SUPER JUNIOR: Hero II, by Lily

Hero II

Hero II
por Lily

Segunda temporada da fanfic Hero.
Dessa vez o herói virá ao Brasil, mas mal sabe ele que em dois anos...
Gênero: Romance
Dimensão: Longfic
Classificação: PG-15

ܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔ

# Prólogo # Capítulo 1 # Capítulo 2 # Capítulo 3 # Capítulo 4 # Capítulo 5 # Capítulo 6 # Capítulo 7 # Capítulo 8 # Capítulo 9 # Epílogo #

 

 

Há qualquer hora, há qualquer lugar em que você está,
Eu vou ouvir a voz ficando mais forte, você me fortalece, sempre
Se darmos a volta no mundo inteiro, eu não me assustarei com nada.
Eu quero ser o seu herói, se for para você.

Hero, Super Junior

 

PRÓLOGO

 

Nos últimos dois anos e sete meses que passei servindo meu país, dois anos, e os sete meses que passei colocando minha vida no lugar, atualizando os projetos, trabalhos atrasados, eu perdi muita coisa. E a que mais me doeu foi tê-la perdido.

Há quase três anos atrás ela disse que ficaria bem, apesar de tudo, e realmente ficou. Ela seguiu em frente, tem a sua vida real agora, eu realmente fui um sonho pra ela e agora ela está acordada e bem, e eu que achei que a superaria.

Não que eu não a achasse importante, ou significante, mas pensei que a superaria, a esqueceria. Depois do nosso encontro no Secret Garden não a procurei mais, foi assim que combinamos, tudo ficaria no mundo dos sonhos. Aquele foi o nosso infinito.

Naquela mesma noite quando a deixei no lugar habitual, perto de sua casa... Quem quis chorar fui eu, quem queria agarrá-la e nunca mais soltar, era eu. Mas me controlei o quanto puder, e a deixei ir. Não me prendi a ela para não feri-la, e o único ferido acabou sendo eu.

Os primeiros meses no exército foram uma tortura, saber que ela estava tão perto e tão inalcançável ao mesmo tempo, só aumentava minha frustração. Me perguntava o tempo todo o que ela estava fazendo, se estava bem, se estava fazendo gracinha pras vans que passavam, ou quebrando sapatos que não eram dela, se estava se embebedando de Soju em algum lugar.

No começo me sentia tão ridículo por estar sentindo isso, por estar desse jeito. Neguei o quanto pude a ideia de estar apaixonado pela , não por ela particularmente, mas eu já tive várias experiências amorosas com mulheres mais bonitas, por mais tempo e intensidade. Mas na medida em que o tempo se arrastava e a falta dela aumentava, e a cada momento que eu podia, involuntariamente minha mente viajava até ela, ou relembrando, ou imaginando um futuro juntos, ou pensando em desculpas para me comunicar, falar com ela. E então aceitei o fato de que eu estava apaixonado pela .

E agora acabou, ela não viria mais, estava tão ansioso, que a maioria das minhas unhas já tinham ido embora, o tempo voava e fazia com que eu me apavorasse ainda mais. Pensei que meu plano daria certo, que ela desesperaria e viria até mim.

Não menti para ela, tudo que eu escrevi era verdade, mas eu a pressionei, apelei, poderia ter deixado ela com a mente tranquila, mas eu guardei por muito tempo, tinha que me arriscando, mesmo fazendo ela sofre por isso.

Uma voz anunciando que faltavam apenas 10 minutos para o embarque do voo para Los Angeles. O tempo passava e ela não chegava pra me impedir de ir, tudo que eu planejei com ela estava desmoronando. E a culpa mais uma vez era minha.

Se não viesse, eu teria que fazer como ela e seguir em frente.

 


 

CAPÍTULO 1

 

A soneca do despertador já apitava pela segunda vez, então fui obrigada a levantar, correndo como sempre. Velhos hábitos nunca mudam, mudei muitas coisas nos últimos anos, mas acordar cedo e a falta de pontualidade, eram coisas que eu podia esquecer, iria levar pro túmulo.

Me arrumei na maior pressa, enfiando um pão na boca, pegando minha bolsa, pastas, e saí apresada do apartamento, desci os três lances de escada amaldiçoando por não ter elevador nesse prédio.

Minha amiga, colega de quarto e parceira de mestrado, , já estava na garagem me esperando impaciente.

! Você enlouqueceu? Por que demorou tanto, você disse que já estava descendo e olha só, já tem 10 minutos que estou aqui plantada te esperando. Nos não podemos nos atrasar pra essa aula. O professor já pegou birra por conta de nossos constantes atrasos.

— Eu sei, . Quanto tempo temos para chegar, antes do professor  insuportável?

— 15 minutos.

— Então vamos.

Corri feito uma louca, evitando as ruas com maior tráfego de veículos, e evitando ruas perto das escolas. Agradeci a Deus por não ter escolhido capital para morar, se não estaria ferrada, tudo é longe, tudo é complicado pra chegar no horário marcado sendo uma pessoa atrasada como eu.

Conseguimos chegar poucos minutos antes das 7 horas com o professor logo atrás. Sentamos na nossa bancada e começamos a estudar.

Admitia que o professor Carlos, esse é o nome do tal insuportável, era um excelente professor, e que além de ser super inteligente, era muito bonito e charmoso.

— Às vezes me arrependo por ter escolhido ele como orientador — cochichou no meu ouvido —, mas quando olho pra ele me lembro de porque o escolhi e todo arrependimento vai embora.

— Pare de suspirar, você está me fazendo rir com essa sua cara de boba apaixonada.

Ele falou por três horas seguidas, e por mais lindo e charmoso que fosse, minha vontade de sair dali e descansar meus ouvidos era enorme. Senti pena da , pois teria que voltar pra sala dele após o intervalo.

Fui para o restaurante do campus sozinha, ficou porque precisava falar com o professor. Quando eu já estava terminando de almoçar, ela entrou no refeitório toda sorridente.

— Hoje não vou com você — disse, se jogando na cadeira ao meu lado.

— Mas hoje saio às 15 horas mesmo, amiga. O professor Honda adiou as aulas da manhã de quarta-feira para essa tarde, ele viaja e não vai dar pra chegar a tempo.

— Eu sei que sim. Ai, por que eu não escolhi o professor japa como orientador? Eu vou ter que estar aqui às 7 horas da manhã de quarta, após um feriado prolongado.

— Mas por que você não vai comigo mesmo? Não custa nada esperar duas horas. Por acaso vai com algum gato?

— Meu sonho, um gato! O professor chato me liberou quando avisei que minhas passagens já estavam compradas e tal, fiz um drama básico, então me liberou, mas não antes de me encher de relatórios e pesquisas para fazer. Ou seja, vou para casa da minha família e ficar no quarto me matando de estudar.

— Por isso eu não vou para casa nesse feriado, estou indo pra lá em todos, mas dessa vez vou descansar, só vou levantar da cama para comer e pra responder ao chamado da natureza.

— Que inveja! Mas bem que você poderia vir comigo, minha casa é bem mais perto que a sua, não quero ir à formatura do meu primo sozinha.

— Amiga, eu te amo, você sabe, mas nem se você me pagar eu vou.

— Isso mesmo, me troca pelos seus coreanos.

— Hã? Que história é essa? Eu só vou dormir, dormir e dormir.

— Correção: você vai dormir, ver dorama, dormir, ver mvs, dormir, ver programas de variedades com seus coreanos. Traidora.

— Amiga, eu quero relaxar e descansar, e eu descanso na minha cama e relaxo vendo meus japas. E eu prometo que não deixo você ir a nenhuma festa de família sozinha, como casamentos. Ok? Olha, se eu pudesse me teletransportar, eu juro... — e então tive meu primeiro clique do dia. Já estava até acostumada a isso. Todos os dias, por mais corrido que fosse, sempre teria o momento do clique, quando eu me lembrava de algo relacionado ao e teletransporte me lembrava o dia em que perdi a hora do fanmeeting, e desejei ter esse super poder para chegar lá a tempo, mas ainda bem que não possuía, pois graças a isso o conheci, quando me salvou em Seul.

? Lá vem você novamente com esse olhar perdido. Continue o que estava falando. —Ela me olhou esperando que eu continuasse o assunto, mas como eu fiquei calada... — Você estava dizendo que se pudesse se teletransportar...

— Ah lembrei, eu me teletransportaria pra formatura do seu primo, mas como isso é impossível, fica para próxima.

— Ah, mudando do assunto da minha família para a sua, você já avisou a ele que não vai para casa?

— Ainda não — eu disse, chorosa. — Ele vai me matar.

— Vai mesmo, e se você avisasse antes que não iria, tenho certeza que ele viria te ver.

— Mas eu não programei ficar aqui, só aconteceu.

— Você é doida e uma enrolada.

— Eu sei, eu sei.

 

—✰—

 

— Então você já vai? — perguntei enquanto almoçava, quando a vi olhando o celular e se assustando.

— Vou sim, tenho que terminar de arrumar a mala.

— Então até terça, . — Eu a abracei. — Boa viagem e beije muito na boca na formatura.

— Obrigada, e pode deixar que beijarei muito nos meus sonhos.

Ela roubou minha maçã e saiu, mas retornou:

— Onde deixo o... — Palavras indecifráveis saíram por causa da boca cheia de maça, apenas quando ela fez o gesto eu entendi o que era.

— Leva pro laboratório, já estou indo pra lá.

Conheci a quando me mudei para essa cidade, há um ano. Nos demos bem de cara, e logo combinamos de morarmos juntas, para dividir as despesas. Ela apareceu no momento certo, eu e a escolhemos temas diferentes para nossa tese de mestrado, então conseguimos bolsas em cidades diferentes e distantes. E confesso que só desisti de ir para casa ver minha família quando ela disse que não iria para casa esse feriado, e como nossas famílias moram na mesma cidade, nos vemos todas as vezes que vamos lá.

Terminei de almoçar e fui pras minhas duas últimas aulas da sexta-feira, cheguei e o professor Honda ainda não estava na sala, mas não demorou a aparecer.

Um  descendente de japoneses, baixinho, branco, dos olhos rasgados, sorriso fofo, cabelo sempre impecável, entrou no laboratório. Parecia um filhinho da mamãe com um colete por cima da camisa social e gravata borboleta, se ele não estivesse com seus 50 anos... Seria totalmente meu tipo.

Eu olhava para ele e começava a imaginar como seria o quando estivesse nessa idade, onde e como ele estaria, como seriam seus filhos e netos, provavelmente perfeitos como ele. Às vezes até fantasiava que ele se casava comigo e que eu envelhecia junto com ele, com nossos três filhos mestiços, mas como o sonho era alto demais, me obrigava a voltar à realidade.

— E então ? Fez?

— Hã? O que disse? — Merda, sempre consigo controlar meus pensamentos na aula dele, mas hoje por azar do destino ele percebeu que estava viajando.

— Eu vou repetir a mesma pergunta da semana passada. Por acaso a senhorita está apaixonada por mim?

Apesar de no laboratório ter apenas seis alunos, o barulho das gargalhadas foi geral. Fiquei vermelha de tanta vergonha, senti minhas orelhas queimarem.

— Eu não duvido, professor, ela é doente por asiáticos — falou alguém que estava atrás, não pude reconhecer a voz, de tão nervosa que fiquei.

— Sério, ? — ele disse rindo, nem zombando de mim, consegui ficar com raiva da criatura, mas como ficar se o sorriso dele era tão fofo?

— Se eu fosse sua esposa ficaria de olho e viria junto com o senhor para o campus. — Agora eu reconheci a voz do engraçadinho, deixa só ele pedir para estudar comigo!

— Acho que não será necessário, na próxima aula venho escondendo meus encantadores olhos rasgados com óculos escuros.

— Professor!— o repreendi.

— Estou brincando, . Agora falando sério, o que eu pedi, foi o seu relatório da última análise que fizemos em sala.

Entreguei o relatório a ele evitando olhar em seus olhos e passei o restante da aula assim, de cabeça baixa. Assim que terminou, me levantei rapidamente rumo ao corredor, à liberdade.

, a correção do relatório. Corrija e me entregue novamente na próxima semana. — Voltei até a sua mesa e peguei o relatório de sua mão. — Não fique com vergonha, era brincadeira — ele disse isso e deu o seu sorrisinho fofo e totalmente apertável e eu devo ter deixado transparecer meu encantamento, pois ele logo falou: — , se controle, sou casado! — E mostrou a mão esquerda, rindo novamente da minha cara, ele realmente era a versão ajusshi do , só que japonês.

Saí feita louca da sala, e ainda escutei as risadas dos meus colegas, quando cheguei ao corredor. Fui em direção ao banheiro, e quando passei perto do bebedouro, em cima de umas cadeiras que ficavam encostada na parede, vi uma mala preta, olhei para os lados, tentando achar o distraído que esqueceu a própria mala, talvez estivesse no banheiro. Continuei meu caminho e esqueci da mala, se quando eu voltasse ainda estivesse lá, tomaria alguma providência.

Lavei o rosto como se pudesse lavar a humilhação e a vergonha que passei. Depois entrei num dos banheiros, abaixei todo o acento e sentei em cima, fiquei lá esperando o tempo passar, não queria ver nenhum dos meus colegas, muito menos meu professor.

Nem sei quanto tempo passou, mas decidi voltar e pegar minhas coisas que na pressa acabei deixando lá. Notei, ao passar perto do bebedouro, que a mala ainda estava lá.

Povo louco, pior que eu!

Abaixei a cabeça quando estava chegando perto da sala, não queria ver ninguém.

Quando estava passando pela porta, esbarrei no peito de um distraído também, já que não me viu chegando, seu celular se espatifou no chão, abaixei junto com ele, estava morrendo de raiva desse infeliz que ainda estava na sala fazendo não-sei-o-quê!

— Me desculpa, eu sinto muito — disse e respirei fundo, pronta para levantar o olhar, afinal não podia mais evitar, então respirei fundo mais uma vez,  fiz uma cara de esnobe e levantei a cabeça.

Meu coração veio parar na garganta e meu cérebro congelou, junto com meus movimentos. Mas após um tempo boquiaberta, consegui falar, ou melhor, sussurrar:

! Vo-você? Como? Por quê?

Minha cabeça estava uma confusão, uma mistura de surpresa com incredulidade, fantasia com sonho.

— Olá, . Pensei que não estava mais aqui e sim em sua casa.

E aí nesse momento eu sorri, de gargalhar. E comprovei que estava sonhando mais uma vez com ele. Porque o vir sem os outros membros ao Brasil, à minha cidade, na minha universidade, me procurar na sala de aula e ainda por cima, estar mais lindo do que nunca, com seus tênis de marca, calça jeans escura, um terno por cima da camiseta branca e num estilo idol de ser com seu fone vermelho e gigante, só significava  uma coisa: estava sonhando, um super sonho, mas ainda assim sonho.

