OTHER: Jogando Pra Valer Parte II, by Nikki

Jogando Pra Valer

JOGANDO PRA VALER
por Nikki

Universidade da Califórnia em Berkeley. Primeiro ano.
Um grupo de amigas decide dar uma lição no maior galinha da faculdade - que acontece de ser o irmão gêmeo de uma delas. O objetivo? Fazê-lo se apaixonar e descartá-lo. Enquanto isso, a gêmea está muito tentada a se aventurar entre os lençóis com o melhor amigo do irmão ciumento, que é outro cafageste notável.
O verdadeiro desafio para ambas é: Como entrar no jogo sem perder o coração no caminho?
Gênero: Romance, New Adult
Dimensão: Longfic
Classificação: Restrita
Aviso: Esta fic é uma adaptação e fusão de dois livros. Características físicas das protagonistas pré-determinadas. Nomes em uso: Brittany, Carly, Darla, Michael, Frank e Phillipe.

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# Parte I #

~ Capítulo 10 ~ Capítulo 11 ~ Capítulo 12 ~ Capítulo 13 ~ Capítulo 14 ~ Capítulo 15 ~

 


 

Capítulo 10

 


— Argh! — Eu esfreguei os olhos com as palmas das mãos, quase os afundando nas órbitas. Como se assim pudesse apagar as lembranças ruins do último ano.

As cores vibrantes do cartaz da nossa operação Virando o Jogo chamaram minha atenção. Dez dias, e eu estava ainda mais determinada do que nunca a ver isso dar certo. Pelo que parecia ser a centésima vez em dois dias, eu construí um muro ao redor do meu coração.

Apesar de tudo de ruim, estava certa. era protetor, doce e prestativo. Ele tinha um coração, em algum lugar, pelo menos. Mas Phillipe também era assim antes de arrancar o coração de Abbi.

Eu deixei o dormitório, encontrando Brittany na escadaria, e nós atravessamos o gramado em direção à casa da fraternidade de . Não havíamos nos falado desde a minha explosão do dia anterior na lanchonete, então eu sabia que precisava “consertar” as coisas por causa do plano. Tudo o que eu queria fazer era fugir e me esconder em algum lugar onde Phillipe não pudesse me encontrar.

Brittany abriu a porta para mim.

— Ele está nos fundos, vamos lá.

Eu sorri agradecida para ela, mas não pude conter um suspiro.

— Ei. — Ela envolveu um braço ao redor dos meus ombros, sabendo o que me afligia. — Vai ficar tudo bem. Mesmo se ele aparecer, todas nós vamos estar lá. Prometo. Você não vai estar sozinha.

— Eu sei. — Abaixei os olhos para o chão, enquanto ela abria a porta dos fundos.

— Tempo! — anunciou . Ergui os olhos e fui recebida por um suado, sem camisa, correndo para mim. Seu rosto se abriu em um sorriso, enquanto ele pulava para a pequena varanda. — Ei, anjo.

— Ei — respondi em voz baixa. — , eu-

— Se vai se desculpar por ontem, então pode parar. — Ele deu um passo na minha direção e afastou o cabelo dos meus olhos. — Todo mundo tem o direito de surtar de vez em quando, certo?

— Certo. — Eu sorri para ele. — Então estamos bem?

Ele riu.

, em nenhum momento nós não estivemos bem. Eu só achei que você precisava de um tempo para esfriar a cabeça.

Assenti, enquanto ele me puxava para seu lado. Nós recostamos contra o corrimão, de costas para o resto do quintal. Minha mão repousou em seu estômago e, com a decisão de ir até o fim nisso fresca em minha mente, eu elevei o jogo para outro nível.

Tracei os entalhes em seu torso com a ponta do dedo, o polegar roçando os gomos sólidos dos músculos no caminho. Sua mão apertou minha cintura, ainda mais quando me aproximei do ‘v’ sutilmente definido. Eu o senti estremecer, e sua mão agarrou a minha um centímetro antes que eu chegasse ao cós da bermuda.

— sussurrou em uma voz mais profunda do que já tinha ouvido. — Se eu fosse você, eu ia parar por aí.

Bingo.

— Por quê? — Sorri, divertida, erguendo os olhos para ele. — Eu só queria saber se esse músculo vai tão longe quanto parece.

Ele se virou para mim, seus olhos encobertos com o desejo.

— Ele vai bem mais longe.

Eu mordi o canto do lábio inferior, e olhei para nossas mãos entrelaçadas. pigarreou, e eu fitei o seu rosto.

— Desculpe — sussurrei. — Só curiosa.

moveu a cabeça para baixo, colando os lábios ao meu ouvido.

— Anjo, você pode ser tão curiosa quanto quiser, mas, a menos que queira que meus colegas de fraternidade a vejam como veio ao mundo, é aconselhável parar por aqui.

Calor explodiu em minha barriga. Meu Deus... Eu engoli em seco. Meu próprio feitiço estava se virando contra mim. Eu não podia nem fazer jus ao tom excitado da sua voz. Era um som rouco, masculino, que vibrava por todo meu corpo. Podia senti-lo envolvendo cada centímetro da minha pele.

— Ok — eu exalei. — Eu vou parar.

Deslizei a mão do seu torso, alcançando o ombro e arrastando-a pelo braço. Arrepios irromperam no rastro do meu toque, e ele produziu um som gutural profundo em sua garganta. Eu controlei o riso, entrelaçando meus dedos com os seus.

Eu disse que ia parar. Só não disse quando.

Ele expirou audivelmente, sua respiração vibrando em meu cabelo.

.

— Parei. — Mordi o lábio. — Desculpe.

Ele balançou a cabeça, sorrindo, e inclinou a testa contra a minha. Esfregou a ponta do nariz no meu e suavemente inclinou a cabeça até que seus lábios roçaram os meus. Eu fiquei na ponta dos pés, apertando sua mão, e passei o braço livre ao redor do seu pescoço, devolvendo o beijo.

Então, eu gostava de beijar o cara que eu odiava. Atire em mim.

— Ei, ! Larga a minha garota! — gritou Carly, uma porta batendo atrás dela. Eu sorri contra os lábios de , e voltei a me firmar nos meus pés.

— Oi, Carly — cumprimentei, me virando.

Ela olhou entre nós.

— Vocês dois parecem um filme pornô ambulante.

— Ei, nem posso mais beijar a minha namorada? — olhou para ela. — Não me culpe por querer exibi-la.

Eu senti meu rosto arder, em um rubor forçado. Um rubor muito forçado. Não, eu estava mentindo. Não foi forçado. Droga.

— Você pode. — Ela fungou. — Só não quando eu estiver por perto.

bateu na lateral do seu braço.

— Não seja tão mal humorada. É bom vê-los felizes!

— Obrigado, . — sorriu para ela, assim como eu. Carly praguejou, virando-se, e seguiu para se juntar a Brittany e Mike.

— Cara, ela realmente me odeia, não é?

— É porque você não tem uma vagina. — riu. — Pelo menos, não tinha na última vez que vi, há uns dez anos atrás.

— Posso garantir a você que aqui nada mudou — respondeu , olhando diretamente para mim. — Exceto pelo tamanho.

Eu mordi os lábios novamente para não rir como uma louca.

Então, eu tinha pulado uma etapa. E esta era muito mais divertida.

 

~ ♥ ~


— Harry e Sally, O Diário de Uma Paixão, Como Se Fosse A Primeira Vez... — Li, analisando os títulos dos DVDs que estavam em cima do rack. — O que é isso, ? Está ficando sem truques na manga?

Ele os arrancou da minha mão, antes de jogá-los dentro do armário.

— São para pesquisa — resmungou.

— De como levar uma garota como para a cama?

— Para um trabalho de psicologia.

— Você não tem aula de psicologia — lembrei, sorrindo, e me joguei em sua cama. Era bem típico de alguém troglodita como meu irmão recorrer a truques baratos de filmes românticos para saber como agir. Ele resmungou qualquer coisa ininteligível em resposta. — Então, você e .

— O que tem nós dois? — Ele me lançou um olhar de esguelha.

— Você parece bem a fim dela.

— Isso é porque eu estou, .

— De verdade, ? Porque eu sei o quanto você é bom em fingir. Você não pode esconder nada de mim.

— Não estou fingindo. Eu gosto dela.

— Ou você gosta do sexo que pode ter com ela?

.

.

Ele se virou para me encarar, e eu ergui as sobrancelhas, questionadora. Não gostava de me meter na vida dele, mas já que ele sempre se metia na minha — eu querendo ou não —, eu tinha esse direito. Ainda mais quando uma amiga minha estava em jogo e meu irmão era burro demais para ver o que poderia perder.

— Eu gosto dela, eu gosto. Quero dizer, o que há para não gostar?

Resposta errada, maninho.

Eu me recostei contra a cabeceira e cruzei os braços. se remexeu, incomodado com meu escrutínio.

— Eu te amo, . Mas se você magoá-la, eu vou castrá-lo e pendurar suas bolas como um sino de vento na porta da fraternidade.

Ele estremeceu visivelmente diante da ideia.

— Eu não vou magoá-la — disse, sem me encarar.

, eu falei para valer. Eu posso ler você como um livro, e o que você diz e o que quer são duas coisas diferentes. Mas sabe de uma coisa? O que você quer e o que você pensa também são duas coisas diferentes.

— Por favor, — ele disse sarcasticamente. — Me esclareça sobre o que eu digo, o que quero e o que penso.

— Você diz que quer ficar com ela, mas o que quer é levá-la para a cama. E acha que deixar florescer qualquer sentimento por ela torna você um fracassado.

— Eu acabei de dizer que eu gosto dela — suspirou, irritado.

— Eu ouvi, — repliquei ironicamente. — Mas eu não sou estúpida de achar que você estava falando sério. Você está tramando alguma coisa e, embora não seja da minha conta, eu me preocupo com os dois. A menos que pare de pensar com o pênis, você vai acabar se ferindo. Vocês dois vão. Sexo não é tudo.

— Eu não estou fazendo isso pelo sexo. — Ele colocou a mão nos bolsos da bermuda, olhando pela janela.

— Poupe essa sua conversa fiada para quem acredita nela. — Eu pulei da cama, atravessei o quarto, e cutuquei seu peito com o dedo. — Precisa parar de pensar que é o próximo Hugh Hefner e começar a pensar sobre como realmente se sente. Seus amigos não podem controlá-lo, .

— Você só diz isso porque acha que eles são idiotas. — sorriu.

— Porque eles são idiotas. Não deixe que eles te façam pensar que deve passar os próximos quatro anos da sua vida nesta universidade fodendo qualquer coisa com um buraco entre as pernas, porque enquanto estiver ocupado com isso, seu futuro pode estar bem na sua frente. E sabe o que mais? A menos que abra os olhos, você vai perder o seu futuro. Porque ela vai passar tão rápido, que quando você piscar vai perdê-la. — Eu respirei fundo e andei até a porta. — Decida se é só uma transa, ou algo mais que isso. Ela já passou, e ainda está passando, por muita coisa para lidar com essa sua merda de garanhão. Pare e pergunte a si mesmo o que ela é para você, e não aos idiotas número um e número dois. — Eu abri a porta e saí, batendo-a atrás de mim.

Ainda ouvi o barulho de algo macio — que eu imaginei ser o travesseiro — batendo contra a porta, antes de chegar à escada.

~ ♥ ~


— Por quê? — Eu olhava desoladamente para os patins à minha frente. — Por quê? Por quê? Por quê?

— Aposto que se acha muito engraçada — resmungou Brittany, olhando para os patins com o mesmo desprezo que eu.

— Por que nós permitimos que ela organizasse isso? — murmurei.

— Eu não tenho ideia, mas essa é a primeira e última vez.

— Concordo com você.

Além de serem patins, eles eram cor de rosa. Rosa.

Eu não usava nada rosa— além do meu gloss.

— Ei, vocês duas, vamos lá! — Mike patinou até nós como se fizesse isso a vida inteira, o que provavelmente era o caso.

Brittany continuou congelada no lugar, encarando os patins.

— Sério, amor. — Michael patinou até ela. — Não é tão difícil.

— Caramba, Mike. — Ela bufou. — Quantas vezes você acha que eu já andei de patins em Washington?

— Eu meio que imaginava que todo mundo já fez isso em algum momento da vida. — Ele olhou para mim. — Não me diga que você também nunca andou antes, ?

— Pois é — respondi, finalmente erguendo os olhos dos patins. — Por incrível que pareça, não está muito na moda no Brooklyn.

— Essas garotas da cidade grande. — Ele balançou a cabeça.

— Ah, elas não são tão ruins assim. — patinou de costas na calçada em nossa direção.

— Exibicionista idiota — murmurou Brittany.

— Eu ouvi isso, Brittany.

— Era essa a intenção, .

Ele parou na minha frente, eu ergui os olhos.

— O quê?

— É verdade que nunca andou de patins antes?

— É. — Cruzei os braços sobre o peito. — Nunca.

— Vamos tentar então. — Ele pegou minhas mãos. — Coloque os patins. Juro que você vai se divertir. Ao menos tente, uma vez.

Olhei para o objeto ofensivo e de volta para ele, que tinha um olhar suplicante e esperançoso no rosto.

— Vai parar com esse olhar de cachorrinho?

— Só se você disser que sim.

Eu revirei os olhos e me sentei.

— Tudo bem. — Peguei os patins, depois de tirar os sapatos, e os deslizei em meus pés, só para me atrapalhar com as fivelas confusas.

suspirou e balançou a cabeça, antes de se abaixar e prender todas elas para mim. Então ele pegou minhas mãos e me levantou, eu oscilei, enquanto deslizava na direção dele. Coloquei as mãos em seu peito para me equilibrar, ignorando as batidas pesadas do meu coração.

— Tudo bem aí? — Ele sorriu, divertido.

— Sim, tudo bem.

— Vamos lá. — segurou minha mão, se movendo de costas.

Olhei para frente e vi Michael puxando Brittany, com os pés separados e as pernas tremendo. Ela parecia um potro recém-nascido tentando andar pela primeira vez, e eu ri silenciosamente, sabendo que provavelmente tinha a mesma aparência.

Ela olhou por cima do ombro para mim e sibilou “socorro”, mas tudo o que eu pude fazer foi dar de ombros, impotente. andou um pouco mais rápido e eu oscilei para frente.

— Ei, devagar, devagar — protestei, acenando com o braço livre.

— Sério, ? — ele gemeu.

— Sim! Eu nunca fiz isso antes — grunhi. — Nunca, .

— Dane-se — vociferou Michael. — Curso intensivo. — Ele deslizou ao redor de Brittany, ficando atrás dela, e a segurou pela cintura, antes de começar a empurrá-la. Ela gritou, suas mãos indo de encontro às de Mike em sua cintura, tentando se firmar.

— Mike, seu idiota! — Eu a ouvi gritar antes que eles desaparecessem de vista. Eu ri. soltou minha mão e-

— Não, não, não, ! Não se atreva! — Tentei virar, mas senti suas mãos na minha cintura, sua respiração no meu ouvido.

— Curso intensivo, anjo.

— Nã-ao! — Meu protesto se transformou em um grito, enquanto nos precipitávamos em alta velocidade para frente, assim como Brittany e Michael tinham feito.

— Ai meu Deus, ai meu Deus. — Eu queria fechar os olhos, mas não, não era uma boa ideia.

Meu coração martelava contra meu peito, e eu me peguei agarrando as mãos de , meus dedos deslizado entre os seus.

— Não é tão ruim assim. — Ele riu contra meu ouvido.

— Depende de qual lado você está — respondi, minhas costas enrijecendo. — , eu quero parar.

— Não. — Ele deslizou um dos braços em volta de mim e me puxou contra si, então minhas costas estavam coladas ao seu peito, nossos braços envolvendo minha barriga. — Viu só? Estou te segurando. Está tudo bem, linda.

— Isso é loucura. Nunca mais vou deixar planejar um encontro.

— Qual é, ela se saiu bem com este. — Ele riu novamente, me fazendo balançar a cabeça.

— Não, não, de jeito nenhum. Isso é horrível.

— Sério? Eu imaginei que estar colada a mim seria uma coisa boa.

— Talvez fosse se eu pudesse me concentrar neste fato.

— Ok, então. — Ele girou, se colocando na minha frente, e patinando para trás.

, você não está vendo para onde estamos indo!

— Este é o seu trabalho.

— Ai, meu Deus. — Eu tentei olhar por cima do seu ombro, mas não conseguia. Ele era muito alto, caramba. — Você é muito alto!

— Então você terá que confiar em mim. — Seus lábios capturam os meus em um beijo ardente, e eu suspirei internamente, agarrando-o com força. Suas mãos encontraram minha cintura e puxaram meus quadris contra ele, nossa velocidade diminuindo ligeiramente. Ele ia aprofundando o beijo, sua língua traçando meus lábios, e eu mordisquei seu lábio inferior antes de separar os meus para ele. Meus dedos emaranhando-se em seu cabelo, enquanto nossas línguas se encontravam, começando uma dança intricada de desejo.

Por um segundo, eu esqueci o jogo. Esqueci o relacionamento falso. Esqueci o fato de que eu estava em um patins e não estava-

— Humpf! — grunhiu, batendo na grama. Eu ri, saindo de cima dele.

— Eu disse que não sabia para onde estávamos indo! — disse por entre o riso, a grama fazendo cócegas nos meus ouvidos.

— Ei. — Ele se virou de lado, apoiando-se no cotovelo, seu cabelo caindo sobre a testa. — Eu sabia para onde estávamos indo até você me distrair.

Eu distraí você? Ah, não, senhor. Você me beijou, não o contrário.

— E eu não ouvi reclamação sobre isso.

— Talvez seja porque não havia nenhuma.

— Ah, é?

— Sim.

— Então vamos tentar de novo.

Eu me inclinei para , enquanto ele se pressionava contra mim, sua língua deslizando diretamente entre meus lábios. Agarrei seu cabelo novamente, prendendo sua boca na minha. Ele passou a mão na lateral do meu corpo, acendendo um rastro ardente de arrepios debaixo da minha roupa. Minha perna se dobrou, inclinando-se contra seu quadril, e sua mão encontrou minha coxa, segurando-a por baixo. Seus dedos acariciavam e sondavam a pele nua delicadamente, e eu me pressionei mais contra seu corpo, ardendo em chamas em cada quer que ele tocasse.

Ele empurrou os quadris contra mim, e eu pude senti-lo contra minha outra coxa, duro e pronto. Um gemido se formou no fundo da minha garganta, o desejo pelo cara que eu odiava ultrapassando quaisquer outros sentimentos. Isso cresceu a tal ponto que eu sabia que se não estivéssemos em público, eu não o deixaria escapar sem terminar o que tinha começado.

Aliás, eu estava meio que considerando seguir assim mesmo, e nós estávamos no meio de um parque.

Seus dentes rasparam meu lábio inferior quando ele se afastou. Meus olhos nublados se abriram encontrando os seus, elétricos pela necessidade. Ele respirou pesadamente, me encarando fixamente.

, eu-

— Aí está você! Oh, merda! — exclamou Brittany. — Eu não vi nada. Juro. Sigam em frente. Estou indo embora.

Eu ri e descansei minha cabeça contra o ombro de , o momento entre nós interrompido.

— Não há nada para ver, Brittany — disse . — Apenas um beijo.

— Oh. Então se levantem!

Nós dois rimos, e se afastou, oferecendo as mãos para me ajudar a levantar. Eu entrelacei meus dedos nos dele e fui puxada para cima, sendo surpreendida por um beijo, antes de ser puxada junto com ele pelo parque.

Eu engoli em seco e o deixei me guiar. O jogo estava atingindo rapidamente níveis que eu não estava preparada.

~ ♥ ~


e Brittany prenderam os braços nos meus, uma de cada lado, e eu não fiquei surpresa quando começamos a caminhar em direção ao Starbucks.

— Por que eu tenho a sensação de que não vou gostar de qualquer conversa que estamos prestes a ter? – Eu gemi. deu de ombros.

— Não faço ideia.

— Pode ser, ah, sei lá... Talvez o fato de vocês terem odiado o encontro de ontem, e agora estão me arrastando à força para o Starbucks? — eu disse, impassível, olhando para Brittany. — E o fato de Britt estar com aquele sorriso que significa que ela está aprontando.

— Ok. — Ela suspirou, enquanto abria a porta. — Vá se sentar. Eu vou pegar um café.

— Isso não é bom — murmurei para mim mesma. — O que ela fez? O que ela quebrou? Ah, droga. Não me diga que ela deletou o meu relatório do pendrive de novo?

