixou o urso que abraçava de lado e levantou-se da cama, caminhou até o closet e abriu uma das últimas gavetas, onde guardava acessórios de inverno, afastou alguns cachecóis e pegou uma caixa média de madeira com um cadeado, levantou-se e fechou a gaveta com o pé direito, voltando ao quarto com a caixa em mãos.

— Aqui estão — mostrou a caixa à amiga. — Todas as lembranças minhas com Heechul.

—✰—


Donghae abriu a geladeira, pegou uma garrafa de cerveja e fechou a porta da mesma. Ele abriu a garrafa e seguiu até a bancada de mármore, sentando-se em uma das banquetas. Bebeu um gole da cerveja e logo os nomes Toronto, Ontario, Canadá vieram em sua mente.

Eu preciso contar minhas suspeitas para ele! pensou Donghae. Mas ele pode ficar muito mal, não quero ver meu melhor amigo deprimido por uma simples dedução, preciso primeiro ter absoluta certeza antes de dizer algo tão grave.

Lee bebeu outro gole de cerveja e suspirou.

— Fishy, temos que ir correndo para o apartamento do Kyuhyun! — disse Henry adentrando a cozinha ofegante e vestindo sua jaqueta.

— O que aconteceu? — perguntou Donghae ao ver o amigo com uma expressão preocupada no rosto.

— Eu não sei, ele me ligou, estava super nervoso e disse que precisava de nós dois no apartamento dele urgentemente. — explicou Henry em um coreano super-rápido.

— Vamos logo então! — disse Donghae, deixando a garrafa quase cheia sobre a bancada.

—✰—

Henry tocava a campainha do apartamento do amigo freneticamente. Já fazia cinco minutos que ele e Donghae estavam ali e Cho Kyuhyun ainda não abrira a porta.

— Eu tô falando que vou arrombar essa porta, Donghae! — disse Henry transbordando preocupação.

— Calma, Henry, vai vê ele só tá fazendo cena. — Lee colocou a mão direita sobre o ombro esquerdo do amigo tentando acalmá-lo.

— Eu não... — Henry foi interrompido pela porta se abrindo.

— Nossa! — exclamou Kyuhyun admirado. — Vocês são rápidos. — Kyuhyun fechou a porta do apartamento atrás de si e trancou-a a chave. — Quantas leis de trânsito você teve que violar Henry?

— Eu não disse?! — Donghae rolou os olhos, conhecia bem Kyuhyun.

— Hyung, eu mato você! — disse Henry.

— Calma Mochi, eu só precisava de um favor seu, é caso de vida ou morte!

— E o que seria dessa vez? — perguntou Donghae, já antecipando em sua mente o que todos sabiam o que era o caso de vida ou morte de Cho Kyuhyun.

— Preciso que vocês me acompanhem até a loja de games! — respondeu Kyuhyun ao mesmo tempo em que Donghae pensou no local.

—✰—


— Nossa, ele te deu bastante coisa. — disse , admirada em ver o tanto de presentes que Heechul dera a .

— E esses são só os presentes pequenos. — acrescentou . — São só os presentes mais importantes pra mim.

— Você o amava não é amiga? — perguntou a morena, tristonha pela amiga.

— Bastante, sabe, eu ainda sinto algo por ele, mas... — suspirou. —... do jeito que ele age comigo, eu não sei mais, ele é muito ciumento. Mas chega de lembrar do passado, vamos a um lugar que vai me deixar muito feliz e você também!

— Vamos fazer compras! — disseram as duas em uníssono.

—✰—


— Eu ainda mato o Kyuhyun! — disse Henry a Donghae assim que entrara no shopping. Kyuhyun ia à frente enquanto Henry e Donghae iam logo atrás. — Eu fiquei realmente preocupado!

— Relaxa Henry, você sabe como ele é.

— É eu sei...

— Andem logo seus molengas! — disse Kyuhyun à frente, chamando os amigos com um meneio de mão.

—✰—


— Só você para me fazer vir ao shopping em pleno domingo de manhã! — disse , descendo do carro e fechando a porta.

— Vai ser legal, depois das compras a gente pode almoçar em um restaurante de comida tailandesa. — disse , colocando a alça de sua bolsa carteiro sobre o ombro e acionando o alarme do carro.

— Não obrigado — disse , com uma cara de nojo. — Esses asiáticos só comem animais que não fazem parte do meu menu então, não, obrigado.

— Certo — riu. — Vamos almoçar em um restaurante de comida alemã, melhor?

— Toda vida!

As duas riram.

—✰—


— Eu não acredito que você escondeu a porra de um jogo, Kyuhyun! — berrou Donghae.

— Fala baixo caralho! — sussurrou Cho. — Era edição limitada e só tinham alguns.

— E por que você não comprou então? — perguntou Henry.

— Por que eu não tinha dinheiro suficiente, lembra que meu PC foi pro pau e eu tive que mandar concertar? — Henry e Donghae assentiram. — Então, só agora que eu consegui o dinheiro pro jogo.

— E por que você não pediu pra mim, ou pro Henry? — perguntou Donghae.

— Eu não queria incomodar, o Henry já paga o aluguel do meu apê, você me ensinou a lutar sem cobrar nada e ainda por cima vocês dois sempre me descolam grana, não queria ser tão abusado.

— Imagina Kyu, somos amigos não é? — perguntou Henry, Cho assentiu. — Então, amigos são pra essas coisas, agora — Henry passou o braço direito no pescoço de Kyuhyun e o puxou para dentro da loja de games. — Vamos encontrar seu jogo, vem Fishy!

—✰—

— Aonde vamos primeiro? — perguntou ao adentrarem o Shopping.

— Vamos fazer o seguinte, você vai comprar suas coisas, eu vou passar na loja de games comprar alguns jogos e a gente se encontra na sorveteria antes do almoço, pode ser? — sugeriu .

— Pensei que tinha parado com essa folia de jogar videogame, mas tudo bem, na sorveteria antes do almoço. — disse . — Até depois.

— Até!

depositou um beijo na bochecha da amiga e seguiu seu caminho.

—✰—


— Assim a gente não vai encontrar nunca! — disse Donghae. — Você não lembra onde escondeu Kyuhyun?

— Não lembro cara, juro! — disse Cho.

— Vamos fazer o seguinte, cada um fica com dois corredores para procurar, assim encontraremos mais rápido. — sugeriu Henry.

— Certo — disseram Lee e Cho em uníssono.

—✰—


entrou em um dos elevadores de vidro do local, apertou o botão do último andar, onde ficava sua loja de games favorita. Enquanto o elevador subia, sua mente viajou para o hotel da noite passada, onde dormira com Henry. Ela lembrava perfeitamente do rosto do rapaz, afinal, como poderia esquecer o rosto de quem balançara seu coração de um jeito que só um homem balançara?

Ela ainda sentia algo muito forte por Heechul, mas quando Henry apareceu à intensidade do sentimento para com Kim Heechul diminuíra. Talvez fosse pelo modo como Henry a olhava, deixando tudo calmo dentro dela, em paz. só sentiu paz uma vez na vida e fora quando Heechul dissera-lhe que a amava, e ela acreditava nas palavras dele, pois sentia a verdade saindo pelas entrelinhas.

Quando vamos nos ver novamente?

A pergunta feita por Henry voltou em sua mente, assim como a resposta que dera a ele.

Não vamos!

Mas a verdade era que ela queria sim voltar a vê-lo, mas sabia que se isso acontecesse, Henry sairia muito machucado, senão morto, e isso ela realmente não queria. sentia algo por Henry e não queria vê-lo machucado nem nas piores hipóteses.

voltou a si quando um plin anunciou que ela havia chegado ao andar desejado. A porta se abriu e ela saiu.

—✰—


— Encontrei! — Donghae ouviu Kyuhyun gritar e foi até o amigo.

Cho abraçava o jogo como se fosse uma mulher. Donghae já estava começando a ficar com vergonha do amigo do meio e Henry, o amigo mais novo, esbanjava um belo sorriso. Lee sabia que Kyuhyun ainda ficaria mais um tempo na loja e não estava nem um pouco a fim de ficar ali e esperar horas para ver Cho ficar na dúvida entre levar Need for Speedou Midnight Club, então tomou a frente dos dois amigos mais novos.

— Bom, já que achamos a raridade do Kyu, encontro com vocês mais tarde. — disse Donghae, virando-se em direção a porta da loja.

— Ei, aonde você vai? — perguntou Henry.

— Por ai — Donghae balançou a mão no ar, como se espantasse um inseto impertinente.

— Certo, só não demora muito.

— Pode deixar!

—✰—


andava pelo corredor de jogos de Survival Horror, pegou três jogos de sua preferência e preparou-se para seguir até o caixa.  Parou na metade do caminho, segurou os jogos com uma mão enquanto abria a bolsa para pegar sua carteira com a outra. Revirou a bolsa até encontrar a carteira, mas foi só o tempo de pega-la, para sentir alguém se chocar contra suas costas, fazendo-a derrubar seus jogos no chão.

— Me perdoe senhorita! — disse uma voz masculina muita bonita.

virou-se para encarar o dono da voz e deparou-se com um rapaz alto, cabelos castanho escuro bagunçados, olhos orientais negros e pele clara. Ele era ainda mais lindo do que a voz.

— Não foi nada, eu é que não deveria ter parado no meio do caminho. — respondeu , abaixando-se para juntar seus jogos que caíram no chão.

O rapaz abaixou-se, para pegar o jogo que levaria, que na colisão também caíra.

— Meu Deus, eu não acredito nisso! — disse ao ver a capa do jogo que o rapaz levaria. Ela levantou e ele também. — Você encontrou o último jogo da edição limitada! — os olhos da garota brilharam, como se ela estivesse vendo o amor da sua vida. — Quanto você quer por ele?

— Não está a venda, senhorita. — disse ele educadamente e sorriu. — Desculpa, mas este jogo é muito importante para mim!

— Para mim também! — ela sorriu. — Eu te dou dois mil dólares por ele e ainda convido você para ir jogar na minha casa. Tenho certeza de que este não é o preço oficial da loja.

— Por que não fazemos o seguinte — o rapaz apontou para o próprio peito. — Eu compro o jogo, pelo preço oficial da loja, e você — ele apontou para . —, vai jogar lá em casa?

— É uma proposta interessante, mas eu não o conheço, então...

— Não seja por isso. — o garoto estendeu a mão para . — Kyuhyun, Cho Kyuhyun, muito prazer!

— Encantada, me chamo Komarova. — disse ela, apertando a mão de Kyuhyun.

—✰—


Henry escondeu-se atrás de uma estante com jogos de corrida ao ver Kyuhyun conversando com uma garota. Segurava em uma das mãos uma edição do jogo Need for Speed que Kyuhyun havia pedido para ele ir buscar. A garota estava de frente para Kyuhyun, mas de costas para Henry, o que dificultava a visão de seu rosto. Ele a olhou bem, cabelos castanho claro longo e liso, pareciam até os de...

!

O nome surgiu em sua mente. Não, não pode ser ela! pensou Henry.

Mas ele não podia negar que a forma física era muito semelhante à dela, não só o físico, mas o modo de se vestir também. Ela usava regata cinza, blusa larga listrada, short jeans e sapato de salto preto.

Henry escondeu-se ainda mais, ainda observando a garota e seu amigo. Os dois pareciam alegres, pois a cada segundo Kyuhyun soltava um sorriso. Künstler não aguentava mais ficar na dúvida de se era ou não , a garota que fazia Kyuhyun ficar sorrindo igual a um idiota.

— Oh tio, você está na frente do jogo que eu quero! — disse um garotinho asiático de cabelos negros bagunçados a Henry.

— Sai moleque, agora não posso te dar atenção! — disse Henry, sem olha-lo, balançando a mão que segurava o jogo, dispensando o garoto.

O garotinho o encarou e deu-lhe um chute na canela. Henry soltou o jogo e segurou a canela machucada, viu o garoto pegar o jogo no chão, mostrar o dedo do meio e sair correndo. Mancando, Henry deu um passo para trás, esbarrando na estante de jogos e derrubando alguns.

— Pishi! — disse ele aos jogos caídos, levando o dedo indicador aos lábios indicando silêncio. — Não façam barulho ou eles vão me ver!

Künstler abaixou a perna, voltou sua atenção ao amigo e a garota — agora, com o rosto claramente exposto. E ela estava linda!

— Droga! — murmurou Henry.

 


 

Capítulo Três

 

O som de uma nova mensagem chegando fez Kyuhyun pegar o celular no bolso da calça. Havia recebido um SMS de Henry.

Espero você e Donghae no carro, não demore!
P.S.: Eu tô falando serio, não demora ou eu deixo você!
Mochi

— Mensagem da namorada? — perguntou .