 Pois isso era improvável pra não dizer impossível. Me confundi, porque estava real demais, porém tive certeza que estava sonhando porque ele falou “Olá, . Pensei que não estava mais aqui e sim em sua casa”  em português.

E isso meus amigos é um sonho dos bem sonhado mesmo, tinha convicção de que a qualquer momento acordaria, de que tinha cochilado sentada na privada.

— Você vai ficar aí rindo de mim ou vai me dar um dos seus super abraços de urso?

— Não vou te abraçar, sempre acordo quando te abraço ou quando te beijo.

— Fala sério, . — Fui obrigada a rir dele falando gíria em português. — Então eu, o Idol, vou ter que fazer todo o trabalho? Você me acostuma mal e sai fora? Assuma a responsabilidade.

Disse isso e veio chegando pra perto de mim com aquele sorriso de menino levado, e eu fui andando pra trás, não queria acordar ainda.

— Não, , vamos conversar um pouco e depois eu prometo que te abraço. Hum?

Mas ele continuava chegando perto e mais perto, já podia sentir seu perfume. Aceitei minha derrota, estendi os braços, fechei os olhos e esperei seu abraço, sabia que sonharia com ele outra vez mesmo.

Senti seus braços apertarem minha cintura — tão real— e quando dei por mim, meus pés não estavam mais no chão e ele estava me rodando pelo laboratório. E mesmo quando parou de rodar não me colocou no chão.

— Senti sua falta, . Eu realmente senti muito sua falta.

Meu Deus era real demais!

Ele me colocou de volta no chão e minha voz ainda não tinha voltado, minhas palavras estavam entaladas na garganta. Apesar de já está com os pés no chão, não tirei minhas mãos do seu pescoço.

— Não quero acordar, não vá agora , fique só mais um pouco.

— Eu vou ficar pelo tempo que você quiser, . Prometo.

Suas mãos continuaram na minha cintura e era tão boa a sensação que só de pensar em acordar sozinha minhas lagrimas desceram, ele  beijou todo o caminho que as lágrimas percorreram pelo meu rosto e quando terminou, encostou sua testa na minha.

, e se eu disser que isso não é um sonho, que é real?

— Mentiroso.

— Eu posso provar.

— Pode é? Como... — o provoquei, enfim abrindo os olhos.

E então, ele tirou uma das suas mãos da minha cintura, ergueu meu queixo com carinho e me puxou pra mais perto dele.

— Assim.

E me beijou.

 


 

CAPÍTULO 2

 

, pare de ficar me olhando assim, está me deixando sem graça. Falei certo?

— Sim, falou corretamente, parece um brasileiro falando. — Ele a olhou desconfiado, e então ela sorriu. — Não tão corretamente, mas estou entendendo bem. E me desculpa ficar te encarando, é que é tão surreal que minha mente se recusa a acreditar. Nem nos meus sonhos dormindo ou acordada, imaginei você vindo ao Brasil me procurar. E ainda falando português.

Ele ficou me olhando com uma carinha de perdido, percebi que falei esse monte de coisa em português, e super rápido, provalvemente não entendeu nada.

— Desculpa, vamos falar em coreano. É só que é inacreditável você estar aqui, é isso.

— Me desculpa ter vindo sem avisar. Eu queria te fazer uma surpresa.

— Desculpar você por isso... — sorriu incrédula. — Você só pode estar brincando comigo, Oppa.

— Ahh fala de novo?

— O quê?

— Você sabe o quê?

— Outra hora, quando sair naturalmente.

— Por favor? Hum?

Oppaaaa — disse, sorrindo sem graça.

— Eu realmente senti falta disso — ele disse, fechando os olhos.

— De uma mulher te chamar de Oppa?

Pabo! Idiota! Senti falta de ouvir você me chamando de Oppa.

Ele ficou me encarando por um bom tempo, como se quisesse me perguntar algo, porém ficou calado. Depois de um tempo resolvi falar algo pra quebrar o gelo:

— Você... — começamos a falar juntos e paramos.

— Fala você, .

— Que isso, as damas primeiro.

— Não é nada demais. Você deve estar cansado. Viajando desde ontem, não quer ir para o hotel descansar?

, eu não fiz reserva, decidi em cima da hora que esqueci desses detalhes.

Ele sorriu sem graça e eu entendi a indireta.

— Então, será que você quer ficar lá em casa? Não será tão bom quanto um hotel, nem tão limpo, nem confortável.

— Tem lá? — Eu concordei balançando a cabeça. — Então pra está ótimo.

— Vamos?

— Vamos. — Ele pegou a mochila pesada e colocou nas costas. — Por falar em ir. Quando cheguei estava meio nervoso, não sabia se te encontraria aqui ou não e a primeira coisa que vi quando estava chegando de taxi foi uma Harley. E então percebi que até o destino estava do meu lado e relaxei.

Ainda bem que ele lembrou, já estava esquecendo algo muito importante, peguei dois capacetes que havia deixando embaixo da bancada, estendi um para ele já sorrindo. Ele olhou para o capacete e para mim:

— É sua? A Harley é sua?

— Sim, minha.

— Uau. O destino estava mesmo do meu lado então.

Ele segurou minha mão e saímos da sala em direção ao estacionamento perto do prédio. Como era bom segurar as mãos dele novamente, beijá-lo, ou melhor, ser beijada, falar com ele, tudo com ele era bom. E esse lado do de assumir tudo, era novo pra mim, mas eu gostei, só o deixou ainda mais perfeito.

Apenas quando chegamos perto da Harley que nos lembramos da mala, já fiquei triste sabendo que ela impediria meu skinship nada discreto. Mas também tinha tanto tempo que tinha contato com ele, que queria fazer novamente.

— Quer uma ajuda, ? — Olhei para trás já vermelha, tinha reconhecido a voz do professor oriental. — Quer que eu leve a mala no meu carro e deixe em algum lugar?

— Não precisa se incomodar, professor.

— Não é incomodo algum. Será incomodo para o casal se essa mala for atrapalhando.

Esse professor tem a função de me fazer ficar com vergonha, só pode.

— Vou aceitar sua ajuda. Afinal quem quer distância de mim é o senhor. Pode ficar sossegado, senhor casado. — Estendi a mão e mostrei a mão esquerda para ele, o imitando.

— Não vou mais me preocupar, já que você me trocou por um que tem a metade da minha idade. Poxa, chateado.

Realmente o professor mais zoeira de todos. Ele guardou a mala no carro dele, passei o endereço do prédio e o número do apartamento de uma vizinha. Depois ele saiu, me deixando sozinha com o no estacionamento.

— Não acredito que você estava flertando com seu professor. Que decepção, achei que meu substituto asiático fosse pelo menos mais novo.

— Gosto de homens maduros. E os asiáticos que vi por aqui não chegam nem aos pés da fofura do professor. Agora vamos.

Eu estendi a chave da moto pra ele, com o coração saltando de felicidade, mas se recusou a pegar a chave, apertou minhas bochechas e disse:

— Esse dia é dia de vingança, , você pilota e eu te seguro.

. Por favor! Depois você se vinga — implorei.

Mas ele em resposta me deu as costas colocou o capacete e ficou me esperando.

— Tudo bem, se você quer ficar seguro em mim, vou te dar motivos para isso.

Mal subi na moto e ele já agarrou minha cintura, realmente estava levando essa história de vingança a sério. Saí cantando pneu, fazendo com que ele me agarrasse ainda mais forte.

 


 

CAPÍTULO 3

 

Eu liguei novamente meu modo momento perfeito, ou meu infinito perfeito. Não pensei que fosse viver isso outra vez. Mas ali estava eu com os braços do entrelaçados na minha cintura. E não estava sonhando, como ele maravilhosamente me provou.

Eu encararia a realidade e a culpa quando ele voltasse, senti saudades por três anos seguidos, e provavelmente sofreria mais três, ou a vida inteira, já seria um castigo suficiente. E sem contar que nada superaria a felicidade de ter o perto de mim.

Chegamos ao meu apartamento e me lembrei da bagunça de roupas espalhadas no meu quarto e os lençóis já haviam passado da hora de trocá-los.

, será que você pode esperar cinco minutinhos aqui fora?

— Espero dois. Ok?

— Cinco.

Entrei e fechei a porta, pegando copos sujos que estavam na sala e tirando aquele porta retrato. Entre no meu quarto peguei as roupas sujas e joguei em cima da cama e fiz uma trouxa e sai carregando. Quando cheguei na sala o , já estava lá parado perto da porta.

— Eu disse cinco minutos.

— E eu disse dois.

— Haha, agora que você já viu a bagunça pode entrar, sentar, deitar, você escolhe.

Ele ficou olhando pra cada canto da sala, sentou no sofá e ficou tamborilando os dedos nos joelhos, levei as roupas para a área de serviço.

, ainda preciso terminar de arrumar meu quarto pra você, por que você não toma um banho enquanto isso?

— Eu posso até tomar, mas o que vou vestir depois?

— Sua mala! Esqueci completamente dela, vou ver se o professor deixou com a vizinha. Mas pode ir tomando banho que quando você terminar o quarto já vai estar arrumado e sua mala em cima da cama. E isso quer dizer que você deve demorar no banho para não ficar pronto tão cedo, porque vai demorar.

O foi para o banheiro enquanto eu saí pra buscar sua mala na vizinha, já tinha saído do apartamento quando lembrei que não tinha toalha limpa no banheiro. Voltei correndo pra pegar uma pra ele.

, te trouxe uma toalha limpa. — disse, batendo na porta.

Ele abriu, e para minha surpresa e felicidade, já estava sem camisa, me fiz de madura e olhei pra ele com indiferença.

— Aqui.

— Obrigado... Você quer mais alguma coisa... ou...

— Não, não quero nada.

Eu sou mesmo uma idiota, como alguém age madura e com indiferença quando seu Ultimate está mostrando o ABS?

Mas sai de lá, sem graça e ainda pude ouvir o riso abusado dele enquanto fechava a porta.

Trouxe sua mala e terminei de arrumar o quarto. Ele entendeu o recado e demorou no banho, aproveitei e fui surtar com , assim que ela atendeu o celular:

— AMIGAAA!!! VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR! VOCÊ NÃO FAZ IDEIA DE QUEM ESTÁ AQUI!

, calma, respira. E eu faço uma ideia sim, por acaso é o presente que o te mandou?

Eu dei uma acalmada e tentei entender do que ela estava falando.

— Presente? ? Você voltou a falar com o ? Você voltou a falar com o e não me avisou? Você quer morrer?

— Calma, agora quem está confusa sou eu. Primeiro eu não estou falando com o , pelo menos nada sério ou relevante, e o me pediu o seu endereço, o da sua casa e o do campus, falando que te enviaria algumas coisas que fossem saindo do Super Junior. Então se não é isso o motivo de você me deixar surda... O que é então?

— Ahh você me atrapalhou no meio do surto. Amiga...

— Fale.

— Amiga... O , ele, o nesse momento está no Brasil.

— No Brasil? Por quê? Ele por acaso está gravando alguma coisa?

— Ele está no Brasil. — Ignorei sua pergunta e continuei falando, tinha que falar com ela pra afirmar pra mim mesma que era real, enquanto eu não contasse isso para ela, a sensação de que era uma fantasia nunca ia passar, como da última vez. — Ele está no Brasil, na minha cidade, e nesse momento, no meu banheiro. Você acredita nisso?

? Amiga? Você bebeu? Se drogou? Enlouqueceu de vez amiga?

— Não. Por incrível que pareça não me encaixo em nenhuma dessas categorias. É sério, , o está aqui em casa de verdade.

— O ? Do Super Junior? ?

— Sim, o próprio. Com toda glória e fofura e gostosura.

— Mas como? disse que ia mandar um.... — ela parou e sorriu. — Então esse era o presente que o disse, o . Ele que deve ter pedido pro me sondar.  E agora? O que você vai fazer? As coisas estão diferentes agora... — Escutei o me chamando e não deu escutar o restante da conversa.

— Amiga, depois te ligo porque O está na minha casa, me chamando. Bye.

Desliguei o telefone e fui ver o que ele queria.

— O que foi? — perguntei quando cheguei na sala.

— Nada é que você sumiu.

— Estava falando com a .

— Ah, vamos fazer um acordo?

— Que acordo?

— Me chamar de Oppa, ou Oppa. Araseo? Ok?

Araseo Oppaaa. Vamos comer em casa mesmo, ou você quer ir a um restaurante? Pense com cuidado, eu que vou cozinhar.

— Realmente minhas opções são poucas... Mas eu prefiro ficar aqui com você. Vamos preparar o jantar juntos.

Eu gritei muito, por dentro, lógico.

Vamos preparar o jantar juntos! Aí meu Deus, vamos preparar o jantar juntos!!!”

Por fora apenas sorri educadamnete, tentando controlar a respiração e meus nervos.

Ele veio realmente pra acabar com as minhas estruturas, minha recuperação dessa vez seria zero, nada, uma pessoa sem chances de se recuperar.

Oppa, sinto muito que as únicas coisas coreanas aqui sejam o arroz e o ramen — eu disse, enquanto colocava o arroz no fogo e ele cortava alguns temperos.

— E carne, ela é universal. E eu posso comer comida brasileira também, esse feijão estava com um cheiro muito bom.

— Tem certeza? Qualquer coisa podemos pedir comida japonesa.

— Não precisa. É sério — disse em português, num tom cheio de Aegyo, fazendo uma carinha fofa. — Gwaenchanh-a. Tudo bem — disse, voltando a falar em coreano.

Eu entrei na onda dele.

Jinjja? Jinjja? Sério? Sério?

— Não faça isso criatura que eu não respondo por mim... — respondeu, sério.

Jinjja? Jinjja? — o provoquei.

Ele me puxou pelo pulso e me beijou.

Eu podia me acostumar com essa vida rapidamente, beijo na faculdade, beijo na cozinha enquanto preparávamos a comida...

O estava me deixando confusa, não estava sabendo como reagir a essa nova fase, não estava com coragem o suficiente para perguntar a ele o que tinha acontecido para ter vindo até mim, ou perguntar quando iria embora, e se voltaria algum dia. E após esse beijo a coragem evaporou, continuaria aproveitando disso e viver como na primeira vez que o encontrei, como no infinito do poeta Vinicíus, que seja infinito enquanto dure.

 

 


 

CAPÍTULO 04

 

Durante o jantar conversamos sobre tudo, rotinas, cotidiano, passado, planos, enfim. Ele falou sobre os dois anos de serviço militar, suas funções, a saudade que sentia de todos. Também falou da correria que foi quando terminou suas obrigações militares. Entrar em forma para as apresentações, ensaios, treinos, shows e musicais, e só agora, depois de sete meses que estava enfim tendo um tempo de descanso.

