OTHER: Obsessive, by Defalt

Obsessive

OBSESSIVE
por Defalt

Ela nunca imaginou que uma viagem de férias com o namorado e o cunhado para Florença na Itália poderia transformar sua vida em um inferno. A principio a viagem seria para ela e o namorado conhecerem a linda cidade, mas quando ela convida o cunhado — que acabara de perder a noiva em um acidente de carro — para viajar junto com eles na tentativa de ajuda-lo a superar a perda, tudo começa a dar errado e o cunhado, é irmão gêmeo do namorado dela, acaba revelando suas verdadeiras intenções.
Gênero: Drama, Suspense
Dimensão: Oneshot
Classificação: PG-17

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Capítulo Único

 

sentiu uma sensação estranha quando colocou os pés na grama verdinha em frente à Casa de Campo onde iria passar as férias. Há mais de 15 horas estava embarcando no Aeroporto Internacional de Incheon com destino a Florença e agora, sentia lá no fundo de sua alma que não deveria ter vindo para um lugar tão longe de casa.

A casa que havia alugado para o período de férias ficava a 30 km do centro de Florença, talvez se ele tivesse escolhido um lugar mais perto das pessoas, não estivesse se sentindo com medo.

— Espero que tenha gostado. — disse, abraçando-a por trás. Ele repousou seu queixo sobre a curva do pescoço de e beijou-lhe o rosto. — Porque é aqui que a gente vai passar as férias.

— É claro que eu gostei! — ela disse, virando-se de frente para ele e repousando os braços em volta de seu pescoço. — É a primeira vez que você me trás aqui.

— E com certeza não será a última. — sorriu e então selou seus lábios com o da garota que mais amava na vida.

— Desculpa interromper os pombinhos, mas — disse, trazendo duas malas, uma em cada mão. —as malas não vão se teleportar para dentro da casa.

separou seus lábios dos de e sorriu, dando-lhe um selinho logo em seguida.

— Precisamos ajudar seu irmão com as malas. — ela disse, depositando outro selinho nos lábios do mais alto.

rolou os olhos, soltando o ar pela boca.

— Por que eu deixei você me convencer que — passou a imitar a voz de . — trazer o meu irmão seria uma boa ideia?

— Você sabe que é abaixou os braços, cruzou-os em frente ao peito e encarou fixamente. — Seu irmão precisa de nós dois agora e você sabe disso. — ela descruzou os braços e elevou a mão direita ao rosto de , acariciando-o. — Você precisa esquecer o que aconteceu aquela noite, meu amor.

— Ele se passou por mim, ! — se alterou, mas não ergueu a voz. — Ele fingiu ser eu para poder ficar com você. — suspirou, doía muito saber que seu irmão gêmeo tivera feito aquilo com ele. — Ele me traiu.

— Então, eu também te traí aquela noite, não é? — ela se afastou, ficando de costas para seu namorado. Ainda se amaldiçoava por não ter notado a diferença antes de ter acontecido. — Eu deveria ter notado a diferença.

não aguentou mais, fazia meses que não chorava, mas ali ela não aguentou. Doía muito ver que tudo o que fizera para ser de tivera dado errado. Passou muitas noites em claro pensando que se tivesse notado que a tatuagem que tinha nas costas não estava lá, poderia ter evitado tudo aquilo. Mas fora cuidadoso, não a deixou ver suas costas por que sabia que a tatuagem que seu irmão possuía iria entrega-lo, por que ele não tinha aquela tatuagem, mas agora nada importava. sabia que a perdoara de verdade, por que ele a amava e provava isso todos os dias mostrando que não importava com o que tinha acontecido, por que ele seria o melhor para ela, sabia que faria de tudo para sempre ser tudo o que ela precisava, e que ela não precisaria se sentir culpada. queria acreditar que não tinha culpa, era uma menina inocente e era idêntico a , até mesmo o jeito de falar. Esperara por aquele momento maravilhoso com que não percebeu a diferença, ou não quis perceber, mas quando percebeu. Ah quando percebeu! Tudo o que ela sonhara desmoronou.

Sentiu os braços fortes de envolve-la em um abraço caloroso, as lágrimas queimavam seu rosto exalando a dor que seu coração sentia. Já havia perdoado de todo coração, não por que esquecera, mas por que ela era uma pessoa boa e não sabia guardar rancor, mesmo que o que ele tenha feito com ela fora muito grave.