— Não, eu não tenho namorada. — Kyuhyun sorriu. — Era meu amigo, ele disse que vai me esperar no carro e que não era para eu demorar. E ele nem se quer trouxe o jogo que eu pedi.

— Então, acho melhor eu deixar você ir pegar seu jogo, mas antes — estendeu a mão para Kyuhyun. — Me empresta seu celular.

— Você não acredita que eu não tenho namorada, não é? — disse Kyuhyun, entregando seu celular.

— Não é isso — pegou o celular dele e digitou algo. — Eu vou cobrar a visita a sua casa para jogar, GameKyu.

sorriu, Kyuhyun fez o mesmo.

— Vou esperar sua ligação!

—✰—


Henry entrou no elevador de cabeça baixa, após enviar um SMS para Kyuhyun, ele ainda ficara mais um tempo, esperando para ver no que ia dar. E então, ver a única garota que o atraíra de forma sobrenatural pegar o celular de seu segundo melhor amigo, foi o mesmo que levar um tiro no peito. Com certeza ela passaria o número do telefone para Kyuhyun e isso deixava Henry realmente acabado. Apertou o botão do subsolo e esperou o elevador chegar ao local desejado.

Quando as portas do elevador se abriram, revelando o estacionamento. Henry seguiu até seu carro, um Honda Civic 2014 quatro portas prata com vidro fumê. Desligou o alarme, destravou a porta e entrou, esperando seus amigos resolverem ir para casa.

—✰—


As portas do elevador se abriram quando chegara ao estacionamento no subsolo do Shopping. olhou em volta, muitos carros, pouca gente. Suspirou, odiava andar sozinha por lugares desertos, não somente pelo ocorrido quando ela tinha 16 anos, mas também agora por Heechul.

Ela atravessou o estacionamento, carregava com a mão esquerda a sacola com o emblema da loja de games e com a mão direita a chave do carro. Suspirou aliviada quando chegou à porta de seu Mitsubishi Lancer quatro portas branco, desligou o alarme e destravou a porta esquerda traseira, abriu-a e colocou sua bolsa carteiro e a sacola com os jogos comprados, fechou a porta e preparou-se para abrir a porta do motorista.

Mas sabia que não estava sozinha naquele lugar, sentia que estava sendo observada. Olhou ao redor, procurando e quando voltou sua atenção para o carro, só teve tempo de ver o reflexo de uma pessoa atrás si pelo vidro fumê de seu carro, antes de ter seu braço puxado fortemente fazendo-a virar de costas e bater a mesma contra o veiculo. fechou os olhos com a dor do impacto, gemeu baixo e sentiu o hálito com aroma de hortelã em seu rosto. Ela abriu os olhos, vendo o rosto de seu agressor. Heechul.

— Por que deu seu número para aquele garoto? — perguntou ele, serio.

— Você esta me machucando, Heechul! — disse , olhando para seu braço que ainda era apertado fortemente por Heechul.

Ele soltou o braço dela, levando ambas as mãos ao teto do veiculo e prensando seu corpo contra o dela, na intensão de não deixa-la sair.

— Por que você deu seu número para aquele garoto? — repetiu Heechul, sorrindo nervoso, ele já estava perdendo a paciência e isso iria acabar mal. sabia disso.

— Heechul, fica calmo — disse ela, percebendo o estado em que ele estava ficando. — Ele é só um amigo, nada mais.

— E você quer mesmo que eu acredite nisso? — indagou, sorrindo afetado. — Vocês pareciam bem íntimos conversando.

— Heechul, ele é só um amigo! — repetiu ela.

— Para de mentir pra mim! — gritou Heechul, socando o teto do carro e assustando .

Heechul estava perdendo o controle e acabaria cometendo uma burrada, sabia disso. Câmeras estavam espalhadas por todo o local e isso seria muito ruim para ele e ela, definitivamente, não queria que isso acontecesse.

— Heechul — disse ela suavemente, levando ambas as mãos ao rosto dele. Heechul a olhou, seus olhos marejados de raiva misturados com a vontade de chorar. — Olhe nos meus olhos, eu não estou mentindo, ele é só meu amigo.

Heechul encarou , olhando-a nos olhos, sabia que ela dizia a verdade.

— Heechul — sussurrou . Heechul olhou para os lábios vermelhos dela, aquela vontade de beija-la voltara com tudo, mas desta vez, não foi ele quem a beijou e sim ela.

Abigail juntou seus lábios com os de Heechul, sabia que assim era a única forma de acalmá-lo e impedi-lo de fazer besteiras. Ele fechou os olhos aproveitando o momento, adorava sentir os lábios dela nos seus, ainda mais quando eram por vontade própria.

—✰—


Henry sentiu uma vontade tremenda de descer do carro e dar uma bela surra no rapaz que jogara violentamente contra o carro, mas repensou quando viu que os dois estavam conversando como velhos conhecidos. Ele apoiou os antebraços sobre o volante e aproximou o rosto do para-brisa, a fim de ver melhor a situação.

— Para de mentir pra mim! — Henry ouviu o rapaz gritar ao mesmo tempo em que socou o teto do carro de fazendo-a dar um pulinho com o susto.

— Já chega, eu vou lá. — Henry preparou-se para sair do carro, mas desistiu quando viu levar as mãos ao rosto do rapaz. — Mas...

beijou o garoto e ver aquilo deixou Henry realmente mal.

Então era por isso que ela não quis me ver novamente, pensou Henry. Ela já tem namorado. Mas por que ela dormiu comigo, afinal?

Henry olhou para e o garoto, os dois já estavam afastados, mas agora se encaravam, o rapaz deu um beijo na testa de e virou-se, sumindo por entre os carros. Ela levou às mãos a cabeça, fechando os olhos e suspirando pesadamente. Henry a olhou, ela era ainda mais bonita do que ele se lembrava, sorriu involuntariamente, então, surpreendeu-se ao ler nos lábios dela: Me perdoa Henry!

—✰—


Donghae andava pelo Shopping de cabeça baixa, sem demonstrar interesse em nada, estava basicamente no mundo da lua. Não parava de pensar no que havia lido no dossiê da garota por quem seu melhor amigo estava apaixonado.

Toronto, Ontario, Canadá.

— Sete anos de diferença. — disse ele em voz alta. — Não pode ser.

Ele levantou a cabeça, mas não a tempo de evitar o choque com outra pessoa. Os dois foram de encontro ao chão, com varias sacolas de lojas do Shopping espalhadas por todo lado. Donghae olhou para a pessoa a sua frente, sentada no chão com a mão na cabeça. Era uma garota, muito bonita por sinal, tinha a pele morena, olhos ocidentais negros e cabelos na altura do queixo. Vestia jeans escuros, blusa com capuz estampada, blusa preta e sapato de salto vermelho-vinho. Donghae ficou a observando por um tempo, ele estava admirado com a beleza da garota à sua frente, tanto que nem prestou atenção em mais nada a não ser nela. Levantou-se, iria ajuda-la a levantar e pedir desculpas.

— Eu sinto muito, senhorita — disse Donghae em inglês, estendendo a mão para a moça. — Eu estava no mundo da lua, sinto muito mesmo.

— Não foi nada — respondeu a garota, também em inglês. Ela segurou a mão de Donghae que com um impulso ajudou-a a levantar. Ela olhou para ele e sorriu timidamente. — Obrigado. — agradeceu em coreano.

— Eu deveria ter prestado atenção por onde andava, assim não teria derrubado a senhorita, eu realmente sinto muito. — continuou Donghae em coreano.

— Como eu disse, não foi nada. — repetiu ela, pegando uma sacola e depois outra no chão. Donghae pegou as outras que estavam no chão e entregou-as para ela. — Obrigado.

— Bem, aceitaria tomar um sorvete comigo? Para compensar o acidente. — Donghae sorriu.

— Eu... — A garota foi interrompida pelo celular que começou a tocar freneticamente, ela atendeu. — , aconteceu alguma coisa? — ela fez uma pausa. — Não, eu já estou indo, não se preocupe. — ela desligou o celular e olhou para Donghae. — Eu preciso ir, minha amiga esta no estacionamento do subsolo e parece que teve uma discussão com o ex-namorado. Foi legal conhecer você.

 — Eu posso acompanhar você até o estacionamento? É que o carro do meu amigo também está lá, assim eu espero Kyuhyun e ele, e também pro caso do ex-namorado da sua amiga ainda estar lá. A propósito, me chamo Donghae, Lee Donghae. — ele estendeu a mão em cumprimento.

DuBois. — ela estendeu a mão cumprimentando-o. — Eu agradeço, aquele cara é obcecado por ela, então, eu não sei do que ele seria capaz, acho mais seguro você estar junto.
Donghae e seguiram até o elevador e adentraram-no, ela apertou o botão do subsolo e as portas fecharam. Ficaram em silêncio, esperando que chegassem ao estacionamento.

Donghae sentiu o bolso da calça vibrar, era seu celular, acabara de receber um SMS. Lee puxou o aparelho do bolso e desbloqueou-o, era uma mensagem de texto de Henry. Ele abriu a mensagem e leu.

Venha para o estacionamento agora, temos que conversar.
P.S.: Não chame o Kyuhyun, depois te explico.
Mochi.

Fishy guardou o aparelho novamente. O assunto deveria ser realmente sério para que Kyuhyun não fizesse parte. Henry nunca conversava com Donghae sem Cho participar se o assunto não fosse mesmo serio. Lee sabia que Henry confiava em Kyuhyun, mas confiava muito mais nele e, por isso, era ele quem guardava os segredos mais importantes de Henry.

Quando as portas do elevador se abriram saiu a passos largos em direção ao carro da amiga. Atravessou o estacionamento quase correndo e viu a amiga abrir à porta do carro e sair, fechando a mesma e encostando-se ao veiculo.

Donghae seguiu a garota em silêncio, olhou em volta e parou seus olhos no Honda Civic prata do amigo mais novo, estacionado entre um Mine Cooperbranco e um AUDI A4 prata. O Honda deu sinal de luz e Donghae entendeu que Henry não queria ser descoberto ali. Ele seguiu até a amiga e viu quem era.

Komarova.

— Não pode ser! — sussurrou Lee e então olhou para o carro do amigo. — Ele sabia.

, você está bem? — Donghae ouviu falar com a amiga e voltou sua atenção as duas. — Onde está Heechul?

— Ele já foi — disse calmamente. abraçou a garota.

— Ele te machucou? — perguntou Donghae, aproximando-se das duas.

— Não, ele só estragou a lataria do meu carro, estou bem, obrigado. — encarou Donghae e olhou para a amiga. — Desculpa se atrapalhei algo.

— Não se preocupe, haverá outras oportunidades, claro se a senhorita DuBois quiser. — Donghae sorriu. — Me chamo Donghae, Lee Donghae, prazer.

— Encantada, eu sou Komarova. — ela olhou para Donghae e depois para . — Me desculpem novamente, se eu soubesse que minha amiga estava acompanhada, jamais teria interrompido. — disse , fazendo corar.

— Anh... Bem... ... Vamos, né? Tchau, Donghae. — disse , vermelha como um pimentão.

Ela deu a volta no carro e abriu a porta traseira esquerda, colocou as sacolas e fechou a mesma, abrindo logo em seguida à porta do carona e entrando no veiculo.

— Ela ficou com vergonha — disse . — Me empresta seu celular?

Donghae pegou o aparelho e entregou-o a . Ela pegou, digitou algo e entregou-lhe novamente.

— Ai esta o número dela, conhecendo-a como conheço, ela ainda não o passou a você, então, agora é com você. Passar bem, senhor Lee. — sorriu e virou-se, abrindo a porta do motorista e adentrando no carro.

—✰—


Henry estava impaciente dentro do carro, viu o melhor amigo entregar o celular à e logo imaginou que ela estava passando-lhe o número de telefone.

Primeiro Kyuhyun depois Donghae, pensou Henry. O que eu tenho de errado?

De repente, Henry se pegou pensando na noite anterior.

 

Você é perfeito, Henry! disse .

A garota estava nua, coberta apenas pelo lençol de seda preta, deitada sobre o corpo quente e suado de Henry. Ele acariciava seus cabelos enquanto pensava no que ela havia dito: Você é perfeito, Henry! Ele já havia ouvido várias garotas dizerem aquilo dele, afinal, ele era mestre no que fazia, mas por que ouvir tais palavras saírem da boca de tinham mais importância para ele? Bem, isso ele não sabia responder.

Henry sorriu, ela também havia sido perfeita, tal como nenhuma outra com quem ele já dormira, mas naquele momento ele não queria dizer nada, apenas aproveitar o momento, sentir a garota que balançara seu coração perto, como se ela nunca fosse sair dali e deixa-lo.

 

— Henry! — chamou Donghae pela enésima vez, tirando o mais novo de seus devaneios, enquanto batia os dedos no vidro fumê do carro do amigo. Henry abaixou o vidro.