Ele me pediu para contar tudo o que aconteceu comigo depois que foi para o exército; ele já sabia algumas coisas pelo , mas quis ouvir novamente.

Quando terminamos de jantar, fui para o sofá e indiquei o lugar ao meu lado para ele sentar também, mas o que ele fez foi deitar e usar minhas pernas de travesseiro.

— Estou cansado, me deixe ficar aqui um pouco. — como se ele precisasse se justificar e ainda usando Aegyo, alguém avisa que ele é meu Ultimate e amor da minha vida.  — Então você e visitaram a Coreia depois do intercambio. Estou certo?

— Isso, eu voltei uns 08 meses depois, fiquei um mês, infelizmente. E foi depois de mim e ficou 02 meses. Aí você sabe já sabe...

— É, eu sei — ele ficou, rindo. — e , sem juízo nenhum. Como é morar longe dela, ? Vocês eram tão próximas.

— Um saco morar longe — me surpreendi quando ele pegou minha mão e entrelaçou na sua, continuei falando como se isso não tivesse me afetado em nada. — Como eu estava dizendo, é um saco. Acostumei tanto ter ela por perto sempre, éramos pior que gêmeas siamesas, mas ainda bem que vivemos na era digital e a distância hoje é apenas física. Às vezes converso mais com ela que a , que mora junto comigo.

— Aish — ele reclamou.

— O que foi?

— Não é nada — disse, apertando ainda mais minha mão e com a mão livre, guiou a minha até seus cabelos, entendi o recado e comecei a acariciar seus cabelos, até que adormeceu.

 

Enquanto ele dormia, ou não, meus pensamentos estavam nele, seu rosto, sua boca perfeita, sua respiração tranquila, quando terminava de admirar tudo, recomeçava o ciclo.

Não resistir e parei de alisar seu cabelo para tocar seu rosto, já ia fazer três anos desde que havia feito isso. E a mesma coisa que fiz lá na Coreia, estava repetindo no Brasil. Fiquei apenas traçando seu rosto com o dedo, mas assim como seu rosto é um convite a ser tocado, assim como sua boca é um convite para ser beijada. E mesmo correndo o risco de ele estar acordado aceitei o convite.

Fui abaixando, me curvando lentamente em direção a sua boca, porém fracassei. Como ele estava sem travesseiro, ficou muito difícil alcançar sua boca, não era tão elástica.

Não consegui, porém o problema não era apenas da minha falta de alongamento, pois ele estava deitado nas minhas coxas, porque se estivesse mais pra perto do joelho, eu ergueria um pouco e seria só alegria, mas como esse não era o caso, retornei pra minha posição inicial, pensando seriamente em frequentar umas aulas de ioga no futuro. Mas não desisti e parti para a segunda tentativa

Fui me curvando na maior calma para evitar mexer minhas pernas. Mas mesmo tentando ao máximo, dando meu melhor, trabalhando duro, não consegui. E faltava tão pouco, só uns 05 centímetros, mas eu travei ali, era meu limite.

Então desisti, olhando triste para aquela boca perfeita, quando me preparei para me consertar, milagrosamente seus lábios estavam colados aos meus, ele tinha se inclinado para me beijar!

Realmente esse era o dia da vingança, eu não havia beijado ele uma vez sequer, tudo partiu dele. A vida era linda, a vida era maravilhosa. Eu amo a minha vida, de paixão!

— Ya! — ele falou, enquanto sentava no sofá após ter me beijado. — Você tem uma tendência para o crime, . Você não aguenta ver uma pessoa indefesa e já quer se aproveitar.

— Eu? E você não? , você se aproveitou do momento em que estava em transe, me sentindo num sonho muito louco e me beijou, abraçou. Rum! Não sou a única criminosa. E pode deitar de novo, não vou fazer mais nada com o indefeso, não.

— Eu beijei sozinho? Você achando que está sonhando não é nada boba, até me beijou de língua no “sonho”. E não quero deitar mais, não, só deitei porque seus olhos estavam implorando desesperadamente pela minha boca. Sabia o que iria acontecer caso eu deitasse no seu colo.

Eu sabia que ele estava falando isso para fazer o que adorava fazer, me tirar do sério. Mas dessa vez ele estava perdido.

— O-que-foi-que-você-disse? — disse, trancando os dentes.

— Fiz por pena, fazer a caridade do ano, deixar que você me beijasse, ou tentasse, para que na próxima vida eu não venha reencarnado em uma pedra.

— Você! — eu me ajoelhei no sofá e apontei pra ele. ­— Fora da minha casa!

Ele também se ajoelhou no sofá e ficamos de frente um para o outro. Eu não perderia por nada dessa vez. Então fiz a minha melhor cara de gangster. E esse abusado ao invés de retribuir a cara fechada, sorriu de mim. Como ousou?

— Eu deveria ir? Hum? — Como ele ousava ganhar uma guerra fazendo Aegyo? Jogando baixo. — Eu deveria ir, ? — Veio se aproximando de mim e rindo, eu fui chegando pra trás o máximo que pude, mas como já disse, não sou nada elástica e caí de costas no sofá.

parou em cima de mim e deu o sorriso de vencedor e se curvou para me beijar, mas virei o rosto — sim, sou louca — ele sorriu de novo e tentou outra vez, e eu coloquei meu indicador na sua testa e empurrei sua cabeça.

— Se você se retratar, dizer que estava errado e que sente muito, e que o desesperado aqui é você, então não precisa ir. Você vai se desculpar? Hum? — Tentei me levantar do sofá porque se continuasse com ele assim tão perto, perderia essa batalha de orgulho, porém ele não deixou. Eu sorri como ele fazia quando ganhava e tentei sair novamente, mas ele mais uma vez impediu.

Mianhae. Desculpa. Eu sinto muito, eu estava errado. Me desculpa vai? Hum? — disse, todo carinhoso e arrependido.

Eu sabia o que aconteceria a seguir, não era ingênua, sabia que estava acontecendo novamente, eu iria mesmo deixar chegar nesse ponto?

Se eu continuasse assim, com certeza, afinal o que fiz durante esse dia inteiro foi um erro, um erro bom, perfeito, mas um erro, eu iria continuar a errar ou dar um fim nisso?

Mas o vendo ali tão perto, tão lindo, tão disponível, meu corpo, alma e coração imploravam por ele, eu precisava do novamente, como naquela noite, mesmo na adrenalina foi perfeito, tinha certeza que dessa vez seria também.

— Você tem razão, — eu voltei minha atenção pra ele —, o desesperado sou eu.

E me beijou num único dia pela quarta vez, me levando para uma outra dimensão, onde meus medos, receios e sentimentos de culpa foram esquecidos.

Não sei por que, mas estava amando esse novo determinado.

Perdi as contas de quantos beijos dei/recebi no . Tão louco isso, beijá-lo até perder as contas!

— O que foi, ? — se afastou um pouco para olhar para mim. — Por que está rindo?

— Não era nada. Pode continuar o que estava fazendo, é a minha boa ação do ano, não quero vir como pedra na minha próxima vida.

— Engraçadinha — disse, sorrindo.

Voltou a me beijar again and again, e não se conteve com meus lábios e foi descendo para o pescoço, e voltando para os lábios novamente.

E nesse momento, justamente no momento que as coisas começaram a mudar de intensidade, senti meu celular vibrar no bolso. Ignorei-o e voltei minha atenção para o que estava fazendo, mas  ele continuou a vibrar, então fui obrigada a atender. Na pressa nem olhei direito quem era, mas assim que ouvi aquela voz, o momento infinito com o quebrou, o empurrei para o lado e me levantei do sofá, trêmula.

 


 

CAPÍTULO 05

 

— Alô? Oi. Sim, sim, estou bem. Cansada? Eu? Imagina. Nem nervosa. Eu estou bem, juro. E você? Por que você não está bem? Minha culpa? Hum, sei... Eu sou uma enrolada mesmo. — O me olhou como se já soubesse quem era, seu olhar ficou sério e depois triste, e fez um gesto de que estava indo para o quarto. — Como? Repete por favor. Eu prometo que no próximo final de semana vou. Eu só queria descansar. Não enjoei de você seu bobo. Pode deixar que eu aviso minha mãe. Bye. Não, eu não estou te trocando por dorama. Só quero relaxar hoje. Amanhã te ligo. Outro. Também... — Suspirei. —... Te amo.

Me joguei no sofá e fiquei com a mente em branco por um tempo. Em momentos como esse, era suposto que eu estivesse surtando, me condenando, arrancando os cabelos, chorando, sei lá, algo do tipo, afinal já surtei por muito menos.

Então porque estava assim? Sem reação. A culpa que achei que fosse sentir não veio. Mas a coragem de encarar o também não. Levantei apenas para ir à geladeira e pegar o vinho que sobrou do jantar — metade da garrafa — e fui para o quarto da . Quando terminei de tomar tudo meu celular vibrou, era um vídeo do , não queria ver, pelo menos não nessa noite, mas talvez por estar meio bêbada, ou por força do hábito, apertei play. Ele apareceu todo lindo e sorridente, um fofo.

— Preguiçosa do meu coração, estou com saudades. Por que você é tão má? Por que eu fui me apaixonar a cinco anos por alguém tão enrolada, atrasada, esquecida, desnaturada, louca e que ainda por cima curte japas? Eu sou doido? Provavelmente. — Nesse momento eu já estava morrendo de chorar, talvez pelo vinho, ou porque a culpa enfim tinha chegado, ou era dúvida, ou tudo misturado. — Provavelmente não, totalmente doido. Sim sou completamente doido por você, é isso. Então descanse bem, e como dizem seus japas: Fighting! Te amo.

Chorei porque me senti a pior pessoa desse mundo por estar traindo alguém como ele. Estava com vergonha, desconfortável, me sentindo um lixo por não estar realmente arrependida de ter feito o que fiz. E conclui que se voltasse no tempo e tivesse a mesma chance de hoje, faria do mesmo jeito sem mudar nada.

Eu devo ser uma pessoa ruim mesmo. Estava enganando duas pessoas que não mereciam isso. Enganando o , quando não contei a ele que estava namorando, e o , que antes de tudo foi meu amigo por cinco anos, e há seis meses meu namorado.

bateu na porta, limpei meu rosto o melhor que pude, mas vendo que não resolveu muito, preferi olhar para a rua pela janela.

 

—✰—

 

Tudo estava indo conforme o planejado. Vim para o Brasil sem saber detalhadamente sobre sua vida, sim, porque o pouco que sabia era através do , que tinha que perguntar a sem chamar atenção para mim.

Pensei que fossemos ficar estranhos no começo, pois além do que tivemos ser rápido, e nos conhecermos muito pouco, ficamos quase três anos sem contato algum.

Tenho certeza que assim como eu, ela não tentou falar comigo achando que estava fazendo certo. Preferimos seguir em frente. E mesmo eu estando apaixonado por ela durante minha estadia no exército, eu estava decidido a não procurá-la. Mas assim que encerrei o serviço, a primeira coisa que fiz foi procurar um professor de Português. E foi isso o que fiz nesses sete meses nas minhas horas de descaso, aprendia português e sonhava com ela.

Quando o me contou que reencontrou a e que não tiveram medo e saíram por um tempo, porque atualmente quem está no exército é ele, e apesar disso eles ainda se falam. Ao ver como ele agiu tão naturalmente, percebi o qual dramático e idiota eu fui, perdi um mês apenas um mês de felicidade com ela depois do nosso encontro. E então perdi mais que um mês, e sim três anos sem ela.

Talvez hoje ela não estivesse se sentindo tão culpada em relação a mim e ao namorado dela. Depois que ele ligou, lhe dei espaço, sabia que ela precisava disso.

Eu também precisava de tempo para organizar meus próprios pensamentos, não contava com a ligação dele justamente naquele momento.

Entrei no quarto e estava sentada em um banco dois lugares, estofado, encostado na parede da janela, estava virada encarando o movimento da rua, nem precisei ver seu rosto para saber que ela esteve chorando, e pelo cheiro de vinho, bebendo.

Sentei ao seu lado e encarei a rua também.

— Você veio... Desculpa te deixar sozinho. É que... — Doía vê-la assim, segurei sua mão que estava apoiada no encosto do banco, mas ela soltou. Fiquei em choque e comecei a sentir medo. — Eu sou uma Dapunoma, pessoa má, uma bastarda.

Coloquei minhas mãos em seu rosto, ela tentou tirar, mas eu permaneci firme, até que ela relaxou, mas continuou chorando.

— Você não é uma pessoa má. Eu sim, você não.

! Você não é mau. A culpa é minha, eu sei.

— Olha a culpa é minha, sim. — Ela tentou falar novamente, porém coloquei meu indicador na sua boca. — Me deixe falar, , ok?

— Ok.

— A culpa é minha por ser um idiota, um covarde. Por não ter agido, por ter te deixado ir.

— Mas foi nosso trato e eu entendi.

— E por isso eu te perdi —continuei a falar, ignorando sua interrupção. — Eu vim aqui porque morri de saudade, porque queria te ver novamente, porque pensei que fosse morrer sem ver o seu sorriso, ouvir suas piadas, seu sorriso bobo, sua cara de assustada, e porque achei que fosse morrer se não te beijasse novamente, ou não pudesse sentir você novamente.

Ela me olhou com a cara de assombro, típica dela.

— Exatamente, essa cara de espanto, como senti falta disso — falei, dando um longo suspiro. — Eu não devia te falar isso agora, eu sei, mas guardei por tanto tempo que se não falasse com você ia explodir. Imagino como esta sua cabeça e seu coração. Você tem uma vida feliz aqui e um namorado, pelo que entendi. Não quero atrapalhar seu relacionamento de três anos.

— Cinco anos, não três.

— Como? Você namora ele há cinco anos? — perguntei assustado.

— Não. Ele é meu amigo há cinco anos, o conheci no meu primeiro período de faculdade. Namoro ele exatamente há seis meses.

— Seis meses? Exatamente...?

— Sim, ele me pediu em namoro no dia que o foi para o exército, ou seja, seis meses atrás.

— Ah... — Minha mente estava em parafuso. Ela não namorou ninguém no tempo que estive no exército. Será que ela me esperou?

— Eu sabia que era idiotice esperar por você, mas eu não conseguia me relacionar com ninguém, e olha que eu tentei. Mas o era diferente, ele me conhecia há muito tempo, era meu amigo, conhecia tudo de mim, meus defeitos, limitações, minhas loucuras, minhas tristezas e decepções. E mesmo sabendo de tudo, me esperou por quase três anos, mesmo pedindo que ele seguir em frente. Então depois que você saiu e assumiu namoro com a eu percebi o quão idiota eu fui ao viver de sonhos, mesmo prometendo a você que te superaria, e quando ele se me pediu em namoro a seis meses eu aceitei.

Essas palavras foram um soco no meu estomago, eu fiquei sem palavras, queria dizer algo, qualquer coisa, mas nada saía.