— Não, meu amor — a voz rouca de soou em seu ouvido, deixando-a mais calma. — Você sabe que não. Vamos esquecer isso tudo, esta bem? — assentiu e então ficou de frente para e o beijou com todo o amor que sentia por ele.

— Eu te amo! — ela disse.

— Eu sei disso — depositou um beijo sobre a testa de . — Por que eu também te amo.

♥♥♥


Após levar as malas para o quarto onde ficaria com , passou o fim de tarde na sala, lendo um livro enquanto o namorado ficara enfurnado no quarto fazendo sabe-se sei lá o que, e toda vez que ela tentava entrar no cômodo a porta estava trancada e dizia que estava ocupado compondo novas músicas. sabia que não podia competir com o trabalho de , pois ele amava o que fazia e nunca se veria fazendo outra coisa se não compor ou cantar.

adentrou a casa apressado, não pode deixar de notar que ele estava nervoso, talvez fosse pelo que acontecera há alguns meses. Ela sabia pouco dos detalhes, dissera que o irmão e a noiva estavam voltando de Busan para Incheon quando o carro capotou. Chovia muito na hora do acidente e segundo um carro vinha na contramão, quando ele tentou desviar derrapou na pista e não conseguiu controlar o carro, que capotou incontáveis vezes antes de parar a cinco metros do local do acidente. ter sobrevivido foi um milagre.

-ssi — o chamou, levantando-se do sofá e depositando o livro sobre a mesa de centro. — Está tudo bem?

parou, mas não virou para encara-la.

— Está tudo bem. — ele disse, depois de uma breve pausa. — Eu vou subir para o meu quarto, com licença.

deu um passo em direção a ele. — Pode conversar comigo se quiser, sobre a Yuma, sei que você sente a falta dela.

cerrou suas mãos em punho, tão forte que os nós de seus dedos ficaram brancos, deu um passo para trás, assustada, talvez não devesse ter tocado no assunto. Então ele relaxou os dedos e virou lentamente em direção a ela.

— Eu não entendo — disse de cabeça baixa, não tinha coragem de encara-la.

— O que você não entende? — perguntou, aproximando-se dele.

— Depois de tudo o que eu fiz com você naquela noite — ele fez uma pausa, encarando-a. deu um passo para trás, assustada. — Você ainda me trata como o irmão do seu namorado.

— Você ainda é o irmão do meu namorado, — ela fez uma pausa, respirando fundo. — Não importa o que você tenha feito, ainda é o irmão de , mesmo que você não queira.

virou de costas para ele, pegando o livro sobre a mesa de centro e andando até o sofá que estivera antes.

— Kamsamnida — ele disse. parou antes de sentar no sofá novamente.

— Pelo que? — perguntou.

— Por não ter contado a ninguém além de . — suspirou pesadamente. fechou os olhos com força, não iria chorar na frente dele. — Eu sei que meu irmão iria me denunciar para a Polícia, mas você não deixou por consideração aos meus pais. Se tivesse me denunciado eu jamais teria conhecido a Yuma, e ela significou muito para mim.

— Eu não fiz isso pelos seus pais, — ela disse, virando-se de frente para encarar o rapaz. Seus olhos estavam vermelhos e marejados, sua tentativa de não chorar estava indo por água abaixo, junto com suas lagrimas que desciam em cascata. — Eu fiz isso porque acredito que as pessoas podem mudar. — enxugou suas lagrimas, pegou o livro e passou por em direção à cozinha, parou na porta e sem se virar para ele continuou. — Todo mundo merece uma segunda chance.

E sumiu cozinha adentro.

— E é por isso que eu não vou desperdiçar sua segunda chance! — disse para si mesmo, antes de subir as escadas.

♥♥♥


parou na entrada da cozinha assim que viu sentada em uma das banquetas em frente à bancada. Sobre o mármore estava um dos muitos livros que gostava de ler e que sabia que ela trouxera na viagem. Encostou-se no batente da porta e cruzou os braços, adorava vê-la lendo e a achava ainda mais linda quando fazias caretas ao descobrir cada capítulo. Sorriu involuntariamente.

— Vai ficar ai me olhando com essa cara de retardado ou vai vir aqui e me dar um beijo? — ela disse, desviando sua atenção do livro para .