— O que aconteceu? — perguntou ele.

 — Sai. — Donghae balançou a mão, chamando o amigo para fora do veiculo.

 — Mas por quê?  — indagou o mais novo.

— Sai logo! — insistiu Lee, alterando um pouco a voz.

— Tá, já tô saindo!

Henry abriu a porta, desceu e a fechou novamente. Olhou para o amigo que sustentava um olhar distante e encostou-se elegantemente na lateral do carro.

— Por que me mandou aquela mensagem? — perguntou Donghae. — É tão importante para que Kyuhyun não faça parte?

— Sim — Henry cruzou os braços, suspirou e encarou o amigo. — Ela disse o meu nome, Hyung — Henry descruzou os braços, apontando o indicador direito para o próprio peito. — Meu nome — repetiu. — Com todas as letras. Henry!

— Não estou entendendo, Mochi. — disse Donghae, aproximando-se do amigo e encostando-se ao carro a esquerda de Henry. Cruzou os braços e encarou o mine Cooper.

— Ela disse — Henry virou o rosto, encarando o amigo. — Me perdoa Henry! — fez uma pausa, suspirando. — depois de beijar um cara com jaqueta de couro. Ela disse como se soubesse que eu estava ali... Vendo eles.

— Henry... — Donghae foi interrompido pelo plin do elevador.

As portas se abriram, Kyuhyun saiu segurando a sacola com o emblema da loja em uma mão e o celular na outra. Donghae e Henry olharam ao mesmo tempo para Cho.

— Vocês não vão acreditar quem passou o número de celular pra mim! — disse Kyuhyun se aproximando dos amigos e chacoalhando seu Smartphone. — Komarova!

Henry ouviu o nome de sair com tanta suavidade dos lábios de Cho que sentiu seu coração dilacerar-se. Donghae abriu a boca para falar algo, Henry sabia exatamente o que seria, por isso interrompeu-o antes de tal ato.

— E quem seria essa? — perguntou Henry, sério. Ele cruzou os braços e encarou o amigo.

— Bem, quando ela se apresentou, o sobrenome Komarov me pareceu familiar, eu já o tinha ouvido na TV e lido algo na internet, então quando ela foi embora eu joguei no Google: Komarova e... — Kyuhyun fez uma pausa, fazendo suspense. Ele olhou para Henry e Donghae, que sustentavam uma expressão de “fala logo, caralho!” no rosto. — Ela é filha de Yuri Komarov...

Grandes coisas pensou Henry. Eu já sabia o nome do pai dela e de toda a família antes de você!

—... Engenheiro da Computação Russo mais famoso dos últimos tempos. O Cara é um gênio! — completou Kyuhyun, empolgado.

Henry olhou para Donghae surpreso. Como ele não sabia dessa parte?

— Temos que ir. — Henry afastou-se do carro, apenas para virar-se para a porta e abri-la. — O senhor Künstler tem muito que me explicar.

Ele adentrou o veiculo e foi logo dando a partida no motor. Kyuhyun olhou para Donghae, ainda encostado no carro e de braços cruzados, o mais velho apenas o olhou e deu de ombros, descruzando os braços e afastando-se do veiculo para abrir a porta traseira esquerda e adentrar o carro. Cho não viu muita escolha, senão dar a volta no veiculo e abrir a porta do lado do carona, adentrando-o logo em seguida.

—✰—


Henry parou o carro em frente ao edifício onde Kyuhyun morava, despediu-se do amigo e disse que passaria à noite para irem ao Club Mass. Donghae passou para o banco da frente e encarou o maknae do trio.

— Aconteceu alguma coisa, Mochi? — perguntou Donghae.

— Não — Henry suspirou, baixando a cabeça e encostando a testa no volante. — Hyung?

— Hm — murmurou Lee.

Henry levantou a cabeça e encarou o amigo.

— Ela passou o número dela pra você? — perguntou ele.

— Não Mochi, ela não passou o número dela pra mim. — Donghae sorriu, nunca vira seu amigo assim antes.

— Eu...

— Não se preocupe Mochi, eu nunca roubaria uma garota sua e você sabe disso. — ele fez uma pausa. — Principalmente uma que você ama.

— Eu sei Hyung — Henry sorriu, confiava em Donghae cegamente. — É por isso que você é meu irmão.

— Henry... — Donghae chamou o amigo. — Porque não contou ao GameKyu sobre a ?

 — Porque eu preciso entendê-la primeiro. — respondeu o mais novo.

— Entendê-la? — indagou Lee.

— Preciso saber o que ela quer realmente.

 


 

Capítulo Quatro

 

adentrou seu quarto sendo seguida pela melhor amiga, colocou a sacola com os jogos sobre a escrivaninha e a bolsa carteiro sobre o acento da cadeira giratória. colocou as sacolas sobre um sofá ao lado direito da cama em frente ao terrário de Viktor e jogou-se na cama da amiga. deitou-se aos pés da cama, colocando a cabeça sobre a barriga da mais velha. começou a afagar os cabelos da garota, como fazia quando eram mais novas e as coisas não estavam indo muito bem para a pequena . A mais nova fechou os olhos, gostava de receber aquele tipo de carinho da amiga, fazia a se sentir segura.

olhou para a amiga, era uma garota frágil, bem sabia, tanto que quando a mais nova chegara do hospital, depois de passar três meses na incubadora por ter nascido de um parto prematuro e ainda por cima ter tido a mãe levada de si, jurou — com seus sete anos de idade — proteger a pequena , de tudo e de todos que tentassem fazer mal a ela.


1996 - Toronto, Ontário - Canadá.

 
As portas do Hospital foram abertas de forma brusca. Um jovem enfermeiro adentrou o local empurrando uma maca com uma jovem grávida e desmaiada. A moça era bonita, cabelos castanhos e ondulados na altura dos ombros, usava um vestido florido e estava descalça.

Levem-na para a emergência! — gritou a enfermeira chefe. — Ela está grávida e precisa de atendimento urgente!

O enfermeiro empurrou a maca em direção à emergência, com um medico a seu encalço.

Yuri Komarov adentrou o Hospital, ainda vestindo o terno que usara no trabalho, JongWoon — com dez anos — vinha logo atrás do pai, ainda usando o uniforme escolar. Komarov dirigiu-se até a recepção quase correndo. Uma recepcionista usando um vestido branco e com o cabelo amarrado em um coque encarou Yuri. Ela ajeitou os óculos e sorriu para ele, tentando jogar seu charme, afinal Yuri Komarov com seus 28 anos e olhos azuis não era um homem feio.

Por outro lado, Yuri nem percebeu a tentativa da mulher de chamar-lhe a atenção, estava preocupado demais pensando na sua esposa e mulher que mais amava grávida de sua única filha, correndo o serio risco de perdê-la.

— Como minha esposa esta? — perguntou Yuri, misturando o inglês com o sotaque russo.

— Como ela se chama? — perguntou a moça, um pouco frustrada por ele ser casado.

— Sophia Komarova. Ela sofreu um acidente domestico. Queda da escada. — disse ele, novamente misturando o inglês com o sotaque russo.

Ela digitou o nome da paciente no computador e olhou para Yuri.

— Sua esposa está na sala de emergência, o Dr. Do Valle esta a atendendo, preciso que o Senhor assine alguns papeis — ela entregou os papeis e uma caneta. — Assim que tivermos noticias avisaremos o Senhor

Yuri assinou todos os papeis e entregou-os para a recepcionista.

— Obrigado Senhor... — ela olhou a assinatura. — Yuri. Preciso que o Senhor aguarde, assim que tivermos informações sobre o estado dela o avisaremos.

— Obrigado!

Komarov retirou-se da recepção e seguiu até as poltronas de espera, onde seu filho o aguardava. Sentou-se em uma ao lado de JongWoon e apoiou os cotovelos sobre os joelhos, deixando o rosto cair sobre as mãos espalmadas. Yuri sentiu um aperto no peito, sabia que aquilo não iria acabar bem, algo dentro dele fazia-o sentir que algo ruim iria acontecer com sua amada Sophia, era só questão de tempo.

— C-Como a Omma está? — Yuri ouviu o filho perguntar. Levantou a cabeça e olhou para o lado, vendo JongWoon com as mãos entrelaçadas sobre as pernas, encarando o chão de cerâmica branca do Hospital.

— A Omma esta na emergência, não se preocupe, ela vai ficar bem. — respondeu ele, tentando tranquilizar o filho e a si mesmo.

— N-Não gosto de vê-la assim, não quero que nada de ruim aconteça a ela. Omma é muito gentil comigo. — disse JongWoon, misturando o pouco de inglês que sabia com o sotaque coreano carregado.

— Ela vai ficar bem Yesung, ela precisa ficar bem. — disse Yuri, levando à mão as costas do filho.

— Yuri! — Komarov ouviu alguém lhe chamar. Virou-se em direção ao hall de entrada do Hospital e viu sua assistente e melhor amiga de Sophia vir em sua direção, com a filha de sete anos — que também estava com o uniforme escolar — logo atrás.

Yuri levantou-se quando ela se aproximou, abraçando-a logo em seguida.

Betsy! — disse ele. — Ainda bem que veio.

— Eu vim assim que soube. — Betsy afastou-se de Yuri para encara-lo. — Como ela está?

— Sophia esta na emergência. Ainda não avisaram sobre o estado dela. — respondeu ele.

— Ela vai ficar bem Yuri, nossa Sofie é mais forte do que imaginamos. — disse Elizabeth, passando a mão pelas costas de Komarov.

— É o que eu espero, Betsy.

—✰—

Depois de meia hora sem noticias, Yuri notou o Dr. Fernando Do Valle vir em sua direção com uma prancheta em mãos. Ele estava abatido, Yuri nunca vira o medico assim antes e isso o preocupava, já que este era irmão mais velho de sua esposa.

— Yuri... — chamou o medico, acenando com a mão chamou-o para um canto da recepção.

Yuri olhou para Elizabeth, sentada ao lado de Yesung e sua filha , depois olhou para o medico que entendeu o que Yuri queria.

— Betsy... — chamou ele, também acenando.

Yuri e Elizabeth seguiram o medico e quando estavam a certa distancia das crianças, o Doutor suspirou pesadamente.

— Yuri, vou ser curto e grosso. Sophia teve um tombo serio, sofreu hemorragia interna e corre risco de vida. Ela esta sobre o efeito de morfina, mas consciente — disse ele.

— E-E a bebê? — perguntou Yuri.

— Ela esta com sete meses, têm chances de sobreviver se fizermos um parto prematuro, mas vou logo avisando, os riscos são graves, tanto Sophia quanto podem morrer, na verdade é quem esta mantendo a Sofie viva.

— Então quer dizer que se a nascer, vamos perder a Sofie? — perguntou Elizabeth, estática.

— Sim, mas se não fizemos o parto rapidamente, vamos perder as duas. — disse o Doutor — Eu preciso que assine uma autorização para fazermos o parto. — Ele estendeu a prancheta com a autorização.

— Você está me pedindo para assinar uma sentença de morte para minha esposa? — indagou Yuri indignado. — É isso o que você esta me pedindo, Fernando?

— Yuri, você sabe melhor do que ninguém, Sophia não iria ficar feliz se morresse — Fernando fez uma pausa. — Mesmo se não nascer Sophia não vai resistir. Por Deus, Yuri! Eu sei melhor do que ninguém a dor que você está sentindo. Ela é minha irmã, mas se não fizermos nada, as duas vão morrer! — Ele respirou fundo. — Você não quer ter a chance de ver sua filha se tornar uma linda mulher?!

Yuri encarou a prancheta estendida, olhou para Elizabeth que tinha os olhos marejados, então se virou e encarou seu filho adotivo, JongWoon. Suspirando pesadamente, pegou a prancheta da mão do médico e cunhado, assinando rapidamente a autorização.

— Você fez a escolha certa, Yuri. Tem dez minutos para se despedir dela. — Fernando disse e saiu.

! — chamou à morena.

— Hm... — murmurou . Estava quase dormindo.

— Você ainda não me contou sobre o cara da boate. — disse .

— A gente só transou, não tem mais o que falar.  — disse .

— A gente só transou isso eu sei, mas... quando vão sair novamente? — perguntou .

— Não vamos! Já arrisquei demais saindo com ele, Heechul o mataria.

— Eu não entendo o porquê de seu pai ainda mantê-lo como seu guarda-costas. — disse .

— Heechul é um cão adestrado, faz tudo o que meu pai manda e nunca reclama de nada, meu pai não abriria mão dele assim, do nada. — Explicou .

— Conta pra ele que Heechul é um psicopata e que ameaça os garotos que chegam perto de você. — sugeriu .

— Isso só deixaria Kim mais determinado, sem a guia do meu pai pra comanda-lo, ele seria mais perigoso. Ninguém arrisca soltar um pitbull sem focinheira na rua.