— Nada. — me empurrou para baixo em uma cadeira e sentou-se à minha frente. — Ela não fez nada. E você sabe que aquilo foi um acidente.

— Então, ela está prestes a fazer algo, e se está me comprando café, então acho que eu não vou gostar muito.

— É, talvez tenha uma coisa. — Ela cutucou o queixo com um dedo, me fitando. — Que ou você vai adorar ou vai odiar, mas acho que não importa...

— Porque eu vou fazer de qualquer maneira — cantarolou Brittany, colocando uma bandeja em cima da mesa, na nossa frente.

— Eu não vou mentir, estou começando a ficar assustada de verdade. — Eu olhei de uma para a outra. — Não foi tão ruim assim andar de patins, foi?

Brittany fez um gesto de pouco caso, mas havia um sorriso no rosto da que eu não pude deixar passar.

— Diga de uma vez, Britt! — exclamou . — Antes que ela pegue o café e jogue em você!

Eu peguei meu café e mirei na direção da Brittany.

— Ok! Então, eu estive pensando...

— O que nunca é uma coisa boa — resmunguei.

— Que seja. Eu tenho notado que você é a única solteira além de Carly, e eu nunca sonharia em fazer isso com ela.

— Caramba, você notou que eu estou solteira?

— Ela está sempre de rolo com algum, er, alguém, eu estou com Mike, e está ocupada com , então sobra você sozinha.

— Oh, não. — Eu sabia exatamente aonde ela ia chegar com aquilo.

— Então, eu estava pensando que você precisa de um cara...

— Não.

— Assim você não vai estar sozinha. Obviamente está fora de questão...

Obviamente.

— E vai te dar um chute na bunda se você tentar empurrá-la para alguém da fraternidade — ressaltou .

— Mas a fraternidade é apenas uma pequena porção dos caras incrivelmente deliciosos deste campus. — Brittany olhou ligeiramente em volta e se inclinou para frente, baixando a voz. — Você viu James Lloyd ultimamente? Puta merda! Ele faz aula de matemática comigo e está gostoso para caramba!

— Namorado — lembrou, com um suspiro. A outra se endireitou na cadeira, pigarreando.

— O ponto, , é que não queremos que se sinta deixada de lado.

— Eu alguma vez disse que estava me sentindo deixada de lado? — Olhei para as duas, então me inclinei para frente, como Britt fez antes. — E nós três sabemos que essa coisa da é temporária, então eu não vou ficar “sozinha” sozinha por muito tempo.

Qualquer coisa para me livrar dessa encrenca.

— Bem, sim, mas... — começou .

— Mas eu sinto que você está — pressionou Britt. — Sábado na praia você estava totalmente deslocada, e eu não quero que você esteja. Sabe, em nome da amizade e da lealdade feminina, realmente é de seu melhor interesse me deixar juntá-la com um garoto gostoso.

— Do meu interesse, ou do seu? — Ergui uma sobrancelha.

— Seu, definitivamente do seu.

— E se eu disser que não?

— Ah, isso não importa.

— Você não fez isso.

— Ela fez. — assentiu.

— Você tem um encontro amanhã à noite para a festa do Mark. — Brittany sorriu.

Eu ia matá-la.

 


 

Capítulo 11


Eu respirei fundo algumas vezes antes de bater de leve na porta. Não que eu estivesse nervosa, só precisava de um pouco de calma para entrar no papel.

A quem estava enganando? Eu estava mais do que ansiosa para aquilo.

— Entre — veio a voz masculina abafada. Eu equilibrei o peso dos livros em um braço para abrir a maçaneta e entrei no quarto.

estava esparramado de costas na cama, com as mãos cruzadas na nuca. Ao me ver, ele saltou e tirou a carga dos meus braços.

— Boa tarde. — Sorri, fechando a porta.

— Boa tarde, anjo. — Ele sorriu de volta para mim e se inclinou para um beijo rápido. — Se eu soubesse que ia trazer a biblioteca com você, eu teria te encontrado lá.

— Ha ha, muito engraçado. — Apertei os olhos, enquanto depositava meus livros na mesa. — Eu ainda tenho que fazer o trabalho de inglês.

— Qual?

— Sobre os temas de amor de Muito Barulho.

— Ainda não fez? — Ergueu uma sobrancelha, parecendo divertido.

— Não. — Balancei a cabeça. — Eu tenho andado um pouco... distraída ultimamente. Você deve saber por quê.

Ele sorriu, um tanto convencido, e me alcançou por trás, passando os braços pela minha cintura. Seu rosto afundou no meu cabelo.

— A culpa é minha?

— Eu diria que tem uma grande possibilidade de que seja, sim — murmurei, forçando minha voz a sair. — Então, agora eu tenho que fazer.

— Sério? — Uma mão se moveu pela minha barriga, passando pelo quadril e descansando na parte superior da minha coxa. Eu tive que me forçar a manter a respiração. — Você está aqui, no meu quarto, e quer fazer um trabalho?

! — Eu dei um tapa em sua mão. — Sim. É possível, você sabe, estar num quarto com uma garota e não fazer sexo com ela.

— Mas não é possível com você — sussurrou no meu ouvido e roçou os lábios ao longo do meu lóbulo, depositando beijos suaves no pescoço. Eu estremeci.

— adverti.

— Tudo bem. — Ele suspirou. — Só vou sentar aqui e te assistir, então.

— Vai mesmo fazer isso? — perguntei, desconfiada e, talvez, um pouco decepcionada. Eu girei em seus braços e olhei para ele.

abaixou a cabeça e capturou meus lábios, suas mãos deslizando para minha bunda e me puxando contra si. Ele chupou meu lábio inferior, enfiando uma mão no meu cabelo. Eu agarrei sua cintura, e ele me fez arquear um pouco para trás, aprofundando o beijo. Minhas mãos deslizaram pelas suas costas e eu pude sentir o calafrio que o percorreu, sua ereção despontando contra minha barriga.

Nós andamos cegamente em direção à cama, onde eu me deixei cair de costas sem qualquer hesitação ou resistência. Minha mão encontrou a barra da sua camisa assim que ele se colocou em cima de mim, e deslizou pela pele quente e firme do seu abdômen, explorando cada centímetro.

Ele afastou os lábios da minha boca e desceu com eles ao longo da minha mandíbula, ao mesmo tempo em que acariciava minha coxa. Todo o calor do meu corpo se juntou e se concentrou em um único ponto, de onde ele estava se aproximando perigosamente. Joguei a cabeça para trás, e sua boca desceu para o meu pescoço exposto, sua língua deslizando pela minha pele, onde o pescoço encontrava o ombro. Eu deixei escapar um gemido, enquanto sua boca continuava em seu caminho descendente, beijando a parte superior dos meus seios, exposta pelo decote. Sua língua se infiltrou ligeiramente no interior do sutiã, e eu tive que conter a vontade de gritar. Meu desejo era arrancar a roupa para poder sentir sua boca quente em cheio na minha pele.

— ofeguei, quase em súplica.

— murmurou contra meu colo, sua respiração pesada fazendo minha pele arrepiar. Sua mão deslizou por baixo da minha saia, os dedos tateando até encontrar minha calcinha.

Eu retive o fôlego, seu polegar deslizando sobre o material sedoso da calcinha. afastou os lábios da minha pele e encontrou meus olhos.

— Anjo? — a voz baixa, pedindo permissão.

Não havia meio para que minha voz não soasse como um gato estrangulado, então eu apenas agarrei seus cabelos com mais força, erguendo os quadris em sua direção. Sua boca desceu para meu queixo, onde ele depositou pequenos beijinhos. Eu suspirei.

Sua mão invadiu o tecido e um dedo deslizou para dentro de mim, facilmente pela umidade. Senti meus músculos internos se contraindo pela invasão, e minhas unhas afundaram em suas costas. Seu polegar encontrou meu clitóris, o que disparou uma corrente elétrica direto para minha espinha, e começou a esfregá-lo em círculos lentos e suaves. Outro dedo se juntou ao primeiro dentro de mim, e meu quadril se arqueou.

Eu gemi e ele cobriu minha boca com a sua, engolindo o som. Minha língua percorreu ao longo do seu lábio inferior, sendo acompanhada pela a sua, antes que invadisse o interior da minha boca, acompanhando o ritmo imposto pelos seus dedos lá embaixo.

Minha respiração falhou, meus músculos se contraíram. Sua mão começou a se mover mais rápido, o beijo se tornando mais profundo. Eu gritei seu nome contra sua boca, quando meu corpo começou a se convulsionar em volta da sua mão, minha pulsação trovejando nos meus ouvidos. Um instante depois, meus músculos relaxaram contra a cama. Ele encerrou o beijo e removeu a mão.

Forcei minhas pálpebras pesadas a se abrirem, para vê-lo ao meu lado na cama, apoiado em um cotovelo, me fitando com satisfação — e talvez um pouco de admiração.

— O que... foi isso? — exalei.

— Isso, anjo, foi um orgasmo — ele respondeu, sorrindo para mim. Se eu tivesse forças, bateria nele.

— Eu sei disso. Quero dizer, eu só não estava esperando... — Eu me calei. Obviamente sabia que passar uma tarde no quarto de não poderia terminar em nada inocente, mas, considerando quem ele era, eu esperava acabar com minha mão sendo guiada para dentro da sua calça, e não o contrário.

— Posso te contar um segredo? — correu o nariz ao longo da minha bochecha, e eu assenti, contendo os suspiros que não queriam parar de sair. — Eu queria fazer isso desde a primeira vez que te vi.

Eu ri silenciosamente e virei o resto, para beijá-lo suavemente.

— Oh. Está feliz agora?

— Muito — murmurou contra meus lábios. — E você?

— Hmm — murmurei de volta pensativamente. — Acho que sim.

— Bom. — Ele me beijou mais uma vez e afastou o cabelo da minha testa. — Agora você pode fazer seu trabalho de inglês.

Desta vez, eu ri em voz alta.

— Me dê um minuto.

Fechei os olhos e senti quando ele se virou na cama, ficando de costas, e puxou meu corpo contra o seu. Os ecos suaves do orgasmo ainda reverberando pelo meu corpo mole.

Agora eu entendia. Entendia perfeitamente por que as garotas surtavam por , o cara que podia levar alguém à loucura só usando os dedos.

Mas isso não mudava meus sentimentos por ele, obviamente. Eu ainda o odiava. E odiava ainda mais não poder dizer isso em voz alta.

—♥—


— Você já fez aquilo? — gritou Brittany, saltitando na cama, ao me ver afundando o rosto no travesseiro. Nós estávamos no quarto que eu dividia com Carly, para uma atualização.

— Ah, meu Deus, não! —Eu acenei com as mãos. — Não, não, não!

— Mas fez alguma coisa, não é? — perguntou Carly, os olhos arregalados cheios de humor. — Dá para perceber.

— S-sim — murmurei.

lambeu os lábios, sorriu e destampou a caneta colorida.

— Então desembucha.

— Eu não vou falar isso! — protestei, sentindo meu rosto queimar.

— Oh! — Carly riu. — Isso é impagável! Ela está envergonhada por causa de um desafio! Isso está ficando cada vez melhor.

— Cala a boca — murmurei, batendo nela com o travesseiro. — Eu só... não vou dar detalhes sórdidos.

— Vamos lá — incentivou , sorrindo. — É só dizer. Todas nós já fizemos essas coisas.

— Vocês duas — repreendeu Brittany, e se virou para mim. — , você fez sexo com ?

— Não.

— Você, sabe... soprou a flauta?

Eu ri pelo nariz.

— Soprar a flauta?

— Você chupou o pirulito? — Carly se deitou de bruços, sacudindo-se em uma risada silenciosa.

— Ew! Não! — Ri.

— Ok, então. — Brittany deu de ombros. — Então, ele caiu de boca no carpete?

Eu caí de costas na cama, meu estômago doendo, enquanto eu ria mais do que já tinha rido em anos. Meus olhos ardiam em lágrimas.

— Cair... de boca... no carpete?

Carly abriu a boca, tentou falar, mas não conseguiu, então fez um gesto de desdém antes de enterrar o rosto no travesseiro.

— É. Lamber a, hm... você sabe o quê. — As bochechas de se tingiram de vermelho, e ela jogou a cabeça para trás, rindo. — Eu não posso fazer isso.

Nem precisava, porque eu já tinha entendido.

— Não, não. Nenhuma boca no carpete.

assentiu e me fez um sinal de positivo.

— Ok, então ele lapidou a sua safira? — continuou Brittany, seus ombros sacudiam pelo riso reprimido como se estivesse sentada em uma britadeira.

— Não vou nem perguntar. — Eu sacudi a cabeça.

— É... hm... Como posso dizer? — Ela olhou para o teto, como se a resposta pudesse estar lá. Carly revirou os olhos.

— Ele brincou com o isca? Pescou com a siririca?

caiu no chão, rindo histericamente, seu corpo inteiro chacoalhando.

— Eu... Oh. — Siririca. Isso era familiar. — Hm, sim?

— Uhuuul! — gritou Carly, fazendo minhas bochechas flamejarem.

— Não acredito que eu acabei de dizer isso para vocês. Sério, eu não consigo acreditar — murmurei.

— Oh, o que eu escrevo para isso? — perguntou , secando os olhos.

— Escrever? Espera, o quê? — Eu me sentei. — Você não pode escrever isso no cartaz!

— Eu tenho que escrever — respondeu. — É assim que vamos manter o controle.

— Tão errado, . — Brittany estalou a língua.

— Coloca pesca — sugeriu Carly. — Ninguém vai saber o que significa.

— Ah, meu Deus. — Eu cobri o rosto com mãos, enquanto ouvia o ruído da caneta movendo-se contra o papel. — Ah, meu Deus.

— Pronto. — volta a se sentar na cama. — Pesca na segunda semana. Definitivamente antes do previsto, pequeno gafanhoto.

— Isso é bom, não é?

Brittany assentiu com entusiasmo.

— Ah, sim. O plano geral foi só para termos uma ideia aproximada. Se puder concluí-lo em antes de um mês, tanto melhor.

— Parece que vai terminar até o final de semana — disse Carly maliciosamente.

— O que, em três dias? — Sacudi a cabeça enfaticamente. — Ele ainda não está apaixonado por mim. Não era esse o ponto?

— É verdade — ela aquiesceu.

— Mas ele está chegando lá — disse . — Eu vejo isso nos olhos dele.

— Você acha que ele está se apaixonando por mim depois de... doze dias? — Bufei. — É, claro, . Isto não é um romance barato onde a porcaria do amor brota do nada. Não tem nenhuma força sobrenatural nos destinando a ficar juntos como almas gêmeas por toda a eternidade, enquanto derrotamos os bandidos. O amor leva tempo. É preciso se esforçar. Pessoas como não se apaixonam em duas semanas. Ninguém se apaixona em duas semanas. Mas o ponto aqui é que não se pode controlar o amor. Não se pode simplesmente fazê-lo acontecer. — Eu me levantei e andei até a janela.

— Mas não é isso que você, quero dizer, nós estamos tentando fazer? — Brittany perguntou em tom baixo, seu olhar suave postado em mim. — Tentando controlar o amor, fazê-lo acontecer?

— Não. Isto é apenas um jogo. O amor é como uma pista, pode-se pegar algumas voltas erradas, mas você vai chegar lá no final. Para , eu vou ser um dessas voltas erradas, e ele vai ser apenas um pontinho no meu radar.

— Então, já que não estamos em um livro, quer dizer que não se pode apaixonar instantaneamente por alguém? — perguntou , erguendo as sobrancelhas.

— Sim. Este é o mundo real.

Ela bufou.

— Mas e se a gente se apaixona antes mesmo de se dar conta? Já foi cientificamente provado que somos automaticamente atraídos por pessoas cujos feromônios “combinam” com os nossos.

— Primitivo — murmurou Carly.

— Então por que não se pode apaixonar fácil assim? — continuou, não afetada. — E se o amor for instantâneo, mas nossos cérebros humanos ainda não são avançados o suficiente para saber? O que acontece se cada um de nós tiver uma alma gêmea? E então?

— Então o mundo seria um lugar melhor — respondi tranquilamente. — Porque ninguém iria se machucar. Isso é um ideal, . O mundo real não é o ideal.

— Eu gostaria de acreditar que existe alguém em algum lugar que é perfeito para cada um — disse Brittany, um tanto sonhadoramente. — Gostaria de pensar que o caminho natural da vida rege até mesmo isso.

— Eu não — resmungou Carly. — Gosto de ter a porra do controle da minha vida e do amor, muito obrigada.

— Isso é porque você não acredita no amor, Carly. — a olhou incisivamente.

Carly devolveu o olhar, cínica.

— Nem você.

lhe deu um pequeno sorriso, suave, mas que de alguma forma iluminou toda sua face.

— Oh, eu acredito no amor, Carly. Acredito que deve haver alguém por aí que vai nos amar, independente de qualquer coisa. Gosto de acreditar nisso. O amor é lindo, é livre de julgamentos e nunca condena. Ele ilumina, e faz até o dia mais difícil valer a pena viver completamente. Quem não gostaria de acreditar nisso?

— Você anda lendo muitos romances, .

— E daí? Temos que tirar a esperança de algum lugar, e se ficar perdida entre as páginas de um livro é o que me dá esperanças, então eu vou continuar a me perder, o tempo todo esperando pelo amor verdadeiro. Porque isso vai acontecer, para cada uma de nós. Um dia vamos ficar tão perdidas de amor que não poderemos encontrar o caminho de volta.

Meus olhos deslizaram para fora, e eu pude ver o topo da casa da fraternidade do outro lado da rua. Terceiro andar, segunda janela da direita. .

— Como você pode saber, então? — Olhei de volta para .

— Ah, eu não sei. — Ela me deu o mesmo sorriso que havia dado para Carly. — Mas eu espero e, no final do dia, sem amor, a esperança é tudo o que temos, não é?

~ ♥ ~


O professor já estava prestes a começar a aula quando eu cheguei para a classe de Inglês. Mas isso não impediu que eu vacilasse por um segundo ao ver . Era a primeira vez que o via de perto desde terça, e eu ainda me encontrava em um conflito interno.

Como de costume, ele girava uma caneta entre os dedos distraidamente, mas ergueu a cabeça quando eu entrei. Suas sobrancelhas arquearam ao perceber que eu havia estacado. Isso foi o suficiente para me despertar do transe e me fazer seguir para o meu lugar ao seu lado.

De alguma maneira, a conversa no pátio parecia ter mudado a dinâmica da nossa interação. Ao menos eu não fazia ideia de como deveria agir com ele. Então apenas me sentei em silêncio e coloquei meu material de estudo na mesa.

— Ei — ele murmurou algum tempo depois. Eu ergui os olhos para ele, surpresa, e enfiei a tampa da caneta na boca, olhando de volta para o livro.

— Ei — respondi em um tom quase inaudível.

Eu continuei mordendo a caneta ansiosamente, enquanto fingia prestar atenção na aula, mas podia sentir seu intenso escrutínio sobre mim, e ele parecia estar se divertindo. Depois de um tempo, ele enrolou uma mecha de cabelo que caia em meu rosto no dedo, afastando-a. Eu o encarei cautelosamente.

— Eu não sei que crimes essa caneta cometeu para merecer este tratamento — sussurrou calmamente. — Mas eu confesso que estou meio com inveja dela agora.

Meus dentes cerraram com tanta força contra a tampinha de plástico que chegou a doer, enquanto um calor subia pelo meu rosto. O que havia sido aquilo? Teria um fundo de verdade ou era só o velho falando?

Abaixei a mão que segurava a caneta, pousando contra a mesa tão bruscamente, que eu me espantei por ninguém ter se virado para ver do que se tratava o barulho.

Eu queria ter alguma resposta irônica para ele, mas nada me ocorria, então só voltei minha atenção para o livro. , por sua vez, não parecia ter desistido. Ele colocou a mecha que segurava atrás da minha orelha, seguindo o contorno desta delicadamente com a ponta dos dedos, que então desceram pelo meu pescoço eriçando cada maldita célula do meu corpo.

— Pare com isso — disse, retendo o fôlego.

— Por quê? Você não gosta?

O que eu deveria dizer? A verdade ou um dos foras habituais?

Ele mesmo resolveu meu dilema ao abrir um de seus famosos sorrisos lentos. Aquele sorriso safado que fazia meu coração — e o da metade feminina do campus — dar cambalhotas, ao mesmo tempo em que desejava espancá-lo. Seus olhos brilhavam com uma promessa perigosa.