— É claro que eu vou te dar um beijo. — descruzou os braços e se afastou do batente, indo em direção a namorada.

— Achei que eu teria que dormir na sala hoje. — disse assim que ele se aproximou.

— Eu já acabei o que estava fazendo. — ele disse, depositando um beijo sobre os lábios da garota. — E eu quero te mostrar.

estendeu a mão para que a segurasse e quando ela o fez, puxo-a para um abraço.

— Eu espero que você goste — disse, depositando um beijo sobre a testa dela. — Eu fiz de coração.

♥♥♥


— Você sabe que eu odeio surpresas! — disse. Suas mãos estavam sobre as mãos de , estas tampando seus olhos.

— Eu tenho certeza que desta você vai gostar! — a voz rouca de a vez se sentir mais calma, como sempre.

E então as mãos dele foram retiradas dos olhos de . O quarto deles estaria totalmente no escuro, não fosse algumas velas acessas espalhas pelo cômodo. A cama mantinha os lençóis brancos de quando chegaram, mas agora um buque de rosas vermelhas estava sobre o centro, com algumas pétalas ao redor formando um coração. Uma música clássica e lenta tocava ao fundo e um balde com gelo e uma garrafa de champanhe estavam sobre a cômoda ao lado de duas taças e algumas pétalas de rosa.

levou às mãos a boca, pasma. já havia demonstrado que a amava de outras formas, com passeios, jantares românticos, mas aquilo? Aquilo de todas as formas havia superado suas expectativas. Agora entendia por que ele passara quase o fim de tarde inteiro preso no quarto. Estava preparando tudo para uma noite perfeita. A noite que ela tanto esperou com .

— Eu não sei o que falar — foi tudo o que ela disse. Ainda pasma, virou de frente para e envolveu os braços por seu pescoço, pousando a mão direita na nunca do rapaz, puxou-o para mais perto, para enfim juntar seus lábios em uma forma mais explicita de agradecimento.

— Isso foi o suficiente! — ele disse, assim que seus lábios se afastaram.

o encarou por alguns segundos, afastando-se bruscamente.

sabia o que estava acontecendo. Desde que o irmão se passara por ele para enganar e assim dormir com ela, sua preciosa — como a chamara depois de ter jogado na cara tudo o que havia feito com ela — nunca mais foi a mesma. Ela tentou varias vezes terminar o namoro com ele, muitas vezes dizendo que era culpada por não ter percebido a maldita tatuagem nas costas, mas sabia que ela era inocente, sabia que usara todo o seu charme e a semelhança que compartilhava com ele para que assim, não desconfiasse de nada. Mas quis que ela notasse o erro que havia cometido. Ele quis que ela visse suas costas depois de tudo o que ele fez, para que ela então se sentisse culpada e  abandonasse , por que lá no fundo sabia que não conseguiria ficar com sabendo que o traíra com o irmão gêmeos, mesmo que sem querer.

— Não precisamos fazer isso se você não quiser — disse, aproximando-se de e segurando levemente seus braços. — Eu posso colocar as flores na água, apagar as velas e vamos dormir.

a soltou, prestes a ir em direção as velas e apaga-las, mas o segurou pelo pulso, impedindo-o de ir.

— Não! — ela disse, encarando-o nos olhos. — Precisamos fazer isso. Já faz quase um ano, eu preciso esquecer isso. — ela suspirou convicta do que diria. — Eu preciso sentir você.

— Tem certeza? — perguntou. — todas as outras vezes que tentamos você não conseguiu, podemos esperar mais tempo. Eu posso esperar mais tempo.

— Não! — ela repetiu, convicta. — Eu quero, eu preciso sentir você de todas as formas possíveis. Eu te amo , eu te amo e sei que você também me ama e isso basta. — já estava quase suplicando. — você é meu namorado e tudo o que eu preciso para o resto da vida. — Ela sorriu, mostrando a que falava a verdade. — Eu sou sua, então é só você fazer o que quiser comigo.

sorriu, segurou-a pela cintura e a puxou para mais perto, beijando-a apaixonadamente.

Finalmente ela seria sua para sempre.