— Aonde você foi se meter menina! — disse a morena, rindo.

— Pois é — também riu.

—✰—

Henry parou o carro com uma freada brusca em frente à mansão Künstler, mal desligou o motor e foi descendo, deixando um Donghae sem entender nada logo atrás. Abriu a porta da entrada principal quase a arrombando e, sem se preocupar em fecha-la, seguiu até o escritório do pai. Henry abriu a porta bruscamente e tudo que encontrou foi uma jovem asiática de longos cabelos vermelhos, alta e magra, com um vestido justo preto e saltos altíssimos de mesma cor. Reconheceu-a logo, era a secretária do Escritório de Advocacia cujo pai era dono e que, ele traçara uma vez.

— Onde ele está Hyorin? — perguntou ele à moça.

— Seu pai está em uma reunião com um cliente, ele pediu que viesse buscar estes papeis — ela mostrou a pasta que pegara na mesa do chefe. — E pediu que lhe avisasse para não espera-lo. Vou subir e pegar a mala dele no quarto. — Hyorin ajeitou a pasta com os papeis em uma mão e pegou sua bolsa sobre a mesa com a outra. — Com licença, Henry.

Ela virou-se para sair do escritório.

— Espera! — chamou Henry. Hyorin virou-se para olhar o filho do chefe. — Meu pai não vem para casa? — perguntou.

— Não, do escritório ele vai direto para o aeroporto. — respondeu ela. — Ele vai para os EUA resolver um problema relacionado ao caso do Sr. Ivanovich e não tem previsão de volta.

— Certo obrigado.

Henry virou-se de costas para a garota, frustrado.

— Olha Henry — Começou Hyorin, aproximando-se dele e colocando a mão direita sobre seu ombro esquerdo. — Se você quiser posso te fazer companhia à noite, podemos nos divertir como fizemos daquela vez.

— Obrigado Hyorin, mas eu combinei de sair com os meninos.

—✰—

Henry acordou na manhã do dia seguinte na sala do apartamento de Kyuhyun, havia bebido muito na noite passada e sua cabeça latejava. Como combinara com o amigo do meio, passaram à noite no Club Mass, Henry ainda teve esperança de que aparecesse por lá, mas mudou de ideia quando passou das duas da madrugada, então entrou em uma de beber até desmaiar ou entrar em coma alcoólico, claro que Donghae não deixou, afinal só fora junto para ficar de olho nos amigos mais novos desajuizados.

Künstler sentou-se, estava no tapete, levou à mão a cabeça e notou um curativo na têmpora esquerda. Não se lembrava de muita coisa da noite anterior, só de ter levado uma garrafada na cabeça, antes de socar a cara de um rapaz alto de cabelos um pouco compridos e olhos puxados, que ficava olhando torto para Kyuhyun. Lembrava também de Donghae colocando-o dentro do taxi e gritando com Cho que estava um pouco alterado por causa da bebida, mas não se lembrava de alguém lhe fazendo um curativo.

 

Henry estava sentado em uma banqueta no bar do Club Mass, Kyuhyun estava em pé a sua esquerda, de costa para o balcão com os cotovelos apoiados no mesmo e Donghae a sua direita, na mesma posição que Cho. Era a vigésima dose de vodka que ele tomava e já estava pra lá de Bagdá. Donghae que ficara sóbrio até à 01h30min a.m. começou a beber junto com o amigo mais novo e já estava nos brilhos e Kyuhyun estava por terra.

— Henry... — Kyuhyun chamou o amigo. Henry virou o rosto, para encarar o amigo do meio. — Aquele cara fica me olhando torto, eu vou dar uma surra nele.

Henry girou na banqueta, ficando de costas para o balcão e de frente para o cara que olhava para Kyuhyun. Ele conhecia aquele cara.

Mas é ele, o cara que socou o carro da , pensou Henry.

— Deixa que eu vou lá falar com ele, Kyu. — disse Henry, levantando-se da banqueta.

Henry caminhou a pouca distância que existia entre ele e o rapaz, tropeçando nos próprios pés por conta da Vodka ingerida. Ele parou em frente ao garoto, cruzou os braços e o encarou.

— Qual o seu problema com o meu amigo? — perguntou, enrolando as palavras.

— Não se mete garoto, como você disse, meu problema é com seu amigo. — respondeu o rapaz.

— Olha — disse Henry, sorrindo ironicamente. — Se você mexer com meu Hyung, você também mexe comigo.

— Mas é você, seu pivete de merda. — Heechul levantou-se da banqueta onde sentava, ficando frente a frente com Henry. — Você é o bostinha que seduziu a minha !

— Engraçado — Henry descruzou os braços. —, eu não vi seu nome nela.

Henry nem teve tempo de ver uma garrafa de Vodka vir em sua direção, acertando-lhe a têmpora esquerda e estraçalhando-se logo em seguida. Heechul jogou o resto da garrafa quebrada no chão, mas não conseguiu desviar do gancho de direita que veio de Henry, fazendo-o dar alguns passos para trás e cair no chão com a boca e o nariz sangrando.

Henry deu um passo para frente, na intenção de distribuir mais socos no rosto do rapaz, mas foi impedido por Donghae que puxou os braços do mais novo para trás, imobilizando-o.

— Já chega, Henry!­ — disse Lee.

Heechul levantou com dificuldade, pois além de estar bêbado o soco de Henry havia feito um belo estrago em seu rosto. Ele passou a manga da jaqueta pela boca e nariz, limpando o sangue, olhou para Henry, que tinha os braços puxados para trás enquanto Donghae o segurava.  Cambaleou para um lado e para o outro, empurrando algumas pessoas, até ficar de frente para Henry. Sorriu com ironia.

— É tudo o que tem? — perguntou, enrolando as palavras.

Henry tentou se soltar do aperto de Donghae, mas Fishy era mais forte e não estava tão bêbado quanto ele ou Kyuhyun. Donghae jogou Henry para Cho e tomou a frente.

— Já chega! — disse Donghae, cerrando as mãos em punhos.

— Eu vou acabar com esse viadinho! — gritou Henry, jogando a cabeça para trás, acertando o nariz de Kyuhyun que o segurava.

Kyuhyun soltou Henry e levou as mãos ao nariz que sangrava, urrando de dor. Henry deu um passo à frente, cambaleando e recebeu um soco de Donghae, Mochi caiu no chão e levou as mãos ao local atingido.

— Porra, Fishy! — gritou Henry.

— Eu já falei pra você que chega! — gritou Donghae irritado. — Se você vai continuar com isso nem levanta porque vai levar mais socos e, dessa vez eu garanto que vai ser com mais força!

— Ah, não vai dizer que você esta com medo que eu acabe com o seu amiguinho bêbado? — retrucou Heechul.

Henry levantou com rapidez sobrenatural para avançar sobre Heechul, mas Donghae o imobilizou com uma chave de braço, impedindo-o.

— Kyuhyun! — chamou Donghae. Cho, ainda com o nariz sangrando, olhou para o mais velho. — Vamos para casa, chame um taxi, agora!

Kyuhyun não queria deixar barato a garrafada que seu amigo mais novo recebera, mas vendo o estado que Henry estava após o soco que Donghae o dera, resolveu que não queria ter, além do nariz quebrado, um olho roxo. Tropeçando nos próprios pés, Cho caminhou até a entrada do Club, seguido por Donghae que trazia Henry arrastado por conta da chave de braço.

Kyuhyun acenou para um taxi que passava e o carro parou, Cho abriu a porta traseira e Donghae empurrou Henry para dentro do veiculo, em seguida entrou gritando para que Kyuhyun entrasse de uma vez no carro.

—✰—

Kyuhyun colocou a chave na fechadura da porta de seu apartamento com um pouco de dificuldade, mas assim que a abriu, Donghae o empurrou, jogando Henry com tudo no chão do hall de entrada. O mais velho entrou no apartamento seguido por Kyuhyun que estava mais pra lá do que pra cá.

—✰—


— Muito bonito — começou Donghae , cruzando os braços, enquanto Kyuhyun fechava a porta. — Um homem da sua idade ficar brigando com um bêbado, também bêbado, devo acrescentar, em uma casa noturna. — Kyuhyun tentou sair na encolha mais foi visto por Donghae. — E o senhor, aonde pensa que vai? — Donghae olhou para Cho. — Acha que não vi você incitando Henry a brigar?!

Henry e Kyuhyun caíram na gargalhada.

— O que há de tão engraçado? — perguntou Donghae irritado.

— Você Hyung! ­— disse Kyuhyun entre risos. — Você nunca dá sermão e quando dá fica com uma cara muito engraçada. — Cho enxugou uma lágrima. — O tipo sério não combina com você, meu velho! — e voltou a cair na gargalhada.

— Já chega — Donghae levantou as mãos ao céu, rendendo-se. — Eu desisto de vocês dois!

Donghae passou por Henry, ainda jogado no chão e chorando de rir, deu um leve chute nas costelas dele e seguiu até o bar na sala de estar. Tinha que encher a cara.

 

Com um impulso Henry ficou em pé, cambaleou um pouco por ainda ter quantidades mínimas de álcool em seu sangue, andou alguns passos, esfregando os olhos, bateu o pé em alguma coisa fofa, olhou para baixo e era seu Hyung, deitado no tapete da sala, dormindo.

— Fishy! — chamou Henry, balançando Donghae com a ponta do coturno. — Acorda!

— Só mais dez minutos Mochi! — murmurou Donghae, virando para o lado oposto de Henry.

Mochi olhou em volta, procurando um relógio e viu Kyuhyun estendido no chão do corredor que dava acesso aos quartos. Ele tinha um pé com a meia e outro com o coturno, estava sem camiseta ou jaqueta.

— Lee Donghae! — disse Henry, quase gritando.

— Tá bom, já acordei, onde é o incêndio?! — disse Donghae, levantando-se de costas para Mochi e olhando para os lados com um olho meio aberto.

Henry colocou a mão sobre o ombro esquerdo de Donghae, virando-o de frente para ele.

— Quem fez esse curativo? — apontou para sua própria cabeça.

Donghae estreitou os olhos, olhando atentamente para o curativo na cabeça do amigo.

— Com certeza foi o Kyuhyun! — disse por fim.

— Você deixou um cara podre de bêbado fazer um curativo em mim? — Henry ficou indignado.

— Eu estava mais bêbado que ele. — explicou-se. — Eu ia acabar fazendo merda, mas o curativo do Kyu ficou mais bonitinho.

— Bonitinho? — indagou Henry.

— É. Ele escreveu no esparadrapo, By: GameKyu e desenhou um Joystick. Ficou bonitinho.

Henry virou-se em direção ao corredor onde Kyuhyun estava praticamente desmaiado e aproximou-se de um pequeno espelho na parede, onde pode ver claramente escrito e desenhado com canetinha azul, By: GameKyu e um Joystick de um PS3 desenhado.

— Sorte que ele não encontrou nenhum bisturi por aqui! — disse Henry, virando-se para Donghae.

— Ele encontrou, eu que tive que esconder, você só ficava rindo e dizendo que Kyuhyun não tinha coragem de fazer um corte em você.

— Meu Deus! — exclamou Henry. — Vamos acordar o "GameKyu" e leva-lo para a cama, temos que estar em um lugar daqui à uma hora.

— Certo!

—✰—

acordou com o despertador tocando, esticou a mão para fora da cama, tateando o criado mudo, encontrou o aparelho que emitia aquele som ensurdecedor e o desligou. espreguiçou-se, ainda deitada olhou para o terrário de Viktor, onde o camaleão dormia calmamente perto de uma rocha artificial.

— Quanta inveja eu sinto de você, Viktor! — disse ela, bocejando logo em seguida.

sentou-se na cama, olhou em volta e encontrou seu celular sobre a escrivaninha ao lado do notebook. Com um impulso levantou-se da cama, caminhando cambaleante até o closet e em seguida ao banheiro. Ela parou em frente ao grande espelho que cobria toda a parede onde uma pia branca no mármore preto ficavam à frente. encarou seu reflexo no espelho, estava com uma camisola bege com o decote rendado, seus cabelos estavam soltos em um bagunçado organizado, ela era bonita pela manhã, mesmo com cara de sono.

Arrastando-se para dentro do Box enquanto deixava a camisola pelo chão, abriu o chuveiro, entrando em baixo da água quente, esperando que esta levasse seu sono embora.