— Você está louco. — Foi tudo o que consegui murmurar. Em resposta, ele se inclinou na minha direção, apoiando um cotovelo na mesa.

— Se fantasiar sobre ter essa sua boca em mim ou sobre tomar você em cima da minha mesa significa que eu estou louco, então sim, talvez eu esteja.

Esqueça qualquer rubor estilo Anachata Steele, meu rosto estava agora completamente em chamas.

! Estamos no meio de uma aula! — Como alguém poderia pensar nessas coisas no meio de uma sala lotada? Oh, eu podia me declarar culpada. Mas jamais admitiria em voz alta.

— E daí? — Ele se aproximou ainda mais, e seu hálito quente na minha orelha enviou uma descarga elétrica direto para o meio das minhas pernas. — Você fica uma gracinha quando está com vergonha, sabia?

Quase inconsciente minha mão se abriu, e a caneta rolou da mesa para o chão, onde quicou.

— Sr. . — Meu corpo enrijeceu ao ouvir a voz do sr. Joseph, e ao menos teve a decência de ajeitar sua postura. — Está prestando atenção?

— Sim, professor.

— Na minha aula, ou na Srta. aí?

Eu ouvi uma risadinha baixa vindo de alguns alunos e quis me encolher até estar completamente embaixo da mesa. Ao mesmo tempo, podia sentir o olhar perfurador de na nossa direção.

— Hmm, acho que seria a última opção — ele respondeu com sua irritante postura casual. Eu dei um chute na sua perna por baixo da mesa, mas, apesar de dar um pequeno sobressalto com o impacto, seu sorriso se abriu ainda mais.

Arrisquei-me a erguer os olhos e percebi que até o professor estava contendo um sorriso.

— Por mais encantadora que a Srta. seja, você acha que pode se concentrar um pouquinho aqui no restante da aula?

— Vou tentar professor, mas não prometo nada.

O professor balançou a cabeça e se voltou para o quadro. Eu tentei dar outro chute, mas ele foi mais rápido dessa vez. Sua perna estava fora de alcance, e ele colocou as mãos por debaixo da mesa, segurando minha panturrilha.

— Comporte-se, , ou vai continuar atrapalhando minha concentração.

Fiz uma força para conter a risada e afastei minha perna das suas mãos perigosas.

— Você é inacreditável — murmurei, tentando parecer irritada.

— Eu sei — replicou, me endereçando um sorriso convencido.

Bufei e tentei me concentrar em fazer anotações pelo resto da classe. Quando o horário finalmente terminou, eu me apressei em guardar o material, temendo que se aproximasse para dar uma de suas demonstrações paternalistas. Felizmente, ele e pareciam entretidos em uma conversa e deixaram a sala sem sequer olhar para trás. Obrigada, .

— Eu sinceramente não entendo.

— Não entende o quê? — Só quando a voz divertida de me alcançou que eu percebi que havia pensado em voz alta.

— Como alguém pode pensar em... — Eu olhei ao redor para me certificar de que ninguém nos ouvia, — ...sexo no meio de um estudo de Moby Dick... — Ow, dick. Seus lábios se esticaram em um grande sorriso. — Quer saber? Esquece.

Eu coloquei a alça da bolsa no ombro e deixei a sala, sendo acompanhada pelo seu riso baixo. Agora eu sabia onde estávamos, esse era o velho falando — embora talvez um pouco mais... hm... direto.

~ ♥ ~


Eu me sentei no gramado, na base de uma árvore, se acomodando no chão ao meu lado e procurando alguma coisa dentro da mochila.

— O que... Oh! — exclamei, ao ver o muffin de mirtilo na sua mão. — Quando foi que pegou isso?

— Passei lá antes da aula. Pensei em surpreendê-la.

E ele havia conseguido. Eu poderia sentir todo meu rosto se iluminando de mais pura alegria.

— Obrigada. — Toquei seu rosto de leve. — Isso foi muito atencioso.

colocou sua mão sobre a minha e virou suavemente o rosto, pressionando um beijo em meu pulso. Eu peguei o muffin e levei um pedaço à boca, apreciando o sabor que se espalhava pela minha língua.

— Por que você faz isso?

— Faço o quê? — Coloquei mais um pedaço na boca.

— Come em pedacinhos. Você faz isso sempre que come.

— Ah. — Abaixei os olhos, meio envergonhada. — Eu não comia muito depois que minha mãe morreu e, o que comia, eu picava. Acho que se tornou uma espécie de hábito. Eu nunca parei para pensar nisso.

Eu pude perceber que ele abafou um grunhido, parecendo chateado consigo mesmo. Havia sido um período muito difícil da minha vida, e eu ainda sentia um bolo na garganta cada vez que pensava nele.

— Sinto muito, anjo, eu não sabia. — Ele passou um braço ao meu redor, e eu recostei a cabeça no seu ombro.

— Você não teria como saber. Na verdade, você é a primeira pessoa que nota isso. Quero dizer, a primeira que menciona, pelo menos.

Eu estaria mentindo se não admitisse que a maneira como ele se esforçava, prestando atenção nos pequenos detalhes, me encantava. Ou me encantaria, se tudo aquilo fosse real. Que seja.

— Vem ficar comigo esta noite?

Eu ergui a cabeça, encontrando seus olhos.

— Por quê?

Ele me deu um beijo rápido.

— Porque eu quero que você fique.

— Eu vou estar na casa de qualquer maneira. Para a festa.

— Foda-se a festa. — Ele balançou a cabeça. — Não vá. Vamos pegar um filme e um lanche. Vamos passar a noite lá em cima no meu quarto, então amanhã nós saímos e tomamos café da manhã.

Uau. Isso realmente me surpreendeu. Mais do que o muffin, mais do que qualquer coisa que ele já tinha feito até então.

— Sério?

— Sério. — Ele sorriu. — Você parece surpresa.

— Estou um pouco. — Eu retornei o sorriso, meio tímida. Nunca tinha passado uma noite inteira com ninguém antes. — Ok.

— Vai ficar comigo?

Eu assenti e enterrei meu rosto em seu pescoço.

— Eu vou ficar.

— Bom. — Ele descansou o queixo contra o topo da minha cabeça.

E eu percebi que estava mais feliz e ansiosa do que deveria estar.

~ ♥ ~


Soube da novidade quando estava indo ao quarto de pegar minhas anotações da aula de volta.

— Ela vai ficar aqui? — A voz abafada de Michael me alcançou quando eu estava prestes a girar a maçaneta. Eu estaquei, ouvindo os ruídos do videogame vindo de dentro do quarto.

— Você está surdo? Não foi o que eu acabei de dizer?

Eu revirei os olhos com a resposta malcriada do meu irmão. Homens e seus relacionamentos carinhosos entre amigos.

— Você vai ignorar a festa por uma porra de festa do pijama? — disse , sua voz enviando calafrios pela minha espinha. — Puta merda, você está muito desesperado para transar com ela.

Revirei os olhos mais uma vez. Não que aquilo fosse muito diferente da minha própria opinião a respeito das atitudes do meu irmãozinho.

— E daí se eu quiser? Essa não é a razão para tudo isso?

— É — concordou Mike, e eu senti meu corpo enrijecer.

Eu sabia disso. Eu sabia. Ainda assim ouvi-lo admitir era quase doloroso, e me fez sentir uma imensa pontada de culpa.

— Então não finjam que estão surpresos — resmungou .

— Vai acabar amanhã, então? — perguntou Michael. Isso sim colocou todos os meus sentidos em alerta. Não podia acabar ainda, era muito cedo. e ainda não estavam no ponto. Eu não estava no ponto.

— Provavelmente não — respondeu , me fazendo exalar audivelmente. — Não vou pressioná-la.

— Desde quando você se importa? — Cala a boca, .

— Desde que não é como as garotas com quem eu costumo transar, está bem? — parecia irritado, e eu ouvi o barulho de um objeto de plástico batendo suavemente contra o chão. O joystick?

— Não me diga que está começando a se apaixonar por ela — provocou . A pergunta de um milhão de dólares.

— Vai se foder, . Você sabe tão bem quanto eu que tenho que ser cuidadoso com a . Ou a vai me esfolar vivo.

— Você pode lidar com a . — Eu ouvi o riso rouco de . — Nunca pensei que veria o dia em que ficaria a mercê de uma garota.

Um som de tapa foi seguido por um arfar alto.

— Vá se foder, ! Para de ser idiota!

O outro riu.

— Relaxa, cara.

— Você pode achar difícil de entender, — disse Michael —, mas é perfeitamente normal ficar com uma garota sem sexo. Parece impossível para essa sua mente de pegador, mas não é. Se quer jogar por esse caminho, então é assim e pronto.

— Ele está preocupado demais em ser o namorado perfeito e está se esquecendo do sexo.

Eu tive que reprimir um gemido de desgosto. O que mais esperava do , afinal?

— Você já olhou para ela? Se acha que eu não penso em sexo sempre que estou perto da , então você é mais burro do que parece.

— Ah, você não está se apaixonando por ela, então? — A voz de soava divertida.

— Claro que não, porra. A única coisa na minha mente é quando vou fodê-la, onde vou fodê-la e quantas vezes eu vou fodê-la.

Eu quis gritar. E então socar meu irmão repetidamente por ser um babaca. Como o idiota podia... Ugh!!

Minha resposta impensada foi abrir a porta bruscamente. Os três, que estavam jogados no chão entre a cama e a TV, me olharam espantados. Eu evitei olhar para , com receio de que começasse a babar, quando queria bater nele.

, eu preciso da... dos meus rascunhos de segunda e terça — disse, me obrigando a manter a calma. Seus olhos cautelosos me avaliavam, perguntando-se se eu teria ouvido alguma coisa. Eu abri um sorriso, que pareceu tranquilizá-lo.

— Está no meu caderno — ele respondeu, voltando-se para a tela da TV.

Suspirei e andei até a escrivaninha, vasculhando cada parte. Havia diversos livros, a maioria de matemática e física, vários trabalhos, mas nem sinal do maldito caderno.

— Onde está, ? — Irritada, eu me virei na direção deles. Meu irmão havia tirado um controle da mão do e estava ocupado demais para me ouvir. , por sua vez, estava esparramado de costas no chão, as mãos na nuca, e o olhar malicioso na direção da minha bunda. Eu bufei, e voltei a folhear os livros.

— Quer uma ajuda? — perguntou maliciosamente. — Porque eu posso te dar uma mãozinha.

— Cala a boca, idiota — grunhiu meu irmão, lhe dando um pontapé na canela. — Para de ficar jogando essa sua merda para cima da minha irmã ou eu vou ser obrigado a arrancar todos os seus dentes, um por um. Isso só para começar.

Eu arqueei as sobrancelhas para , como se ordenasse “comporte-se” e continuei minha busca. Até eu estava surpresa com ele, afinal, embora aquela fosse sua merda habitual, ele costumava ser irritante — e não insinuante — na frente de .

— E que porra foi aquela na aula hoje? — questionou, embora sua atenção estivesse mais no jogo do que em qualquer coisa. Minhas costas enrijeceram.

— O quê? — perguntou descuidadamente.

— Você sabe o quê — meu irmão resmungou. — “Eu estava prestando atenção na encantadora Srta. , professor”.

— Eu não falei isso e com certeza não com essa voz de boiola. — Isso rendeu a ele um tapa no estômago.

— Eu já cansei de te falar para deixar a em paz.

— Ah, você sabe. Força do hábito. — Irritada por eles estarem agindo como se eu não estivesse ali, terminei de enfiar os livros na prateleira e fechei a pequena porta com força. — E eu acho que sua irmã pode lidar com isso por conta própria.

Eu me virei na direção deles, com uma mão na cintura.

— Muito obrigada!

Ele piscou um olho para mim.

— Só esteja avisado — reiterou .

! — gritei inadvertidamente, fazendo com que três pares de olhos me encontrassem.

— O que é?

— Cadê a droga do caderno?

— Está aí, porra.

Eu estava praticamente quicando de irritação, mas nenhum dos três parecia se preocupar com isso.

— Tenta na mesinha de cabeceira — sugeriu , quando eu estava prestes a procurar nos mesmos lugares pela terceira vez. Suspirando, andei até o lado da cama e levei a mão ao puxador da gaveta. Não era seu lugar habitual, mas aparentemente andara mudando algumas coisas de lugar recentemente. — Aí não, embaixo.

Olhei para ele com uma sobrancelha erguida, incerta se ele estava sendo prestativo ou se só queria uma visão privilegiada da minha bunda por baixo do meu short curto. Em retorno, ele sorriu desafiadoramente. Idiota.

Eu abri a portinha retangular, me inclinei e... lá estava o maldito caderno. Peguei-o e tirei minhas folhas de fichário da Minnie de dentro, quase sentindo o olhar triunfante às minhas costas.

— Vou deixar as anotações de hoje aqui — avisei, pegando duas folhas amassadas no bolso do meu jeans e colocando no caderno. — Ouviu, ?

— Ouvi.

— Quero de volta no domingo — decretei, antes de deixar o quarto, batendo a porta atrás de mim.

Argh, aqueles dois se mereciam. Eram ambos exasperantes!

 


 

Capítulo 12



— Esqueça o pijama.

— Por que eu ia esquecer meu pijama?

— Por que aí você vai ter que dormir de calcinha e sutiã, nua, ou com uma camisa dele — explicou .

— E não há nada mais sexy do que uma garota com a camisa de um cara — acrescentou Brittany. — Eu uso as do Mike o tempo todo. É sexo garantido.

— Eu ainda não estou na fase do sexo, Britt.

— E daí? É quase a terceira semana, não é? — Ela olhou para o cartaz na parede, traçando o dedo ao longo das etapas. — Então significa que a sedução sexual pode começar.

Eu depositei a bolsa sobre o meu colchão e sentei de frente para a cama da Carly.

— Arrume minha bolsa, então.

— Sim! — se desembaraçou do meu travesseiro e atacou minha cômoda, abrindo as gavetas. — Oooh! Isto! — Ela se virou segurando uma calcinha de seda preta que tinha comprado meses atrás, mas nunca usei. Ela arrancou as etiquetas, enquanto Brittany esvaziava minha bolsa. A calcinha foi posta para dentro, junto com minha maquiagem, escova de cabelo, escova de dentes e roupas para o dia seguinte.

Brittany fechou o zíper.

— Feito.

— Sério? Isso é tudo?! — gritei.

— Sim! — se virou para mim com as mãos nos quadris. — Sedução não é conforto, ! Precisa provocá-lo, querida, deixá-lo louco por mais.

— Ele ia ficar louco de qualquer maneira — eu disse secamente, a memória de nós dois em seu quarto piscando em minha mente. Ele certamente já estava a meio caminho disso.

— Sim, mas como você disse, ele não está apaixonado. Ainda. — sorriu maliciosamente.

— Que seja — praguejei e peguei o saco. — Podemos ir agora?

— Sim! — Brittany pegou sua própria bolsa, e nós três saímos do meu quarto. — Não queremos que chegue atrasada para o seu encontro.

Isso arrancou uma careta de desânimo da outra, que dizia tudo sobre o quanto ela estava ansiosa por aquilo. Eu não pude deixar de rir.

— Ei, e Carly? Ela não virá esta noite? — perguntou.

— Ela está... — Eu me interrompi, fazendo uma careta. — Espera, eu nem sei onde ela está.

— Se nós não sabemos, então significa que provavelmente não queremos saber.

— E essa foi a coisa mais verdadeira que eu ouvi durante todo o dia. — Brittany riu. — Acha que ela está com Darla?

Eu balancei a cabeça.

— Desde quando Carly volta para o segundo round?

Brittany deu de ombros, e nós deixamos o campus principal, atravessando a estrada para a casa da fraternidade. Algumas pessoas estavam amontoadas no gramado, e Brittany não hesitou em abrir caminho, empurrando as garotas da frente até atravessarmos a porta. pegou minha mão e me puxou. Eu ignorei os olhares raivosos lançados em minha direção, enquanto nós avançávamos. Não estava surpresa que a maioria das pessoas ali fosse do sexo feminino. Nem que havia uma dessas tentando se esfregar contra . Mas estava surpresa pela forma como ele a estava afastando.

Uau.

Ele ergueu a cabeça e captou meu olhar. Eu me inclinei contra o corrimão da escada e ergui uma sobrancelha. Seu rosto se dividiu em um sorriso, e ele afastou a garota — para a grande decepção dela — e caminhou em minha direção. Seus olhos estavam fixos nos meus, enquanto ele atravessava a sala, e o brilho que eu reconheci neles me fez engolir em seco.

Ele parou à minha frente, deslizando a mão pelo meu pescoço, se emaranhando no meu cabelo. Seus lábios encontraram os meus lentamente, suavemente, e eu fiquei momentaneamente surpresa com o carinho contido ali. Coloquei as mãos em sua cintura e me aproximei dele, esfregando suas costas ligeiramente com os dedos.

— Ei, anjo — sussurrou contra minha boca.

— Ei, — sussurrei de volta. — Sentiu minha falta tanto assim?

Seus olhos verdes brilharam para mim.

— Talvez eu tenha sentido.

Eu sorri para ele.

— Ei, , você vai ficar para a festa? — Uma voz ronronou atrás de nós. Sério mesmo? Elas não se tocavam?

— Não. — Ele se virou, ainda me segurando. — Eu vou passar a noite com a minha namorada.

— Talvez em outra oportunidade, então?

— Ou não. — Sorri docemente para a garota de cabelos escuros e me reclinei contra a lateral do corpo de . Ele riu baixinho.

— Vamos lá, tigresa, vamos subir — disse no meu ouvido.

— Isso é um convite? — flertei.

Ele sorriu contra minha orelha.

— Talvez mais tarde.

Eu ri baixinho e ele me guiou pelas escadas. Seu quarto continuava limpo como sempre, o que deveria me surpreender, mas considerando o quanto também era organizada, devia ser de família.

Depositei minha bolsa no chão e me deitei na cama, rolando para ficar de lado.

— Que foi?

— Fique à vontade — ele sorriu.

— Oh, eu estou. — Sorri para ele, travessa.

Ele balançou a cabeça e veio em minha direção, inclinando-se sobre mim.

— Essa calça jeans não parece muito confortável. Talvez você deva tirá-la. Para ficar mais à vontade, é claro.

— E há quanto tempo você está esperando para usar essa fala? — perguntei, brincando.

— Na verdade, eu só acabei de pensar.

— Oh, além de bonito, ele é perspicaz. Um grande partido.

— Bonito, hein? — Ele ergueu uma sobrancelha e se inclinou para perto de mim. — Conte-me mais.

— Seu ego faminto por apreciação feminina já não está inflado o suficiente por hoje?

— Não. Longe disso. — Ele tocou a ponta do meu nariz. — Meu ego está muito feliz que você ainda está por perto, na verdade.

Eu fechei os olhos e sorri, ignorando a centelha de prazer que se espalhou por minha espinha ao ouvir suas palavras. Ergui a cabeça e rocei meus lábios nos seus suavemente, e ele acariciou meu rosto com o polegar.

Era difícil acreditar que o sr. Playboy podia ser tão suave.

— Vou colocar o filme — anunciou. — Ou vamos acabar não assistindo.

— Tudo bem — eu amuei, lembrando-me do jogo.

Eu me sentia como se tivesse múltiplas personalidades. A vida dupla — a do Brooklyn e a da Califórnia. No entanto, a da Califórnia tinha mais duas, talvez três personalidades diferentes: a amiga, a jogadora e talvez, a do .

Só gostaria de saber qual delas eu realmente era.

— Que filme vamos ver? — perguntei.

enrugou o nariz.

— Uh, boa pergunta.

Eu ri, e ele puxou uma caixa debaixo da sua cama, se sentando no chão.

— Estas são as possibilidades. A maioria pertence a , então pode ter qualquer coisa aqui.

Eu me desloquei para a lateral da cama, para olhar a caixa. afastou meu cabelo, que batia em seu ombro, com um leve tapa.

— Ei! — protestei.

— Faz cócegas. — Ele sorriu, abrindo a caixa. Tinha razão. Estava cheia e só de olhar dava para dizer que pelo menos três quartos dos filmes visíveis pertenciam a .

— Uau. Por que os filmes dela estão com você?

— Veio tudo junto na mudança e ela não se preocupou em pegar de volta. Acho que pensa que eu tenho mais espaço aqui, então quando quer algum, ela só vem e pega.