— Você não foi uma idiota sozinha, eu também esperei por você...

— Não tem que mentir pra me fazer sentir melhor.

— Eu não estou mentindo, . Eu gosto realmente de você, talvez não do mesmo jeito que ele, mas ainda assim gosto de você e eu realmente, realmente esperei por você. Não quero falar com você sobre esse mal entendido com a agora, talvez em outro momento, mas eu só quero que você saiba que eu nesses últimos anos só tinha e tenho você nos meus pensamentos.

Ela estava me olhando tão desesperadamente, com certeza estava confusa, com muita coisa na cabeça.

— Eu vou te deixar aqui pensando. Tome um banho, esfrie a cabeça, pense com calma e amanhã você me responde, ou não responde, mas fique bem.

Quando estava chegando perto da porta ela me chamou:

... Eu sinto muito. Mas não posso fazer isso com ele. não merece isso. — Ela estava olhando firme pra mim, e eu percebi que a tinha perdido.

— Eu entendo. Boa noite então.

Fechei a porta querendo sumir, não só de vergonha, e de ego ferido, porque doeu. Porém isso era novo, já fiquei triste com alguns términos, mas assim, nunca. Fiquei desorientado, meio perdido, me sentindo sufocado ali. Querendo falar com ela novamente, e implorar por outra chance, ou esclarecer o mal-entendido, mas ela não merecia isso.

Voltei pro meu quarto decidido a ser o omisso novamente. Arrumei minha mala, não que tive tempo de bagunçar. Eu fui forte o quanto pude, não queria chorar, não queria parecer patético, mas também não a queria perder, então resolvi jogar baixo apenas mais uma vez. Sentei e comecei a colocar meu plano em prática. Corria o risco de não funcionar, mas era de quem se tratava, então iria tentar com todas as minhas forças.

 


 

Capítulo 06

 

acordou sobressalta, parecia que algum telefone tocava em algum lugar, sem parar, ou ela ainda estava sonhando? Mas sonhando ou não, ela queria que parassem, precisava dormir. Era um pesadelo?

Não sabia bem, a única certeza era que estava com uma ressaca de vinho miserável que fazia sua cabeça doer e sua garganta secar.

Vou a fechar os olhos, querendo dormir uma vez, só assim aquela dor de cabeça infernal passaria.

Mas então, sua mente de um estalo.

. — exclamou se sentando. Rápido demais, pois sua cabeça girou.

Respirou fundo algumas vezes e se levantou, despenteada, ainda com as mesmas roupas da noite anterior, nem o pijama tinha colocado.

Foi até o quarto que ele estava dormindo, bateu, o chamou, mas sem resposta, e então abriu a porta.

Vazio.

Ela levou a mão aos cabelos, os despenteando ainda mais, pois nem suas malas estavam mais lá, voltou para a sala e então viu dois envelopes na mesa de centro.

Os dois lacrados, o branco dizia:

“Leia se você me escolher.”

E o outro, vermelho:

“Leia se esse for realmente nosso fim.”

- Ele não pode ir assim! — falou rasgando o envelope da carta branca.

,
Sinto muito por fazer isso com você, por te colocar entre a cruz e a espada, como vocês dizem aqui no Brasil, mas estou desesperado.
Mas o que poderia fazer?
Não quero te perder.
Te quero ainda mais do que nunca, mais do que jamais quis.
Se está lendo essa carta, é porque me escolheu. Escolheu viver um infinito sem tempo determinado, como na primeira vez.
E se me escolheu, se apresse, meu vôo de volta está marcado para às 10 horas.
Se me escolheu, corra para mim antes desse horário, pois assim que embarcar nesse avião será realmente o fim.
Te espero , por favor, venha até mim.
P.S.: Já que escolheu essa carta, é um caminho sem volta, rasque, queime, incinere a outra carta do envelope vermelho.
P.S.S.: Se escolheu essa, então venha preparada, estou com nossas passagens para Trancoso.
P.S.S.S.: Trancoso, que nome mais estranho.
Ahh, cansei de por tantos p.s, mas esse presente, o que deixei na sua estante, é meu e do , são os álbuns mais recentes e autografados pelos membros.
.”

— Desgraçado! Como ele faz isso comigo?— disse desesperada olhando para o relógio.— Agora são nove horas, gasto se tiver sorte 40 minutos para chegar ao aeroporto, mas preciso chegar com pelo menos meia hora antes do vôo, porque eles já têm que estar dentro do avião com antecedência. Meu Deus! É impossível, é o fim.— disse desolada.

Ela ficou olhando para a carta, mas então acordou do transe, correu para o banheiro, apenas lavou o rosto e escovou os dentes e saiu passando a mão no cabelo.

Preferiu não ir de moto, estava nervosa e tremendo, não seria seguro, então pegou sua bolsa, jogou alguns pertences importantes e correu para achar um táxi.

não iria embarcar naquele vôo nem que ela precisasse invadir a pista e deitar nela.

 

’s POV

Nos últimos dois anos e sete meses que passei servindo meu país, dois anos, e os sete meses que passei colocando minha vida no lugar, atualizando os projetos, trabalhos atrasados, eu perdi muita coisa. E a que mais me doeu foi tê-la perdido.

Há quase três anos, ela disse que ficaria bem, apesar de tudo, e realmente ficou. Seguiu em frente, e vivi sua vida real agora, eu realmente fui um sonho bom, mas agora ela está acordada e bem.

Ao contrário de mim, que pensei que e a superaria.

Não que eu não a achasse importante, ou significante, mas pensei que a superaria, a esqueceria, afinal depois do nosso encontro no Secret Garden não a procurei mais, foi assim que combinamos, tudo ficaria no mundo dos sonhos. Aquele pequeno momento foi o nosso infinito.

Naquela mesma noite quando a deixei no lugar habitual, perto de sua casa... Quem quis chorar fui eu, quem queria agarrá-la e nunca mais soltar, era eu. Mas me controlei o quanto puder, e a deixei ir. Não me prendi a ela para não feri-la, e o único ferido acabou sendo eu.

Os primeiros meses no exército foram uma tortura, saber que ela estava tão perto e tão inalcançável ao mesmo tempo, só aumentava minha frustração. Me perguntava o tempo todo o que ela estava fazendo, se estava bem, se estava fazendo gracinha pras vans que passavam, ou quebrando sapatos que não eram dela, se estava se embebedando de Soju em algum lugar.

No começo me sentia tão ridículo por estar sentindo isso, por estar desse jeito. Neguei o quanto pude a ideia de estar apaixonado por , não por ela ser quem é, mas eu já tive várias experiências amorosas com mulheres mais bonitas, por mais tempo e intensidade. Mas na medida em que o tempo se arrastava e a falta dela aumentava, e a cada momento que eu podia, involuntariamente minha mente viajava até ela, ou relembrando, ou imaginando um futuro juntos, ou pensando em desculpas para me comunicar, e me reaproximar, resolvi aceitar o fato de que eu estava apaixonado.

Meu infinito tinha acabado, não viria até mim, estava tão ansioso, que a maioria das minhas unhas já tinham ido embora, o tempo voava e fazia com que eu me apavorasse ainda mais. Pensei que meu plano daria certo, que ela desesperaria e viria.

Não menti para ela, tudo que eu escrevi era verdade, mas eu a pressionei, apelei, poderia ter deixado ela com a mente tranquila, mas eu guardei meus sentimentos por tanto tempo, então precisei me arriscar, mesmo a fazendo sofre por isso.

Uma voz anunciando que faltavam apenas 10 minutos para o embarque do vôo para Los Angeles. O tempo passava e ela não chegava pra me impedir de ir, tudo que eu planejei com ela estava desmoronando. E a culpa mais uma vez era minha.

Se ela não viesse, eu teria que fazer como ela e seguir em frente.

 

’s POV

Escutei o anúncio de que faltavam 10 minutos para o vôo, eu enlouqueci tentando achar o portão de embarque para Los Angeles. Procurei desesperada pelas telas do saguão. 314. Corri feito uma louca procurando por ela. Estava no final, saí desesperada, eles não me deixariam entrar sem as passagens, eu não tinha tempo de comprar, mas nem que eu precisasse gritar, fazer um escândalo, eu tentaria tudo para falar com ele mais uma vez.

Cinco minutos, e parecia que meus pés eram chumbo, ou eu estava muito sedentária, não sei, mas tentei correr o máximo que pude, e ainda assim era pouco. Parei perto de dois seguranças.

— Preciso-falar-com-alguém.Por-favor — tentava respirar enquanto falava.

— Sua passagem e passaporte senhora. — um dos brutamontes falou.

— Senhor, eu preciso falar com uma pessoa que está embarcando, não quero embarcar. Entendeu?

— As pessoas que estão no vôo para Los Angeles já estão no avião. Entendeu?

Claro que estavam, quem eu estava tentando enganar? Eu que não era nem um pouco chorona, já estava com o rosto banhado em lágrimas. Até os seguranças ficaram com pena de mim.

— Era um grande amor que foi embora? — um deles perguntou.

— Siiiiiiim — choro mudou da fase silenciosa para soluços — Ele — soluço— Voltou — soluço— Para a Coreia.

— Sinto muito, se ele ainda estivesse lá eu juro que o chamaria, mas eles já embarcaram mesmo, sempre embarcam alguns minutos antes do horário do vôo, para evitar atraso, entende?

— Eu...sei... — nessa altura, meus soluços evoluíram para barulho, estava chorando alto, a coisa estava feia mesmo. — Obrigada assim mesmo... E eu não sou sempre... assim...

— Mentirosa. É assim mesmo, uma chorona.

Ouvi sua voz atrás de mim. Só podia ser sonho, ilusão, porque o avião já tinha ido, e ele parecia decidido a ir mesmo embora. Os seguranças já começaram a entender e a rir. Enquanto eu ainda não ousava olhar para trás.

não é sonho. Sou eu mesmo, o , , seu Oppa-ya.

— É ele mesmo? — perguntei pros meus amigos. — Vocês também estão ouvindo ele falar em português? Estão vendo ele?

para de drama e olha logo para mim. Hum?

— Pode olhar — um deles falou.

— Isso, pode olhar, eu estou ouvindo e vendo ele, tem um sotaque engraçado ele é japa?

— Sim, quase isso, é um coreba.— falei enfim, sorrindo, mas sem deixar de chorar.    

— Então é ele mesmo.

— Fui me virando lentamente, mas com a cabeça abaixada, até que fiquei de frente para ele. E fui subindo o olhar devagarzinho, desde seus tênis até que meu olhar encontrou o seu, estava ali, com algumas olheiras, mas estava ali parado na minha frente. E como sempre, lindo, sorridente, apaixonante, “reapaixonante”, inesquecível.

Vê-lo sorrindo ali pra mim, fez com que eu esquecesse tudo, dos últimos três anos, das consequências, do passado, do futuro, do aeroporto, dos meus coleguinhas, das pessoas passando a nossa volta.

Ver o ali sorrindo e para mim...

Só era ele e nada mais. Nada mais importava o aqui, só estar com ele, o meu tempo com ele era aqui e agora. Tudo o mais ficava para trás.

Corri até ele e pulei em seus braços, pulei mesmo, quando vi já estava com os braços agarrados em seu pescoço, as pernas agarradas ao redor da sua cintura. E beijando desesperadamente sua boca.

— Me deixa adivinhar... Escolheu o envelope branco?

— Sim. — quando as pessoas começaram a olhar demais para aquela cena, pedi para descer— Me desculpe por isso.

— Tudo bem, eu não ligo, será que você pode repetir isso, quando nós estivermos sozinhos, de preferência num local fechado.

— O que? Pular no seu colo?

— Sim.

— Pode deixar.

— Eu vou cobrar.

— Tenho a sensação de que vai mesmo. — puxei ele dali rindo, feliz da vida— Vamos sair daqui, já chamamos muita atenção.

— Culpa de quem?

— Culpa sua . Quer me matar do coração? — eu dei uns tapas fortes no seu ombro— Como você me assusta desse jeito? Eu... eu achei que... Nunca mais... Que droga, olha só o que você faz comigo ! — disse recomeçando a chorar, parecia que tinham aberto uma torneira de lágrimas e eu não sabia como fechá-la.

— Eu sei... me desculpa... — então ele veio e não se conteve em secar minhas lágrimas com as mãos, também veio beijando o caminho que as lágrimas faziam. — Eu te preocupei não é?

Sim~ — vixi, está me estragando essa criatura, respondi toda cheia de dengo sem perceber, e eu odeio essas gurias que ficam de melação em público.

Minhae. Desculpa . Mas eu precisava chamar sua atenção, eu precisei apelar. E valeu a pena. Eu estou aqui com você. Eu nem quero pensar que nesse momento e poderia estar indo para casa e nunca mais ter você.

Ele fez uma cara tão triste que dessa vez quem consolou ele fui eu. O abracei super apertado.
— Eu estou aqui, e isso é o que importa.

- Sim, você está.— Ele disse beijando o topo da minha cabeça. — Cadê sua mala?

- Que mala?

- Omooo! Otokee? — ele me soltou e ficou olhando para minha cara e sacudindo a cabeça. — você e seus extremos.

— Você me joga uma bomba dizendo que iria embora e queria que eu tivesse tempo de fazer mala? Só peguei a bolsa com dinheiro e passaporte e cartão de crédito caso precisasse ir a Los Angeles. E sim, pensei nessa hipótese.  Precisava te impedir de embarcar. E nem assim eu consegui, se você tivesse mesmo embarcado. E olha que milagrosamente eu acordei cedo sozinha.

— Que sozinha ! Eu tive que interfonar para sua casa umas quinhentas vezes para ter certeza que você não iria perder a hora.

— Foi você! Eu estava mesmo com a sensação de que alguém estava chamando. Mas eu levantei e parou.

— Sim, te acordei logo para que assim que você lesse a carta do envelope vermelho...

— Como? E porque você achou que eu fosse escolher deixar você partir ao invés de estar com você?

— Espera. Agora eu que estou confuso. Você esta aqui sem ter lido a carta do outro envelope?

— Sim. Afinal você mandou eu escolher apenas um.

— E desde quando você é tão obediente? Nossa! Você deve mesmo gostar de mim.

— Por quê?

— Eu pensei que sua curiosidade seria maior, e mesmo você tendo escolhido o branco, esse aí na sua mão, ou que você fosse se decidir vendo os dois. Poxa, se eu soubesse que você fosse tão fácil, não teria perdido uma noite de sono, escrevi a outra toda em português.

— Só não vou te bater novamente, porque já chamamos muita atenção. E como é que é? Você escreveu uma carta toda em português? Poxa, por que eu não li? Que idiota!

— Você não rasgou ou queimou como eu disse não é?

— Claro que não, mas sai com tanta pressa que deixei em cima da mesa, dentro da caixa com o presente. E por falar em presente. Obrigada. Você e o são uns fofos.