—✰—


O som de um SMS chegando acordou alguns minutos antes de seu despertador tocar. Esfregando os olhos, ela pegou o aparelho ao lado do travesseiro e apertou o botão na lateral, fazendo o mesmo acender, deslizou o dedo sobre a tela Touchscreem formando sua senha e desbloqueou-o, lendo a mensagem de texto logo em seguida.
Bom dia espero que esteja acordada, não quero disputar com seu despertador o título de ter te acordado mais cedo. Só passei para lhe desejar um Bom Dia Lady DuBois.
P.S.: Sua amiga , o anjo, me passou seu número, não brigue com ela. : )
Lee Donghae.

sorriu ao ler a mensagem, agradeceria mais tarde por ter sido — segundo Donghae — um anjo e passado seu número para ele, já que teve uma crise de constrangimento e não conseguiu falar mais nada para o belo rapaz de olhos puxados. Bloqueando o aparelho, levantou-se da cama, seguindo em direção ao banheiro da suíte.

—✰—

Henry desceu as escadas vestindo jeans escuro, coturnos e camisa jeans clara com as mangas arregaçadas até os cotovelos. Os cabelos meio úmidos estavam cobertos por uma touca cinza, deixando apenas um topete arrepiado de fora. Chegando ao pé da escada, Henry levou os óculos escuros estilo aviador que trazia na mão direita aos olhos.

Donghae bebeu sua segunda dose de Whisky, também usava óculos estilo aviador, mas este era espelhado. Assim que viu o amigo mais novo no pé da escada, também de óculos, virou todo o conteúdo do copo goela abaixo.

— Pronto para seu primeiro dia na faculdade, Hyung? — indagou Henry, levando uma mão à cabeça. — Ah que dor de cabeça!

— Nem me fale! — Donghae levantou, cambaleou um pouco e quase caiu.

— Parece que eu dirijo. — disse Henry. Donghae jogou as chaves do carro para o mais novo.

—✰—

desceu as escadas, vestia jeans escuro, blusa branca florida com estampa de croqui, jaqueta de couro preto e sapatilha também preta. Trazia uma bolsa carteiro a tira colo e uma pasta mesclada em preto e branco. Ela passou pela sala de jantar e seguiu até a copa, onde encontrou Heechul sentado em uma banqueta em frente à bancada de mármore. Ele estava de costas para a entrada, mas percebeu que ele estava debruçado sobre o mármore. Ela passou por ele, como se não o tivesse visto, não queria uma discussão logo pela manhã, rumou até a cozinha, colocou a bolsa e a pasta sobre o balcão da pia ao lado da geladeira abriu a mesma e pegou uma jarra com suco de manga.

— Você está muito linda hoje. — comentou Heechul. — Como se isso fosse novidade!

— Olha Heechul... — virou-se para encarar o rapaz e, então, viu o estado em que ele estava. — Por Deus, Heechul — ela se aproximou com a jarra em mãos. — O que aconteceu? — perguntou, depositando a jarra sobre a bancada.

— Não é nada — Heechul virou o rosto, não queria que o visse assim.

— É claro que é! — ela levou a mão direita ao queixo de Heechul, fazendo-o a encarar. — Você nem se quer cuidou desses ferimentos. Seu nariz está quebrado, andou brigando com um time de futebol americano, foi?

— Já disse , não foi nada. — insistiu Heechul.

— E eu também já disse Kim, é claro que foi! — deu um passo para trás. — Fique aqui, vou buscar a maleta de primeiros socorros. — disse e se retirou.

rumou em direção a área de serviço e em seguida ao banheiro. Abriu uma pequena porta no balcão da pia e pegou uma maleta branca com uma cruz vermelha e voltou à cozinha.

— Certo, vamos lá. — colocou a maleta sobre a bancada e a abriu. Retirou um chumaço de algodão e em seguida um vidro com água oxigenada. Despejou um pouco do liquido incolor no algodão. — Isso vai doer!

levou o algodão encharcado ao nariz de Heechul, limpando o local. Kim fez uma cara de dor que teve que se conter para não rir.

— Nossa, e ainda nem chegou à melhor parte! — disse ela, rindo.

— Melhor parte? — indagou Heechul, confuso. — Que melhor parte?

— A parte em que eu coloco seu nariz de volta ao lugar. — disse ela, séria.

— Você? — Heechul riu.

— Qual é a graça? — perguntou ela, ofendida.

— Você por acaso já colocou um nariz no lugar? — questionou.

— Não deve ser difícil.

— Certo, vamos lá.

olhou para o rosto de Heechul, ele conseguia ser lindo até com um olho roxo, nariz quebrado e boca cortada. Ela analisou o ferimento no nariz de Kim, não sabia nem por onde começar, nunca havia feito esse tipo de curativo, então fez o mais provável, levou uma das mãos ao nariz de Heechul e torceu-o para o lado oposto, ouvindo um estralo logo depois.

— Porra ! — gritou ele, levando as mãos ao nariz. — Você disse que já tinha feito isso!

— Eu disse: “Não deve ser difícil”, e não é pra tanto!

— Não é pra tanto porque não é seu nariz que está quebrado. — retrucou Heechul.

— Eu não mandei você brigar com o Mike Tyson! — rebateu , pegando a jarra com suco, rumando até a pia.

pegou um copo no escorredor de louça sobre a pia e encheu-o de suco. Deixou a jarra de lado e segurou o copo, virando-se de frente para Heechul, bebeu um gole de suco.

— Quem foi o boxeador que te nocauteou? — perguntou ela, rindo.

— Ninguém, eu estava muito bêbado, nem me lembro do que fiz, um idiota se aproveitou e socou minha cara, eu nunca teria um nariz quebrado se estivesse sóbrio. — disse Heechul.

— Tá bom — disse , transbordando sarcasmo.

— Bom dia meu amor! — disse , adentrando a cozinha.

caminhou até a amiga mais nova e a abraçou, depositando um beijo na bochecha de .

— Meu amor? — indagou , arqueando uma sobrancelha. — Que bicho te mordeu? Você sempre acorda com um mau humor dos infernos pela manhã.

— É que hoje fui acordada de modo diferente, a proposito tenho que lhe agradecer anjo.

sorriu, seus olhos brilhavam como os de uma criança que acabara de ganhar o presente de natal que esperara o ano todo.

sorriu, sabia que essa alegria toda só poderia significar um SMS ou até mesmo uma ligação do cavalheiro Donghae.

— Certo, moça, que tal irmos para a faculdade agora? — disse , lavando o copo sujo e colocando-o no escorredor de louças. — Tchau Heechul, e vê se tenta ficar longe de boxeadores, ou vai ficar sem seu lindo narizinho.

— Também te amo! — disse Heechul.

pegou sua bolsa e pasta, seguindo pela porta dos fundos e, sem se virar, mostrou o dedo do meio para Heechul.

 


 

Capítulo Cinco

 

desembarcou do Lancer assim que estacionou na Universidade Yonsei, fechou a porta do motorista e abriu a porta traseira esquerda para pegar a bolsa, colocou a alça sobre o ombro direito e pegou uma pasta onde continha o trabalho de Desenho Arquitetônico que o Professor coreano lindo havia passado. Assim que fechou a porta viu sua amiga mais velha descer do carro com a bolsa em mãos e travou as portas ligando o alarme.

As duas caminharam lado a lado até chegarem ao pátio. e se aproximaram de uma das mesas espalhadas pelo local, onde uma garota com cabelo longo liso e preto estava sentada. sentou-se ao lado da garota e à frente.

— Bom dia, ! — disse , beijando o rosto da garota.

— Ah, bom dia, . — respondeu ela, distraída. — Bom dia, .

— Aconteceu alguma coisa, ? — perguntou , preocupada.

— Não, só estou distraída mesmo. — respondeu ela.

Garcia era amiga de e há pouco tempo. a conhecera no primeiro dia de aula da Faculdade. era — lê-se é — uma garota muito tímida, quieta e não gostava de chamar a atenção, era de uma das famílias mais ricas de Seul, não era asiática, filha de mãe mexicana e pai alemão, vivia em Seul faziam apenas dois anos e não era muito de puxar conversa por ser tímida, mas era uma ótima pessoa, leal e companheira. e gostavam muito dela, como se a conhecessem desde pequena.

 

Era o primeiro dia de aula da faculdade e o professor de Calculo I, após explicar o conteúdo passou um trabalho para ser realizado em dupla. era péssima em calculo, por mais que tentasse, contas não entravam em sua cabeça, deixavam-na confusa. Qualquer um que quisesse fazer o trabalho com ela estava com problemas.

— Oi — disse Huang Xiao Ming em seu inglês americano perfeito, sentando-se sobre a carteira de após o professor ter deixado a sala por um breve momento.

Huang era filho do dono do Banco Imperial Chinês com sede em Pequim e uma das filiais em Seul. Era chinês, nascido em Hong Kong e extremamente lindo, um bom partido e o sonho de consumo de toda mulher sensata.

— Oi — respondeu , também em inglês. Huang levou a mão direita ao queixo dela, olhando-a nos olhos.

— Você é muito linda, sabia? —sorriu de forma galanteadora para a moça.

— Obrigado — sorriu. — Devo dizer o mesmo de você.

— Sr. Huang, queira, por favor, sentar-se em sua carteira. — disse o Professor adentrando a sala. — Vocês têm 10 minutos para fazerem as duplas e depois eu explico sobre o trabalho.

Huang voltou ao seu lugar e observou as duplas se formarem. Alguns ali já se conheciam, embora tivesse mudado par Seul ainda pequena, nenhum de seus colegas do colegial havia optado pelo curso de Arquitetura. Quase todas as duplas estavam quase formadas, faltando apenas alguns poucos alunos em duvida. Huang levantou-se da carteira, deixando algumas garotas — lê-se todas com exceção de e — suspirando apaixonadas e, andando elegantemente parou em frente a carteira de Komarova.

— Quer fazer o trabalho comigo? — ele perguntou. foi pega de surpresa.

— Desculpa, o que você disse? — indagou.

— Eu perguntei se você quer fazer o trabalho comigo? — repetiu ele.

— Ah, desculpa, mas eu vou fazer com ela. — apontou para .

— Por quê? — questionou Huang.

— Por que ela me parece ser uma pessoa legal, um pouco tímida, mas ainda assim legal. — ela olhou para os lados, vendo os olhares mortais lançados pelas colegas de classe. — Porque você não convida uma de suas “fãs” para fazer o trabalho com você? — se levantou, arqueando uma sobrancelha. — Com licença Sr. Huang. — e andou até a carteira onde estava sentada debruçada sobre a mesma.

— Oi — disse em frente à garota. levantou a cabeça e a encarou.

— Oi — respondeu ela, quase inaudível.

— Você gostaria de fazer o trabalho comigo? — perguntou. — Você não é obrigada, já que sou péssima em Calculo, viu? — sorriu. — Mas prometo que vou me esforçar para que tenhamos um bom resultado.

— C-Claro. — respondeu ela, gaguejando. — Eu posso te ajudar em Calculo, s-se q-quiser.

— Certo então você é minha dupla.  — sorriu e voltou ao seu lugar. — E vou adorar ter uma professora tão gentil como você. — ela estendeu a mão em cumprimento. — A proposito, meu nome é , muito prazer.

Ela apertou a mão de .

, o prazer é meu.

 

foi acordada de sua lembrança quando uma presença indesejável se aproximou de sua amiga mais velha.

— Oi ! — disse a garota, beijando o rosto de e ignorando completamente e .

— Oi Sunny! — respondeu toda sorridente.

Lee Soon-kyu, também conhecida como Sunny, era amiga de há três anos. As duas se conheceram em Paris quando fora morar com o pai, viraram grandes amigas e combinaram de, que quando voltasse para Seul, fizessem faculdade de Designer de Joias juntas. Sunny era uma asiática extremamente linda, não fosse sua arrogância e presunção. Por ser filha de um grande bancário sócio na filial do Banco Imperial Chinês em Seul, achava que o mundo girava ao seu redor e todos tinham que a adorar. nunca entendera como se tornara amiga de uma pessoa como Sunny, sendo que a morena sempre abominara pessoas como ela.

sabia que a partir dali, não lhe daria mais atenção, então pegou sua pasta e retirou um dos desenhos do trabalho, pegou um lápis 6B e começou a aprimora-lo.

—✰—


Já fazia alguns minutos que e Sunny estavam conversando sobre coisas aleatórias. sentia ciúmes de sua melhor amiga, não quando ela estava com sua outra melhor amiga , mas sim quando não lhe dava a devida atenção por causa de uma intrusa como Sunny. E o pior não era isso, agora quem dava total atenção a Sunny era .

, por que não esta revisando seu trabalho ao invés de ficar jogando conversa fora? — disse , sem retirar os olhos de seu desenho.

— Por que o meu trabalho já está bom, diferente de você, meus pais não exigem que eu seja perfeita em tudo. — respondeu .

— Você esta querendo me dizer algo, ? — olhou para a garota. — Porque só pode estar querendo me dizer algo.

— Não, imagina. — respondeu , voltando a prestar atenção no assunto de Sunny.

suspirou e voltou a desenhar.