Eu assenti, compreendendo. Os quartos do dormitório tinham espaço suficiente para se ficar confortável, mas só se você não começasse a enchê-lo de tralhas.

— E o que vamos assistir?

Ele deu de ombros.

— Não sei.

— Você me chamou para assistir um filme — lembrei, meio que sorrindo. — Você não tinha algum em mente?

— Uh, não? — admitiu quase timidamente. — Foi um impulso, coisa de momento, anjo.

Eu suspirei e comecei a vasculhar a caixa.

— Homens. Se você quer alguma coisa bem feita, tem que fazer você mesma — murmurei.

— Isso conta para orgasmos também?

— O quê? — Eu parei, pestanejei, e olhei para ele.

— A coisa de fazer você mesma. — Ele sorriu, e eu ri, escondendo o rosto nas mãos.

— Não, isso é uma exceção à regra.

— Ah, bom. — Ele beijou o canto da minha boca. — Porque seria lamentável não poder te dar outro.

Meu rosto esquentou e, mais uma vez, eu me questionei sobre sua capacidade de me fazer corar.

— Eu gosto quando você cora. — Ele roçou o dedo na minha bochecha.

— Por quê? Ah, espera, deixe-me adivinhar. Faz você lembrar de um orgasmo?

— Leitora de mentes. — Ele roçou os lábios ao longo da minha bochecha, seu hálito quente em meu ouvido. — Isso me lembra de quando eu te fiz gozar. É exatamente por isso que eu gosto.

Sua mão se moveu para a minha outra bochecha, e eu virei meu rosto para o seu. Sua boca encontrou a minha, tomando-a em um beijo de tirar o fôlego. Eu toquei a lateral do seu pescoço, enquanto beliscava seu lábio inferior.

se ergueu do chão e me ajudou a me reposicionar no centro da cama, seu corpo firme se colocando sobre o meu.

Ele sondou minha boca com a língua, e eu me encontrei retribuindo com o mesmo fervor. Minha mão livre deslizou para suas costas e para baixo da camisa. Seus músculos das costas flexionaram sob meus dedos quando ele se remexeu ligeiramente, e os meus dedos afundaram em sua pele.

Uma de suas mãos estava no meu cabelo, enroscado nos cachos largos, e a outra explorava meu corpo, descendo para a curva da minha cintura até o quadril, pela coxa, e então de volta para cima. Seu polegar pincelou a parte de baixo do meu seio e, mesmo completamente vestida, eu me senti como se não houvesse obstáculos entre nossas peles. Sua boca percorreu toda minha mandíbula e o meu pescoço, salpicando beijos quentes em toda minha pele — e, de repente, não era o suficiente.

Eu queria tudo. Não por causa do desafio, ou porque era o que as meninas queriam que eu fizesse.

Eu queria, porque eu o queria.

E não sabia o que fazer com aquilo.

— Eu poderia beijá-la o dia todo — sussurrou .

Eu sorri, incapaz de formar qualquer palavra, segurando-o contra mim. Minha mente em um caleidoscópio. Querer era uma coisa natural, não era? Como dissera — feromônios ou algo assim. Era da natureza humana estar atraída por alguém, principalmente alguém como . Tudo bem que minha mente e meu corpo não estavam na mesma página. Sim. Perfeitamente bem, porque querer não era o mesmo que se apaixonar.

— Vamos assistir o filme? — perguntou.

— Sim — respondi. — Qualquer um.

Ele assentiu e beijou minha testa, se levantando da cama — e de mim. Apesar da temperatura estar alta, eu de repente senti um arrepio.

colocou um disco no DVD e tirou a camisa, dando-me a oportunidade de admirar seu tórax. Claro que eu já o tinha visto outras vezes, mas era a primeira vez que eu realmente tinha a oportunidade para apreciar apropriadamente, como sua “namorada”. Ele era todo elegantemente construído, sem exageros, mas com os músculos bem marcados. De uma maneira que faria muitas garotas implorarem. Ele provavelmente fazia muitas garotas implorarem — e não de um jeito bom.

Esse simples pensamento foi o suficiente para me colocar de volta no jogo.

Eu abaixei os olhos quando ele me estendeu a minha bolsa.

— Pode se trocar aqui, ou no banheiro do outro lado do corredor.

— Hmm, eu acho que esqueci minha roupa de dormir. — Ergui os olhos para ele, sorrindo.

— Oh. — Ele se virou, abriu uma gaveta e tirou uma camisa. — Aqui.

Eu a peguei e passei por ele para deixar o quarto. No banheiro, eu me despi e coloquei a calcinha que havia escolhido. Puxei a camisa de sobre a cabeça, sentindo a bainha roçando no alto das minhas coxas. Passei a escova rapidamente pelo cabelo e voltei para o corredor — diretamente para Frank.

Foi esquisito. Eu não falava direito com ele desde a semana anterior, quando o colocou contra a parede.

— Uh, oi, Frank — cumprimentei timidamente.

— respondeu, com os olhos fixos nas minhas pernas. Eu pigarreei, e ele olhou para cima.

— Como vai?

— Tudo bem. E você?

— Bem também. — Eu relanceei um olhar nervoso em direção à porta fechada do quarto de .

— Então você está mesmo? Com ele?

— Frank.

— Sinto muito. — Ele ergueu as mãos. — Só... Tenha cuidado, está bem, ? Não quero vê-la sofrer. Você é boa demais para isso.

Era doce da parte dele. Eu toquei seu braço de leve.

— Eu não vou, Frank, não se preocupe.

A porta de se abriu, e ele olhou para nós por um segundo antes de registrar que era com Frank que eu estava falando.

— De conversa mole com a minha garota de novo, Frank?

— Nem sonharia com isso, — ele respondeu, seus olhos nos meus. — Ela é toda sua.

Eu abaixei o olhar, contornando para chegar a .

— Que bom. Eu odiaria ter que te colocar contra a parede outra vez.

Eu desdenhei, balançando a cabeça, e empurrei para passar por ele para dentro do quarto. O que havia com os homens e a necessidade de marcarem seus territórios?

Joguei a bolsa no chão, enquanto ele fechava a porta.

— O que foi aquilo?

— Você está perguntando para mim? — Ergui as sobrancelhas, encarando-o. — O que foi aquilo, ? Eu não posso nem mais falar com Frank agora?

— Claro que pode, mas me desculpe por ficar um pouco chateado quando você está falando com ele usando a minha camiseta.

— Não é esse o ponto? Estou usando a sua camiseta. É óbvio a quem eu “pertenço”, como você disse de forma tão eloquente na semana passada, por isso não há necessidade de virar o homem das cavernas com o primeiro que falar comigo.

— O que eu fiz para ser caracterizado como “homem das cavernas”? Porque eu não entendo.

— “Eu odiaria ter que te colocar contra a parede outra vez” — imitei sua voz. — Você adoraria encurralá-lo mais uma vez por falar comigo.

— E daí se for verdade? Você é minha namorada. — Ele andou na minha direção e eu tive que ergueu a cabeça para encará-lo.

— Eu não sou sua propriedade, , e não vou ser tratada como uma.

— Você é minha, . — Sua mão envolveu meu queixo e a afastei com um tapa.

— Não me trate como se fosse uma posse sua, , porque essa coisa possessiva não vai colar comigo. — Eu me virei, e ele agarrou a minha cintura, me puxando para trás contra si. Seus braços me envolveram, prendendo-me firmemente a ele.

— Eu não sou possessivo com você, — disse em meu ouvido. — Sou protetor, é diferente. Eu nunca tentaria controlá-la ou lhe dizer o que pode ou não fazer, mas eu sei que cada indivíduo desta fraternidade quer estar no meu lugar bem agora, especialmente Frank. E sabe por quê? Porque você é linda para caralho. — Minha respiração ficou presa na garganta. — Eles querem você, mas eu estou com você, e não existe a mínima chance que eu vá arriscar que qualquer um deles te tire de mim, entendeu? Então, sim, anjo, você é minha, porra!

— Você me acha linda? — perguntei em um sussurro. Porque obviamente essa era a parte mais importante de tudo que ele disse.

— Sim. — Ele virou meu rosto ligeiramente em direção ao dele. — Eu acho. Você é linda, . Por dentro e por fora.

Eu fechei os olhos por alguns instantes, odiando que esse fosse o elogio mais doce que eu já havia recebido e o modo que ele me afetava. Por que, entre mais de trinta mil pessoas naquele campus, tinha que ser ele a me dizer tais coisas? Tinha que ser ele a mexer tanto comigo?

— Eu disse algo de errado? — perguntou. Eu sacudi a cabeça e girei em seus braços, ficando de frente para ele. — Então por que você parece prestes a chorar ou algo assim?

Eu ri e balancei a cabeça, ciente de que meus olhos estavam marejados.

— Porque você me faz feliz.

— Bom — sussurrou e beijou os cantos dos meus olhos. — Eu gosto de fazer você feliz, .

Ele me guiou para a cama, afastando as cobertas e batendo no espaço ao seu lado. Eu deslizei para junto dele, a camisa deslizando ligeiramente para cima no processo e, pelo modo, que ele engoliu um grunhido, eu percebi que tinha pegado um vislumbre da calcinha preta.

Ótimo, era esse o plano.

Ele envolveu os braços ao meu redor, e me puxou para perto. Eu relaxei em seu abraço, sentindo seu rosto enterrando em meu pescoço. Era irritante como meu corpo parecia ter sido perfeitamente moldado para se encaixar no seu.

começou a acariciar meu braço com um dedo, e logo eu senti meus olhos começarem a pesar.

~ ♥ ~


Não conseguia pensar em nada pior do que Brittany me arrumando um par. Seu gosto para garotos era questionável. Muito questionável. Eu estava ali por vinte minutes e já estava começando a me sentir como Harriet do livro Emma, de Jane Austen. Certamente as habilidades de casamenteiras de Brittany estavam no mesmo nível das de Emma.

Eu sabia que cada encontro para que Brittany me enviasse estaria destinado ao fracasso por causa de como eu me sentia com . Claro, não havia modo de explicar isso sem me enfiar em um buraco sem fundo. Não havia modo de explicar como cada garoto seria insignificante comparado ao seu sorriso arrogante e autoconfiante e aos seus beijos poderosos. Ao seu toque, sua voz, seu olhar... Droga!

Sete dias, eu ainda estava ali presa à memória do que havíamos tido. Um erro do qual eu não conseguia me arrepender.

Mas era um erro para quem? Para ? Só por que ele achava isso, não significava que realmente fosse. Não para mim.

Certo ou errado, não importava, eu ainda teria que lidar com aquele encontro. Eu ainda estaria sentada ali, fingindo me importar com qualquer coisa além do olhar me perfurando através da cozinha.

Eu depositei o copo de shot no bar depois de esvaziá-lo. Droga, no que eu estava me transformando? Alguém que precisava encher a cara para tolerar um encontro, certamente.

— Então — disse o garoto à minha frente. — Você parece um pouco entediada.

Eu ri suavemente.

— Não, me desculpe. Eu só tive um dia difícil, sabe?

Meu irmão sendo um idiota. Meu crush sendo um idiota. Eu sendo uma idiota. Isso gastava um monte de energia.

Ele assentiu. Merda. Qual era o nome dele?

Algum garoto babaca da fraternidade se esfregou em mim. Irritada, eu joguei meu cabelo para o lado, afastando-o do rosto, e me inclinei mais para perto.

— Por que não me conta mais sobre você?

E seu nome, por favor.

— Bem, eu estou cursando Biologia...

E eu me desliguei. Não foi intencional, de verdade, mas ciência era como Mandarim para mim. Realista demais, entediante. Minha praia definitivamente era ficção.

Eu gesticulei para o barman da noite, para uma nova dose, e me mantive assentindo e fingindo estar interessada no sr. Biologia. Só fingindo, porque minha atenção estava na garota em frente ao . Perto. Muito perto. Ela corria os dedos pelos músculos do braço dele e o fato de que ele não fazia nada para afastá-la estava me enlouquecendo. Os seios dela mal eram contidos pelo decote baixo, e ela não fazia o mínimo esforço para mantê-los fora de vista.

se virou para pegar uma garrafa de cerveja no freezer e ergueu a cabeça. Como se pudesse sentir que eu estava olhando para ele, seus olhos se chocaram com os meus. Eles estavam desfocados, impassíveis, quase mortos, e eu congelei. Nada. Isso era o que eu ganhava. Nada.

Eu estirei meus lábios em um sorriso, um sorriso sem emoção. Eu só sentia uma mágoa irracional fervilhando no meu estômago e aquela frieza do seu olhar se espalhando pelo meu corpo.

— Ei. — Eu me inclinei para frente e pousei uma mão gentilmente no braço do Sr. Biologia. — Eu lamento tanto, mas não estou me sentindo muito bem. Eu vou voltar para o dormitório.

— Oh. Hm, claro. Eu vou acompanhá-la. — Ele fez menção de se erguer.

— Não! — Eu puxei o ar profundamente, tentando não parecer muito brusca nem mal educada. — Não, eu estou bem, obrigada. Não é muito tarde.

— Ah, claro.

— Obrigada pela noite legal. — Sorri fracamente e me levantei, virando para longe do bar. Legal, ? Isso era tudo o que eu tinha?

Minha carência de adjetivos convincentes à parte, eu precisava dar o fora daquela maldita fraternidade.

Ele — — estava me dominando por completo, acabando totalmente com meu autocontrole e me virando do avesso.

Eu abri a porta da frente e fui saudada pelo ar noturno da Califórnia. Respirei profundamente, tomando o caminho de volta ao meu quarto com um passo apressado. Precisava fugir dali, deixar ele e tudo o mais para trás.

Era fim de semana, e todas as pessoas por quem eu passei pareciam estar relaxadas e descontraídas. Eu retornei educadamente alguns cumprimentos que recebi pelo caminho, mas sem realmente prestar atenção. Quando cheguei ao quarto nem me dei ao trabalho de acender a luz, apenas tirei minhas sandálias e me joguei na cama.

Estava cansada de pensar, estava cansada de sentir. Cansada de querer algo que não poderia ter.

Nem tive muito tempo para me lamentar, quando ouvi duas breves batidas na porta. Eu me sentei receosa. Será que Brittany me viu fugindo do seu encontro arranjado e mandou alguém atrás de mim?

— Não tem ninguém — gritei, ciente de que não era nenhuma das minhas amigas. Brittany obviamente entraria sem bater, estava ocupada e Carly... Bem, Carly já chegaria gritando para que eu movesse meu traseiro gordo da cama e etc.

Outra batida, desta vez mais forte.

— Abra essa maldita porta, , ou eu vou derrubá-la.

Meu corpo se ergueu em um átimo ao reconhecer a voz que tanto atormentava minhas lembranças. Sem nem pensar, eu saltei para fora da cama e abri a porta. Precisava confirmar que não estava delirando.

E não estava.

estava de pé, com um braço apoiado no umbral e os olhos impacientes.

— O que você pensa que está fazendo aqui?

Ao invés de responder, ele me deslocou para dentro do quarto e fechou a porta atrás de si, virando-se para trancá-la e acender a luz. Em seguida, seus olhos se deslocaram pelo cômodo absorvendo os detalhes, como se estivesse explorando um novo universo. Felizmente, como de costume, estava tudo arrumado — exceto, talvez, por algumas roupas que Brittany havia deixado na cadeira enquanto se arrumava para sair.

— Olá, ? — Acenei uma mão na frente do seu rosto. — Como você entrou aqui? Como sequer sabia onde era meu quarto?

Seus olhos lentamente se voltaram na minha direção.

— Umas garotas muito simpáticas me deixaram entrar. E, bem, sua colega de quarto namora um dos meus melhores amigos, então é claro que eu sei qual é o seu prédio e o número do seu quarto.

— E o que você está fazendo aqui?

Ele correu uma mão agitada pelo cabelo, parecendo um tanto angustiado.

— Sinceramente? Eu não faço a mínima ideia.

— Será que aquela garota não era seu tipo? Os peitos dela estavam muito tapados para você? — Eu cruzei os braços, arqueando as sobrancelhas.

— Ciúme não fica bem em você, . — Ele se virou e eu recuei, minhas costas batendo contra a porta. Eu ergui o queixo para enfrentar seu olhar intimidador, a alça da minha regata deslizou pelo meu ombro ligeiramente.

— Não era eu que parecia prestes a arrancar a cabeça de alguém na festa.

Ele espalmou as mãos na porta, uma de cada lado da minha cabeça, me encurralando, e inclinou seu rosto em direção ao meu. Seus olhos procurando os meus.

— Não era eu que parecia prestes a arrancar as extensões de alguém — murmurou. — Quem está com ciúmes, ?

— Você — sussurrei em resposta. — Não tenho por que ter ciúmes.

— Tem razão, não tem por que ter ciúmes. — Uma de suas mãos caiu para minha cintura, seus dedos marcando minha pele a fogo. Cerrei os punhos esperando que isso me ajudasse a me controlar, enquanto sustentava seu olhar com firmeza. — Porque eu estou aqui e não lá.

Isso fez romper qualquer resistência que poderia haver dentro de mim — que não era muita, convenhamos. E eu me senti frágil, exposta. Estava totalmente a sua mercê, embora aparentemente ele não se desse conta.

— E exatamente por que você está aqui?

Ele ficou me olhando, quase sem respirar, sem se mover, parecendo ter dificuldade em deixar as palavras saírem.

— Porque eu preciso de você. Eu preciso sentir você de novo. Uma vez não foi suficiente. Uma vez nunca será o suficiente, não com você.

Eu ofeguei, sentindo o último resquício de tensão deixar meu corpo.

— Você... — Engoli em seco, levando a mão ao meu peito. — Você não deveria estar aqui.

— Não deveria, mas estou.

— Isso é errado.

— É.

Eu fechei os olhos por um segundo. Precisava pensar claramente, sem a influência daqueles olhos perturbadores, para não me arrepender depois. Foda-se, a quem eu estava tentando enganar?

Abri os olhos para encontrar os seus hesitantes, quase aflitos.

— Mas eu não me importo — sussurrei.

— Nem eu.

Eu só tive tempo de perceber que algo havia mudado em seus olhos, antes que seus lábios tomassem posse dos meus, calorosos e exigentes. Meus dedos afundaram em seus ombros, enquanto eu imprensava meu corpo contra o seu, me moldando a sua forma. Ele me beijou com ainda mais força, fazendo-me reclinar ligeiramente para trás, o volume através do seu jeans despontando contra meu ventre.

Suas mãos exploraram famintas pelo meu corpo, despertando meu próprio apetite. Ele tocava e agarrava, amaciava e apertava, sondava e roçava. Minha língua deslizava contra a sua, rivalizando em necessidade e desejo, querendo provar cada centímetro de sua boca. Minhas costas bateram contra a porta, me fazendo choramingar.

A breve dor foi logo esquecida quando ele puxou ligeiramente meu lábio inchado entre os dentes, eu gemi sem fôlego. Abri os olhos sentindo as pálpebras pesadas, e ele me encarou de volta firmemente. Seus dedos engancharam a barra da minha blusa e, por um segundo, eu achei que ele ia simplesmente rasgá-la para fora do caminho. Nossas respirações pesadas se misturando na pequena distância entre nossos rostos.

— ele sussurrou. Eu deslizei a mão pelo seu peito, sentindo seu coração batendo forte contra a minha palma. Seus olhos me diziam coisas que sua boca não ousava pronunciar; que ele também tinha dúvidas, que também havia receios. Ao mesmo tempo, seu aperto estava firme na minha cintura. Nossa conexão foi tão intensa que eu quase podia ouvir sua luta interna gritando em minha cabeça.

Certo e errado. Arrependimento. Necessidade. Desespero.

Toda aquela intensidade me assustou um pouco e eu receei que ele fosse fugir. Eu deslizei minhas mãos sobre seus ombros até a sua nuca, enfiando os dedos em seu cabelo, emaranhando-o em volta deles.

— Isso é errado —exalei. — Muito errado. Mas eu não consigo parar. Eu não posso parar.

Ele respirou profundamente, como se minhas palavras tivessem tirado um grande peso de seus ombros, e sua boca pressionou duramente contra a minha. Minha língua deslizou por seus lábios, traçando o contorno, a sua devolvendo a carícia. Suas mãos se pressionaram nas minhas costas, me afastando ligeiramente da porta.

Agora era o meu beijo que exigia, que pedia e dizia o que eu queria. Felizmente ele parecia incapaz de me negar o que quer que fosse.