— Por nada . É um prazer fazer você sorrir.

— E por falar em sorrir, como você sabe sobre Trancoso?

— Sabendo.

— Me conta! Por favor, ... Hein?

— Outra hora. Agora vamos comprar suas roupas, e uma mala, e sapato, e... Biquíni. — disse estreitando os olhos e dando um sorriso malicioso.

Miserável!  Me deixa curiosa e agora fica querendo ver my body.

— Se não me contar como sabe que eu amo essa cidade, nada de comprar biquíni.

— Golpe baixo . Eu vou contar, só que não agora. Hum? — aí ele usou todo o Aegyo que a boba aqui adora.

— Você me conta mesmo?

— Claro sua boba. — ele me estendeu a mão sorrindo — Oba! Biquíni.

— Seu safado. Não importa se o homem é coreano ou BR, são tudo safado.

 

— Prove esse, e assim aqui, e esse aqui também. Ahh e essa saia. — disse, me estendendo alguns vestidos de noite, já na loja de departamento, enquanto escolhíamos algumas roupas.

, eu vou voltar na quarta-feira. Não vai precisar de todas essas roupas. E muito menos esse monte de vestidos. E isso é uma saia? Achei que fosse um cinto.

— Leve pelos menos um vestido desse.

— Ok. Um vestido desse, afinal já estou levando vestidos da temporada de verão.

— E saia? Leve por favor! Hum — começou a guerra de Aegyo, ele sabe que eu não resisto.

, é tão injusto você me vencer de fofura. Quem deve ser a fofa da história, sou eu. — ele continuou com a carinha de cachorro que caiu da mudança — Araseo.

me deu um abraço, desses que tiram seus pés do chão. Sempre vale a pena perder para ele.

— Mas sou vou levar porque é praia. E não vá se acostumando não.

Obrigada .

— Obrigado. O homem deve falar obrigado, com a letra o no final.

— Oh! Verdade. Eu lembro dessa aula. Mulher obrigada. Homem obrigado.

Aigoo. Tão inteligente. —eu falei enquanto apertava sua bochecha.

será que vai caber tudo na mala?

— Vamos fazer caber. E eu você ainda querendo que eu levasse aquele monte de vestidos... Homens. —ele me abraçou com a mão que não estava ocupada e fomos andando em direção ao caixa. — Era pra eu ter ido a minha casa. Porque você não remarcou o vôo para mais tarde?

— Eu queria ter essas experiências com você. Te ver provando e ajudar a escolher. Quero fazer tudo com você .

Eu não tinha estrutura para resistir a ele, fato. Parei de andar e o puxei para beijá-lo.

— O que mais você quer fazer ? Eu vou realizar.

Jinjja? Jinjja? —ele me imitou.— Sério?

Ya. Haji Ma! Não faça isso, pare de me imitar.

Ameacei sair de perto dele e rapidamente ele me puxou e me prendeu no seu abraço.

Araseo. Ok. Parei. Sério agora, eu queria viajar com você, mas já vamos fazer isso.

— Você roubou minha ideia de fazer uma lista com desejos?

Ne. Sim.— disse sorrindo lindamente.

— Aí não ria assim... Quer que te agarre aqui? Por que você é tãaaaao fofo? Hein.

— Então agora acabou a palhaçada, mandei aquele Pabo ir embora —ele começou a engrossar a voz e andar com o braço meio aberto, como se fosse um fisiculturista.— E agora? Quem é fofo?

— Continua sendo fofo —eu respondi numa crise de riso.

Aish!— reclamou desistindo de bancar o ogro.

A fila se arrastava, muita gente estava na nossa frente. E então eu aproveitei a situação para resolver algo.

, eu preciso ir ao banheiro, você fica aqui na fila ok?

— Você não vai fugir não é? Porque eu sei onde você mora e onde estuda, e falo português.

— Fugir de você? NUNCA. Eu volto. Prometo.

Esperei o ficar de costas e corri na direção contraria, queria comprar alguns lingeries e biquínis, não queria admitir, mas estava um pouco envergonhada com ele por perto.

Com , já era natural, eu nem ligava, mas o , apesar daquele dia no jardim (loucos), termos dado um passo importante, foi tudo tão rápido, afinal estamos correndo o risco de sermos pegos, se dar uns “amassos” na rua era mal visto, não queria nem pensar se alguém nos visse ali. Ele não tinha visto nada, nem meu corpo, afinal ele apenas levantou meu vestido, então fiquei um pouco insegura.

Cheguei à sessão que queria e escolhi alguns biquínis, como a praia era perto, não sairíamos de lá, seria melhor pecar pelo excesso, e peguei mais alguns.

Mas quando estava chegando nas lingeries, achei um exagero e pensei em devolver pelo menos um, quando me virei, esbarrei em alguém.

— Merda! —acabei soltando isso mesmo sabendo que a culpa era minha — Me descul... !

Eu já estava começando a corar de vergonha, mas a expressão do seu rosto, me fez esquecer: a cara de criança que foi pega pela mãe aprontando. Ele arregalou os olhos —ou o máximo que eles conseguem abrir— e sua boca abria e fechava, sem conseguir emitir som.

! — enfim saindo palavras da sua linda boca, não antes de ter escondido algo atrás das costas. — Eu vim te procurar. Você estava demorando muito.

— Sim, claro. E aproveitou para escolher calcinha fio dental pra mim.

— Como?

— Não faça essa cara linda de quem não está entendendo.  Tem um espelho atrás de você.

Aish! Ando perdendo muito pra você ultimamente? Não está certo isso.

— Homem apaixonado fica meio lerdo mesmo. Acontece. Você vai se acostumar.

— Nem se aproxime. — parei quando estava indo apertar sua bochecha novamente, nunca me cansava— Deixe minhas bochechas em paz.

— Tudo bem Sr nervosinho e safadinho.

— E você? O que está fazendo aqui? Pensei ter ouvido você dizer banheiro.

— Eu queria te fazer uma surpresa. — não era totalmente mentira. — Mas você estragou.
Eu me virei e comecei andar em direção a fila.

Haji Ma! Não vá!ele me abraçou por trás, meu coração foi à loucura e eu fui obrigada a parar. —, Minhae. Me desculpa. Esqueça que me viu aqui. Hum?

— Realmente está muito fácil ganhar de você. Pabo.

Ele sorriu e saiu me puxando em direção ao caixa, mas não antes de bagunçar meus cabelos, já bagunçados.

 


 

CAPÍTULO 7

 

— Por que essa de todas as cidades praieiras do Brasil? — me tirou dos meus pensamentos.

Estávamos já na estrada, seguíamos de Jeep até lá.

— Me responde uma coisa primeiro. Como você sabe dessa cidade? Como você mesmo disse, o que não falta no Brasil é praia.

— Se você fosse uma mulher normal, tinha lido a carta.

— Oppaaaa... Me conta... Hum?

— Não precisa fazer Aegyo não. E nem me chamar de Oppa só pra conseguir o que quer. Coisa feia.

Oppaaaa... —eu apertei suas bochechas, ele nem podia se esquivar, afinal estava dirigindo.

— Ok. Ok. —ele tirou minha mão do seu rosto, mas não a soltou, ficou segurando — Eu fiz um FC no twitter e te seguia.

Ele tentou parecer o mais normal possível, olhou pela janela fazendo cara de quem realmente não estava nem ai por isso.

Meu riso escapou dos meus lábios e de repente eu estava gargalhando, e ele também começou a sorrir.

— Ya! Não sorria de mim. O seu também é um FC, e você me segue também!

— Sigo seu Twitter oficial. Eu, fã, sigo meu ídolo, no caso você.

Eu disse ainda sorrindo daquela situação.

— Se eu contar para as Elfs que o fez um FC para me seguir, elas me internariam, me acusando de ter atingido o nível máximo de loucura. E olha que somos doidas por natureza.

— Assumo que é estranho. Mas eu queria saber como você estava, se seu coração tinha mudado de Ultimate. Enfim.

— Stalker!

— Traidora!

— Por quê? O que eu fiz?

— Nada, só ficou de graça com os outros membros do Super Junior. E ainda de outros mil grupos e como se não fosse o bastante, segue inclusive os atores. Aigoo.

— Para sua informação: Ser ELF é ter um marido e 14 amantes. E outra ninguém mandou seu país ser fabricante de criaturas fofas, lindas e perfeitas, e que ainda cantam e dançam e encantam.

— Pode para com a ousadia viu! Daqui a pouco você muda de Ultimate.

Ele fechou a cara e ficou olhando a estrada. Mas estava dando show, pois não desgrudou da minha mão.

Oppa. —ele olhou para mim — Neorago. It’s you.

Ele fez uma dançinha estranha, mexendo só a cabeça e virou para frente sorrindo descaradamente.

— Então você leu no dia que postei sobre esse lugar...

— Sim, “Depois de quase dez anos, uma decisão: Ir ou não ia a Trancoso, eis a questão.”

— Daebak! Nossa! Realmente você me segue no Twitter.  Foi a ?

— Ela passou o dela pra e eu pequei. E vi que ela conversava muito com certa amiga, que era do meu fandom, deduzi que você, parece que estava certo. Por que você não veio afinal? Aconteceu algo ruim aqui? Devemos voltar? Minha intenção não era apenas passear com você. Quero te ajudar. Não quero que se entristeça por nada.

— Não tem que voltar. Estou feliz por estar voltando aqui com você. Tem lugares que você teve momentos muito felizes e aconteceu algo que te magoou ou entristeceu. E você escolhe não ir lá novamente.

— Simplesmente para não manchar as memórias boas que teve lá.

— Isso. Exatamente isso.

— Eu quero saber o que houve. Mais um pedido da minha lista. Ser um apoio. Como vocês dizem aqui, ser seu ombro pra chorar.

— Vou te contar meu ilustre ombro. Eu me mudei para essa cidade com meus pais, ele recebeu uma proposta para ser gerente do restaurante de um hotel. Vivi aqui dos 10 aos 15 anos, até a dona do hotel vendê-lo e meu pai ir embora com ela. Então eu e minha mãe, sozinhas, voltamos para nossa antiga cidade.

Ele não falou nada, apenas apertou ainda mais forte minha mão, a encostou em seus lábios e deu o beijo mais doce e demorado que já havia recebido. “Mão sortuda!” eu ainda pensei nisso antes de começar a chorar.

— Eu estou bem . — me apressei em acalmá-lo— eu superei, o perdoei desde os 17, temos uma relação normal de pai e filha.

— Tem certeza? Porque tem outras cidades lindas por aqui. Caso você não se sinta bem.

— Estou bem, ótima na verdade. É só que estou voltando para um lugar em que vivi dois extremos, mas agora estou voltando com você, você.— E dessa vez eu que puxei sua mão e a beijei.

***

Olhava para , ainda não acreditando que realmente estava ali ao meu lado, tão falante, engraçada, fofa e minha.

Quando não embarquei para Los Angeles, não acreditei que ela viria para ficar comigo. Tive esperança, lógico, mas deu muito medo. Medo da escolha que ela faria.

Ela estava vivendo bem, estava realizada em todas as áreas de sua vida, de sua realidade.

Por isso fiquei, sabia que ela viria ao menos para se despedir, não queria ir embora sem dar o último abraço, o último beijo.

Sorri feito uma criança ao ganhar o presente que pediu ao Papai Noel, ao vê-la no portão de embarque. A reconheci de longe, mesmo ela estando mais magra e com aquele cabelo cortado mais curto, tinha que me acostumar com esse novo corte.

Ela estava dando show pros seguranças, fazendo o drama básico dela, me lembrei dela dançando para as vans lá na Coreia.

Meu coração parou quando ela correu, saltou nos meus braços e me beijou. Sempre tão louca e impulsiva. Senti saudades disso.

— Pois é , então eu posso ter o e o de amantes, já que quem cala consente.

Rapidamente eu saí dos meus pensamentos.

— COMO? ENLOUQUECEU MULHER! Pois fique sabendo que vou te deixar escondida numa fazenda e trancada, sem direito a ver um bias, nem por foto.

— Tive que falar algum absurdo para você voltar pra terra. Estamos chegando sonhador. Aposto que estava sonhando comigo e com meus beijos.

— Sua descarada. Pare de sorrir tão descaradamente. E o que eu disse sobre a fazenda está valendo. Eu não confio em você perto de oriental nenhum, principalmente oriental pós debut.

— Nem o ?

— Principalmente ele.

— Aish. Possessivo.

— Aigoo, descarada.

Chegamos à pousada, de frente pro mar, se perdeu em pensamentos, comecei a me preocupar, mas ela apenas sorriu.

— Perdeu a fala novamente . Lugares bonitos e a capacidade de tirar sua fala, se lembra de como ficou calada olhando para o Secret Garden na Coreia?

— Já disse que não são lugares bonitos.

Sorri ao lembrar do que ela me disse há três anos na Coreia. “Não lugares bonitos, e sim, você me mostrando o paraíso”.

Chegamos ao quarto e ela nem bem colocou a bagagem no chão, já entrou no banheiro com uma necessarie, ela olhou pra minha cara de felicidade e balançou a cabeça como se dissesse “Ninguém merece”.

Eu deitei na cama esperando ela, que não demorou muito. Ela saiu com a saia que eu implorei pra ela comprar e uma regata, que mostrava que ela estava de biquíni. Estava muito linda, estava um pouco mais magra que antes, mas não menos linda e desejável.

— Vai ficar aí babando ou vai à praia comigo.

, são quase cinco da tarde, vamos descansar um pouco e jantar, amanhã vamos em todas as praias da região.

— Tem meses que não vou à praia alguma, e o mar está logo ali. Tão perto. — disse olhando pela porta de vidro que ficava de frente pro mar.

— Tem certeza que não quer esperar até amanhã?— perguntei tentando persuadi-la.

— Não precisa ir . Tome um banho e descanse, não demoro.

— Você acha que vai sair com essa saia sem eu por perto?

— Você quem comprou, assuma a responsabilidade.

— Estou assumindo. Espere um pouco que já vou indo com você. —levantei rapidamente e fui lavar o rosto para espantar o sono.

Caminhamos de mão dada pela orla, com o mar batendo suas ondas fracas em nossos pés. Ao contrário da Coreia, a água era quente, morna.

Ela percebeu meu sorriso.

— O que foi?

— Virei fã do mar brasileiro. Quente. É bom.

— O Brasil é muito grande, e nem todos os mares tem a água assim. Quanto mais se desce, a temperatura da água muda, ficando um pouco mais fria.

— Me lembrarei de visitar apenas as praias da Bahia pra cima.

Fui apenas para proteger as pernas expostas de , mas foi perfeito.

Correr atrás dela, derrubá-la no chão e fazer cócegas, pegá-la no colo e jogá-la na água, jogar água um no outro. Enfim, essas cenas românticas que em filmes é meio brega e enjoativo, mas viver isso... É realmente muito bom.