♥♥♥


não queria admitir que as palavras de mexeram de alguma forma com ele. poderia achar que ele fora um grande filho da puta, mesmo sendo contraditório já que a mãe era a mesma, mas de qualquer forma achava que estava fazendo o certo.

desde sempre fora seu amor de infância. Lembrava perfeitamente quando a família dela mudou-se para Incheon, quando ele e o irmão tinham 13 anos e ela 10. A garotinha estrangeira de olhos engraçados mal sabia falar coreano e foi ele e o irmão quem a ensinaram o idioma. No começo achou que eram só amigos, aquelas amizades do tipo que duram para sempre, mas quando ele entendeu o que significava amor, foi quem já ocupava seu coração. Na escola ela sempre chamou a atenção dos meninos, por que definitivamente era diferente, não só por ela ser brasileira, mas também por ser uma ótima pessoa, perdeu as contas de quantas vezes ele e se meteram em confusão por que batia o pé e dizia que se eles não a ajudassem a defender os mais fracos dos valentões da escola ela faria sozinha, e como sempre, ele e corriam para ajuda-la.

Mas quando iria declarar seu amor a ela, já era tarde demais, já havia feito isso, e o pior não foi descobrir que seu irmão o escondeu o fato de que amava , mas sim o fato de que ela também amava seu irmão. achou que poderia esquecê-la passando os seis meses seguintes do namoro do irmão evitando-os, mas quando passou no teste admissão e foi chamado para trabalhar em uma grande gravadora em Seul, viu a chance de se vingar do irmão.

E foi ali que tudo aconteceu. Se não poderia ficar com , não a teria pela primeira vez. Esse foi o seu pensamento.

♥♥♥


acordou pela manhã com os raios de sol batendo em seu rosto. Estava deitada sobre o peitoral nu de enquanto este mantinha os braços em volta de seu corpo, protegendo-a. O lençol de seda branco cobria apenas a parte baixa de ambos e assim que levantou a cabeça para olhar o namorado dormindo, lembrou-se do que havia acontecido na noite passada.

Havia sido mais do que perfeito.

Ainda sonolenta passou a mão esquerda sobre a tatuagem que tinha no peito. O namorado havia feito a tatuagem no momento em que soube o que havia feito com ela, de certa forma àquilo era um recomeço. tentou terminar com muitas vezes, dizendo que se ela não era capaz de diferencia-los era porque não o amava suficientemente, mas bateu o pé e disse que a culpa não era dela, que havia aproveitado que o irmão estava a trabalho em Seul e agiu com cautela, para que ela não percebesse nada, mas que isso nunca mais iria acontecer por que a partir dali, ele nunca a deixaria sozinha e muito menos deixaria se aproximar. Então ela pensou direito, se não queria desistir dela, apesar de tudo, era por que ele a amava do fundo de sua alma e coração, assim como ela o amava, e se tudo tivesse acontecido para mostrar o quanto eles se amavam, era exatamente isso que estava acontecendo.

segurou a mão da namorada sobre seu peito, levou um susto, pois achou que ele estivesse dormindo, mas assim que depositou um beijo sobre sua testa ela descansou a cabeça sobre o ombro dele.

— Desculpe se te acordei. — ela disse baixinho, a voz ainda rouca. — Só estava verificando se você era real.

— Eu sou real — ele disse. — Assim como meu amor por você também é.

Um calafrio correu pela espinha de , fazendo-a se afastar de e virar-se para o outro lado da cama. estranhou a atitude da namorada e se aproximou, abraçando-a por trás, com a boca próxima ao ouvido dela.

— O que aconteceu meu amor? — ele perguntou.

— Eu não sei — disse, sua voz sendo engolida pelo choro.

sentou-se na cama rapidamente, trazendo para si e a abraçando com todas as forças.

— O que aconteceu meu amor? — ele repetiu, passando as mãos pelos cabelos dela. — Eu te fiz alguma coisa? Eu a machuquei?

— Não — ela fungou, mas o choro não dava sinais de que ia parar. — Eu não quero te perder, eu não posso te perder.

— Shhhh! — ele afastou os cabelos de , segurando seu rosto entre as mãos. — Você nunca vai me perder, ouviu bem? Nunca!

— Eu... eu... eu estou com uma sensação ruim — ela disse, enxugando as lagrimas. — Não deveríamos ter vindo para a Itália.