Meus quadris se moveram contra o seu, meu próprio desejo primitivo descontrolado. Ele quebrou o contato das nossas bocas e tirou minha blusa pela cabeça. Seus olhos desceram para o meu torso, pelos meus seios delicados moldados pelo sutiã roxo e minha barriga reta. Eu tive que resistir ao impulso de me tapar — era a primeira vez que ele realmente me via — até que vi a apreciação em seus olhos.

me puxou para longe da porta, recuando em direção à cama, mal se afastando de mim — felizmente, porque eu duvidava que conseguisse manter minhas mãos longe dele por um segundo que fosse. Ele me puxou com força contra si, meu peito quase nu batendo contra o tecido da sua camisa, o que me impacientou. Eu precisava senti-lo, sentir sua pele nua contra a minha. Ele pareceu entender isso, e me ajudou a puxar sua camisa pela cabeça. Eu me rocei contra ele, apreciando o calor do seu corpo e tocando todas as partes que podia alcançar. Ele me beijou profundamente e afundou as mãos no meu cabelo, correndo os dedos até as pontas e então descendo pelas minhas costas, até agarrar minha bunda. Meus dedos se curvaram em sua cintura, as unhas afundando na pele firme.

Ele deslizou as mãos por baixo da saia e massageou minha carne. Perto demais daquele ponto do meu corpo que clamava por seu toque. Eu gemi, me agarrando a ele com mais força, enquanto ele beijava meu pescoço. Joguei minha cabeça ligeiramente para trás, deixando o caminho livre para sua boca explorar. Calafrios correram pelo meu corpo. me girou repentinamente, nos deitando na cama. Sua boca seguiu ao longo da minha clavícula, a língua girando sobre a curva suave dos meus seios, sua respiração pesada e quente descendo contra minha barriga até alcançar o cós da saia. Ele se afastou ligeiramente, erguendo as mãos abrir o botão e o zíper, e então puxou a saia pelas minhas pernas.

Seus olhos encontraram os meus, cheios de fogo e desejo, fazendo o sangue correr mais rápido nas minhas veias. Ele se impulsionou para cima de mim outra vez e beijou meus lábios passionalmente, um beijo quase me levando às alturas. Uma mão se envolveu em meu pescoço, enquanto a outra desceu, deslizando para dentro da minha calcinha. Eu engasguei com o toque da sua mão na minha carne molhada. Mordi o lábio, quando seu dedo explorou o território, antes de finalmente deslizar para dentro de mim, curvando-se ligeiramente. Minhas coxas se estreitaram ao redor da sua mão, e eu gemi. Meus joelhos se dobraram e meu quadril se ergueu da cama. Seu dedo se movia com facilidade dentro de mim, e eu não sabia quanto tempo mais poderia aguentar. Precisava senti-lo dentro de mim.

Sua boca buscava a minha entre minhas arfadas, sua língua explorando tudo a sua volta. Minha mão escorregou para dentro da sua calça, as pontas dos dedos roçando sua ereção, e eu cegamente tentei afastar o tecido do caminho. Ele gemeu e liberou minha boca, descendo para beijar minha mandíbula, seus dedos se movendo mais rápido dentro de mim, o que terminou de embaralhar meu raciocínio — e minhas mãos, que ainda lutavam com a calça.

— Tira — ofeguei. — . Por favor.

Ele hesitou apenas um segundo antes de se afastar para atender minha súplica, todo meu corpo estremeceu quando retirou seus dedos, evidenciando o quanto eu estava perto. Enquanto ele se livrava do resto das roupas e colocava a camisinha, eu me ergui ligeiramente para soltar o fecho do sutiã, descartando a peça. voltou a se inclinar sobre mim, sua impressionante ereção pairando entre nós, e retirou minha calcinha — nosso último obstáculo — com um rápido puxão. Eu coloquei as mãos em seu peito, empurrando-o.

— Vire-se — sussurrei.

Ele caiu de costas contra o colchão, e eu montei em cima dele, estendendo uma mão entre minhas pernas e envolvendo os dedos ao redor do seu membro. ofegou e arqueou sob mim, seu quadril se projetando para cima. Eu me inclinei sobre ele, tocando minha testa na sua, meu cabelo caindo ao redor dos nossos rostos, e abaixei meu corpo sobre o seu, guiando-o para dentro de mim. Minha respiração ficou presa na garganta, enquanto sua ereção ia me preenchendo pouco a pouco, meus músculos se moldando à deliciosa invasão. Suas mãos agarraram meus quadris, impedindo que eu descesse rápido demais.

Nossas respirações quentes e trêmulas se misturavam no pequeno espaço entre nossas bocas, enquanto ele se acomodava completamente dentro de mim, espalhando uma sensação poderosa por todo meu corpo. Fechei os olhos, erguendo as mãos para me apoiar em seu peito, e comecei a me mover lentamente, para cima e para baixo, meus músculos sensíveis se retesando. Meus seios esfregavam seu peito firme, os mamilos endurecidos raspando em sua pele, e ele cravou os dedos na minha bunda, nossos quadris se chocando ritmicamente.

Cada nervo do meu corpo parecia estar ligado diretamente ao ponto onde estávamos unidos, e a pressão que crescia no meu ventre era tão forte que eu tinha a sensação de que estava prestes a desmaiar. Pequenas correntes elétricas se espalharam por todo meu corpo e algo pareceu se romper dentro de mim. Eu gritei, meu corpo estremecendo involuntariamente, meus músculos se apertando contra seu membro rígido, enquanto minhas unhas afundavam em seus ombros. grunhiu, pressionando-me contra si. Quando os arrepios começaram a diminuir, ele voltou a empurrar para dentro de mim desenfreadamente, indo ainda mais fundo a cada estocada. A onda elétrica — que mal havia passado — se espalhou novamente, desta vez com mais força. Eu quase podia senti-lo pulsando dentro do minha passagem estreita e, com mais um impulso, uma nova sequência de contrações se originou, percorrendo todo meu corpo. Agarrei seu cabelo com força, meu rosto se enterrando em seu ombro, e gritei outra vez, tão alto que não me espantaria que todo o segundo andar tivesse ouvido. ainda se mexia contra mim, seus braços me segurando com firmeza, arrancando seu próprio gozo. Ele estremeceu fortemente embaixo de mim, rosnando meu nome, e então seu aperto se afrouxou ao meu redor.

Eu relaxei contra ele, minha circulação ainda pulsando quente em meus ouvidos. Suas mãos se moveram nas minhas costas, deslizando pela pele suada, e ele beijou meu pescoço uma vez, duas, três vezes. Eu virei o rosto para ele e sorri contra sua bochecha.

— Mmph — murmurei. Porque estava fraca demais para conseguir formar qualquer palavra coerente.

Ele riu, rouco e esgotado, e eu desejei que pudéssemos ficar assim para sempre. Mas eu tinha que me levantar. Apesar de Brittany sempre passar os fins de semana com Mike, eu imaginava que ela poderia aparecer a qualquer momento, berrando por eu ter desperdiçado o ótimo partido que ela tinha me arrumado.

Eu suspirei e me ergui sobre os braços e pernas trêmulos, sentindo-o deslizar para fora de mim. ainda hesitou um instante antes de me deixar ir. Sorri para ele e peguei minhas roupas, indo para o pequeno banheiro adjacente.

Passei uma água no rosto e limpei rapidamente a maquiagem que estava começando a escorrer no canto dos olhos, antes de me vestir e voltar para o quarto.

— Temos que fingir, não é? — perguntei, sentindo o resquício de uma pequena nuvem negra rondando o paraíso. , que estava prestes a vestir a camisa, parou e olhou para mim. — Temos que fingir que isso nunca aconteceu. Assim como da outra vez. — Meus olhos, cheios de uma emoção que eu não queria que ele visse, desceram para o chão.

terminou de vestir a camisa e atravessou o quarto. Ele parou diante de mim, respirando profundamente.

— Sim. Essa é a ideia geral.

Eu suspirei pesadamente, soltando a mão da maçaneta da porta atrás de mim.

— Achei que seria.

— Mas isso não significa que temos que fingir que não existimos. — Ele tocou minha cintura, antes que eu pudesse me afastar, e eu virei o rosto para ele, confusa.

— O quê?

— Eu sinceramente não quero ter quebrando meu nariz, mas por alguma... razão absurda, ir embora sem saber que você ainda vai estar aqui me deixa louco — admitiu, prendendo meu olhar. — Eu não vou embora sem você me prometer que ainda vai estar aqui, .

— Aqui para o quê? Sexo? Porque eu posso conseguir isso em qualquer lugar, . Não é exclusivo para você — disparei, empurrando-o. — Eu não vou fazer isso.

Ele me agarrou de volta, me segurando contra si. Sua boca abaixou para minha orelha, e eu não consegui evitar o pequeno tremor que me percorreu.

— Eu disse que precisava de você esta noite, . Eu nunca disse que era só sexo. Você está presumindo, , e todo mundo sabe o que acontece com quem presume demais.

— É, mas você já é um idiota, então acho que não faria muita diferença.

Eu me arrependi de dizer aquilo, quando notei sua mandíbula tencionar.

— Encare isso, gata, você precisa de mim tanto quanto eu preciso de você. Talvez eu precise mais, ainda não descobri. Mas acredite em mim, , se eu sair deste quarto sem você me prometer que será minha, eu vou voltar e vou atrás de você. E quando te pegar, eu vou prender seu corpo nu em uma maldita cama até que você diga.

Minha respiração vacilou, e eu estremeci. Eu jamais admitiria, mas só de imaginar aquilo eu me sentia excitada. Meu corpo relaxou ligeiramente contra o seu, enquanto envolvia meus braços ao redor da sua cintura.

— Eu vou estar aqui — disse em seu peito. — Eu não sei... Não sei se haveria alguma chance de eu não estar.

Ele ergueu meu rosto para o seu e pressionou nossos lábios juntos.

Eu poderia vir a me arrepender isso. Muito provavelmente me arrependeria. Mas não importava, eu aproveitaria o que ele tinha para me dar, mesmo que fosse por um curto período de tempo.

mordiscou meu lábio inferior.

— Bom — murmurou contra minha boca. — Porque eu estava seriamente tentado a amarrá-la na cama.

Eu dei uma risadinha.

— Talvez da próxima vez.

~ ♥ ~

 


Estava acontecendo de novo.

Alguns pequenos detalhes mudavam algumas vezes, mas no geral era sempre a mesma coisa. Eu sabia o que ia acontecer, como ia acontecer, mas nunca conseguia impedir. Nem uma única vez.

A cena já familiar gravada a ferro na minha mente era tão real, que sempre trazia toda a dor de volta com ela. Eu me debati, tentando soltar o que me prendia no lugar — o cinto? — e gritei.

Por favor, me solte. Me deixe ir. Me deixe salvá-la...

? Anjo? — A voz de me arrancou bruscamente para fora do sonho, e eu percebi que não era a primeira vez que ele me chamava. Ele afastou os cabelos do meu rosto, enquanto eu respirava freneticamente, as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. — ?

— Foi só um sonho — murmurei para mim mesma. — Só um sonho.

— Anjo, você está bem?

Meus olhos se concentraram nele pela primeira vez, notando sua expressão preocupada. Eu assenti.

— Só me abraça. Por favor, .

— Claro que sim. — Ele me puxou para si, e eu enterrei meu rosto contra seu pescoço, esperando que ele pudesse apagar as imagens ainda vívidas em minha mente.

— Obrigada — sussurrei, deslizando as pernas entre as dele e o apertando com força. As lágrimas ainda escorrem incontrolavelmente dos meus olhos.

me aninhou contra si, murmurando suavemente no meu ouvido e acariciando meu cabelo, até que meu choro começou a ceder em tremores fracos.

 


 

Capítulo 13


Minha cama cheirava a , e eu estava sendo uma completa adolescente, me aconchegando debaixo dos cobertores em vez de me levantar. Era um aroma picante que parecia meio fora de lugar ali na Califórnia, mas tão certo para ele.

Embora manter um relacionamento secreto pudesse parecer romântico, seria complicado e poderia levar a um desfecho ruim. Por isso, a ideia de contar a me passava pela cabeça. Por que não? Era a coisa decente a fazer — a coisa certa a fazer. Eu deveria dizer a ele e acabar logo com aquilo. Ele provavelmente ia me ignorar por alguns dias — ok, e socar —, mas não seria mais fácil do que fingir?

Não, não seria. Contar significaria que nós dois havíamos mentido para ele — mais ou menos — desde o último fim de semana. Uma mentira por omissão. Apenas causaria dores desnecessárias, a todos nós. Machucaria , ele machucaria e provavelmente nos separaria antes mesmo que tivéssemos a chance de sequer começar.

Além disso, o que havia para dizer? Quero dizer, não era da conta de os garotos com quem eu dormia — eu não era burra de contar a ele esse tipo de coisa. Então por que seria diferente agora? Fora o óbvio, que era seu amigo e que desde o primeiro momento havia estabelecido uma linha que jamais deveria ser cruzada. A questão era que eu nem tinha certeza do que estava acontecendo entre nós dois. Não havia razão para chatear com algo que poderia não significar nada.

É, isso me fez sentir melhor. Um pouco.

Relacionamentos eram uma merda. Era muito mais fácil compreendê-los quando não eram reais. Eles faziam muito mais sentido quando eu me deitava na minha cama e mergulhava nas páginas de um livro.

Inspirei profundamente, sorvendo uma última vez o cheiro de , e saí da cama, com minha decisão egoísta tomada. Eu joguei a culpa para um canto remoto da mente entrei no chuveiro. A água morna caiu em um jato sobre meu corpo, aliviando o retesamento dos meus ombros. Mas não a tensão. Ela ainda estava lá dentro, em um lugar onde a água não podia alcançar.

Saí do box e me vesti rapidamente, penteando o cabelo molhado de lado. O dormitório ainda estava tranquilo — era cedo para uma manhã de sábado —, e eu esperava que a fraternidade também estivesse.

Eu me encolhi um pouco ao sair na brisa fresca, enquanto cruzava o caminho em direção à casa. O tempo estava meio nublado, mas o sol já dava mostras de que iria aparecer forte em algum momento das próximas horas.

Ao alcançar a varanda, eu agarrei a maçaneta da porta com força e a empurrei, ao mesmo tempo em que ela era puxada por dentro. Eu deixei escapar um pequeno grito abafado, me desequilibrando. Duas mãos agarraram meus braços— mãos que eu reconheci.

— Cuidado — murmurou com um sorriso, esfregando os polegares em meus braços.

— O que está fazendo acordado? — perguntei. Era realmente surpreendente que ele saísse da cama antes das 11 nos fins de semana.

— Indo correr. Eu posso fazer isso, não posso? — Ele ergueu uma sobrancelha, ainda sorrindo. Suas mãos desceram pelos meus braços, roçando por todo o comprimento. Arrepios deslizaram pela minha pele, me fazendo ofegar suavemente. Seus dedos ainda hesitaram nos meus por um instante antes de me soltar completamente.

— É claro — consegui dizer. — Mais alguém está acordado? — articulei com os lábios, sem emitir som. Ele assentiu. — Estou surpresa que você esteja acordado tão cedo. Quero dizer, geralmente você não estaria se recuperando de toda a atividade extracurricular da noite passada?

Um músculo sob seus olhos se contraiu, e eu me senti realmente mal por dizer aquilo.

— Oh, a noite passada foi diferente das outras noites — disse em um tom arrogante, mas seus olhos fixos nos meus continuavam suaves. — Na verdade, eu acho que não vou esquecê-la tão cedo.

— Vou deixá-lo com suas lembranças, então. — Eu saí do caminho, lutando contra o desejo de abraçá-lo como fiz na noite anterior. Ele avançou e se inclinou, seus lábios roçando minha orelha.

— Boa escolha.

Eu o observei por cima do ombro, enquanto ele saía. Sua camisa se agarrava ao corpo, as pernas fortes batendo contra a calçada quando ele começou a correr. Corrida. Isso explicava o abdômen duro e definido.

— Se ele viesse com essa merda perto de , estaria com o nariz sangrando.

Eu me virei, ficando cara a cara com do último degrau da escada. Ela estava reclinada casualmente contra o corrimão, seus olhos em mim.

— Na verdade — ela continuou. — Estou surpresa que você não o colocou em seu devido lugar.

Eu dei de ombros, avançando para dentro da casa.

— Nada que eu dissesse feriria o ego gigantesco dele.

— Isso nunca te impediu antes.

— Estou aprendendo a escolher minhas batalhas.

— E baixar a bola de um idiota egoísta e arrogante não é uma de suas batalhas? — Ela ergueu as sobrancelhas, e eu sabia que o nosso desafio estava implícito ali.

— Não... Não qualquer idiota. — Deslizei sobre um banquinho na cozinha e passei os olhos ao redor. — Uau. Este lugar foi destruído ontem à noite.

— Parece que sim. — observou a zona apaticamente, sentando-se ao meu lado. — Então deixe-me adivinhar, é a única batalha que você vai lutar? — perguntou, baixando a voz.

— Não. Eu não estou lutando essa batalha, eu simplesmente passei para você. — Eu sorri.

— Falando de mim de novo, meninas? — O tema da nossa conversa entrou no cômodo vestindo apenas uma bermuda e, pelo seu tom descontraído, ele não tinha nos ouvido. Felizmente.

jogou sua camisa para mim ao passar.

— Eca! Coloca isso. — Eu lancei sua camisa de volta. — Eu não quero ver você seminu tão cedo. Na verdade, eu não quero te ver seminu nunca mais.

sorriu e puxou a camisa sobre a cabeça.

— Você está com inveja porque não tem um corpo como o meu. — Ele envolveu os braços ao redor da e mostrou a língua para mim.

Oh, meu Deus, como eles eram fofos. Será que algum dos dois já tinha percebido isso?

Eu mostrei a língua de volta para ele. Porque éramos assim mesmo, muito maduros.

— Eu não quero um corpo como o seu. Estou feliz com o de menina, muito obrigada, você pode manter seus músculos. E por manter, eu quero dizer mantê-los dentro da camisa, .

revirou os olhos e se contorceu para fora dos seus braços.

— Apesar das diferenças óbvias, vocês são iguaizinhos!

— Graças a Deus pelas diferenças! — exclamei, jogando as mãos para o alto e descendo do banco. Eu dei a volta no balcão e fui até a geladeira.

— Eu concordo. Imagina que merda seria se eu tivesse acabado igual a você.

Eu franzi os lábios, interrompendo minha busca por copos limpos.

— Cuidado, . Eu sei todos os seus segredinhos sujos, lembra?

— E eu sei os seus. — Ele ergueu as sobrancelhas.

Não, você não sabe.

— Eu não tenho segredos sujos. Você fez tudo para garantir isso.

— Com certeza eu fiz. Mas você acha que eu não sei sobre Sam Carlton no último ano? Eu sei.

Eu inclinei a cabeça de lado e pestanejei.

— Então foi daí que veio o olho roxo.

— Com certeza.

— Espera. Você é de verdade? — olhou para . — Você deixou o cara com um olho roxo porque a fez sexo com ele?

— Não. Eu o deixei com um olho roxo porque ele fez sexo com a explicou. — É diferente.

Eu tomei um gole da minha água, e piscou para ele.

— Você realmente reencarnou da idade da pedra, não é? Você pegou sua enorme clava e lançou na cara dele? Ou montou em um tigre dente de sabre, rosnando para ele?

Eu engasguei, cobrindo minha boca com a mão para evitar cuspir água para todos os lados.

— Só tem uma clava para ser lançada aqui.

lhe lançou um olhar indignado.

— Não me admira que esteja tão tensa. Ela não está saindo com ninguém, porque você está assustando todos os caras!

— Eu não estou tensa! — chiei. E eu estou com alguém. Mais ou menos.

— Eu não os assusto! — argumentou. — Eu só aviso a eles que vão terminar com um punho na cara se tentarem ir para cima dela... — Ele concluiu em um murmúrio contra seu copo.

— Você está dizendo isso desde o início da faculdade? — Eu bati meu copo na pia com tanta força, que o resto de água dentro dele saltou pelos lados. — Oh, meu Deus, !

— Só um aviso — resmungou.

— Só um aviso? — gritou . — Não é de admirar que, de nós quatro, ela é a única que não está em um relacionamento!

— Carly não está em um relacionamento — apontei.

— Ela está em um relacionamento com o sexo. — Ela deu de ombros. — Dá no mesmo.

— Eu não adverti ninguém desde... — pausou.

— Desde dez minutos atrás, quando nós encontramos aqueles caras no corredor e você parou para se certificar de que ninguém desta casa havia sequer respirado perto da sua irmã, ou você iria pessoalmente castrá-los? — ofereceu .