 

— E agora , o que quer fazer? Comer, descansar...?— perguntei quando entramos no saguão da pousada.

— Comer enquanto descanso.

— Como?

— Tem um ofurô na varanda.

Sempre tão boba.

— Nada disso, vamos comer logo já que estamos aqui em baixo.

— Por que você pergunta se não ia ouvir minha sugestão? — ela argumentava enquanto me seguia emburrada para o restaurante.

***

Não entendia a capacidade que tinha de dormir em qualquer lugar, estávamos sentados no ofuro conversando, rindo, brincando e quando me distrai por um momento ao celular, lá estava ela, de frente a mim, com a cabeça tombada pro lado. Me sentei ao lado dela e coloquei sua cabeça no meu ombro. Seu cabelo ainda tinha cheiro de maresia, água do mar.

Eu devo ter cochilado também, por que acordei com alguém, na verdade , chutando meu pé. Olhei para ela sentada do outro lado me olhando com fogo nos olhos. Tentei me lembrar se tinha me aproveitado dela dormindo, mas lembrei que foi só no sonho que acabara de ter nesse cochilo.

? O que está fazendo aí? Por que não esta aqui do meu lado se aproveitando de mim? Já que essa é sua especialidade, se aproveitar do meu corpo quando estou dormindo.

Ela não sorriu, e eu comecei a ficar assustado.

— Por que não pede sua amiguinha pra se aproveitar de você dormindo e acordado! —ela disse jogando o celular em mim, e por pouco não caiu na água. — Ela esta ligando sem parar a um tempo.

Ela se levantou, pronta pra sair da piscina, mas eu a puxei e a sentei. Olhei a tela e vi algumas chamadas perdidas da .

— Calma , ela é só uma amiga. Uma amiga que amo e respeito como uma irmã. Ela só está preocupada, como os outros, quando soube que eu vim ao Brasil sem falar com ninguém.

— Mas vocês assumiram namoro quando você saiu do exército, e até hoje, supostamente ainda estão juntos. E sem contar que são um Couple famoso na Coreia.

— Ela não está comigo, e sim com outra pessoa. Eu fiz apenas um favor que ela pediu, fingir que estávamos juntos por um tempo, o namorado dele já teve um escândalo ano passado, a empresa o proibiu de ter outro, pelo menos por um tempo.

— Você não está mentindo, está?

— Claro que não. Ela deve ter ligado porque a mandei enviar uma nota à imprensa dizendo que terminamos. Deve estar curiosa, querendo saber por quê.

— Aish! Ainda assim, não gosto daquela vaca leiteira.

Eu fiquei sem entender o que ela tinha falado, mas não devia ser nada bom.

— Vaca? Vaca leiteira? Por quê?

Ela respirou fundo e colocou as mãos em frente aos seios. Sinalizando que a tinha os seios grandes. Quando entendi a expressão, não pude deixar de rir.

— Você não pode falar dela não. Afinal não está muito atrás. —eu falei olhando para eles. Quando ela viu a direção do meu olhar, começou a jogar água em mim e a me bater. Fiquei na defensiva por um tempo, porém, decidi mudar minha jogada, eu seria o atacante.

Segurei seus pulsos, a imobilizando, ela ainda tentou se debater, mas reconheceu a derrota.

— Pelo visto, você não joga sujo só com o Aegyo.

— Tenho muitas armas para essa guerra . Você sempre vai perder.

— E quem disse que eu quero vencer?

Soltei seus pulsos para puxá-la para mais perto. E percebi que quem perdeu fui eu. mexia comigo de todas as maneiras possíveis, e ela sabia disso, por isso deu uma risada evil, que senti meu auto controle indo embora.

, por que tão sexy?

, cala a boca e me beija homem.

***

E eu a beijei, beijei como se o mundo fosse acabar em beijos.

E também a amei como se esse fosse nossa última noite juntos, queria que ela se lembrasse desse dia para sempre.

Sabia que ela estava comigo por sua natureza impulsiva, e isso me deixava inquieto, desconfortável, confuso. E mesmo que não devesse estar assim, já que eu mesmo não podia garantir um futuro para nós, não dava para evitar, pois mesmo nessa situação, eu não conseguia parar de fazer suposições, se ela estava comigo apenas porque eu sou um Idol, ou por química, ou porque deu saudade daquele dia na Coreia e quis reviver o antigo sonho.

E ficava me perguntando também, que se os três, eu, ela e o , tivessem cara a cara, qual seria sua resposta. Tinha medo da resposta, mas já sabia que seria ele. Afinal ele passou cinco anos sempre perto, apoiando-a em tudo, eu não tinha a menor chance.

Por isso, minha urgência de mostrar pra ela que ela era especial para mim, e que apesar de que a distância sendo infinitamente maior do que o tempo que passamos juntos, ela mudara minha vida por completo.

Depois de um tempo pensado sobre essas coisas, pensei que ela estava dormindo, abraçada a mim, já que estava quieta, o que era raro, mas quando tentei tirar seu braço da minha cintura, para levantar, ela me apertou ainda mais, pude sentir a cabeça dela comprimindo meu peito.

— Não vá. — ela disse sonolenta.

— Não vou. —eu disse beijando sua cabeça.— Pensei que estivesse dormindo.

— Estou quase. Mas estou brigando com o sono. Não quero dormir ainda.

— Durma, você está cansada.

— Não quero. Quero ficar acordada com você, ou vendo você dormir.

— Boba, quando eu fechar os olhos eu vou desmaiar, pode ter certeza que meio dia é pouco pra mim amanhã.

— Amanhã é outro dia. Não quero que esse termine.

Fiquei passando a mão em seus cabelos agora, curtos. Mas lembro de como eles eram cumpridos há um tempo.

— Não gostou dele mais curto?— perguntou se referindo ao cabelo, sabendo exatamente o que estava pensando, ou ela era assustadora, ou eu era muito transparente.

— Nem está tão curto assim. E esse é o seu melhor corte de cabelo.

— Ha-ha-ha. Duas mentiras em única frase... Pode falar a verdade. Homens geralmente não gostam quando as mulheres cortam os cabelos.

, eu sou um Idol, estou mais que acostumados a cortes e cores diversas de cabelo. E eu não menti. Você fica linda de cabelo cumprido sim, mas nunca vou esquecer esse corte, nem a roupa e o perfume que estava usando no aeroporto.

— Por quê?

— Porque foi a imagem que me causou uma alegria que não tenho palavras para explicar o que senti, quando vi esses cabelos curtos e despenteados em frente ao portão de embarque, suas mão gesticulando, seu choro para dois estranhos. Se eu fechar os olhos sou capaz de visualizar você lá naquele momento.

— Por quê?— ela disse beijando meu peito

— O que?

— Por que você é tão perfeito?

— Eu te pergunto o mesmo.— falei sorrindo para ela, que nesse momento olhava sorrindo para mim.

Então, a sensação de que ela poderia ir embora a qualquer momento voltou, por isso, quem a apertou dessa vez fui eu.

Oppa. O que tinha na carta?

— Depois você lê.

— Você está inventando desculpa, pra não admitir que quem escrever ela foi seu professor de português.

Ya! Michyeoss-eo? Juggo sip-eo? Enlouqueceu? Quer morrer? Já disse que eu escrevi tudo em português, enviei pra ele a foto, e ele reescreveu corrigindo os erros. Quer ver?

— Quero sim.

— Aish. Teimosa, eu sei que você acredita em mim, você está usando essa desculpa só porque está curiosa. Mas também não te mostro agora. Vou enviar pra você.

Ela me soltou para que eu alcançasse meu celular no criado mudo, eu enviei duas, a primeira que enviei ao professor, e a outra que corrigi e enviei a ele outra vez, recebendo dessa vez, uma aprovação.

— Pronto, amanhã poderá ler sua carta em português.

— Gostei de ver como você está obediente.

— Não vá se acostumando.

— Tarde demais. Você está acabado.

— Quem está acabada é você! — e comecei a fazer cócegas nela. Ela tentou se afastar e me chutar, mas em vão.

— PARA! SEU-MAU! YA!— ela gritou tentando se desvencilhar.— Trégua!

— Responde quem manda aqui e dou sua trégua.— disse ainda segurando seus pulsos.

— Você... — eu já ia começando a sorrir — ... Com certeza não é.

Eu voltei a fazer cócegas, ela já estava sem forças.

ARASEO. Tudo bem. Eu me rendo. Você ganhou.

Eu a soltei rindo. Ela me olhou feio, com ódio mortal.

— Se tem uma coisa que eu mais odeio no mundo, são cócegas. E você não fez apenas uma, mas duas vezes. Então pegue sua autoridade e vá dormir com ela no sofá.

Ela me empurrou um travesseiro, puxou o edredom só pra ela e me deu as costas.

. Me desculpa. Eu não sabia que você odiava isso.

Ela ficou calada. Nem se mexeu.

— Por favor. Eu te imploro, deixa eu ficar aqui. Me desculpa.

— Saia.

Eu a puxei pra perto e tentei tirar a edredom do seu rosto, mas ela estava decidida a me mandar pro sofá.

Que ódio, estava indo tudo tão bem, por que eu fui inventar de fazer a única coisa que ela mais odiava? Que otário!

— Eu prometo que nunca mais faço isso. Me perdoa. Hum? Só dessa vez. Hum?

— Primeiro me responda uma coisa.— ela disse com a voz zangada, ainda escondendo o rosto.

— Até duas.

— Quem manda aqui mesmo?— perguntou tirando o edredom do rosto, se virando para mim.

— HÃ?

— Não quer responder? Então tá. —ela se afastou de mim novamente e virou pro ouTro lado.

— Você manda. Você manda.

Ela tirou o edredom do rosto outra vez e se virou pra mim com o sorriso mais descarado desse mundo.

— Pabo. É assim que uma mulher vence a guerra. E antes que você venha com graça. Eu realmente odeio cócegas.

— Omo odeia? Nunca mais seu Oppa faz isso. Araseo.— falei tentando ser fofo.

— Se você quer me ganhar com Aegyo, porque não começa cantando Gwiyomi.— Ela disse depois da minha tentativa de ganhar pela fofura.

— E quem disse que eu quero te ganhar pela fofura?

Eu prendi seus braços acima de sua cabeça. Ela me lançou um olhar ameaçador.

— Já disse que odeio cócegas. Não faça isso.

— Eu sei que odeia, e vou usar isso outro dia contra você, mas não hoje e não agora.

E a beijei, fazendo a sorrir.

— Prefiro essas armas.

— Verdade? Então agora quem manda?

Ela virou o rosto pro lado.

— Para com isso, isso é golpe baixo.

— Olhe pra mim , e diga: Quem manda aqui é o , meu homem.

Ela gargalhou, mas não olhou pro meu rosto.

— Você enlouqueceu. Para de graça e vamos dormir.

— Vamos, claro que vamos, mas olha pra mim. Olha vai... Hum?

Eu beijei sua bochecha, e fui tentando chegar a sua boca, mas virava o rosto sempre.

, — aproveitei seu momento de distração e beijei sua boca. — você — e de novo— não — e de novo — pode fazer isso.

E então olhou em meus olhos.

— Ou melhor, pode, deve, eu te obrigo a fazer isso.— disse sorrindo encantada, eu adorava quando ela me olhava assim.

Eu sorri e ela me puxou para beijá-la, mas eu não fui.

— O que foi?

— A frase primeiro .

Ela respirou fundo, e olhou para a minha boca.

— Ok. A frase. É... Quem... manda aqui é ... — respirou fundo novamente —o .

— Está faltando uma parte aí.

— Meu homem.

— De novo.

— Meu-homem. —ela falou com os dentes cerrados.

— Toda a frase, por favor.

Se um olhar matasse, era meu fantasma que estaria com ela agora.

— Quem manda aqui é o , meu homem.

— Novamente.

Nesse momento ela me puxou e me beijou. E me bateu, e voltou a me beijar.

E assim, literalmente em meio a tapas e beijos, adormeci.

 


N/A: Como demorei a atualizar. Fiz um capitulo maior. Espero que esteja perdoada haha


 

Capítulo 08

 

... — sussurrei seu nome — Oppa...

Como ele não respondeu, tirei seu braço de cima de mim e me levantei o mais silenciosamente que pude, pisei na fivela de seu cinto e um “Merda” saiu automaticamente da minha boca, mas como ele disse, desmaiaria de cansaço, já que não dormiu escrevendo a carta na noite anterior.

Não levantei pra ler a carta, ou melhor, não só por isso. Queria falar com a , sabia que nesse momento estava tendo um ataque, não falava com ela desde ontem à noite.

Só o pra me fazer esquecer de celular, só lembrei dele quando cheguei do passeio e me lembrei da minha mãe, que até aquela hora não tinha me pronunciado à ela sobre minha desistência de ir pra casa.

Tinha muitas mensagens da , e , mas preferi não falar com ninguém, ou melhor, não tive escolha, porque o me chamou da varanda para entrar na água com ele no momento em que tinha pegado o aparelho, então me esqueci completamente dele nas horas seguintes.

O larguei carregando desligando num canto, era a melhor coisa a se fazer no momento.

Por isso, mesmo sendo meia noite, resolvi ligar para , amanhã eu retornaria aos outros, ou pelo menos as da .

Fui pra varanda e fechei a porta, não queria acordar o . Ela atendeu no segundo toque, devia estar acordada.

— Oi , voc... —ela nem me deixou terminar a frase.

! Onde você está? Você viu ? Ele te viu com o ?

Minha cabeça estava uma confusão, pela quantidade de perguntas dela.

— Amiga, calma, uma pergunta de cada vez.

— Onde você está? —pude ouvi-la respirando fundo, para controlar a ansiedade.

— Em Trancoso.

— Com...?

.

Eu já estava ficando ansiosa também, só dela mencionar o nome de quando atendeu, já tinha me tirado a paz de espírito.

— Ok. Desde quando?

— Desde essa tarde.

— Desde que horas estão fora de casa?

— Umas sete da manhã.

— Aí. Ufa. Menos um problema.

— Amiga, agora me esclareça isso. Por favor! O que houve?

— Bom o que houve é que seu namorado não entendeu seu recado, de que queria ficar só dormindo e viajando no maravilhoso mundo da Coreia, e resolveu te fazer uma surpresa.

— Não... — disse me jogando em uma cadeira próxima.

— Sim. Ele chegou ao aeroporto umas 10h e foi para sua casa.

— Não...— sussurrei incrédula.

— Me ligou perguntando por você que não estava em casa, e queria saber se você tinha mudado de ideia e viajado com para o casamento, eu disse que não sabia. Mas ele ligou para ela, e olha só, me ligou super preocupado dizendo que não estava lá. E seu celular só dava fora de área.

— Aí meu pai...

