SUPER JUNIOR: Neighbors, by Lily

Neighbors

NEIGHBORS
por Lily

Você abre um café no Japão e por cinco meses apenas teve sucesso e tranquilidade, até que o novo morador do andar de cima vem para tirar sua paz e seu sono, mas também vem para lhe lembrar de uma lembrança boa que decidiu todo seu futuro.
Gênero: Romance
Dimensão: Oneshot
Classificação: Livre
Aviso: Fic escrita para o Desafio #01 do Purple Line Fics.

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Capítulo Único

acordou o barulho que vinha do andar de baixo.

Sua vizinha louca andando de um lado para o outro, lavando pratos, varrendo a porcaria do chão, e ainda por cima gritando e dando ordens!

Ele respirou fundo, com raiva da louca que vivia reclamando e ainda por cima em outra língua estranha para ele.

Sua rotina era chegar em casa às duas horas, ou mais, da madrugada, tomar um banho, relaxar, esperar o sono vim e então, dormir.

Assim que se mudou, pensou que dormiria até pelo menos ao meio dia, mas a vizinha, dona de um café no andar de baixo, não permitiu.

Estava lá há um mês, e já não aguentava mais, se segurava o quando podia para não ir lá arranjar uma boa briga com aquela louca, insensível e psicopata que acordava às seis da manhã e atrapalhava seu sono dos justos.

Levantou, fechou a janela, colocou o abafador nas orelhas e adormeceu alguns minutos depois.

 

Mais uma manhã acordava estressada, nas manhas de quintas e sextas-feiras e sábados, seu humor era o pior.

Tudo bem ela nunca foi totalmente calma, mas também não era um poço de estresse, uma mina pronta a explodir a qualquer momento, mas tudo mudou há um mês, quando seu vizinho folgado e barulhento se mudou no andar de cima do seu.

Ele chegava de madrugada em casa e batia as portas com força, ligava a TV, dava descarga, ligava o chuveiro, que para seu azar, o banheiro dele era bem em cima do seu quartinho nos fundos do café, a fazendo perder o sono.

Justo ela que precisava acordar todos os dias às seis horas, já que escolhera ser dona de um Café.

Era seu sonho, e então quando já era barista há dois anos, teve a oportunidade de abrir um Café, e no Japão, que para ela era um dos países mais perfeitos que existiam.

Já tinha passado varias férias lá, e também mesmo morando do outro lado do mundo, no Brasil, aprendeu a falar a língua.

Há cinco meses assinou o contrato de seis meses com o dono do local, um senhor muito educado, que inclusive virou seu cliente e também amigo, sempre dando excelentes dicas de empreendedorismo a ela.

Lembrava como se fosse hoje, do dia que encontrou o senhor Shinji Kagawa, o dono, em frente à casa de estilo tradicional japonês numa famosa rua de barzinhos e cafés de Tóquio.

Ele sugeriu que alugasse as três peças, o piso para o café, e o segundo e terceiro como moradia, mas ela não tinha dinheiro na época, suas economias foram todas investidas no café.

Afora se arrependia de não ter alugado, pois se tivesse feito, estaria um pouco apertada, mas teria paz, sono e menos estresse e olheira.

Havia inclusive entrado nas aulas de ioga, para tentar relaxar, mas não estava ajudando.

Sua vontade era de topar com o barulhento e insensível e dizer umas boas verdades na cara dele.

 

Estranhamente, pensou numa tarde de segunda-feira, que apesar da vizinha fazer alguns barulho, como lavar os pratos, ou varrer, mas não era barulhos suficientes para lhe tirar o sono, ele despertava por um momento e voltava a dormir, mas sempre de domingo à quarta-feira.

Depois algo possuía o corpo dela, e a louca aparecia.

Como no sábado que inclusive ligou para seu avó.

- Olá meu querido avô?

- Agora sou seu avô?

- Por que essa mudança de atitude? Pensei que eu fosse o Senhor insensível e avarento, Shinji Kagawa. Não foi assim que me chamou na ultima vez que nos vimos?

- Eu estava com raiva querido avô.

- Pois quem e está com raiva agora sou eu.

- Calma vô, não precisa ficar assim, sei que sou um péssimo neto, mais ainda assim, sou seu único neto, então não pode me fazer mais um favor?

- O que quer? Desde que seu pai não saiba que estou fazendo mais um favor para você.

- Ele não vai, assim como não vai saber que estou morando no Japão.

- Fale logo de uma vez imprestável.

respirou fundo de raiva, estava cansado de ser menosprezado pela sua família, só porque não compartilhava dos mesmos sonhos que eles.