—✰—

Henry desceu do Pajero preto quatro portas, olhou em volta e bateu a porta do motorista, assim que ouviu a porta do carona bater ligou as travas e o alarme. Dando a volta em frente ao veiculo, jogou as chaves para Donghae, que as pegou e guardou no bolso da calça.

— Eu não deveria ter tomado aquele Whisky de manhã. — comentou Donghae.

— Você só não esta acostumado a beb...

Henry parou bruscamente, fitando fixamente algo, ele retirou os óculos escuros para ter certeza do que estava vendo e quando seus olhos confirmaram, seu coração passou a bater mais rápido do que já estava. Donghae também parou, estranhando a atitude do amigo, então, seguiu o olhar do mais novo até deparar-se com sentada a uma das mesas do pátio.

— Parece que hoje é seu dia de sorte, Henry. — disse ele, dando um tapinha nas costas do amigo. — Vamos lá.

—✰—

estava tão concentrada que nem prestou atenção ao murmurinho que se estalara no pátio.

— Meu Deus, é ele! — ouviu uma garota dizer, mas não deu muita atenção, deveria ser só mais o Huang passeando pelo pátio exibindo aquele lindo cabelo, corpo e tudo o mais que ele tinha de lindo e comestível para mostrar. — Ah ele tá muito lindo!

— Eu vou ter um ataque daqui a pouco, olha como ele fica lindo de touca! — disse outra.

Até parece que nunca viram o Huang antes, pensou .

— Ele esta vindo aqui! — ouviu Sunny dizer toda contente. — Ele esta vindo falar comigo, ! Como eu estou?

— Linda amiga, linda como sempre foi. — respondeu .

Como ela pode dizer isso? Eu sou a sua melhor amiga não esse projeto de coreana, pensou morrendo de raiva.

— Olha se não é você! — ouviu uma voz masculina muito familiar. — Komarova.

levantou a cabeça, encarando o dono daquela voz incrivelmente linda.

Merda! pensou. Era Henry Künstler, incrivelmente lindo, como na noite em que passaram juntos.

— Desculpa, não o conheço. — disse ela, voltando à atenção ao seu desenho.

— Acho que você quis dizer Sunny e não . — disse Soon-kyu, intrometendo-se na conversa.

— Desculpe senhorita Sunny, não a conheço.

— Mas... — ela tentou dizer, mas foi interrompida por Henry.

— Senhorita Komarova, tem certeza que não me conhece? — perguntou, ignorando completamente Sunny.

— Sim, se o conhecesse me lembraria. — respondeu friamente, sem retirar os olhos do desenho.

— Isso é um pouco estranho, para alguém que gritou o meu nome muitas vezes enquanto...

levantou-se do banco, interrompendo Henry, aproximou-se do garoto e levou a mão direita ao braço do mesmo.

— Queira me acompanhar, por favor! — disse, puxando-o para um corredor fechado da instalação.

Longe do campo de visão dos outros, jogou Henry de encontro à parede do corredor com certa brutalidade. Henry soltou um gemido baixo quando suas costas foram de encontro com a parede de tijolos, mas logo sorriu quando viu com o rosto próximo ao seu, segurando o colarinho de sua camisa.

— O que você pensa que esta fazendo aqui? — perguntou.

— Primeiro, é bom ver você novamente, esta ainda mais linda do que quando nos conhecemos e segundo, porque mentiu seu nome? — indagou ele.

— Justamente para evitar situações como esta! — disse ela, soltando Henry e afastando-se alguns passos. — Que porra você esta fazendo aqui?

— Eu não aceito não como resposta. — disse ele.

— Mas vai ter que se acostumar quando se refere a mim!

virou-se de costas para Henry, cruzando os braços soltou o ar pela boca.

— Por quê? — perguntou Henry.

— Por que sim! — respondeu ela, sem se virar.

— É por causa do seu namoradinho? — disse Henry. — Heechul, é esse o nome dele, não é?

virou-se de frente para Henry, ainda de braços cruzados.

— Onde você ouviu esse nome? — indagou ela.

— Responda à pergunta. — disse Henry.

— É mais complicado do que isso. — disse ela. — Você não entenderia.

— Não sou eu quem não entende que você não é propriedade dele!

— Como assim? — perguntou .

— Parece que ele não aceita muito que você não pertence a ele.

não respondeu, ficou em silencio fitando o chão, então olhou para Henry novamente e viu um curativo quase imperceptível na têmpora esquerda dele.

— Você esta ferido, não vai me dizer que... — interrompeu-se, juntando os pontos.

— Sim, eu briguei com ele, mas que fique claro que foi ele quem começou.

levou as mãos ao rosto, estava com vontade de chorar, o que ela estava tentando evitar, Henry havia feito por conta própria.

— Você esta com ele? — a pergunta acertou em cheio e a vontade de chorar tomou-a por inteiro, mas ela não choraria. Não na frente de Henry.

— Não, eu não estou com ele. — respondeu ela.

— Então porque não quer sair comigo novamente?

— A questão não é essa. — respondeu , virando-se de costas.

— E qual é a questão então? — Henry se aproximou, levando as mãos aos ombros da garota.

— Eu não posso! — afastou-se do toque do rapaz e virou-se, encarando-o tocou o ferimento dele. — Isso foi pouco, mas se continuar a vir atrás de mim, será pior. Acredite, ficar perto de mim é perigoso pra você.

— Eu não me importo. — disse Henry, pegando a mão de que tocara sua testa e beijando-a.

puxou sua mão rapidamente e levou-a ao rosto de Henry.

— Mas eu me importo!

Ela abaixou a mão e virou-se para sair. Henry segurou o pulso esquerdo de , impedindo-a de ir e a puxou para perto. sentiu uma tontura momentânea pela rapidez com que Henry a puxara e apoiou as mãos no peito dele. Aproveitando a proximidade de a seu corpo, Henry passou as mãos pela cintura da garota e a encarou. Quando levantou a cabeça, viu um par de olhos escuros e incrivelmente lindos a encarando, não sabia o que dizer. Aquela proximidade a fazia se sentir segura, Henry a fazia se sentir segura. Ficaram olhando-se nos olhos por alguns segundos — que pareceram horas — e, então, Henry aproximou seu rosto do de , que apenas fechou os olhos esperando o contato de seus lábios.

—✰—

ficou sem reação durante os próximos minutos que sucederam a saída abrutada de puxando o rapaz consigo. Olhou para o lado e viu a mesma expressão no rosto da amiga coreana, teria muita coisa para explicar quando voltasse.

Donghae ainda estava em pé, próximo a e a loirinha coreana cujo nome ele não sabia. Sua cabeça doía e o Whisky que tomara mais cedo estava fazendo tudo rodar dentro dele.

— Certo — ouviu a morena de cabelo longo falar. — O que foi aquilo? — perguntou ela, estática.

desviou o olhar da amiga para o rapaz em pé ao seu lado esquerdo.

— Então esse é o cara? — perguntou e Donghae assentiu, retirando os óculos e colocando-o na gola da camiseta, sabia que comentaria de Henry com a amiga. — Você sabia? — perguntou novamente, referindo-se a ele saber que e ela eram melhores amigas. Lee sabia.

— Só depois que vi vocês duas juntas no estacionamento. — disse.

— O que esta acontecendo aqui? — perguntou Sunny.

— Eu não posso contar — disse . — É um assunto particular da .

olhou para , como se dissesse “eu conto mais tarde!”.

— Mas eu sou sua amiga! — exclamou Sunny, usando de todo o seu aegyo para convencer a contar.

— Disse bem — se meteu, vendo que estava cedendo a Sunny. — Você é amiga da , não da . Por tanto, não temos o direito de contar nada relacionado à vida da a você!

Sunny ficou em silêncio, se continuasse insistindo no assunto, perderia as estribeiras e quem acabaria levando uma bolacha seria ela, afinal, ela saberia o que estava acontecendo mais cedo ou mais tarde.

Mais cedo era mais provável.

—✰—

 

O beijo de Henry era calmo, diferente de Heechul, que era carregado de urgência e um pouco voraz. gostava de ambos os beijos, mas o de Henry a fazia esquecer tudo o que estava a sua volta, como se o que realmente importasse fosse os lábios dele nos seus. Como se tivesse acordado de um transe, afastou seus lábios dos de Henry e virou o rosto, encarando os coturnos do garoto.

— Me perdoa Henry! — murmurou ela, afastando-se.

virou-se de costas para ele, aproximando-se de uma pilastra, de onde tinha vista para a mesa onde suas amigas, Donghae e a coreana de meia tigela estavam. Henry tornou a se aproximar, depositando suas mãos sobre os ombros da garota a sua frente.

— Você disse exatamente isso quando o beijou. — disse ele, próximo ao ouvido de . — Por quê?

virou-se de frente para Henry, encarando-o de olhos arregalados.

Como ele sabia?

— Eu estava lá — disse ele, como se soubesse o que ela estava pensando. — Eu vi quando você o beijou e depois que ele saiu disse: “Me perdoa Henry”. Por que ? Por que disse isso?

tentou fugir, mas Henry a prendeu contra a pilastra, impedindo-a de fazer qualquer movimento.

— Você não vai sair daqui até me dizer por que, !

— Eu...

— Esse cara ‘tá te incomodando, ? — disse uma voz logo atrás de Henry. inclinou a cabeça e viu, por cima dos ombros de Henry, Huang Xiao Ming de braços cruzados.

— Não Huang — disse ela. — Meu amigo já esta de saída, não é mesmo, Henry?

— Anh...

— Nossa aula já vai começar . — disse Huang. — Você sabe que o professor não gosta de atrasos.

— Então vamos Huang. — disse , retirando os braços de Henry do caminho e seguindo até o amigo. — Só vou pegar minha bolsa e minha pasta com meus desenhos para a aula de hoje.

— Eu acompanho você.

—✰—


Donghae viu se aproximar com um outro rapaz ao lado e seu amigo, Henry, logo atrás. A cara de Künstler não era das melhores, o que significava que ele não conseguira o que queria. inclinou-se sobre a mesa, colocou o desenho na pasta e pegou sua bolsa sobre o banco.

— Meninas, eu preciso ir. — disse ela, sorrindo. — Minha aula começa em poucos minutos e eu ainda tenho que revisar algumas coisas. Você vem ? — perguntou, olhando para a morena de cabelos compridos.

— Claro. — pegou sua bolsa e pasta sobre a mesa e levantou-se, despedindo-se de e os meninos. — Até logo , Tchau meninos.

Henry e Donghae assentiram, acenando com a mão.

— Até depois . — sorriu. — Tchau Donghae.

E em seguida saiu, sem ao menos olhar na direção de Sunny ou Henry.

— Vamos embora, Donghae! — disse Henry. — Temos muito trabalho pra fazer.

— Mas Henry... — Sunny tentou dizer.

— Vamos embora! — repetiu ele, rispidamente.

— Certo. — respondeu Fishy, olhando o amigo partir. — Eu... vou indo. — disse ele a . Donghae se aproximou da morena e depositou um beijo na bochecha da mesma. — A gente se esbarra por ai.

sorriu, assentiu e observou enquanto Donghae seguia em direção ao amigo.

—✰—


— Você não precisava ser grosso com as meninas sabia Henry ? — Donghae repreendeu o amigo. — Nem se quer se despediu delas.

— Eu não estou com paciência para sermões, Lee. — disse Henry, ignorando o amigo.

— O que foi que aconteceu lá, Mochi? — indagou Fishy.

— Não quero falar sobre isso.

— Pelo que eu estou vendo as coisas não devem ter sido muito boas por lá. — disse Lee. — O que pretende fazer agora?

— Continuar com o plano. — disse Henry. — Vamos nos matricular na Universidade e monitora-la. Como meu pai pediu.

— Você só se esqueceu de um detalhe. — observou Donghae. — Não podemos fazer Arquitetura e Urbanismo por que não ficaríamos na sala dela e porque não temos nosso lado criativo muito aguçado. Seria desperdício de tempo e recursos.

— Eu vou fazer Medicina, talvez um dia isso seja útil para mim. Sempre quis ser medico. — disse Henry, determinado. — E você?

— Administração. — disse ele, decidido. — Meu pai sempre quis que eu administrasse a Academia, acho que quando ela for minha, vai se bom saber lidar com ela.

— Bom, agora só precisamos nos matricular e se aparecer algum problema, você usa seu charme e tudo fica bem, vamos Fishy, pensamento positivo!

—✰—


observou Donghae seguir Henry instituição adentro. O que eles estavam fazendo indo em direção à reitoria? Era uma pergunta que não sabia responder. Talvez soubesse, mas achava melhor não pensar na hipótese.

! — berrou Sunny, tirando de seus pensamentos. — Faz mais de uma hora que eu tô chamando você. Tá no mundo da lua né?

— Desculpe Sunny, estava pensando. — respondeu , vagamente.