— Calma meu amor, nós vamos ficar bem. Eu vou protegê-la. — disse, beijando seus lábios logo em seguida. — Pronto, deita aqui. — deitou a namorada na cama, deitando-se ao lado dela e abraçando-a fortemente. — Vamos ficar aqui quanto tempo você quiser.

não respondeu, apenas agarrou o antebraço de e fechou os olhos, torcendo para que quando acordasse aquela sensação fosse embora.

♥♥♥


acordou cedo naquela manhã, tomou um banho rápido, trocou de roupa e preparou-se para descer as escadas. Passou em frente à porta do quarto do irmão e ouviu chorando, pensou em abrir a porta e ver o que estava acontecendo, mas parou e pensou melhor. Desceu as escadas e seguiu em direção à cozinha para preparar um café.

Após ligar a cafeteira, pegou um jornal esquecido sobre a bancada, datava dois meses atrás, e a primeira pagina mostrava a foto do carro em que ele e a noiva estavam logo após terem sido levados para o hospital.

— É uma pena Yuma não ter sobrevivido. — disse, adentrando a cozinha. Ele usava apenas bermuda e chinelos. — Parece que ela não usava cinto na hora do acidente, não é?

andou até a pia, sem encarar o irmão sentado em frente à bancada.

— É — ele disse. — Eu pedi para ela colocar o cinto, mas ela estava empolgada tirando fotos e quando eu notei o outro carro — ele suspirou. — era tarde demais.

— Entendo — foi tudo o que disse.

— Quando eu estava descendo as escadas — virou-se para o irmão na pia, de costas para ele. — eu ouvi a -ssi chorando. Ela esta bem?

— Ela esta ótima, ok — virou-se bruscamente para o irmão. — Eu sou o namorado dela, não precisa se preocupar. Eu sei como cuidar dela, diferentemente de você.

— O que esta querendo dizer com isso? — retrucou, se era briga que queria, era o que ele ia ter.

— Para bom entendedor, meia palavra basta. — disse, andando em direção à porta.

— Você sabe que foi você quem me traiu primeiro, não sabe? — disse, segurando o irmão pelo braço e impedindo-o de sair da cozinha. — Eu contei para você o que eu sentia por ela, eu confiei em você. E tudo o que você fez foi ir lá e dizer que a amava.

— Eu sempre a amei, . — ele o encarou nos olhos. — E você sabe disso.

puxou seu braço, livrando-se do aperto e subindo escada acima.

— Mas não é você quem fica com ela no final! — disse, mesmo sabendo que o irmão não o ouviria.

♥♥♥


viu quando adentrou o quarto, sem se preocupar em fechar a porta. Ela já estava vestida com seu pijama de mangas compridas e shorts. Era impressão dela ou havia esfriado de repente? De qualquer modo, não parecia sentir frio, pois ainda estava sem camisa.

— Desculpe a demora. — ele disse, aproximando-se da cama e sentando-se ao lado da namorada.

por outro lado nem se moveu, estava sentada, os joelhos erguidos e o cotovelo direito apoiado sobre o joelho de mesmo lado. A mão sustentava o queixo e uma expressão vazia estampava seu rosto.

— Aconteceu alguma coisa meu amor? — se ajeitou na cama, ficando mais próximo de . — Você esta quieta demais.

— Deveríamos ter ficado no centro de Florença — ela o encarou, inexpressiva. — não vindo para uma casa de campo sem ninguém por perto.

— Por que esta dizendo isso agora? — sentou-se em frente à namorada, afastando uma mecha do cabelo dela para detrás da orelha. — não me diga que fez alguma coisa com você?

— Não! — exclamou. — Eu só não quero mais ficar aqui. — Ela abaixou o braço, juntando-o ao outro sobre sua barriga, e então encarou . — Tínhamos combinado de visitar a cidade, conhecer a Ponte e o Palazzo Vecchio, o Museu Nacional do Bargello, o Palazzo Castellani — ela ergueu as mãos para o alto e depois as deixou cair sobre o colchão. — não ficar preso aqui, tudo bem, a casa é linda, mas — ela se aproximou, ficando de joelhos sobre a cama e levando ambas as mãos ao rosto do namorado. — É Florença, meu amor. — aproximou os lábios dos dele. — Nós sempre quisemos vir para Florença em férias românticas.

aproximou seus lábios ainda mais dos de , mas ele se afastou, retirando as mãos dela de seu rosto gentilmente.