— Eu sei, então ele desligou, e mandou uma mensagem dizendo que estava voltando para casa e que você devia estar “muito bem”. Eu achei super suspeito, pensei que ele tinha conseguido falar com você, mas era impossível afinal, você está incomunicável. Depois ele me ligou novamente, não para me contar sua decisão, mas apenas dizê-la em voz alta, para ele mesmo se encorajar.

— O que ele disse?

— Disse que estava indo no primeiro vôo para Salvador. Ou seja, ele já deve saber onde você está.

Perdi as forças e a capacidade de falar.

? Amiga? Você está viva?

— Me ajuda . O que eu faço? —disse olhando para o quarto onde o dormia, alheio a minha agonia. — Tenho certeza que ele acabou de ler a carta.

— Que carta?

— É uma longa história, que infelizmente não posso contar agora.

 
***

Acordei após um pesadelo, que rapidamente o esqueci ao perceber que a realidade era muito pior.

não estava na cama, levantei e a procurei pelo quarto, banheiro, varanda e até o corredor, mas nem sinal dela.

A mala ainda estava lá, mas sua bolsa tinha desaparecido com ela.

Então ao olhar para o espelho que ficava acima de um armário na parede próxima a porta, vi um pequeno pedaço de papel, minha boca já começando a secar e o coração acelerava antes mesmo de ler.

,
Precisei ir. Me desculpe.
.”

Curto e seco.

Virei o bilhete esperando que tivesse mais algumas palavras, mas nada.

Minha cabeça estava confusa, com pensamentos dos mais diversos tipos.

Ela voltaria ou não?

Me escolheu ou não?

Veio apenas se despedir de mim e voltar para a sua vida real?

Programou isso desde o começo, ou a ficha caiu do nada?

ligou e a convenceu a ficar com ele?

Ou ela percebeu sozinha que o amava mais, apesar de gostar de mim?

Desabei no chão, sem forças até para pegar o telefone e ligar para ela. Olhei pro lado e havia uma lixeira ali, notei vários papéis amassados, comecei a abrir um por um, eram as tentativas fracassadas de bilhetes que ela havia escrito, sabia a sensação, afinal nem foi a dois dias que fiz isso ao escrever a carta, nunca tive um bloqueio tão grande.

Li todos e sofri por ela, se eu estava mal, ela também não estava melhor.

, não sei o que fazer.”

“Oppa, tenho que falar com ele, me desculpe.”

, sinto muito, mas tenho que voltar pro...”

, eu...”

Não sou muito de chorar, mas nesse momento, pareci , lágrimas insistiam em descer, por mais que eu tentasse me controlar.

Ela tinha me transformando num chorão. Como se brega já não fosse o suficiente.

Precisa convencê-la a me dar mais tempo, pelo menos um dia a mais, uma hora, ou pelo menos uma despedida decente, ela não podia fugir desse jeito.

Levantei procurando meu celular e a chave do carro, o celular eu encontrei, mas a chave, nada. havia levado o carro.

Liguei para ela até me convencer de que estava sendo evitando. não queria mesmo falar comigo.

Fui para a varanda, sentei, olhando pro mar, esperando o sol nascer. E acabei sorrindo da ironia.

Trouxe para Trancoso com a expectativa de ela superar as lembranças ruins, mas esse lugar levou o pai dela, e levou ela de mim.

***

Dirigia há duas horas sem parar, o mais rápido que podia. Precisava estar lá para ver chegar, podia imaginar como ele estava arrasado, decepcionado.

Se ele sabia onde eu estava, então com certeza tinha lido a carta do , afinal ela estava escrita em Português.

Minha mente imaginava ele lendo aquilo, podia ver seu rosto se contrair de raiva, e depois tristeza, afinal, nunca ficava com raiva por muito tempo, mas a tristeza e decepção, a decepção de ser traído pela amiga, não apenas pela namorada.

Cinco anos de amizade e lealdade terminariam dessa maneira...

Ouvi buzinas atrás de mim, olhei pelo retrovisor e o motorista apontava a estrada para mim, olhei para frente e percebi que havia invadido a contra mão, voltei para minha pista e reduzi a velocidade.

Mas percebi que eu não estava em condições de dirigir em hipótese alguma, então entrei numa estrada que dava a uma aldeia de pescadores, parei perto da praia, abaixei a cabeça no volante e fechei os olhos por um momento.

Não havia parado de pensar em tudo ao mesmo tempo desde que a tinha me ligado.

Precisa de paz, tranquilidade. Precisava organizar meus pensamentos. Precisava tomar uma decisão agora, mas não com a cabeça quente.

Comecei pelo , recordando de tudo que vivi com ele nesses cinco anos, eu o amava como amigo, e se eu não tivesse vivido aquele sonho de semana com o na Coreia, eu tenho certeza que estaria namorando com ele há mais tempo, não apenas há seis meses.

Mas aquela semana foi minha dádiva e maldição, eu não conseguia superá-la por mais esforço que fizesse.

Se eu fosse com o , eu tentaria de verdade dessa vez. podia ser o amor da minha vida, mas o era minha alma gêmea.

Quem eu deveria deixar? Quem escolheria magoar? Minha alma gêmea ou o amor da minha vida?

Sinto muito mesmo , mas vou te transformar mais uma vez no Infinito enquanto dure. Queria que esse infinito tivesse sido mais, mas não dá para mudar o destino. Era hora de voltar para casa, para o .

Peguei meu celular, e vi umas dez chamadas perdidas do , fora as mensagens, que preferi nem ler, para não cair em tentação e mudar de ideia.

Enquanto lia as mensagens da , me perguntando onde estava, e com quem estava que havia trocado ela e o . Afinal não viajei com ela e nem para casa por preguiça. Depois os motivos mudaram. E o caos se instalou.

Eu tentei resisti, mas quando dei por mim, já estava no Kakao, procurando as imagens da carta que o me enviou, e bem nesse momento de fraqueza, meu celular começa a tocar.

Meu coração parou quando li quem era.

.

Respirei fundo, tentando controlar a tremedeira que se instalou no meu corpo, tenho quase certeza que na voz também.

? — sim, minha voz estava trêmula, como tinha imaginado— Onde está? Já chegou ao aeroporto? Me espere que estou chegando. Olha eu...

— Não tem que vim, pode voltar para ele.

Fiquei em choque por uns segundos, tentando processar o que ele havia falado.

, eu sei que o que eu fiz foi imperdoável, eu não vou nem ousar pedir desculpas, mas eu não vou ficar com ele, mesmo que você não me queira mais. Eu vou ficar sozinha. Como punição por ter sido uma... vaca com você.

, não tem que vir mesmo. Eu não fui atrás de você. Eu quis muito ir, meu coração quis, mas eu me obriguei a soltar seu calcanhar

... Não precisa soltar, me diz onde está que eu vou. Ok?

— Estou em casa . Eu voltei para casa.

— Como assim?

Eu já estava chorando, ele surpreendentemente não. Sim, porque entre os dois, o mais chorão era ele.

— Eu já te disse que te soltei. Você é livre agora, então não se sinta mal em estar com ele.

— Não , eu vou me esforçar dessa vez, eu juro. Eu amo você, e percebi isso hoje, e não apenas como amigo.

— Eu sei , e eu também te amo.

— Então está tudo certo. Eu vou para casa também, vou ficar contigo. Prometo que vou me dedicar a você todo meu pensamento e futuro, como deveria ter feito desde sempre.

, não venha. Fique, é serio. Fique.

— Eu disse que te amo e você é o meu número, nos fomos feitos um pro outro, lembra?

— Lembro sim.

— Você ficava me perturbando com aquela música dizendo que um dia minha ficha cairia e eu perceberia que nós éramos almas gêmeas.—realmente ele chegava cantando “As metades da laranja, dois amantes, dois irmãos”, mesmo sabendo que eu odiava, mas as pessoas tentem a me perturbar, desde que eu era pequena e não mudou em nada quando cresci, com o não era diferente.

— Sim, eu lembro.

— Então eu percebi que te amo. E que se eu não tivesse encontrado o , que foi uma brincadeira de destino, eu estaria com você desde sempre.

— Mas você o encontrou . Nada muda o fato de que você o encontrou e que o ama. Eu sei que ama. Sabia quando teimosamente, te pedir pela milésima vez em namoro e, enfim você aceitou. No fim das contas a culpa foi minha.

...

— Foi minha sim, eu sabia , mas era tão doido que te queria mesmo você não estando completamente comigo. Eu sabia quando você estava com ele, mesmo em pensamento. Você é transparente demais. Já te falaram isso?

— Sim.

— Se, você não tivesse conhecido o KPop, se você não tivesse conhecido o seus idols, ou os oppas dos doramas, se você não fosse louca e dançasse na rua, se o cara não tivesse te roubado, se o não tivesse te salvado, se ele tivesse te ignorado.

Ele parou, respirou, eu não ousei falar nada, não queria desencorajá-lo.

— Se, se, se... Contudo, nada muda o fato de que tudo isso já aconteceu. Eu nunca te perdi para ele como eu pensava. A verdade é que eu nunca tive você, nunca mesmo . Você não me ama. Poderia amar, se... — ele sorriu.— de novo o se...

— Eu sinto muito mesmo.

— Não sinta. A culpa é mais minha que sua. E a culpa é dele também, por ter sido um omisso, um covarde. E minha por ser um ambicioso. Mas não sua.

— Quando você tiver superado tudo, me procure. Vou sentir sua falta. Vou sentir muito sua falta.— falei entre soluços

— Ok. Eu prometo. E já sinto sua falta, na verdade, sempre senti sua falta.— enfim ele chorou, estava preocupada por ter transformado em pedra seu coração mole, mas o era o , não importava o que acontecesse.

 


 

Capítulo 09

 

Ainda estava tentando aceitar a ideia dela ter partido, e me controlando para não correr atrás. Se o carro ainda tivesse lá, eu já estaria na estrada, mas enquanto esperava dar oito horas, para abrir as lojas, me convenci a deixá-la ir.
sabia onde me encontrar, ainda ia ficar aqui por uns dias, afinal, não adiantava nada ir para casa. E se ela não viesse nesse prazo, sabia onde trabalhava, afinal não saia de lá quando morou na Coreia.

Não pude deixar de sorrir ao imaginá-la na porta da empresa esperando pelos  Idols entrarem, e ficar gritando segurando cartazes, presentes.
Fui caminhar pela praia, da mesma forma que fizemos no primeiro dia que chegamos aqui, nem parecia que tinha sido ontem. Parecia que foi a uma vida atrás, tipo na mesma época do Secret Garden.

Quis chorar novamente, mas isso não resolveria nada.

Caminhei, corri, sentei, nadei, e resolvi voltar, meu corpo e mente já demonstravam sinais de cansaço.

Já perto do hotel encontrei algumas pessoas na praia, parece que começaram a acordar agora, tinha umas três mulheres deitadas com as costas para o sol.

Não conseguir evitar o olhar, mas era maldade essas mulheres ficarem se expondo assim e não esperasse que os homens olhassem. Até diminuir meu ritmo sem nem perceber.

— Continue olhando só mais um pouco, e essa será a ultima coisa que verá na vida.

Meu coração deu um salto.

.

Acho que a invoquei com ciúmes, só pode.

Me virei e lá estava ela, brava, séria e mais bronzeada, mas era ela.

— Então é assim que vocês homens são? Não esperou nem 24h para substituir?

— A culpa não é minha, mulheres semi nuas são imas, quando você percebe já está encarando.— disse me fazendo de vítima, ela apenas revirou os olhos, se aproximando.

— Você está bem?

— O que acha?

— A meio segundo atrás estava, enquanto olhava para a bunda dessas oferecidas. Quer que eu vá embora? Aí você pode continuar o que estava fazendo.

— Boba. Não achei que fosse te ver, pelo menos não hoje.

— Eu também não, desculpa.

— Tudo bem. Você está aqui. E é isso que importa.

— Você não tem orgulho? Eu sumi sem nem me despedir direito, não ia voltar. E você me recebe assim? Me aceita sem qualquer sinal de ressentimento?

— Não tenho orgulho quando se trata de você. Percebi isso quando ouvi sua voz. — Não estava mentindo para ela, era mesmo verdade, quando ouvi sua voz, a tristeza, frustração, foi embora, foi como se ela tivesse retirado tudo aquilo e substituído por uma felicidade sem tamanho.

— Não fale essas coisas que eu me sinto ainda pior. Porque eu voltei depois de...

Eu a calei com um beijo. Eu não precisava ouvir nada. Me afastei um pouco e falei:

— Não importa, você está aqui, e pra mim já basta. Nada importa. Se você estiver aqui pra valer, nada importa. Você quer está aqui de verdade? Não importa seus motivos.

— Claro que quero , se não quisesse não teria voltado.

Eu a abracei pra terminar de me convencer que eu não estava sonhando, como ela sempre fazia comigo na Coreia, agora eu a entendia tanto.

... Você está me esmagando. — eu não reagi, só sorri ao relembrar do primeiro abraço que ela me deu.

— Só mais um pouco, não quero acordar agora.

Ela sorriu ao perceber o que eu estava fazendo.

— Pode continuar, mas só abrace com menos força.

— Agora você sabe o que passei com você?

— Sim, e eu sinto muito mesmo. Agora mais do que nunca.

Eu desfiz o abraço, mas não soltei sua mão. Voltei em direção ao mar com ela, na direção contaria das mulheres. Não sou bobo.

— Você sendo tão perfeito só faz com que eu me sinta uma sem coração.

— Já mandei você esquecer isso. Você voltou e é só o que importa. Eu falo sério.

— Eu sei que fala, mas não deixa de ser inacreditável.

, você como brasileira, que conhece o cristianismo já devia saber que tem um poema na Bíblia que diz que o amor tudo suporta.

— Verdade. Conheço esse “poema”. —ela falou rindo— É lindo.

— Então eu suporto tudo e confio em seus motivos. E sem contar que grande parte disso foi minha culpa.

ficou calada por um tempo, enquanto caminhávamos lentamente pela praia de Trancoso, que afinal, não virou um karma ruim.

— Então você, está dizendo que me ama? —perguntou com um sorriso que estava mais pra descarado do que timidez.

— Ya! Que cara é essa? Eu aqui todo romântico e você rindo de mim? Por acaso é engraçado rir do amor alheio?

Ai sim ela riu, e rui muito. Eu a soltei e comecei a fazer cócegas.

— NÃOOOO! DESCULPA OPPA. ME PERDOA!

Eu parei com as cócegas, mas ela voltou a rir quando olhou para mim, essa abusada estava merecendo uma vingança. Além de não responder que me amava de também, ousava sorrir.

Eu a joguei no meu ombro e fui entrando na água, ela se debatiam, me batia, mas quando cheguei num certo ponto a joguei na água.

Quando se levantou e vi que estava bem, lhe dei as costas, para sair da água, porém ela pulou nas minhas costas, me afundando com ela.