Ah, meu Deus.

— Bem, sim. — Ele abaixou a cabeça e mordiscou a unha do polegar. — É melhor prevenir do que remediar.

Estreitei os olhos para ele, e apoiei o quadril contra a pia. Eu não podia acreditar que ele realmente estava fazendo aquilo. Sabia que ele era protetor comigo, mas puta merda!

Isso reforçava que o que tinha acontecido entre e eu teria que ficar em segredo — pelo máximo de tempo possível.

— Você percebe que eu posso cuidar de mim mesma, não é? — questionei. — Você percebe que eu não sou mais uma criança de nove anos no parquinho?

— Eu sei — ele respondeu em um tom um pouco mais suave, virando-se para mim. — Eu só não quero ninguém te machuque, . Você é minha irmãzinha. Eu quero que você encontre alguém perfeito para você se apaixonar, não algum otário que só quer se aproveitar de você.

Eu fechei os olhos por um segundo, pensando que seria desnecessário dizer que tecnicamente eu era a mais velha, portanto ele era meu irmãozinho.

— E se eu tiver que passar por algumas imperfeições no caminho?

Ele deu de ombros.

— É isso que eu vou impedir. Nenhum dos caras daqui é bom o suficiente para uma garota como você.

— Você também não está incluído nesta categoria? — perguntou suavemente.

— Eu estava, anjo. E provavelmente ainda estou. — Ele desviou o olhar sério de cima dela e o voltou para mim, apoiando os cotovelos no balcão. — É exatamente por isso que eu sei quem é bom para você e quem não é, porra. E enquanto o sr. Perfeito não chega, eu vou quebrar a cara de todos os idiotas que tentarem colocar as mãos em você.

É. Por mais que eu odiasse manter segredo dele, não podia descobrir.

~ ♥ ~


Depois de deixarmos uma parecendo perturbada e pálida voltando na direção do dormitório, e eu passamos em um Starbucks e levamos nosso café da manhã para a orla. Minha cabeça ficava dando voltas na pequena cena familiar daquela manhã, e eu me perguntava, não pela primeira vez, como alguém poderia ser tão otário com garotas e ao mesmo tempo tão superprotetor com a irmã.

era definitivamente uma contradição — e quanto mais eu via dele mais queria desvendar.

— Como você consegue ser magra? — ele perguntou, soando divertido. Eu peguei um pedaço do meu mufin e mastiguei, antes de responder.

— O que quer dizer? — Inclinei a cabeça para o lado.

— Tenho certeza que vi você comer um desses bolinhos todos os dias durante duas semanas.

— Duas semanas? Acredito que eu como um destes todos os dias pelos últimos oito meses, no mínimo. — Dei de ombros casualmente.

— E você está assim? — Seus olhos percorreram meu corpo descaradamente.

— Metabolismo rápido.

— Não que seria um problema se você não tivesse um metabolismo rápido. Com certeza eu poderia pensar em uma maneira de queimar as calorias extras. —Ele piscou maliciosamente para mim, e eu sorri.

— Tenho certeza de que você poderia pensar em várias maneiras. Infelizmente, eu também posso, mas nenhuma do tipo das suas. São todas atividades físicas.

— Eu nunca disse que as minhas não eram atividades físicas.

— Sexo não conta com exercício. — Olhei para ele enfaticamente. — Em nenhuma posição.

— Queima calorias — ele afirmou. — Isso conta como exercício.

Foi difícil conter o riso, mas eu suspirei e balancei a cabeça.

— Não é uma forma reconhecida de atividade física, .

— Você me chamou de na noite passada. Eu gostei. — Ele se inclinou sobre a mesa para afastar os fios de cabelo que o vento havia empurrado para o meu rosto.

— Eu chamei? Quando?

— Você, hm... Você teve um pesadelo, e eu te acordei. Foi aí.

— Ah. — Eu abaixei minhas mãos sobre a mesa, me sentindo um pouco fraca. Droga, eu até havia me esquecido que tinha acontecido. — Desculpe.

— Ei. — Ele tocou meu rosto e me fez olhá-lo. — Não se desculpe. Acontece com frequência?

Eu desviei os olhos dos seus, em direção ao oceano cristalino.

— Às vezes. Agora menos do que costumava.

— Por que você os tem? Quero dizer, sobre o que você sonha?

Eu puxei o ar e expirei lentamente pela boca, esperando que isso me ajudasse a não fazer nada idiota, como chorar. De novo.

— O dia que minha mãe morreu.

— Tudo bem, , não temos que falar sobre isso.

— Falar ajuda, às vezes.

Ele esticou a mão sobre o tampo de madeira, alcançando a minha, seus dedos entrelaçaram os meus, o polegar esfregando o dorso da minha mão.

— Se quiser falar comigo sobre isso, então vamos conversar.

E ali estava ele de novo, o que eu não imaginava que existia. Parecendo sensível e sincero. Eu respirei fundo mais uma vez, precisando de alguns instantes para reunir as palavras e a coragem para colocá-las para fora.

— Eu tenho pesadelos porque eu a vi morrer.

Eu me lembrava como se tivesse sido no dia anterior. Cada detalhe estava gravado na minha mente, e quando eu me deixava lembrar — como naquele momento — desenrolava-se como um rolo de filme antigo, um pouco confusas em algumas partes, mas eu ainda sabia de tudo.

— Nós tínhamos saído para uma noite de meninas. Nada excepcional. Minha mãe insistia que devíamos ter algum tempo só para nós duas, uma ou duas vezes por mês. Então saíamos para jantar, ver filme e às vezes fazer compras. Era um momento só nosso. Conversávamos sobre qualquer coisa, meninos, músicas, roupas. Tudo.

— Parece que vocês eram bem próximas — ele disse baixinho, segurando minha mão com firmeza.

— Nós éramos. — Um pequeno sorriso curvou meus lábios. — Ela era minha melhor amiga.

— Como ela era?

— Todo mundo diz que eu pareço com ela, mas eu não acho. Mamãe era linda. Claro, temos o mesmo cabelo e os mesmos olhos, mas ela tinha essa bondade interior que irradiava dela. Sempre estava feliz e sorridente, sempre pronta para dar uma mão. Ela trabalhava em um centro de juventude local com jovens viciados. Às vezes, quando eu ia com ela para ser voluntária nos fins de semana, eu os ouvia dizendo o quanto ela era incrível. Ela sempre iluminava meu dia. Todo mundo a amava. — Fiz uma pequena pausa, sentindo o aperto no meu peito se intensificar. — Mas naquela noite...

 

Era minha vez de escolher o que faríamos, então nós tínhamos ido ao cinema.

— Vamos comer algodão-doce — sugeriu mamãe, avistando um vendedor do outro lado da rua.

— Mãe, são onze horas! Papai está nos esperando.

— Ah, , deixa de ser desmancha-prazeres. — Ela estacionou o carro em frente ao vendedor. — Só vai levar dois minutos. Prometo.

Eu suspirei.

— Ok, filhinha.

Ela abriu a porta, olhando para mim por cima do ombro, e sorriu, os olhos arregalados e travessos, como os de uma criança. Não pude deixar de sorrir de volta — o sorriso dela era sempre contagiante. Vi quando ela saiu do carro e vasculhou a bolsa, procurando algum trocado, enquanto se aproximava do vendedor.

Estrondos ecoaram ao que parecia ser um quarteirão de distância. Fogos de artifício! Eu abri a janela e coloquei a cabeça para fora — então eu ouvi o grito. Alguém gritava cada vez mais alto. Os estrondos foram ficando mais fortes, mais próximos, e ouvi o barulho de pneus guinchando.

, abaixe-se! — gritou minha mãe.

Trêmula, eu me recostei de volta no banco, tirando o cinto de segurança. Deslizei para baixo no assento, enquanto os estrondos ricocheteavam nos edifícios em torno de mim. Olhei para minha mãe e então...

Bang.

Ela começou a cair. Eu gritei.

Um carro passou acelerando, meu cérebro finalmente registrando os estrondos como tiros. Eu rastejei pelos bancos, alcançando a porta do lado do motorista.

— Mãe! Mãe! Não, mãe! — Eu abri a porta e caí para fora do carro, lutando para ficar de pé. O cheiro espesso de pólvora e fumaça penetrando em minhas narinas.

Um grupo de pessoas havia se aglomerado, e eu tive que empurrar para abrir meu caminho, gritando por ela, desesperada por vê-la, porque ela tinha que ficar bem. Ela tinha que estar bem. Mamãe não podia me deixar, ela tinha que estar lá para sempre.

Para sempre, para sempre, para sempre.

estava ao meu lado, tirando minhas mãos que tapavam ouvidos, me trazendo de volta para o presente.

Ainda podia ouvir o estalo dos tiros em meus ouvidos. Ainda podia ouvir os gritos ecoando pela vida noturna da cidade. Ainda podia sentir a adrenalina que bombeava através do meu corpo, o medo de quando a compreensão apareceu. Ainda era tão real.

— É aí que fica confuso. Me lembro de ouvir as sirenes, e de ter sido segurada. Me lembro de me soltar e alcançar minha mãe e sacudi-la para fazê-la acordar. Ela não acordou. Não poderia. Ela tinha levado um tiro na coxa. No tempo que levou para que eu saísse do carro e chegasse até ela, ela perdeu muito sangue. Era tarde demais quando a ambulância chegou. Sozinha, numa calçada fria. Ela foi embora, e eu não fiz nada para salvá-la. Eu nunca deveria tê-la deixado sair do carro para comprar a droga de um algodão-doce.

Dedos suaves limparam as lágrimas que escorriam silenciosamente dos meus olhos. passou uma perna para o outro lado do banco, ficando de frente, e segurou meu rosto com as duas mãos. Eu olhei para seus olhos verdes, cheios de tristeza e simpatia.

— Você é incrível, anjo — disse em voz baixa. — Muitas pessoas no seu lugar, tendo passado pelo o que você passou, não estariam aqui hoje, seguindo em frente como você fez. Você é forte e corajosa, sabe disso, não é? Aposto que se ela pudesse vê-la agora, estaria tão, tão orgulhosa de você.

Eu assenti em silêncio. Ele beijou minha testa e me puxou para seus braços. A brisa suave do mar bagunçou meu cabelo, enquanto eu o abraçava, precisando do conforto e da segurança que ele podia me proporcionar.

Nunca tinha contado a ninguém toda a história. Mesmo quando meu pai me obrigou a falar com um terapeuta, eu nunca falei sobre isso. Era minha. A última lembrança dela era minha.

Mas não mais. Eu a compartilhei, no lugar onde ela nasceu e cresceu.

Eu a trouxe de volta para casa.

 

Os garotos estavam todos amontoados no quintal, sem camisa e lançando olhares em nossa direção. Carly sacudiu a cabeça e os desdenhou com um gesto de mão.

— Malditos animais — ela murmurou. — Desfilando seminus como se fossem os reis da fraternidade.

Eu abafei o riso contra minha mão.

— Não comece a rir de mim, . Você e são como o rei e a rainha do lugar, e Brittany e Michael são como o príncipe e a princesa. Ou deveria dizer princesa e princesa?

— Ei! — Brittany atirou uma batatinha nela. — Ele pode ser vaidoso, mas é o meu garoto vaidoso, Pope.

— Entendi, Princesa. — Carly piscou, e Brittany sorriu para ela.

Havia algo de relaxante em ter uma amizade estreita e segura com pessoas que podem te fazer rir. A conversa na praia com ainda estava pesando em minha mente, mas estar ali, com aquelas meninas, fazia tudo parecer melhor.

olhou para mim por cima do ombro e sorriu diabolicamente. Não pude deixar de sorrir de volta, e as borboletas, minhas velhas conhecidas, surgiram no meu estômago. Ugh.

— ♪ Is this love, is this love, is this love, Is this love that I'm feelling? ♪— cantarolou Carly, gesticulando expansivamente com as mãos.

— Vai te catar. — Eu joguei um pedaço do marshmallow nela, e ela a pegou e colocou na boca.

— Obrigada, fofa. — Ela piscou.

— Eu gosto de vê-lo feliz — disse , observando os garotos se espalhando e começarem a jogar. — Fazia tempo que não o via assim. E vai ser quase uma pena terminar com isso em duas semanas, ou menos. — Ela olhou para mim.

— Você conhece as regras do jogo, — respondi, arrancando um punhado de grama. — Quatro semanas. É tudo o que temos.

Ele me olhou de rabo de olho, um brilho de sabedoria dirigido apenas para mim.

— Se permitir que você vá.

Tradução: Se você puder terminar com ele.

Às vezes era realmente irritante o quanto ela podia ser observadora.

— Ele vai — eu disse com mais confiança do que sentia, meus olhos observando enquanto ele corria e brincava com seus companheiros de fraternidade. — Ele não vai ficar insistindo, .

— Se você diz — ela aquiesceu. Relutantemente. Ugh! Esse assunto estava começando a me encher.

Eu virei minha atenção de volta para o quintal e os assisti enquanto passavam a bola entre si. a pegou e correu em direção ao gol — que era marcado por dois pedaços de madeira. O suor escorria pela parte superior do seu corpo tonificado e os músculos das costas ondulavam enquanto ele corria. Foi o suficiente para me fazer querer pressionar minhas pernas uma contra a outra, porque ele era muito, muito gostoso. Especialmente quando estava suado e sem camisa.

Depois de alguns dribles — um tanto exibidos — chutou, marcando o gol. Os garotos do seu time correram até ele, trocando abraços e high-fives. Depois ele se afastou deles e começou a trotar na minha direção, parecendo perfeito demais para o meu gosto. Ele pegou minhas mãos e me puxou para cima, passando os braços ao redor da minha cintura e se inclinando para mim. Sem me importar com seu tórax úmido, eu passei meus braços por seus ombros, ficando na ponta dos pés, quando seus lábios tocaram os meus, em um beijo ardente. Agarrei seu cabelo, e um dos meus pés saiu do chão. Sua língua deslizou entre meus lábios, e eu, já familiarizada, acompanhei cada movimento.

Lentamente, ele me afastou. Eu sorri, e ele me olhou calorosamente, enquanto eu voltava para meus pés.

— Isso sim foi uma comemoração — ele disse, rindo.

— Você só queria se exibir. — Eu deslizei meu dedo pelo seu peito, seus dedos se curvaram na minha cintura.

— Quando eu tenho uma garota bonita como você para exibir, quem pode me culpar? — Ele sorriu e colou a boca no meu ouvido. — É melhor parar o dedo onde ele está, ou nós vamos continuar a nossa comemoração lá dentro.

Eu engoli em seco. Isso soava muito tentador.

Dei um pequeno puxão no cós da sua cueca.

— Você tem um jogo para ganhar — eu o lembrei. E a mim. — Vai lá jogar.

Ele sorriu novamente e me beijou mais uma vez. Para dar sorte, eu imaginei. Não que ele precisasse de alguma. Eu caí de volta no chão, enquanto ele corria de volta, e peguei meu saquinho de doce da Carly.

— Ei, acho que nunca tinha visto um verdadeiro beijo de levantar o pé! — sorriu.

— Um beijo o quê? — Carly ergueu as sobrancelhas.

— Beijo de levantar o pé — repetiu . — De “O Diário da Princesa”? Com Anne Hathaway?

— Eu tenho cara de quem vê a porra do Diário da Princesa, ?

— Com você nunca se sabe.

— Vou me lembrar de colocá-lo na minha lista de amigo oculto. Tenho certeza de que é fascinante.

se esticou por cima de mim e lhe deu um soco no braço.

— Não precisa ser sarcástica, Carly.

— Com você, , sempre precisa ser sarcástica.

— Cala a boca.

Eu sacudi a cabeça, sorrindo, e joguei marshmallows nas duas. Brittany riu e me imitou com suas batatas, fazendo e Carly gritarem de indignação. Antes que nos déssemos conta, estávamos no meio de uma guerra de comida, e eu estava deitada na grama, com o estômago doendo de tanto rir.

Quem imaginaria que a faculdade poderia ser tão divertida?

 


 

Capítulo 14

 

— Não, mãe. Eu não estou ficando para trás.

Bem, parece que tem um monte de festa acontecendo nessa faculdade.

— Mãe. Minhas notas estão boas. Sério.

Ela suspirou profundamente, fazendo o telefone chiar.

Acredito em você, , eu só não gosto da ideia da minha menininha ficando grávida de um adolescente cheio de tesão.

Ugh.

— Mãe, você está assistindo muita TV.

Você sabe, existem vários documentários sobre adolescentes grávidas. Isso me preocupa.

Eu não pude evitar que meus lábios se curvassem.

— Não vou ficar grávida, mãe.

Então, você pelo menos está usando proteção?

— Eu não disse que estou fazendo sexo.

Seu pai vai ficar feliz de ouvir isso — ela disse, em uma voz mais efusiva. — Falando do seu pai, nós vamos sair para jantar, então eu tenho que ir.

— Ok. Divirta-se e mande um beijo para o papai.

Pode deixar, . E você se comporte.

— Eu faço isso sempre — respondi secamente. — Devia se preocupar com o e sua nova namorada.

O quê? O está namorando?

— Sim, ela é do meu dormitório e é uma fofa. Aposto que vocês iriam adorá-la. Agora é melhor você ir, ou vai se atrasar. Tchau, mãe. — Eu desliguei antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa. provavelmente ia me matar quando soubesse, mas pelo menos eu havia dado aos meus pais outro assunto, que não minha vida sexual, para debater durante o jantar.

Era em momentos como aquele que eu lembrava porque tinha ido para Berkeley. Perto o bastante para visitar, mas longe o suficiente para ter um pouco de liberdade.

Bem pouco, considerando que ainda tinha no meu pé.

Eu me troquei, vestindo uma regata e um shortinho que usava para dormir, pronta para fazer meu dever de casa. Minha mãe podia acreditar que os fins de semana eram cheios de festas — e eram —, mas isto não significava que eu estava em todas as festas todo santo fim de semana.

Eu soltei um longo suspiro, pronta para enfrentar o trabalho de inglês que me aguardava, sentando com as pernas cruzadas. Uma batida soou na janela antes que eu pudesse começar, me fazendo franzir a testa. Na janela?

Rastejei pela cama, afastei a cortina e— dei de cara com . Ele sorriu.

— O quê? — Eu abri um pouco a janela. — Só... o quê?

— Abra a janela antes que eu caia desse cacete dessa árvore — ele murmurou, ainda sorrindo. Eu a abri totalmente, me sentando de volta. Ele olhou ao redor rapidamente, antes de passar a perna pelo peitoril da janela e se lançar para dentro do quarto. Ele aterrissou na cama, e eu me inclinei sobre suas pernas para puxar a janela e fechar as cortinas.

— Hmm — murmurei, mordendo o lábio, enquanto ele se levantava.

— O que foi? — Ele chutou os sapatos, sentando de frente para mim.

Eu olhei para a janela e de volta para ele, apontando de um para o outro em confusão.

— Você acabou mesmo de subir por uma árvore e entrar pela minha janela?

— Sim.

— Por quê?

se inclinou para frente e espalmou as mãos na cama, uma de cada lado das minhas pernas, a ponta do seu nariz quase tocando o meu.

— Porque eu queria te ver.

Eu ergui uma sobrancelha, sem me mover um centímetro.

— Uhum — murmurei pensativamente.

— Então já que toda essa coisa é segredo, eu pensei em puxar alguns movimentos ninjas. Eu sempre quis ser uma Tartaruga Ninja Mutante Adolescente, sabe. — Ele se inclinou ainda mais, pressionando os lábios nos meus, e eu sorri.

— Quem você era?

— Quem eu era?

— Qual tartaruga você era? Não sabe que sua escolha de tartaruga te define?

Ele recuou um pouco, inclinando a cabeça para o lado.

— Sério?

Eu assenti.

— Muito sério, é isso que define se você é legal ou não. Então, quem você era?

Suas sobrancelhas se ergueram ligeiramente, quando ele franziu a testa, com o olhar meio distante.

— Donnatello — sussurrou depois de algum tempo.

— Você era legal. — Eu toquei seu rosto e suavizei as rugas entre seus olhos. — Por que franziu a testa?

— Eu não lem... Eu estava pensando. — Ele sacudiu a cabeça ligeiramente e pegou minha mão de seu rosto, entrelaçando os dedos nos meus. Ele olhou para nossas mãos unidas, virando-as.