— Mas o não fazia parte dos planos. — ele levantou, seguindo em direção à porta do quarto. — Vou ligar para a mamãe e dizer que estamos voltando para Incheon.

acabou de perder a mulher com quem ele dividiria a vida. — ela disse, levantando-se da cama e ficando de pé em frente a mesma. — Você melhor do que ninguém deveria ajuda-lo nesse momento de sofrimento.

— Chega ! — gritou, batendo a porta com força. deu um pulo encolhendo-se de medo. Ele nunca havia usado aquele tom de voz com ela. — Eu não entendo sério, eu não consigo entender como você pôde perdoar ele, depois de tudo o que ele fez com você! — estava alterado, seus olhos estavam vermelhos contendo a vontade de chorar dentro de si. — Você não sabe , você não sabe como é difícil olhar para ele e conter a vontade de socar a cara dele até quebrar todos os ossos do rosto dele. — se aproximou de , ela por outro lado deu um passo para trás, assustada. — Você não sabe como é difícil acordar todos os dias e saber que meu irmão, meu próprio irmão me traiu de uma forma tão cruel.

Finalmente ele parou em frente à , prendendo-a contra a parede, de certa forma ela não queria sair dali, sabia que não a machucaria, só estava desabafando, pela primeira vez desde o ocorrido, estava tirando de seu peito tudo aquilo que o estava fazendo mal. levou a mão direita ao rosto de já tomado pelas lagrimas e o acariciou, seu rosto por outro lado não estava diferente, seus olhos e nariz vermelhos pelo choro, as bochechas molhadas pelas lagrimas, mais ainda assim conseguiu ser forte e sorrir para , mostrando que estava tudo bem. Tudo o que ele fez foi se aproximar e depositar sua cabeça no ombro esquerdo de , abraçando-a pela cintura enquanto ela acariciava seus cabelos.

— Miane — ele disse baixinho, a voz grave deixando tudo calmo dentro de .

— Shhhh! Vai ficar tudo bem.

♥♥♥


sentiu seu corpo enrijecer no momento em que ouviu o irmão dizer que voltariam para Incheon. Ele não se preocupa se era feio ouvir atrás da porta, mas esta estava aberta, então era inevitável não ouvir. Não importava, ele não podia permitir que seu irmão ganhasse novamente e ficasse com a única mulher que ele amou de verdade, seria sua a qualquer custo e não se importava se tivesse que ferir o irmão gêmeo no processo.

Não se importava nem se tivesse que tira-lo do caminho, assim como fizera com Yuma Lau.

Escondeu-se quando ouviu alguém se aproximar da porta. estava alterado, pois era a primeira vez que o ouvia gritar com e em seguida o baque da porta. Precisava tomar providencia quanto à volta para a Coreia do Sul. Primeiro precisava desligar o telefone, de um jeito que não desconfiassem de nada, depois o carro que alugara.

Desceu as escadas e seguiu em direção ao telefone fixo na sala. O aparelho estava em uma mesinha próximo à parede, onde o fio subia em direção ao andar superior. Correu escada acima e seguiu o fio até o sótão, felizmente a entrada ficava em seu quarto e ninguém desconfiaria.

entrou em seu quarto, trancando a porta a chave desceu a escada de mão do sótão e subiu, tentando fazer o mínimo possível de ruído. Estava tudo escuro, pegou o celular no bolso da calça e pela primeira vez agradeceu por não ter sinal naquele lugar, ficaria mais fácil isola-los.  Desenhou o caminho em sua cabeça e seguiu em direção ao fio de telefone, quando o encontrou, puxou-o da toma. No mínimo iria pensar que o aparelho não estava funcionando.

— Um já foi, falta um! — ele disse para si mesmo.

♥♥♥


Era a enésima vez que tentava fazer o telefone funcionar, mas tudo o que ele ouvia era o nada.  Jogou o telefone contra a parede e este se espatifou no chão. desceu as escadas e seguiu em direção à cozinha, sem se importar se ele estava ali ou não.

— Estamos sem telefone — disse, andando em direção à cozinha. — Os celulares estão sem sinal e o telefone. Bem, está indisponível.

! — desceu as escadas correndo, seu rosto era puro terror. — Não acho uma boa ideia sairmos daqui agora!