— Tá, tudo bem. — disse Soon-kyu, balançando a mão como se dispensasse os pensamentos de . — Agora você vai me contar como a sem graça da Abigail conhece o gato do Henry!

— Isso é um assunto que não diz respeito a você Sunny, acho que já lhe disse isso. — respondeu .

— Ah mais isso não é justo! — disse Sunny, fazendo um biquinho fofo. — Eu sou sua melhor amiga, . Você não pode fazer isso comigo!

— Eu sinto muito, mas não posso lhe contar.

— Se você não me contar eu vou ficar brava com você! — Sunny ameaçou.

encarou a garota e bufou, levantou bruscamente do acento e pegou sua bolsa.

— Ótimo! — exclamou. — Se você vai “reinar” comigo por causa disso eu não me importo, afinal eu a conheço há apenas três anos. Mas a Abigail. Hah, ela eu conheço desde que nasceu. Eu praticamente a criei, então se você vai ficar de birrinha pra que eu te conte uma coisa que não é da sua conta, pense bem, por que você esta em desvantagem!

E assim saiu, sem esperar por uma resposta. E na verdade Sunny não tinha nenhuma à altura.

 


N/A: Enfim consegui sair do bloqueio criativo e escrever mais dois capítulos da minha fic. Espero que gostem e me perdoem pela demora.


 

Capítulo Seis

 

— Bem, pessoal, por hoje é tudo. — disse o professor de Desenho Arquitetônico. — Eu quero o trabalho sobre a minha mesa na próxima aula, sem falta. Estão dispensados.

observou seus colegas levantarem quase que simultaneamente, formando uma bagunça total. Assim como ela, também esperava que todos os apressadinhos deixassem a sala de aula para que, enfim, pudessem deixar a sala também. Mas naquele dia algo estava diferente. passou quase à aula inteira quieta, para não dizer que ela não falou nenhuma palavra, as únicas pronunciadas por ela foram resumidamente a responder ao professor e murmurar alguns “aham” e “tudo bem”. A amiga estava tão distraída que quase bateu em outro colega quando se levantou para deixar a sala de aula.

, aconteceu alguma coisa? Você esta... diferente hoje. — perguntou , enquanto as duas seguiam o corredor em direção ao pátio.

— Não é nada , eu juro. — respondeu a morena.

, somos amigas, você sabe que pode conversar comigo. Eu sempre vou te ajudar. — disse .

— Tudo bem, mas prometa que não vai contar a ninguém — pediu. — Nem mesmo a .

— Tudo bem, eu prometo! — disse .

olhou para os lados e puxou pelo pulso para dentro do banheiro feminino.

— Calma ! — disse , sorrindo. Viu a amiga olhar todos os Box e voltar para perto dela em frente ao espelho. — O que foi que aconteceu?

— Prometa que vai me contar a verdade. — pediu , encarando seriamente.

— Você sabe que nunca mentiria para você , você e são minhas melhores amigas, não mentiria para vocês.

— Certo. — pegou seu celular no bolso traseiro da calça e começou a deslizar o dedo sobre a tela Touchscreem e então virou a tela para . — Me mandaram essa foto ontem à noite, ela foi tirada há duas semanas.

— Quem te mandou isso? — perguntou.

— Eu não sei. Número privado. — ela respondeu.

A foto era de e um rapaz asiático alto e esguio abraçados.

fez uma pausa. — Você e o Yesung estão... saindo?

— Claro que não! — respondeu, rindo. — Yesung e eu somos... Eu não acredito que você esta afim dele!

— Não! — bloqueou a tela do celular e devolveu-o ao bolso da calça, corando logo em seguida. — Eu... eu... eu só acho ele gatinho, mas você e ele...

repreendeu a amiga. — Não existe Yesung e eu, nós somos velhos e melhores amigos. Olha — pegou as mãos da amiga. — Eu explico melhor quando chegarmos a minha casa.

— Mas...

— Não tem “mas” . Já faz algum tempo que você não vai me visitar depois da faculdade. — fez um biquinho fofo. — Eu sinto a sua falta, amiga.

— Tudo bem, tudo bem! — ergueu as mãos acima da cabeça, rendendo-se. — Eu também sinto sua falta, chata, irritante que eu amo tanto.

depositou um beijo na bochecha de enquanto as duas deixavam o banheiro feminino.

♠♣♥♦

estacionou seu Lancer na garagem sob a varanda de seu quarto. Assim que desligou o veiculo e retirou a chave, pegou sua bolsa e pasta no banco traseiro e saiu do carro. ajeitou sua mochila às costas e desceu do veiculo fechando a porta atrás de si.

— Falando nisso — começou. — Quando vamos ir ao Haras do meu tio andar a cavalo?

! — exclamou, levando ambas as mãos a cabeça. — Ainda bem que você me lembrou.

— Lembrei o que? — perguntou confusa.

— Este ano tem aquele concurso de hipismo, lembra? — perguntou e assentiu. — Então, eu tenho que fazer minha inscrição.

— Não é aquele que o vencedor recebe um milhão de dólares? — perguntou. Lembrando-se de que a amiga já havia comentado sobre o tal concurso.

— Isso mesmo. — assentiu. — E eu sou quem vai vencer.

— E pretende fazer o que com todo esse dinheiro? — quis saber, já que a amiga não precisava dele.

— Vou dividir em quatro partes de 250 mil e vou doar para duas instituições de combate aos maus tratos a animais e para duas instituições de combate a fome.

— Nossa amiga, isso é muito legal da sua parte. — comentou , achando bonita a atitude da amiga.

— Obrigado, eu só pensei assim. Todos os participantes com certeza não vão precisar do dinheiro, então eu vou me esforçar para ganhar e assim, em vez de deixar para alguém que com certeza vai gastar com coisas insignificantes, eu vou doar e ajudar pessoas e animais que estão realmente precisando.

— Realmente, você é uma pessoa excepcional, minha amiga.

— Obrigado .

e adentraram a mansão, passaram pela sala de jantar em direção as escadas. Assim que notou duas malas grandes de viagem em frente ao pé da escadaria parou bruscamente. Ela conhecia aquelas malas.

— Eu não acredito! — ela disse, deixando uma sem entender nada logo atrás. — Eu não acredito! — ela gritou, virando de frente para e abraçando a amiga. — Meu irmão voltou ! — ela beijou o rosto da menina. — Meu irmão voltou!

— Nossa! Essa algazarra toda é por causa de mim?! — disse uma voz, vindo da copa.

e olharam para o local de onde a voz vinha e deslumbraram um rapaz alto, de olhos orientais e cabelo curto preto. Ele vestia apenas bermuda e uma camiseta simples, estava descalço e carregava uma xicara de café nas mãos.

ficou pálida.

— Yesung! — gritou , correndo em direção ao irmão mais velho e abraçando-o.

O rapaz deu um passo para trás, equilibrando-se quando os braços da irmã foram de encontro ao seu pescoço. A xicara de café derramou alguns pingos escuros no chão, mas seu conteúdo não foi desperdiçado de todo. beijou as bochechas do irmão, apertando-o cada vez mais no abraço, certificando-se de que ele realmente estava ali.

— Calma menina! — Yesung disse, afastando a irmã com a mão livre — eu sei que você sentiu minha falta.

E então ele envolveu o braço sobre os ombros de , puxando-a para um abraço de lado.

estava pálida, olhando para sua melhor amiga abraçando e beijando o rapaz que ela considerava o mais lindo da universidade e que — embora não admitisse em voz alta — tinha uma quedinha. Era claro que poderia abraçar o quanto quisesse Yesung. Eles eram irmãos. Porra, eles eram irmãos!

JongWoon olhou para a garota a sua frente. Nunca a vira antes, mas sem a menor sombra de duvidas era a mais linda que conhecera. Yesung não conhecia muito as amigas da irmã, pois ela era muito seletiva, o que a deixava com poucas amizades, o que era bom, pois assim só os amigos verdadeiros estavam por perto. Por não ter passado a maior parte da adolescência da irmã ao seu lado, JongWoon temia que as amizades de fossem magoa-la e por ser muito protetor, a única amiga de que conhecia era .

E essa ele conhecia muito bem.

 

Fevereiro de 2003 – Toronto, Ontario – Canadá.

— Tem certeza que ela vai conseguir encontrar a gente aqui? — perguntou.

Ela e Yesung estavam escondidos dentro do armário de vassouras na área de limpeza.

— É claro que tenho! — Yesung falou o obvio. — Ela tem sete anos, é o primeiro lugar que ela vai procurar.

Era aniversario de sete anos da pequena , ela o irmão e amiga, junto com os filhos dos vizinhos que haviam sido convidados para a festa estavam brincando de esconde-esconde e como Yesung e eram os mais velhos acharam melhor esconderem-se juntos em um lugar que os encontraria, já que ela fora designada para começar a procurar os escondidos.

— Yesung, ela já deveria ter nos encontrado! — insistiu novamente.

! — Yesung segurou nos ombros da mais baixa, encarando-a nos olhos.

Algo dentro de JongWoon não estava respondendo aos seus comandos. Seu coração mais especificamente. esteve próxima da família desde sempre, então, quando nasceu, essa proximidade se tornou ainda maior. praticamente adotou como sua irmã mais nova, cuidando da menina como se fosse sua própria família. E não era isso que era? Da família?

— Você protege minha irmãzinha demais. — ele disse, sem desviar os olhos de . — Eu admiro isso.

— Quando a veio para casa, eu jurei que cuidaria dela, por que seriamos melhores amigas para sempre. Como minha mãe e a sua mãe foram.

— ele se interrompeu. — Eu sei que você é mais nova do que eu. Cara eu já tenho dezessete e você só tem quatorze, eu sei que eu deveria gostar de garotas da minha idade, mas cara, eu... eu...

— Eu também gosto de você Yesung! — disse, interrompendo-o.

— Como você sabe que... que eu...

— Você nunca foi de conversar muito, além de ser um pouco tímido. — disse. — Então eu passei a te observar melhor, por que você despertou algo dentro de mim, eu não sei, deve ser por esse seu jeitinho fofo de ser, mas eu passei a te ver com outros olhos, não só porque você é extremamente lindo, mas por que você...

foi interrompida quando JongWoon selou seus lábios. O beijo do garoto era calmo, tímido no começo, mas assim que se acostumou com os lábios da garota a sua frente se tornou mais ousado. Era o primeiro beijo de e não podia ser melhor, estava recebendo-o do garoto por quem estava apaixonada, e o melhor ainda era que o beijo havia sido roubado.

As portas do armário de vassouras foram abertas de repente, quebrando todo o encanto.

— Aha! Achei vocês! — disse, ao escancarar as portas do armário e ver a cena. — Ah meu Deus! — ela levou as mãos à boca e depois saiu correndo, pulando e cantarolando. — A e o Yesung ‘tão namorando! ‘Tão namorando! ‘Tão namorando!

 

— JongWoon Komarov! — gritou, trazendo-o de volta a realidade.

— O que foi Komarova?! — Yesung disse, em um tom mais baixo, encarando a irmã.

— Faz mais de meia hora que estou te chamando e você fica encarando a parede com essa cara de...

— Lindo? — ele a interrompeu.

— Não! — ela berrou. — Com essa cara de retardado que você faz quando esta se lembrando de algo.

Os dois ficaram sérios, um encarando o outro, em silencio. os observou, parecia que a terceira guerra mundial entre olhares estava prestes a começar. e Yesung ficaram por alguns minutos, sem se mover, apenas um encarando o outro, como touros bravos. E, então, os dois começaram a rir escandalosamente, deixando sem entender nada.

— Ah como eu senti falta da minha maninha retardada! — Yesung disse, envolvendo seu braço direito nos ombros da irmã e em seguida beijando-a o rosto.

— Para seu nojento! — disse, afastando o rosto de seu irmão. — Você baba em vez de beijar.

— Hahaha, engraçadinha. — Yesung disse, fingindo uma risada. — Quem é sua amiga?

— Ah sim — afastou-se do irmão e se aproximou da amiga, passando o braço direito sobre os ombros da garota. — Esta é minha outra irmã, Garcia.

Yesung se aproximou das duas garotas a sua frente e encarou fixamente, fazendo-a corar.

— O sobrenome dela não é Komarova — ele disse, por fim. — Então ela não é nossa irmã.

— Muito engraçado senhor Komarov! — disse, rolando os olhos e soltando o ar pela boca. — Você entendeu muito bem o que eu quis dizer seu babaca!

— Eu sei maninha, só estou brincando. — Yesung disse, rindo. — Só estava com saudades das nossas brincadeiras idiotas.

— Eu também — disse. — Agora se nos dá licença, e eu precisamos subir.

— Fiquem a vontade e — JongWoon fez uma pausa, segurando a mão direita de e a beijando. — Foi um prazer conhece-la, !