O silêncio se estendeu entre nós por alguns instantes, e eu ergui os olhos para ele. Estava franzindo a testa novamente, seus olhos parecendo mais escuros. Seus lábios estavam franzidos e sua mão apertava a minha com mais força.

? — chamei baixinho, minha mão livre pairando entre nós, sem saber ao certo se deveria tocá-lo ou não. Uma parte dele parecia tão distante, tão incrivelmente perdida, que eu queria agarrá-lo até que ele se encontrasse novamente.

Ele afrouxou o aperto na minha mão e encontrou meus olhos.

— Desculpe... eu só... pensei em uma coisa. Não importa.

— Você está bem? — Eu cheguei um pouco mais perto dele, minha mão decidindo pousar em seu pescoço. Ele assentiu.

— Eu estou... bem.

Puxei seu rosto para o meu, encostando minha boca na sua suavemente. Sua mão serpenteou pelas minhas costas, me puxando contra si, e eu me ergui ligeiramente sobre os joelhos. Sem deixar minha boca, ele me reclinou para trás, baixando lentamente meu corpo contra o colchão, e se pôs sobre mim. Eu corri o pé ao longo da sua perna, enquanto sua língua deslizava pela minha boca, me beijando do mesmo modo que tinha feito na noite anterior.

Profundamente. Desesperadamente.

E então ele se afastou, apoiando a testa no meu ombro por alguns instantes, e tirou as mãos das minhas. Sem dizer nada, ele se ergueu e começou a andar pelo quarto.

O que...? Que diabos tinha acabado de acontecer?

Eu me sentei, meu olhar confuso o acompanhando enquanto ele pressionava as mãos contra a têmpora e, visivelmente, tomava algumas respirações profundas. Parecia como se estivesse a ponto de ter um ataque de pânico ou algo assim.

?

 — Não vou fazer isso — resmungou, afundando a testa nas mãos. — Eu não vou fazer isso.

Tantas coisas passavam pela minha cabeça, que eu nem sabia se poderia colocá-las em palavras. Eu olhava para ele e seus ombros curvados, seus músculos tensos, e não tinha ideia do que ele queria dizer.

— Fazer o quê? — perguntei baixinho, quase com medo da resposta.

— Eu não vou... usar você. Não gosto disso. Não desse jeito. Não mais. — Ele deixou suas mãos caírem e exalou tremulamente. — Não você. — Suas mãos tremiam ao lado do seu corpo e, como se soubesse que eu havia percebido, ele apertou os punhos.

Eu me ergui e atravessei o quarto, parando bem atrás dele. Envolvi minha mão ao redor de um dos seus punhos cerrados e encostei minha bochecha contra seu ombro, minha outra mão deslizando ao redor do seu corpo. Meus dedos se abriram contra sua barriga, sentindo-a se agitar enquanto ele respirava profundamente. Ele inclinou a cabeça para trás contra o topo da minha, virando o rosto contra meu cabelo, e suspirou.

Este era um lado que eu nunca tinha visto. Ok, eu também nunca vi o lado do que escalava e subia por uma janela, mas aquilo... Aquilo era estranho. Era um que só deveria existir em um universo paralelo. Não tinha nada a ver com como eu imaginava que ele era.

Eu sempre achei que era exatamente como se mostrava. Agora eu achava que estava enganada. Agora eu achava — não, achava não, eu sabia — que havia um lado que ele não mostrava a ninguém, que ficava enterrado profundamente dentro dele. A julgar pela tensão em seu corpo, as batidas rápidas do seu coração e a respiração irregular, era um lado que ele não queria mostrar.

Mas era um lado que eu queria ver. Um lado que eu queria conhecer. Um lado que eu queria consertar, porque algo me dizia que estava um pouco quebrado.

Depois de um tempo, ele finalmente se virou, me segurando junto a si. Suas mãos se abriram nas minhas costas, os dedos se enterrando na minha pele, e eu envolvi meus braços em torno da sua cintura. Pressionei meu rosto contra seu pescoço, meus lábios roçando em sua clavícula, em um toque suave. Tudo o que eu queria era apagar a dor que eu vi em sua expressão.

Ele me apertou com mais força, enterrando o rosto no meu cabelo, as pontas dos fios tremulando com sua respiração. Eu me sentia como se fosse sua única tábua de salvação, impedindo-o de se afogar. E embora fosse doloroso vê-lo daquele jeito, parecendo frágil e atormentado, eu estava feliz por poder fazer alguma coisa por ele. Mesmo que fosse apenas me deixar ser abraçada bem apertado até ter meus ossos quase quebrados.

Ele finalmente tomou mais uma respiração profunda e virou o rosto para mim, acariciando minha bochecha com o nariz.

— Brittany vai ficar na fraternidade?

Eu assenti contra ele, aliviada por perceber que ele finalmente parecia mais calmo.

— Como sempre, nos finais de semana. — Minhas mãos esfregaram suas costas, deslizando sob a camisa, persuadindo seus músculos tensos a relaxarem.

— Eu quero ficar — sussurrou. — Me deixa ficar.

Eu recuei um pouco, tirando uma mão das suas costas e erguendo-a até seu rosto. Ele abriu os olhos para encontrar os meus, e eu os sustentei firmemente, tentando lhe passar um pouco de segurança.

— É claro — murmurei de volta. — O que você precisar.

Ele deixou escapar um suspiro trêmulo.

— Eu só preciso estar com você.

Eu fiquei na ponta dos pés e o beijei suavemente.

— A noite toda? — Eu mordi o lábio ao notar a incerteza ecoando na minha voz. Como se também tivesse percebido, envolveu meu rosto com as mãos e recostou a testa contra a minha.

— A noite toda.

Apaguei a luz, e nós andamos de volta para a cama, entrando embaixo da coberta. se deitou de costas, e eu me curvei ao seu lado, com metade do meu corpo sobre ele. Seus braços me envolveram, e minha mão repousou em seu peito, enquanto minha perna se alojava entre as suas. Eu ergui a cabeça e o beijei suavemente no pescoço.

Queria muito entender o que se passava com ele, mas sabia que não era o momento certo para pressioná-lo. Então apenas o deixaria me abraçar, esperando lhe dar ao menos um pouquinho de paz.

 

A cama se mexia abaixo de mim, afastando ligeiramente minha perna dobrada. Algo quente, macio e úmido roçou minha testa, e eu funguei, tentado me aproximar mais daquela sensação calorosa que envolvia meu corpo. Minha cama parecia um pouco mais dura do que eu me lembrava, e tinha um calombo cutucando minha coxa.

Quando uma mão percorreu minhas costas, afundando-se no meu cabelo, minha mente estava desperta o suficiente para perceber que aquela rigidez contra meu quadril não era um defeito do colchão. Os cantos dos meus lábios se ergueram, enquanto eu lentamente abria os olhos.

— Bom dia — murmurei, encarando os olhos mais incrivelmente castanhos que eu já tinha visto. Um castanho tão intenso onde eu queria me perder.

— Depende para qual parte do meu corpo você está falando — respondeu , erguendo meu rosto e beijando minha boca. Minha mão se fechou em sua cintura, e eu deslizei minha coxa para cima, esfregando sua óbvia ereção matinal.

— Acho que precisamos de todos os membros do seu corpo em acordo — sugeri. Eu passei a perna para o outro lado do seu quadril, movendo meu corpo junto, até estar sentada sobre ele. Esfreguei meu centro úmido contra seu pênis, me inclinando e beijando-o com força.

Suas mãos correram pelo meu corpo e deslizaram para dentro do meu short, agarrando minha bunda. As minhas mãos se emaranharam em seu cabelo, nossos corpos em atrito, enquanto ele pressionava seu quadril dentro do meu. Sua língua contornou meus lábios rapidamente, antes de penetrar em minha boca. Seus dedos deslizaram para baixo, as pontas roçando em minha umidade. Eu ofeguei, meu quadril rebolando contra o seu. Ele nos virou na cama, colocando-se em cima de mim, e se afastou ligeiramente para fitar meu rosto. Eu o olhei languidamente, desejando ansiosamente tê-lo dentro de mim.

Como se lesse isso em meus olhos, ele se apressou a tirar a regata do meu corpo e soltou o sutiã, jogando-os no chão. Sua boca desceu para o meu colo e capturou meu seio, minhas costas arquearam enquanto sua língua brincava com um mamilo ereto, esfregando o outro com o polegar. Eu corri meus pés ao longo das suas pernas, me esforçando para envolver minhas coxas ao redor da sua cintura. Não era fácil com sua boca me distraindo. Ele mudou sua atenção para o outro mamilo, me fazendo arfar.

Eu movi minhas mãos entre nós, encontrando o caminho para sua boxer, feliz por ele ter se livrado do resto das roupas em algum momento da noite. Minha mão deslizou para dentro do tecido, envolvendo os dedos gentilmente ao redor da sua ereção e começando a acariciar de leve. Ele empurrou o quadril contra minha mão, enquanto corria a língua pelo meu mamilo com firmeza, mas lentamente, provocando e me fazendo contorcer. Minha mão acariciava o cumprimento do seu pênis, deslizando e apertando, enquanto ele beijava vorazmente meu pescoço. Meu polegar esfregou a ponta, girando em um movimento rápido. Ele estocou ainda mais em minha mão, grunhindo, seus dedos enganchando no meu short.

Ele se sentou, seu membro escapando da minha mão, e deslizou o short pelas minhas pernas erguidas, levando junto a pequena calcinha vermelha que eu usava.

Eu pousei meus pés sobre a cama, enquanto ele voltava a se inclinar sobre mim, apoiando uma mão na cama e a outra descendo pelo meu corpo. Um dedo deslizou facilmente para dentro de mim, sua língua provocando dentro da minha boca, e eu arquei o quadril. Outro dedo se juntou ao primeiro e o polegar circulou meu clitóris. Eu gritei sentindo um pequeno choque, os músculos das minhas pernas se retesando. Droga, eu estava perto demais. Felizmente, parou os movimentos. Não é que eu não quisesse gozar, mas eu queria gozar com ele dentro de mim.

Então me sentei e alcancei a gaveta ao lado da cama, de onde tirei uma camisinha. abaixou a cueca, sem se preocupar em removê-la, e rolou o preservativo em seu pênis, pousando-o contra minha abertura. Eu agarrei seus ombros, e ele me penetrou, sibilando um suspiro. Nossos corpos se encaixaram tão perfeitamente como duas peças de um quebra-cabeças. Seus lábios cobriram os meus, quando ele começou a se mover dentro de mim. Devagar, mas intensamente.

Apesar de não entender por que, eu sabia que era diferente das outras vezes. Não só para mim, mas para ele também. Parecia... Parecia mais do que sexo, mais do que uma louca atração sexual. Havia uma necessidade premente de entrega, de libertação.

Seu corpo ondulava contra o meu, e eu enterrei o rosto em seu pescoço. Ele respirava pesadamente, com a boca contra minha nuca, reverberando por todo meu corpo. Meus dentes rasparam na pele do seu ombro, enquanto ele se enterrava dentro de mim, cada vez mais fundo. Meus músculos se estreitando ao redor da sua ereção latejante, enquanto meu corpo começava a convulsionar.

Eu joguei a cabeça para trás, minha vista ficando em branco, sentindo-me transbordar. capturou minha boca, dando mais algumas rápidas estocadas, antes de estremecer pesadamente sobre mim.

Naquele momento, ele era meu. Podia não ser no dia seguinte, na próxima semana, no próximo mês... Mas naquele momento, ele era completamente meu.

começou a se mover para sair de dentro de mim, mas eu balancei a cabeça e o puxei para mais perto. Ele passou as mãos pelas minhas costas e me segurou apertado contra si. O calor do seu corpo, seus batimentos eram tudo o que eu sentia, era tudo o que existia para mim.

Não importava o quanto duraria. O que importava era que eu teria aqueles momentos para guardar para sempre.

~ ♥ ~

— Você não precisava ter vindo comigo — eu disse, deitada de costas sobre a toalha de praia. podia ter toda aquela aparência de garoto californiano, mas seu desconforto ao sentar na areia deixava claro que ele não fazia o gênero praieiro. — Eu posso muito bem tomar sol sozinha.

Ele rolou de lado e se apoiou no braço.

— E por que eu não viria? Gosto de passar o tempo com você. — Seu dedo se arrastou pela minha barriga plana, me fazendo prender brevemente a respiração. Eu me contorci para que ele parasse.

— Porque não — respondi, dando de ombros.

— Porque não?

— É. Porque não.

bufou e, de repente, estava em cima de mim, com uma perna dobrada de cada lado do meu quadril. Eu gritei de indignação e retirei os óculos escuros, jogando-os ao meu lado. Quando meus olhos encontraram os seus, seus lábios de contorceram em um sorriso predador.

— Que foi?

— Por que você está em cima de mim?

— Me deu vontade.

— Te deu vontade?

— Sim.

— Por quê?

— Porque sim.

— Porque sim? — Ergui uma sobrancelha.

— É. Porque sim. — Ele pegou minhas mãos e entrelaçou seus dedos com os meus. Não era fácil conter a vontade de rir, mas eu me esforcei bravamente. Embora ele possivelmente pudesse ver a diversão brilhando em meus olhos.

Depois de um longo instante só me encarando, ele finalmente se inclinou para frente e roçou os lábios nos meus. Eu aumentei o aperto em seus dedos e separei ligeiramente os lábios, apreciando o sabor da sua boca. Ele se afastou cedo demais para o meu gosto, e eu abri os olhos relutantemente.

— Por que fez isso? — murmurei, me referindo ao beijo.

— Porque eu posso.

Eu bati com nossas mãos unidas em seu ombro, rindo.

— Muito bem. Mas agora pode sair de cima de mim. Você está tapando meu sol.

Ele sorriu e rolou de volta para o meu lado. Eu coloquei meus óculos de volta e tentei voltar a relaxar. Mas não era uma tarefa fácil com aqueles olhos percorrendo cuidadosamente cada centímetro do meu corpo.

— Pare de me despir com os olhos.

— Odeio dizer isso, anjo, mas não tem muito o que despir. Não que eu esteja reclamando. — Ele percorreu a lateral do meu corpo com a mão, seus dedos sondando suavemente a pele debaixo do top do biquíni. Eu mais uma vez prendi a respiração.

— adverti.

— O quê? — Sua mão traçou minhas costelas.

!

— O quê?

— Tem pessoas ao redor — sussurrei entre dentes.

— E daí? — Ele se inclinou e depositou um beijo na minha bochecha, próximo ao ouvido. — Eu tenho permissão para tocar a minha namorada.

— Mmm — resmunguei indefinidamente.

Ao invés de se afastar, sua boca encontrou a minha novamente, a língua percorrendo meu lábio inferior. Eu grunhi de surpresa, e ele aproveitou a oportunidade para explorar o terreno. Sua língua deslizou para dentro da minha boca, enquanto seus lábios se moldavam aos meus. Coloquei minhas mãos em seu pescoço, intensificando o beijo. Junto à minha coxa, eu pude sentir um volume despontando. Ele se remexeu um pouco, correndo os dedos pelos meus cabelos.

— Acho que você precisa de um banho frio — murmurei contra seus lábios, percorrendo seus braços com as unhas e o sentindo estremecer ligeiramente.

— Tem um mar bem ali. Quer se juntar a mim?

Eu suspirei e franzi o nariz.

— Não tenho se é a coisa mais inteligente a fazer, mas tudo bem — concordei. se levantou e estendeu as mãos para mim. Eu tirei os óculos escuros, segurei suas mãos e o deixei me içar. — Quem chegar por último é a mulher do padre! — gritei, antes de empurrar seu peito e ir correndo e rindo em direção à praia. O elemento surpresa e o ligeiro desequilíbrio pelo empurrão foram o que me permitiram pegar a dianteira.

Corri sem olhar para trás, sabendo que era só questão de tempo até ele me alcançar, mas quando uma onda banhou minhas pernas, eu gritei e voltei correndo na direção dele. riu e balançou a cabeça. Soltei outro grito quando ele repentinamente me levantou, correndo  comigo em direção à água.

, não! Está frio!

— Por isso mesmo!

Eu esperneei, me agarrando ao seu pescoço, mas só parou quando a água alcançou a altura da cintura. Então ele me soltou, meu corpo deslizando pelo seu, grande e quente. A sensação da sua pele contra a minha era deliciosa, mas quase foi apagada da minha mente quando a água gelada alcançou a minha barriga.

pigarreou, e eu olhei para ele através dos cílios. Sorri e o empurrei novamente. Desta vez ele se desequilibrou o suficiente para cair para trás na água, mas recuperou-se rápido, tossindo. Seu olhar prendeu o meu e eu soube que estava encrencada.

— Não! — gritei, andando de costas para longe dele e erguendo as mãos para me proteger. — Desculpa!

— Tarde demais. — Ele avançou em minha direção, e eu me virei para correr.

— Não!

Mal tinha dado dois passos quando ele caiu sobre mim, nós dois afundando juntos, enquanto eu tentava chutá-lo, querendo escapar. Quando eu percebi que não daria certo, me apoiei em seus ombros e deslizei para cima, por entre seus braços, em direção à superfície. Eu ainda estava retomando o fôlego, quando ele também emergiu, agarrou minha bunda e me segurou contra si.

— Seu—

Sua boca faminta me silenciou. Minhas mãos encontraram seu cabelo, onde meus dedos foram se emaranhar. Uma de suas mãos subiu para minha cintura, e meus pés se cruzaram nas costas dele, assim eu podia me manter firme contra ele.

Sua ereção atritou contra meu ponto mais sensível e eu gemi, me imprensando contra ele com mais força. A água ondulando ao nosso redor parecia atiçar a sensibilidade da pele. Senti seus dedos afundando na minha bunda e nas costas, enquanto eu me movia um pouco mais para cima, querendo aumentar o contato. Eu assumi o controle do beijo, minha boca movendo sobre a sua com mais voracidade. Explorando. Desejando.

De repente, o ruído das ondas batendo na costa e das vozes vindo da praia me fez lembrar que não estávamos sozinhos. Eu interrompi o beijo.

— As pessoas estão nos observando, não estão? — sussurrei.

Ele olhou para a praia, por cima do meu ombro.

— Sim.

Meu rosto esquentou, e eu virei a cabeça para olhar. Havia dois meninos naquela direção, com cerca de oito anos, nos encarando de boca aberta.

— Eca! — eles gritaram e correram pela areia.

parecia achar aquilo muito engraçado, já que riu, enquanto eu enterrava o rosto em seu ombro, mortificada. Lentamente, soltei minhas pernas e deslizei para baixo, minhas mãos deslizando na pele molhada do seu peito liso.  Só por apoio, claro. Ele pousou a bochecha no topo da minha cabeça, ainda rindo, e eu o empurrei de leve.

— Não tem graça. Eles devem estar pensando que acabaram de ver um pornô ao vivo. — Eu me afastei ligeiramente para erguer os olhos para ele.

— Anjo, eles são crianças. Você é uma garota, então para eles, significa que você tem piolho.

Isso ajudou a eliminar um pouco da minha vergonha.

— Eu tenho piolho? — perguntei, estreitando os olhos com diversão.

— Hm, eu ainda não tenho certeza. — Ele deu de ombros.

— Então, se eu tenho... — Eu sacudi meus cabelos molhados em direção a ele. — Considere-se infectado.

Deslizei para fora dos seus braços, rindo, enquanto tentava correr de volta para a praia. Não era fácil correr dentro d’água. Uma gargalhada irrompeu atrás de mim, e eu me virei para olhar, puxando meu cabelo por cima do ombro.

Havia uma leveza em seus olhos risonhos, e eu percebi que esta era a primeira vez que eu via o Todo Poderoso totalmente relaxado. Era um novo , um que não era um garoto da fraternidade, que não era autossuficiente, que não era um mulherengo, e nem o irmão protetor. Era apenas .

~ ♥ ~

— Eu tenho uma pergunta.

— Nunca é bom quando você tem uma pergunta. — sorriu.

Não devíamos estar tão tranquilos àquela hora. Britt não costumava aparecer aos domingos antes do meio da tarde, Carly certamente estaria dormindo e havia saído com , mas imprevistos acontecem. Mesmo assim, embora já estivesse meio vestido, não parecia ter pressa para ir embora. E nem eu queria que ele fosse.

Eu dei um tapa em seu peito.

— Não é tão ruim assim!

— Ah, é? Como naquela vez na aula de Inglês quando você jurou que não era grande coisa, mas acabou mantendo o professor falando sem parar por metade da aula?

Eu dei de ombros, mordendo o lábio para evitar um sorriso sem graça.