— O que aconteceu, meu amor? — ele se aproximou de .

— Está vindo uma tempestade e não acho que seja só uma pancada de chuva. — ela disse, apontando para a cortina da janela.

andou até o local indicado. Puxou a cortina e teve um deslumbre do céu azul começando a escurecer como se estivesse noite. Ele virou-se novamente para , deixando a cortina voltar ao seu lugar, apareceu na porta da cozinha.

— O que vamos fazer? — perguntou.

— Vamos esperar até a tempestade passar e depois vamos embora. — disse. — Vamos voltar para a Coreia.

O som de um relâmpago bem próximo foi ouvido, então as luzes falharam. Ainda estava cedo, mas com a escuridão no céu do lado de fora a casa ficou as escuras.

— Parece que estamos sem energia também. — Observou .

— Não deveríamos ter vindo para cá! — disse, aproximando-se de e segurando-lhe o braço. — Eu odeio tempestades.

— Calma, já vai passar! — a puxou para um abraço, encostando a cabeça de em seu peito e encarando .

— Bem — começou. — Acho que vou esperar a tempestade passar lá em cima.

E subiu escada acima.

— Acho que deveríamos fazer o mesmo. — disse, afastando o rosto de de seu peito para encara-la.

Ela apenas assentiu, enquanto a conduzia escada acima.

♥♥♥


A tempestade demorou muito mais tempo para acabar do que previa. havia dormido em seus braços enquanto ele a mantinha segura embaixo do cobertor. Sem acorda-la, ele deslizou para fora da cama, iria colocar as malas no carro e assim que estivesse tudo pronto para irem embora acordaria .

Fechou a porta atrás de si e desceu as escadas até a cozinha, de onde havia uma porta para a garagem. Pegou a chave em cima da bancada e desligou o alarme, destravando a porta do motorista. Foi então que viu um vulto atrás de si, virou rapidamente mais tudo o que teve foi uma pancada na cabeça, antes de desmaiar.

— Desculpa irmão, mas não posso permitir que você fique com ela. — disse, olhando o irmão caído inconsciente no chão.

♥♥♥


acordou com o som de um trovão. Seu coração pulava no peito de vido ao susto. Ela passou as mãos sobre o colchão, só para notar que não estava ao seu lado.

? — o chamou, notando que mais alguém estava no quarto. — Pare de brincadeira e venha deitar, está frio.

sentou o corpo quente de deitar-se ao seu lado. Ainda estava de olhos fechados e assim que sentiu os dedos dele acariciarem seu braço sorriu involuntariamente.

— Que tal deixarmos esse sono de lado e fazermos outra coisa? — a voz grave soou convidativa nos ouvidos de .

Ela sentiu os lábios macios de em sua pele, primeiro no ombro esquerdo, depois no pescoço e então ele estava sobre ela, beijando-lhe o colo, indo em direção aos seios. Mas ela o impediu. Abriu os olhos e encarou o rosto de . Não era .

— Que merda você esta fazendo ? — ela espalmou as mãos em seu peito, empurrando-o para trás.

— O que eu já deveria ter feito há muito tempo! — ele disse, segurando os pulsos dela contra a cama.

— Me solta ! — ela gritou, se debatendo na vã tentativa de se livrar dele.

— Diga , diga que você ama a mim e não a ele! — gritou. As pupilas dilatadas.

— O que? — ela indagou. — Eu não amo você, eu amo , entenda!

pareceu vacilar, viu então uma brecha para se livrar dele. Deu-lhe uma joelhada entre as pernas e o empurrou, levantando rapidamente da cama e correndo desajeitadamente escada abaixo.

! — ela gritou. — .

parou no pé da escada, deu uma rápida olhada pela sala e viu sentado a uma cadeira com os braços para trás e a cabeça abaixada. Correu até ele e ajoelhou-se a sua frente, apoiando uma das mãos no joelho dele e a outra em seu rosto.

... — chamou, as lagrimas correndo por seu rosto. — , meu amor.

— A pancada deve ter sido forte! — disse, surgindo ao pé da escada. Os cabelos estavam bagunçados e uma faca de caça estava em sua mão esquerda. levou a ponta da faca a sua têmpora esquerda e sorriu. Um sorriso psicótico. Obsessivo.