— O prazer foi meu. — ela respondeu, com o rosto mais vermelho que um pimentão.

♠♣♥♦

— Eu vou te matar! — disse, adentrando o quarto de . — Não, eu vou te esquartejar e depois espalhar seus pedacinhos por toda Seul.

— Nossa! — exclamou, fechando a porta atrás de si e andando em direção a sua cama. — Qual o motivo para retaliação?

deixou-se cair na cama, a acompanhou, deitando de bruços com os cotovelos apoiados sobre o colchão e a cabeça sobre as mãos. Ela ergueu os pés para o alto, cruzando-os e balançando-os enquanto encarava a amiga.

— Por que você não me disse que era irmã de Yesung? — perguntou.

— Por que você nunca me pediu. — respondeu, fechando os olhos e colocando o antebraço direito sobre eles. — Não tem por que você ter ciúmes de mim e Yesung, apesar de não sermos irmãos de sangue — ela virou a cabeça para o lado, a fim de encarar a amiga. — somos irmãos de coração. Yesung nunca me desrespeitaria, assim como eu também não o faria.

, me desculpe eu...

— Não se desculpe. — a interrompeu. — Você não tem culpa, a foto era uma demonstração de carinho entre meu irmão e eu. A pessoa que a tirou, no mínimo, estava tentando desfazer nossa amizade. — disse, sentando-se na cama e colocando os pés sobre a mesma. — Olha , nossa amizade, digo , você e eu. Nossa amizade é alvo de muita inveja, eu sei disso. Não é de hoje que tentam separar nós três e você sabe disso. — depositou sua mão direita sobre o ombro de . — Eu só espero que nunca cheguemos a nos separar. — ela sorriu. — Eu não sei o que faria sem você ou .

— Não se preocupe . — dessa vez foi que se endireitou, sentando-se na cama em posição de lótus. — Se depender de mim e, tenho certeza que posso falar por , nós três nunca vamos nos separar.

— Awn! — fez uma careta fofa. — É por isso que eu te amo .

— Eu também te amo ! — abraçou , beijando-a no rosto.

Sem que percebesse, levou sua mão ao travesseiro mais próximo e puxou-o para acertar em cheio, fazendo penas voarem pelos ares. como não era boba nem nada fez o mesmo, começando então uma guerra de travesseiros.

♥♥♥

desceu as escadas com pressa. Ajeitou a alça da bolsa sobre o ombro e pegou o IPhone no bolso da calça verificando a hora. Ficara entretida no laboratório criando uma nova coleção, que futuramente, quando se formasse, seria sua primeira obra como designer de joias e não vira as horas passarem.

— Droga! — xingou alto, devolvendo o smartphone ao bolso novamente. — A já foi e agora vou ter que pegar um táxi, perfeito!

andou rapidamente até estar do lado de fora da Universidade, e para sua surpresa quando parou na calçada um Pajero preto estava parado em frente a Universidade, com um asiático extremamente lindo apoiado no veiculo, com os braços cruzados e óculos escuros.

— Você esta me seguindo ou o que? — ela perguntou a Donghae, que no mesmo instante retirou os óculos e deu seu melhor e mais lindo sorriso.

— Ou o que — ele respondeu, fazendo sorrir. — Estive me perguntando até agora se você não iria querer uma carona.

— Ah, pensei que você fosse me oferecer uma Corona — ela sorriu, Lee entendeu a referencia. — Mas eu aceito uma carona também.

Donghae se afastou do veiculo apenas para abrir a porta para que sorriu e andou até o Pajero, adentrando-o logo em seguida. Lee fechou a porta e deu a volta pela frente do carro, adentrando-o e dando a partida.

♥♥♥

adentrou a mansão Komarov sorrindo de orelha a orelha. Fechou a porta atrás de si e apoiou as costas nela, fechando os olhos e suspirando em seguida. Como Donghae, um completo estranho, conseguia fazê-la se sentir daquele jeito? não teve tempo de pensar em uma resposta, pois sua linha de raciocínio foi interrompida pelo som de tiros seguidos de xingamentos vindo da sala de TV, estava jogando novamente? Bem, era isso o que ela iria descobrir. Andou a passos largos até a sala e deparou-se com Yesung deitado em um dos sofás com as pernas para cima, no encosto, e a cabeça sobre um dos braços do sofá. Ele usava uma camiseta simples branca e uma bermuda de surf listrada azul, enquanto um chinelo estava caído no chão e o outro ainda estava no pé. JongWoon segurava um joystick do PS4 de e na TV, pode notar claramente que ele jogava Battlefield 4, um jogo que ela já cansou de ver a amiga jogar.

— O que você esta fazendo aqui? — ela perguntou, aproximando-se de Yesung e o assustando, fazendo-o derrubar o outro chinelo no chão.

— Que susto menina! — ele pausou o game e sentou-se direito no sofá. — Onde está meu chinelo?

— Atrás do sofá — apontou e Yesung olhou por cima do encosto, vendo-os lá deu de ombros e voltou a encarar .

— Depois eu pego. — ele sorriu.

— Então JongWoon — ela cruzou os braços em frente ao peito. — O que está fazendo aqui?

— Essa é minha casa — ele disse, sorrindo. — Acho que você sabe disse, não é?

— Eu sei disso, lesado! — deu um tapa na nuca de Yesung. — Você não estava em Busan fazendo estágio?

— Pra que agredir — JongWoon levou uma das mãos ao local do tapa, esfregando-o. — Não tem necessidade isso!

— Então responda a pergunta. — disse, ironicamente com voz de criança.

— Eu já terminei meu estágio, tá?! — Yesung imitou a voz de , voltando a encarar a TV e apertando start no joystick. — E meu pai me ligou também, ele pediu que eu voltasse para casa — ele olhou para . — Pediu que eu ficasse de olho na porque ela vem estado estranha durante esses últimos meses. Você por um acaso sabe de algo que eu não sei?

— Sinto muito Yesung, mas eu cheguei à poucos meses e ainda não colocamos todas as fofocas em dia. — disse, ocultando a história da amiga com Heechul. Yesung saberia pela boca da própria irmã, mais cedo ou mais tarde. — Se quiser saber de algo vai ter que perguntar a ela.

— Eu vou fazer isso assim que a amiga dela sair. — ele disse, voltando a atenção ao jogo.

— Amiga? está aqui? — perguntou.

— Sim, estão no quarto. Provavelmente a deve estar explicando como eu sou o melhor irmão do mundo para a sua amiga.

— Pff! Tá bom! Vai nessa! — ela debochou, virando-se se costas para sair.

— Foi bom te ver também, . — ele disse, mas ela não se virou para encara-lo.

— Foi bom te ver também, Yesung! — ela disse, seguindo em direção à escada.

♥♥♥

No momento em que abriu a porta do quarto de recebeu um travesseiro no rosto como boas vindas. Ela não sabia de onde aquilo surgira, só sabia que agora ele estava no chão em frente aos seus pés e seu cabelo estava coberto por penas. As duas meninas à frente pararam o que estavam fazendo, cada uma com um travesseiro na mão e em pé sobre a cama. Penas voavam para todos os lados enquanto analisava a situação.

! — as duas gritaram em uníssono, pulando da cama e correndo em direção a amiga mais velha.

quase caiu para trás quando as meninas a abraçaram juntas, puxou o Iphone do bolso da calça e colocou em frente ao rosto das três.

— Vamos tirar uma selfie! — disse animada, enquanto as outras faziam careta com os cabelos cobertos por penas brancas. — Digam xis!

E então ela bateu a foto, com certeza ela mandaria colocar em um belo porta retratos em cima da escrivaninha de seu quarto.

— Ficou perfeita! — Ela disse, e concordaram. — Vou postar no Instagram e no Facebook, para quem quer que queira estragar nossa amizade veja que ela continua ainda mais forte.

♥♥♥

Henry andava de um lado para o outro na sala de estar de sua mansão. O Iphone estava colado à orelha enquanto a outra mão pousava na cintura. Estava a mais de uma hora tentando falar com o pai e quando estava quase desistindo ele atendeu.

— Já era hora não é pai? — Henry disse assim que ouviu a voz do homem.

— Olha como fala com o seu pai pirralho! — Thomas disse. — Eu pedi que Hyorin avisasse que eu estava indo para os Estados Unidos.

— E ela avisou — Henry disse ainda bravo. Tinha muita coisa para perguntar ao pai em relação à “missão” que lhe fora conferida. —, mas seria bom se o senhor tivesse me avisado com antecedência.

— Desculpe filho, mas foi de ultima hora. — Thomas explicou. — Essa viagem estava programada para mês que vem, mas meu cliente ligou e disse que era urgente.

— Tudo bem pai, eu entendo — Henry ficou mais calmo. — Me desculpe pelo meu comportamento, mas tem algumas coisas que eu preciso que o senhor me esclareça sobre a Senhorita Komarova.

— Claro meu filho, o que quer saber sobre essa moça?

— Na verdade é sobre o pai dela. Yuri Komarov. — Henry retirou a mão da cintura e passou pelos cabelos, suspirando. — Me diga que sua viagem aos Estados Unidos não está relacionada com o fato do Pai dela, um renomado Engenheiro da Computação, estar sendo acusado de envolvimento em Espionagem Corporativa.

— Eu não posso revelar este tipo de informação a você, meu filho. — Künstler suspirou. — Quebraria o código de ética entre advogado e cliente, você sabe disso.

— Tudo bem, eu entendo, agora só me diga uma ultima coisa, certo? — Henry andou até o sofá e sentou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos. — Me diga que você não está planejando usar a filha do Yuri contra ele neste caso?

— Não se preocupe Henry, não foi por isso que eu lhe pedi que a vigiasse. Você vai entender quando chegar a hora, eu prometo que lhe contarei tudo. Na hora certa.

— Tudo bem pai, se cuida.

— Você também, meu menino.

E assim ambos desligaram. Henry levantou do sofá e virou em direção à porta, onde Donghae estava encostado ao batente com os braços cruzados.

— Aonde é que você estava? — Henry perguntou, jogando o celular em cima do sofá. — Eu estava te procurando sabia?

— Eu sei — Donghae pegou seu smartphone no bolso frontal da calça e apertou o botão para desbloquear a tela. — Vinte e sete chamadas perdidas de Mochi! — Lee encarou o amigo e sorriu, bloqueando a tela do celular e devolvendo-o ao bolso da calça. — Você não está tão desesperado. Da ultima vez você me
Ligou cinquenta vezes.

— É, enquanto você estava fazendo sei lá o que, eu...

— Eu não estava fazendo “sei lá o que”, Henry. — Donghae interrompeu. — Depois que saímos da Universidade e voltamos para cá, eu voltei lá e esperei até o fim das aulas. Vi a sair com a outra amiga e ir para casa e então eu esperei a sair — ele disse, afastando-se do batente e aproximando-se de Mochi. —, e então eu lhe ofereci uma carona, e ela me levou direto para a casa da sua garota! De nada, Mochi.

— Eu não acredito que você está jogando com os sentimentos da . — Henry disse. — Tudo bem que eu mal conheço a garota, mas ela não merece isso Fishy.

— Eu não estou jogando com os sentimentos de ninguém, Henry. — Donghae parecia ofendido. — Isto não é do meu feitio e você sabe disso.

— Só espero que você não se apaixone por ela, meu amigo. — Henry disse, dando as costas para Lee.

— E por que não? — Donghae quis saber. — Ela me parece uma pessoa muito legal.

— E provavelmente ela é — Henry concordou. — Mas ela parece uma garota que esconde algo, e talvez você não queira descobrir o que é.

— Se você sabe de algo não acha melhor me contar Mochi? — Donghae foi agressivo, odiava quando faziam joguinhos com palavras.

— Eu não sei nada mais do que você sabe, mas é sempre bom ficar de olho. — Henry voltou a encarar o amigo. — Seus sentimentos podem cegar você. Falo por experiência própria.

— Você nunca esteve apaixonado antes Henry. — Donghae disse. — Só por que a rejeitou você, está achando que ela apenas te usou. — ele suspirou. — Mas foi como você disse, o feitiço virou contra o feiticeiro. E o fato dela não querer ficar com você pode estar muito além do que sua vaidade te deixa ver.

— O que você sabe sobre ela que eu não sei, Fishy? — desta vez foi Henry quem perguntou.

— Eu não sei nada mais do que você sabe, mas é sempre bom ficar de olho. — Lee usou as mesmas palavras do amigo. — Sua vaidade pode acabar cegando você. Falo por experiência própria.

E assim Donghae saiu.

— Aonde você vai Fishy? — Mochi pediu.

— Vou ver como Kyuhyun está se quer mesmo saber.

E desta vez ele saiu, sem esperar por uma resposta de Mochi.

E ele realmente não tinha.

 

~Continua~


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