— Tornou a aula mais fácil!

Ele se inclinou para frente na cama, apoiando o cotovelo em uma perna dobrado, e usando a outra mão para tocar meu rosto. Sua boca pairando a poucos centímetros da minha.

— E resultou na porra de um trabalho depois — sussurrou.

— Hm, é. — Eu sorri, franzindo o nariz. — Mas então...

— Manda ver.

— Ontem, quando eu perguntei qual tartaruga você era... Você parecia estar em outro lugar. Como se... não tivesse ideia do que eu estava falando.

abaixou a perna dobrada e se recostou contra a cabeceira da cama. Eu quase podia ver as engrenagens rodando ansiosamente em seu cérebro.

— Eu tive aulas em casa — respondeu finalmente, parecendo inseguro. — Eu não me ligava nessas coisas, não tinha com quem brincar, eu só... Meu avó me ensinava. — Ele exalou pesadamente, e eu percebi que era um assunto delicado para ele.

— Seu avô? — perguntei suavemente. — Por que não sua mãe? Ou seu pai?

— Eu não posso... — Ele se levantou de repente, balançando a cabeça. — Eu não posso ter essa conversa hoje, . Qualquer dia, menos hoje.

Ele começou a andar lentamente pelo quarto, pressionando os olhos com as mãos, e eu percebi que sua mente o havia transportado para outro lugar. Eu queria fazer alguma coisa, dizer alguma para trazê-lo de volta. Mas não sabia o quê. Então apenas o observei apreensivamente enquanto ele esfregava a têmpora com as palmas das mãos.

— Só não hoje — ele repetiu, respirando profundamente. — Eu preciso ir. Tenho que ver o meu avô.

Eu estremeci ligeiramente, percebendo que ele estava fugindo de mim. O que mais eu poderia esperar? Por mais que quisesse aliviá-lo do que quer que o perturbasse, não poderia exigir que ficasse e se abrisse comigo.

Ele se aproximou, depois de calçar o tênis e vestir a camisa, tocou meu rosto e descansou a testa contra a minha.

— Não é você, . Tem muita coisa sobre mim que você não sabe, muita coisa que eu não quero que você saiba. Não são coisas boas, ok? Hoje não é um bom dia para falar sobre isso. Talvez nunca seja. Eu não sei.

— Eu quero saber — sussurrei, descansando as mãos em seus braços. Confie em mim, eu quero te ajudar.

— Eu não quero que você saiba. — me beijou rapidamente e se afastou. Abriu a janela e deu uma olhada nas redondezas, antes de saltar para o galho.

— Então quando você estiver pronto — sussurrei —, eu vou estar aqui. Esperando.

Ele fez um último contato visual, por sobre o ombro, antes de continuar sua descida pela árvore.

 

— Vamos lá! — implorou Carly. — É domingo! Quem faz a porra de um trabalho no domingo?

— Eu faço — respondi, impassível. — É para depois de amanhã, então tenho que fazer.

— Não foi para fazer isso que você ficou aqui ontem? — Ela arqueou as sobrancelhas.

— Sim.

— Então por que não fez?

Porque eu estava ocupada com o meu... ahn... peguete?

— Porque eu dormi cedo.

— Você nunca dorme cedo.

— Meu Deus do céu! O que é isso? Dia de interrogar a ? — Eu abaixei a caneta com força contra o caderno e olhei para ela, exasperada. — Que merda, Carly. Quer aproveitar e perguntar quais pontos do meu corpo que me excitam?

Ela bufou.

— Sem ofensa, querida, mas eu não estou interessada em você desse jeito, então vamos pular as perguntas eróticas. Mas por que você dormiu mais cedo?

— Eu não sei, Carly. Por que as pessoas costumam dormir cedo? Será porque estão cansadas?

— Oh, parece que alguém está esperando a mãe natureza!

— Não até daqui a duas semanas — repliquei por entre os dentes. Afinal, ninguém precisava de TPM para se irritar com a Carly.

— Então você deve estar grávida... Ah, não, espera...

— Carly? Vá se foder.

— Eu vou — ela murmurou, abrindo a porta. — Tente não matar ninguém, meu pequeno pacote hormonal de alegria!

Eu lancei a caneta para o outro lado do quarto, batendo contra a porta fechada. Fiquei olhando inexpressivamente para ela por um segundo, então balancei a cabeça. Eu estava tentando fazer o trabalho — tentando sendo a palavra principal nessa frase. Minha mente ainda estava presa em e o modo como ele tinha agido na noite passada. E naquela manhã.

O que eu sempre conheci — e por quem me apaixonei — era arrogante. Egoísta. Cabeça-dura. Ele era imprudente, volúvel, e não pensava em ninguém além de si mesmo. Mas não foi esse que eu vi de manhã. Eu pude ver em seus olhos — uma parte dele mais profunda, mais sombria, que me fez acreditar que o resto era só uma encenação. Uma máscara para enganar as pessoas.

Levantei-me para recuperar a caneta e voltei a me acomodar na cama. Eu não tinha ideia de porque ele disse que precisava de mim, ou porque disse que não iria me usar. Não fazia ideia de quem ele era por trás da máscara, ou do que parecia assombrá-lo tanto.

Eu só queria ter certeza de que ele estava bem. Queria ter coragem de pegar meu celular e descobrir.

Mas eu não tinha.

 


 

Capítulo 15

 

Eu sorria sozinha distraidamente, enquanto andava para fora da sala. Abracei meus livros contra o peito, e meu cabelo caiu para o lado do meu rosto, escondendo um lado dele. Desde que tinha passado a manhã anterior na praia com , eu me sentia melhor do que há muito, muito tempo. Eu gostaria de acreditar que era graças à mistura de sol e mar, mas estaria mentindo para mim mesma.

Tinha certeza que ele era o principal motivo da minha felicidade.

— Ei, . — Frank me alcançou, acertando o passo com o meu.

— Ei. Como vai?

Eu olhei para ele, pensando — não pela primeira vez — que era uma pena que não o via como nada mais que um amigo. Embora ele não fosse tão atraente quanto , seus cabelos vastos e olhos castanhos eram igualmente cativantes. Ele era uma pessoa incrível, e certamente daria um ótimo namorado.

Mas por que eu o estou comparando ao ?

— Bem. Olha, me desculpe se vocês acabaram brigando na sexta. Eu nunca pensei que fosse tão... tão...

— Protetor? — ofereci sarcasticamente, ecoando a palavra usada por .

— É, isso.

— Não esquenta. — Eu dei um tapinha em seu ombro. — Ele só... Sei lá. — Eu dei de ombros.

— Eu não tinha dúvidas de que você iria colocá-lo na linha, de qualquer modo. — Ele sorriu para mim.

Um canto da minha boca se curvou.

— Claro que o coloquei. Eu convenientemente lembrei a ele que estava usando a camisa dele, não a sua.

— É. — Frank pigarreou e afastou o olhar. Ele estava corando? Pera, o quê? — Bem, eu tenho que ir. Te vejo por aí, .

— Ahn, tá? — Eu franzi a testa vendo-o se afastar, acenando por cima do ombro.

— Tudo bem, anjo? — parou ao meu lado, deslizando um braço em volta da minha cintura.

— Sim. Só Frank sendo estranho. — Eu sacudi a mão e sorri.

— Frank é sempre estranho. — Ele depositou um beijo rápido nos meus lábios, e nós deixamos o prédio, pegando o caminho que nos levaria ao Starbucks. Nham.

— Não, ele corou. — Eu inclinei a cabeça, pensativa, e então percebi. — Ah. Ah!

— O que foi?

— Ele acha que nós fizemos sexo no sábado. — Eu ri. — Ah. Ele deve estar se sentindo muito estranho.

— Por que ele se sentiria estranho por isso? — perguntou, com uma voz tensa.

— Nem começa. — Dei um tapa no seu peito. — Porque eu mencionei que estava vestindo sua camisa, é por isso. Ele deve ter assumido.

— Bom. — Ele riu. — Pode ser que ele recue agora.

— Ele nunca deu em cima de mim — eu disse, revirando os olhos. — Pode até ter dado essa impressão, mas nós só somos amigos.

— Claro que são, linda. Talvez seja uma coisa boa que ele sabe disso agora — ele disse sarcasticamente.

— Ora, ora, , você está com ciúmes? — Eu ergui uma sobrancelha. Ele abriu a porta do Starbucks, olhando para mim.

— Do Frank? Não. Por que eu estaria?

— Você parece com ciúmes para mim.

— Eu não estou.

— Então por que parece que está?

— Não pareço!

— Sim, parece.

— Eu não vou discutir isso, .

— Eu não estou discutindo — repliquei. — Estou perguntando, e você não está respondendo. Há uma diferença.

Ele fez o nosso pedido habitual para a barista e prendeu meu cabelo atrás da minha orelha.

— Você está discutindo — ele sorriu —, e nem percebe.

Estreitei meus olhos para ele, prestes a retrucar, e percebi que ele estava certo. Idiota.

— Tudo bem. Você não está com ciúmes. Tanto faz.

— Ah, para. — Ele me puxou e deu um beijo no meu rosto. — Você fica bonita quando está brava.

— Eu não estou brava!

— Claro que não. — Ele sorriu suspeitosamente e pegou nosso pedido.

Eu bufei e andei até a mesa com um sofá e duas cadeiras. Sentei-me em uma das cadeiras e olhei para ele.

— Provando meu ponto, anjo?

— Nem um pouco. — Sorri docemente e peguei meu café e o muffin. — Eu só queria sentar aqui.

—Está certo — disse, sentando na cadeira à minha frente.   Ele me observava enquanto eu tomava um gole do café e peguei meu bolinho do mesmo jeito de sempre. Era enervante. Ele também estava comendo e bebendo, mas não tirava os olhos de mim por um segundo sequer. Eu nem sabia se ele estava piscando.

Não sabia se eu gostava ou não. Mas, ei, pelo menos eu estava jogando direito, né?

É.

Era quase engraçado como às vezes, só às vezes, era tão real que eu esquecia o jogo.

— Você está pensativa de novo.

— Estou pensando no tanto que você está me encarando.

— Talvez eu goste de te encarar.

— Talvez eu não goste de você me encarando.

— Acho que você está num humor argumentativo hoje, .

— Eu acho que você... — Eu parei e inclinei a cabeça de lado, finalmente encontrando seu olhar. — Hm. Você pode estar certo. Que tal isso? — Sorri.

Ele lutou para controlar seu sorriso, seus olhos já brilhantes avivando-se ainda mais.

— Era esperado acontecer.

— Você estar certo?

— Sim. Na verdade, isso acontece o tempo todo.

—Mas é claro — eu disse, revirando os olhos.

— Você duvida, mas toda vez que eu olho para você eu sei que você é linda, e estou absolutamente certo sobre isso. Portanto, neste caso, eu estou sempre certo, porque você está sempre linda.

Eu mordi o canto do lábio inferior, sentindo um leve rubor subir pelas minhas bochechas, e baixei o olhar, desconfortável.

Justo quando eu me lembrei do jogo, ele foi e disse algo assim, me fazendo recordar de que para ele isso era real.

— Ei. — Ele se levantou e veio na minha direção, sentando no sofá ao meu lado. — Não era minha intenção te deixar envergonhada.

— Você não me deixou envergonhada — eu disse suavemente e ergui os olhos, encontrando os seus. — Eu só... não sei.

Ele segurou o meu queixo e correu o polegar pela minha bochecha.

— Você não está acostumada a escutar que é linda, não é?

— Por que acha isso?

— Na primeira vez que eu disse, você chorou. E agora você está se escondendo.

— As únicas pessoas que já me disseram isso foram os meus pais. E desde que mamãe morreu, meu pai não tem tido cabeça para outras coisas.

Ele encostou a testa na minha, e eu fechei os olhos, lutando contra as lágrimas que pareciam surgir a cada vez que pensava em meus pais. Eu podia pensar neles separadamente, mas quando um se está morto e o outro quer estar, era doloroso colocá-los juntos até mesmo em pensamento.

— Acredite — sussurrou suavemente. — Acredite, anjo, por que você é linda. Eu não sou cego e não sou estúpido– ok, talvez eu seja meio estúpido às vezes... — Eu sorri. — Mas eu sei que você é linda. Vejo isso todos os dias.

Eu lambi os lábios.

— OK, eu posso não acreditar, mas eu vou deixar você ganhar desta vez.

— Ah, você vai me deixar ganhar, é? — ele murmurou, divertido.

— Sim. — Eu segurei sua mão desocupada, entrelaçando meus dedos nos dele. — Eu vou deixar.

— Muito generoso da sua parte. — Ele riu e pousou um beijo gentil nos meus lábios. Eu aumentei o aperto em sua mão, me perguntando o que eu estava fazendo.

~ ♡ ~


— Deixa eu ver se entendi. Você fugiu de Charlie na sexta à noite, foi para a cama cedo no sábado, chutou a Carly para fora do quarto na noite passada, e ainda não terminou o trabalho? — Brittany perguntou, erguendo as sobrancelhas.

— Sim. — Eu suspirei. — Isso basicamente resume tudo.

Ela franziu a testa, mastigando uma bala de alcaçuz.

— Por quê?

— Porque sim, porque não... — Eu dei de ombros, me confundindo com a resposta. — Não tem uma razão. Acho que eu não estava com humor para fazer o trabalho de inglês neste fim de semana.

— Com que tipo de humor você estava?

— Ao que parece, sonolento.

— E a sua desculpa para fugir do encontro?

— Ele não é meu tipo.

— Ele é gostoso, musculoso e o pai dele é, tipo assim, rico. Como pode ele não ser o seu tipo?

Nós nos erguemos do gramado e começamos a caminhar em direção ao prédio principal. Brittany jogou seu saco vazio na lata de lixo antes de passarmos pelas portas duplas e colocou a bolsa no ombro.

— Sei lá. — Eu encolhi os ombros. — Ele só... não é.

— Deixe-me adivinhar, não havia nenhuma centelha mágica e paixão implacável como a de Elizabeth e o sr. Darcy?

— Exatamente — eu concordei, me agarrando ferozmente à isca que ela havia me jogado. — Ele é uma sombra pálida em comparação ao maravilhoso Darcy.

— Você e seus livros. — Ela balançou a cabeça.

— Não há nada de errado com meus livros.  Eles me dão o que eu não tenho na vida real.

— Como o cara perfeito?

— Exatamente! E até que eu tenha o meu sr. Darcy, não vou parar de ler. Charlie definitivamente não era o Sr. Darcy.

— Sabe de uma coisa? Você é uma péssima mentirosa — ela disse repentinamente.

— Como assim? Ficou maluca? — eu pisquei com deliberada indignação. — Por que eu mentiria?

— Eu não sei o que está escondendo, mas você não está me dizendo toda a verdade. — Ela parou do lado de fora da sua sala e inclinou a cabeça, me estudando. — Alguma coisa que queria compartilhar?

Eu olhei para ela, vendo seus lábios curvados para cima e os olhos curiosos.

— Não — eu menti, abraçando meus livros contra o peito. — Nada que eu queria compartilhar.

— Então acho que vou ter que descobrir sozinha. — Ela sorriu e desapareceu dentro da sala.

Eu puxei uma respiração profunda. Agora teria que ter extremo cuidado com a cruza de Sherlock Holmes com Cupido.

Um braço repousou em meus ombros.

— Sorria, — disse , me guiando para nossa sala.

— Onde está ?

— Ela está se preparando para apresentar um seminário.

— É bom que seja isso mesmo — ameacei, com um olhar de advertência.

— Que porra, , você está parecendo a mamãe.

— É porque eu aprendi com ela. — Eu sorri docemente e me esquivei de seu braço, subindo a escada.

— Você parece diferente.

Ai, meu Deus. Esse era o dia de dissecar a ?

— Pareço?

— Sim.

— Como? — Lancei-lhe um olhar como se ele fosse louco e entrei na sala.

— Você parece... distraída? Sim, distraída.

— Eu sempre fui um pouco dispersa, , você sabe disso. Talvez esteja só mais pronunciado hoje. — Eu dei de ombros e deslizei para o meu lugar ao lado de . se sentou na ponta da minha mesa.

— Por que você vai se sentar com esse idiota? — olhava para mim, rindo.

Eu revirei os olhos.

— Porque me sentar com este idiota é preferível a ter você me dizendo como eu estou “diferente” hoje. Já tive que aturar Britt com um papo desse mais cedo.

— Diferente? — perguntou. — Diferente como? Ei, , você finalmente conseguiu um pouco de ação?

Engraçadinho.

— Ei, , estou vendo que finalmente conseguiu enfiar seu pau na calça por tempo o suficiente para vir à aula. — Eu sorri para ele, exagerando em benefício de .

— Você sabe, né... — Ele se reclinou para trás, seus dedos se entrelaçando na nuca. — Pode ser uma tarefa dura às vezes, mas eu achei que deveria fazer uma aparição. Não ia querer que você sentisse minha falta, não é mesmo?

— Eu sinto sua falta tanto quanto sentiria de uma pedra no meu sapato. Ah não, espera, eu não sentiria falta disso!

— Vocês dois sabem o que estão parecendo? — olhou de um para o outro.

— Eu tenho ouvidos, — repliquei. — Por incrível que pareça, eu posso ouvir.

— Vocês parecem um casal de velhos.

— Eu disse que posso ouvir.

— Eu sei. Eu escolhi ignorá-la.

— Alguma surpresa nisso?

— E vocês dois parecem duas crianças do jardim de infância — ofereceu .

— Vocês dois parecem estar querendo meu joelho nas suas bolas — eu disse, seguindo o exemplo. — É por isso que às vezes fico me perguntando se Carly não seria a pessoa mais inteligente que eu conheço. Homens são irritantes.

bufou, se colocando de pé.

— É claro que somos muito irritantes. Temos que aturar vocês resmungando e choramingando nos nossos ouvidos.

Eu amassei uma bola de papel e lancei-a em sua direção, enquanto ele se dirigia para sua mesa. Ela atingiu a parte de trás da sua cabeça, ele se abaixou para pegar e a lançou de volta para mim. Eu agarrei e sorri.

— Ele tem razão — murmurou .

Eu me virei, fitando-o inexpressivamente.

— Eu falei sério sobre a joelhada nas bolas.

— Você fica muito quente quando está brava.

Eu engoli a bola de riso que subiu pela minha garganta e lutei contra o sorriso que se formava nos meus lábios.

— Eu não estou brava, mas quando eu ficar, vou ficar tão quente que você vai acabar se queimando.

Ele sorriu lentamente — aquele seu sorriso sexy — e cerrou ligeiramente as pálpebras. Meu coração bateu um pouco mais forte quando reconheci o seu olhar de cama.

— É uma oferta? — perguntou em voz baixa.

Eu podia sentir o olhar de em nós.

— Mesmo que fosse, duvido que você seria capaz de pagar o preço.

— Por que não tenta? — ele sugeriu, seu sorriso se tornando arrogante, à medida que nós dois atuávamos para manter nosso segredo. Para proteger a mentira que partia um pedacinho do meu coração cada vez que jogávamos esses jogos.

Eu joguei meu cabelo por cima do ombro e sorri, descansando o queixo na mão e cruzando as pernas.

— E se o preço fosse tão alto que você estaria arruinado para todas as outras garotas? — Meu estômago contrai com as minhas próprias palavras.

Ele correu os dentes por seu lábio inferior, os olhos azuis escurecendo um tom enquanto deslizavam rapidamente por meu corpo, descendo e subindo de volta. Quando ele me olhava daquele jeito, eu me sentia nua. Como se ele pudesse despir as camadas de roupa que eu usava com um simples olhar.

— Não acho que seria um preço tão ruim — ele murmurou, esticando os braços para frente e batucando os dedos na beirada da mesa.  — Na verdade — ele disse ainda mais baixo porque a aula estava finalmente começando, — eu acho que já paguei esse preço.

Eu quase engasguei ao inalar o ar bruscamente. Só eu para me engasgar com ar. ergueu uma das sobrancelhas, e eu fiz a única coisa que podia fazer. Girei abruptamente na minha cadeira, focando na parte da frente da sala. Não era o que eu queria fazer, mas no final das contas tudo era um grande “SE”.

 

~Continua~


N/A: Tá vendo? É só não prometer que eu consigo cumprir :B
Ok, esse capítulo foi curto e sem graça comparado ao anterior, mas é melhor que nada né? kkkk
Até o próximo, lindas, e obrigada por continuarem acompanhando!! ^^
~Nikki


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