Quando cansamos de “lutar” na água, nos jogamos na areia. Ela se deitou em cima do meu braço, mas eu a puxei para apoiar sua cabeça no meu peito, não vi, porém senti seus lábios abrirem um sorriso antes de me beijar e me abraçar.

adormeceu, como sempre, fiquei sentindo sua respiração regular, bem quieto para não acordá-la.

Quando o sol começou a ficar forte, já estava dando nove horas, acordou.

— Vamos voltar, estou com fome.

— Só fome mesmo pra acordar você.

— Me conhece tão bem...

— Nem é preciso conhecer bem, está tatuado na sua cara: Sono e fome, não perturbem.

— Hehehe engraçadinho.

— Sem deboche, ou não te dou carona no seu transporte favorito.

— Parei , sou uma pessoa séria.

— Acho bom. — abaixei pra ela subir nas minhas costas.

— Let’s Go Oppa. fighting!

Sai andando com ela nas costas pela orla.

— Você está tão bonzinho comigo, que já estou mal acostumada, e não sei se você sabe, mas isso só me estimular a ser mais ambiciosa. Vou querer coisas muito maiores.

— Peça o que quiser e eu farei .

— Sério? Oba! E por quanto tempo que vai durar essa minha vida boa? Te conheço o suficiente pra saber que isso tem um fim. Você não nasceu com esse dom, de ser o senhor bonzinho.

— Tem razão, então aproveite enquanto pode. Porque vai terminar quando eu te trancar numa casa de fazenda, sem celular, ou qualquer tecnologia, para não ver outros idols e onde você nunca fuja de madrugada.

sorriu, mas depois parou, deve ter se sentido mal por agir assim. Então entendi, ela não deixou , ele quem a libertou. Isso foi como um soco no estômago, mas a admirei ainda mais, ela o escolheu por lealdade, e ele sabia disso. Eu também não a prenderia comigo, sabendo que o coração dela estava com outra pessoa. Não seria justo com ninguém. O admirei por isso. E o agradeci ainda mais, sei que ele fez isso por ela, mas estava grato mesmo assim.

— Você leu a carta ?

— Você acreditaria se eu dissesse que não.

— O que? Não leu ainda?

— Eu já estava vindo te ver, e mesmo não sabendo se você iria querer me ver novamente, preferi ouvir você lendo—a.

— Me dá seu celular. Deixei o meu em casa.

— Você vai mesmo ler? Tão fácil assim? Estou amando esse sem orgulho.

— Tudo tem um preço nessa vida .

— Sabia que sua personalidade estava escondida ainda em algum lugar.

Ela me deu o celular, e mesmo com alguma dificuldade, comecei a ler. Enquanto lia, com ela ali tão perto, rindo, chorando, me batendo algumas vezes, me senti completo. Era isso que eu queria, pra sempre, ou se não pudesse, então por muito e muito tempo.

 

***
, você não faz ideia de como é difícil estar escrevendo isso...”

— Eu faço ideia sim. —eu o interrompi.

— Você prometeu não me interromper. Shiii.

— Araseo.

, você não faz ideia de como é difícil esta escrevendo isso. Essa já é minha 10ª tentativa...”

— SÉRIO?

— YA!

— Desculpaaa.

“Como te explicar o que estou sentindo?
Ou como te explicar o que senti durante todo esse tempo?
Como te convencer a ficar comigo depois de termos ficado pouco tempo juntos e tanto tempo separados?
E pior, como te convencer a ficar comigo por um momento que nem eu sei quanto tempo será?
Sei que são muitas perguntas e ainda há mais. Tudo isso está na minha cabeça, nos meus pensamentos, nos meus sonhos.
O que eu faço se você me mandar ir assim?
Como proceder?
O que fazer?
Quais serão meus planos futuros se você escolher pela sua realidade?
Sim, porque desde que sai do exercito, tudo que pensava e planejava, tinha apenas um objetivo: estar com você.
Se você estiver lendo isso, significa que tudo o que planejei acabou. É o fim.
Significa que terei que voltar a estaca zero. Realizar outros sonhos, traçar outras metas, outros planos.
Mas antes disso, tem o sofrimento. Sim, sofrimento, não vou mentir como dá outra vez, dizendo que tudo ficará bem, pode ser que sim, mas antes de disso tem a fase do sofrimento.
Então se você estiver lendo (Por favor, não esteja lendo) significa que vou sofrer novamente.
Sofri por dois anos, vivi na expectativa e ansiedade durante os últimos sete meses, fui feliz por algumas horas —do momento que você esbarrou em mim no seu laboratório até o momento da ligação.
Queria ser um pouco mais feliz com você!
Isso não é possível?
É difícil demais?
Se você me responder que é impossível, eu não te culparei, como você pode pensar. Você não me enganou sobre estar com . Eu sabia sobre seu namoro. Você postou no Instagram (Não ria, mas eu tenho um fc e te sigo. Não ria. Falo sério.)
Eu já sabia de tudo quando resolvi vim, sabia do seu namoro, mestrado, enfim, sabia sua realidade.
E ainda assim vim com todo meu egoísmo, querendo que você trocasse um pouco da sua realidade por um momento curto comigo.
Sim, por que o que mais posso oferecer a você?
Apenas, um sonho, um momento, um instante.
Não posso te oferecer mais do que isso por agora. O futuro é tão incerto e imprevisível, não quero te oferecer algo e não cumprir depois.
Por enquanto vou oferecer o que o Vinicius disse: o melhor infinito que puder.
Um dia?
Uma semana?
Um mês?
Um ano?
Não sei o tempo, mas prometo fazer tudo por você.
Não apenas porque te amo.”

— Stop. Me desculpa interromper. Mas você se declarou pra mim? Na carta? Numa carta de despedida? Daebak! Impressionante!

— Muito clichê?

— Clichê sim, mas tudo que é clichê tem um motivo pra ser assim. Eu amei isso. Era pra eu ter lido antes, pouparia alguns desgastes.

— Você ia me deixar?

— Não se bobo, eu não teria ido ontem. —eu o apertei um pouco mais. E perguntei beijando—o na bochecha:— Então me ama?

— Sim, ele ama.

Eu não contive o riso, e ele como sempre, acabou rindo também.

ME AMAAAA! CHUPA MUNDO, MEU ULTIMATE ME AMA!

Joh-a? Você gosta? Você gosta de saber disso?

— Hum. Nega... Domo Joh-a. Eu... Gosto muito disso.

— Você não tem nada pra me dizer em relação a isso?

— Não. Pode voltar a ler, por favor.

Aish. Dapunoma! Malvada!

“Não sei o tempo, mas prometo fazer tudo por você.
Não apenas porque te amo
Pois é, eu te amo.
Mas farei porque você sim é a heroína da nossa curta história.
Te ajudar naquele dia, foi uma sorte, uma feliz coincidência, que foi retribuído pela felicidade de conhecer você.
Você que me salvou de um tédio que não ia embora por mais que eu me esforçasse.
Me salvou da melancolia que começava a se alojar em mim.
Você com essa sua personalidade impar — impar aqui significa louca, chorona, surtada, fofa, envolvente — enfim, com essa personalidade, me acertou em cheio no coração. E mesmo sendo um idiota e ter te perdido por dois anos, e provavelmente por mais tempo, se você estiver lendo, então mesmo sofrendo, eu prefiro sofrer por você a por qualquer outra pessoa.
, obrigado por me salvar.
E , Saranghae.”

Ele acabou de dizer mesmo isso:

“E , Saranghae.”

Disse que me ama em português e agora em coreano, pra terminar de me matar.

, leia novamente o último parágrafo.

— Por quê? Em casa você pode ler quantas vezes quiser.

— Por favor. Hum?! Leia. — disse no melhor tom de Aegyo que consegui.

— Araseo. Araseo.

, obrigado por me salvar.
E , Saranghae.”

— Dado . Dado Saranhhae-yo. Eu também . Eu também te amo.

~Continua~


EPÍLOGO

 

08 meses depois

Nem acredito que estou voltando a Coreia após um ano, que saudade. Do povo, do clima, deveria ter vindo na primavera, queria passear pelos parques de cerejeira com o , mas como não deu, vim pássaro Natal e o Ano Novo com ele. Ele insistiu que fosse nessa data, porque queria me apresentar à família dele, e como ele disse, não tinha data melhor.
Meu nervosismo só aumentava, a expectativa de conhecer a mãe dele, era infinitamente pior do que quando esperei pelo resultado do programa que meu a bolsa de intercâmbio para a Coreia.

Combinei com o , que iria para o hotel primeiro, me instalar e descansar, afinal foram quase trinta horas de viagem. Iria passar o dia seguinte na casa da família dele, e achei melhor encontrá-lo lá também.

Não queria expô-lo agora, nós conversamos muito sobre isso e decidimos que por esperar um pouco mais antes de revelar.
Ele ficou preocupado comigo, por ter que esconder nosso relacionamento. Ainda lembro do seu tom fofo de preocupação.

— Seu bobo! Claro que não ligo, eu tenho você e sei disso, ninguém mais precisa saber.

— Tem certeza que está bem com isso? Por que você pode está dizendo só para não me sobrecarregar.

— Le , você mesmo disse que eu sou transparente. Eu pareço estar mentindo pra te deixar bem?

Ele me analisou por um tempo.

— Parece que está falando a verdade. Mas só confio vendo você pessoalmente.

— E verá.

— Estou morrendo de saudade .

— Eu também estou. Chega um momento que nem te ver pelo Spype é suficiente.

— Mas em dezembro eu vou aí. Ou você quer vim aqui? Ainda acho que aqui é mais seguro.

— Eu já conheci a sua família no mês passado quando estive aí. Agora é sua vez. Todo mundo quer te conhecer de tanto que falo de você.

— Vou conhecer os membros também? Diz que sim, diz que sim.

— Sim, menos o .

— Faça isso e eu sumo do mapa.

— Araseo. Mas você não pode vê-lo sozinho. Todos seus encontros com ele serão monitorados.

E eram assim nossas conversas nesses oito meses, veio primeiro, e agora era minha vez de ir.
Apesar do medo de um escândalo, a saudade era maior. Não via a hora de dormir e amanhecer no dia seguinte, o dia que o veria novamente.
Desci do avião e o dia estava começando a clarear. Seis horas da manhã. Fui me encaminhando para o saguão, já me imaginando uma cama bem confortável dormindo por umas 12h seguidas.

Olhei para fora, e já vi alguns táxis parados, esse é o bom de chegar cedo, nada de correria, nem teria que causar a Terceira Guerra Mundial por um táxi.
Apressei o passo ainda assim, andando o mais rápido que conseguia, já que estava com um casaco e bolsa em uma mão, e na outra arrastava uma mala.
Quando estava quase cruzado a porta enorme de vidro do aeroporto, já me preparando psicologicamente pro frio que devia estar lá fora, notei um carro esporte parado atrás do táxi, e encostado nele, um homem de óculos escuro, cachecol vermelho e um casaco preto.
Como estava quase correndo, literalmente freei tamanho meu choque.
Que louco!

O que ele foi fazer ali? Olhei para os lados, mas havia poucas pessoas por lá. Mas ainda assim era arriscado.
Ele desencostou do carro e abriu os braços esperando que eu corresse e pulasse no colo dele como nas outras vezes.
Mas eu apenas me encaminhei lentamente em direção ao táxi.
Quando estava quase alcançando carro, senti sua mão pegar minha mala, e me segurando pelo pulso em direção ao carro dele.

! _eu o repreendi o mais baixo que pude.

— Esperava uma recepção mais calorosa. Você me acostumou mal, e agora me corta desse jeito. Chateado.

Ele fez um bico, que eu não resisti. O abracei e lentamente o beijei.

— E agora, me perdoa?

— Ainda não. Mas você tem quase um mês aqui pra compensar.

— Eu disse 10 dias moço.

— Eu sei.

— Mas então por que... Você vai para Inglaterra comigo? _ a minha ficha caiu e eu me vi rindo feito boba e o abraçando sem me importar dele ser reconhecido ou não.    

— O que você acha?

Jinjja? Jinjja? Sério?

— Nae. Sim. Você acha mesmo que vou te deixar sozinha por lá? Esses europeus amam brasileiras.

Pabo. Você deveria se preocupar comigo aqui na Coreia e não lá.

— Eu estou preocupado também. Já mandei trancarem o no dormitório dele. Sai de lá com os gritos dele perguntando: “Wae? Wae?” “Por quê? Por quê?”

Oppa. Espere por mim que sua heroína vai te salvar.

— Aish. Entra logo nesse carro e vamos embora.

Apesar dos meus olhos estarem quase fechando me concentrei em olhar e prestar atenção no , ele estava tão lindo, animado, falante.
Estendi minha mão e toquei em seu rosto, ele tirou os olhos da estrada por um momento. E sorriu pra mim.

— Senti sua falta também, .

Ele voltou a olhar para frente quando o celular tocou. Ele atendeu e colocou no alto falante.

—na. Nae agi. Meu bebê.

— Ommaaa... Não fale assim. está do meu lado.

Eu prendi o riso.

Annyeonghaseyo . Que bom que chegou.

Annyeonghaseyo Ommaeni. Cheguei bem sim obrigada.

— Estamos te esperando amanhã. Todos estão ansiosos para te conhecer. O não para de falar de você, tudo é você. Estou muito curiosa quero saber como é essa pessoa que deixou o meu filho tão apaixonado.

Senti minhas bochechas e orelhas queimarem, olhei para o , já com vergonha, mas ao vê-lo infinitamente mais vermelho que eu, não me aguentei e esqueci minha vergonha para rir dele.

— OMMA. Pare com isso.

— Mas é a verdade . Nunca te vi assim.

— Tchau mãe até amanhã.

Araseo. Tudo bem. Parei. Então te vejo amanhã . Conquistadora de corações.

— Aish. Tchau mãe.

— Te vejo amanhã. Bye Bye.

Ele desligou ainda sem graça, mas a vermelhidão já saia do seu rosto.

— Amei sua mãe.

— Hahaha. Engraçadinha.

— Sério, mesmo. Ela é engraçada e fofa como você. E amo pessoas como você. Ainda mais a pessoa responsável que colocou alguém como você no mundo. Essa mulher merece ser amada, adorada.

Pabo. Eu que agradeço a sua então.

Eu fechei os olhos, me entregando ao sono, mas com a cabeça repleta de pensamentos. E sem querer um deles escapou dos meus lábios.

— Ainda não acredito que namoro o . Estou sonhando.

Ele sorriu, pegou minha mão e beijou e a continuou segurando, do jeito que eu me lembrava, tão bom...

— Se estiver sonhando , por favor, não acorde.

 

~The End!!! ~


N/A: Olá leitores lindos, só queria avisar que essa foi o ‘último’ capítulo.


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