? — A voz de soou fraca, então ele levantou a cabeça, estava fraco, mas pode ver seu rosto inchado e sangrando. Resultado talvez da pancada a qual se referira.

! — exclamou. — Eu vou tira-lo dai!

— Não toque nele! — berrou, aproximando-se e a puxando pelos cabelos para longe do irmão. — Você vai ficar bem quietinha ai enquanto eu corto seu precioso .

jogou contra o sofá a frente da cadeira onde o irmão estava amarrado e quando ela tentou levantar ele a deu uma tapa, suficientemente forte para que ela desmaiasse.

♥♥♥


recobrou os sentidos, sua cabeça doía devido ao forte tapa que havia lhe dado e se como não bastasse, a faca que ele segurava havia lhe ferido o rosto.  Abriu os olhos, mas sua visão ainda estava turva. Olhou em frente e viu seu namorado amarrado a cadeira. desta vez estava sem camisa, seu tórax, braços e rosto estavam ensanguentados e pode ver sangue fluir de alguns cortes em seu abdômen.

! — sua voz saiu rouca, ainda tonta ela se levantou e andou até o namorado.

— Nã, nã, nã! — A voz de soou divertida atrás de . — Eu já falei , não toque nele!

— Vai se foder! — ela berrou.

— Ah, eu vou adorar fazer isso com você. De novo. — puxou pelos cabelos e a jogou novamente no sofá, subindo sobre ela. — Vai ser ainda melhor na frente do seu namorado!

— Não ! — disse, chorando. — Por tudo o que você mais ama, não faça isso!

— Você não entende disse, passando a ponta da faca pelo rosto de . — é você quem eu amo, e estas férias que você planejou, me convidando para vir junto para Florença, isso , isso provou o quanto você me ama também.

— Eu amo o , não você! — disse. O ódio em sua voz. Se arrependia até o ultimo fio de cabelo de ter convidado para vir a Florença.

— Já chega de mentiras ! — ele gritou, assustando-a. — Pare de mentira para si mesma. Você não o ama. Você ama a mim!

— Eu nunca vou amar você, ouviu bem? — ela disse, sua voz extremamente calma. — Eu nunca vou amar você!

— Não vai — ele disse baixo. — Talvez se eu matar você me ame, então.

saiu de cima de e seguiu até seu irmão, ainda preso a cadeira e quase inconsciente. Ele segurou bruscamente os cabelos de e jogou sua cabeça para trás, aproximando a faca de sua veia jugular.

não tinha muito tempo para salvar . Deu uma olhada rápida através da sala a procura de algo que pudesse usar como arma. Seus olhos pararam no artigo decorativo pendurado na parede logo atrás dela. Duas espadas medievais e um escudo com um brasão. Com certeza não eram afiadas, mas teria que servir. Ela andou silenciosamente até o enfeite e retirou uma das espadas. Era pesada e difícil de levantar, mas retirou forças de Deus sabe se lá aonde e seguiu em direção a .

— Isso acaba aqui, irmãozinho — disse, prestes a cortar a garganta do irmão.

— Você tem razão ! — disse, sua voz transbordando ódio. — Isso acaba aqui!

se virou para encarar , esta com uma espada medieval apontada para ele. Antes que pudesse reagir, ela veio em sua direção, atravessando a espada em sua barriga. caiu de joelhos, soltando a faca ao seu lado e levando ambas as mãos a lamina da espada, o sangue começava a escorrer por ela, banhando suas mãos.

— Por... por que... v-você... — ele disse, sua voz falha.

E então desabou no chão, sem vida.

— Por que você ameaçou a pessoa que eu mais amo na vida!

correu em direção a , soltando-o da cadeira e ajudando-o a ficar em pé. Precisava levá-lo ao hospital.

♥♥♥


adentrou a casa de campo em Florença acompanhada de dois policiais. Havia prestado queixa e precisava mostrar o corpo de . Assim que abriu a porta da sala, o cheiro forte de sangue invadiu suas narinas, mas o que a deixou espantada não fora a mancha de sangue onde havia desfalecido, mas sim, o fato de que ele não estava mais ali.


~♥Fim♥~


N/A: Este desafio foi mesmo um desafio kkkk. Essa é minha primeira fic para o primeiro Desafio do Purple Line. Adorei participar e espero sinceramente que tenham gostado.


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