- Quero que não renove o contrato dessa louca aqui de baixo, não suporto mais ela gritando de manhã.

O avô apenas respirou fundo e desligou sem nem se despedir.

, revoltado, se levantou irado, ia descer e ter uma conversa séria sobre respeito e boas maneiras com a vizinha, antes que a matasse num acesso de raiva.

Desceu as escadas, passou pelo pequeno portão e entrou pátio do café, todo de madeira, com algumas mesas também de madeira e vários vasos de plantas espalhadas ao redor.

- Até que não é ruim esse lugar, devo comprá-lo?_ sussurrou olhando ao redor._ Que comprar, você por acaso tem algum dinheiro idiota, quem tem é sua família.

Entrou no café, viu duas mulheres no local, a japonesa que atendia uma mesa com certeza não era ela, afinal a louca era estrangeira, a julgar pelos seus gritos estranhos.

A viu sair sorridente com uma bandeja com duas xícaras de café, ela sorria e andava em direção a uma mesa do canto.

Ele a observou curioso, teve a sensação de já conhecer esse rosto, mas não se lembrava de onde.

Mas resolveu tentar lembrar dela depois, deu um passo para ir em sua direção, mas travou.

- Mas que perda._ sussurrou irritando, dando meia volta.

 

acordou sábado, como sempre acontecia no final de semana, irritada.

Seu vizinho tinha prazer em irritá-la, só podia.

Seu gato pulou a sua cama, e se aconchegou ao seu lado, ela lhe fez um carinho, invejada dele num instante pegar no sono.

- Rony Weasley, seu miserável._ disse para seu gato ruivo._ Como pode dormir assim se sua mãe dormiu tão mal e precisa levantar agora? Ingrato! E aonde o senhor tem andado por esses dias, não para mais em casa, só vem quando está com fome. Desnaturado._ mas lhe fez um último carinho e se levantou, precisava começar a trabalhar.

Adiantou o que precisava, e quando deu 7 horas sua única funcionária chegou.

Receberam as encomendas de doces e acompanhamentos, afinal sua especialidade era café, e não tortas e bolos, por isso precisava sempre encomendar de uma vizinha.

- Preciso de um confeiteiro._ reclamou sozinha enquanto arrumava tudo na vitrine.

Assim que abriu, não esperou muito tempo e seus clientes regulares chegaram, nesses horários pela manhã, eram sempre os mesmos clientes, alguns moradores e funcionários que trabalhavam na redondeza.

Enquanto sua garçonete servia algumas mesas e ela fazia alguns pedidos de café online, viu o dono do prédio chegando, ela sorriu e foi recebê-lo.

Ele estava ao telefone, mas assim que se aproximou ele desligou e lhe deu um rápido abraço.

- Sensei._ ela brincou, o levando para uma mesa próximo a janela, onde dava para ver a cerejeira que ele amava, que ficava do lado direito da propriedade.

- Como está minha discípula?

- Bem. E o senhor?

- Um pouco estressado com a família, nessa idade e ainda tenho que intermediar o relacionamento do meu filho e meu neto.

- Por que não viaja, desligue o celular e relaxe.

- Meu sonho fazer isso, mas por agora não posso._ disse triste.

- O senhor já trabalhou demais, e sobre o relacionamento do seu filho, ele vão se entender sozinhos, família é família, não importa o que a gente faça.

- Isso vai além de laços sanguíneos , tem haver com tradição, responsabilidade, legado.

- Uau._ ela exclamou admirada, idolatrando suas palavras.

- O que foi?_ perguntou sorrindo da expressão dela.

- Vocês orientais são demais, só isso, por isso adoro o Japão.

- Não se iluda, o século XXl é um lixo, acabou com tradições e respeito, mas se pudermos conservar o mínimo disso, já é válido. Agora deixa de conversa, vim espairecer e me animar com uma xícara de seu café.

Ela concordou e foi para o balcão, num instante preparou dois e levou a te a mesa, e então olhou para a frente e viu um jovem, mais velho que ela, parado olhando em sua direção.

- Quem...?_ balbuciou.

- ? Está bem?_ Shinji Kagawa perguntou, olhando para trás, mas não viu ninguém.

- Sim._ disse ainda olhando para a porta, mas acabou sentando.

- O que aconteceu?

- O homem parado na porta, sonhei com ele algumas vezes, mas nunca o vi, mas tenho a sensação de já tê-lo visto.

- Talvez o conheça mesmo, o tenha visto pela vizinhança.

- Não, não o vi, teria me lembrado dele.

Mas voltaram a falar sobre possíveis lugares para passar férias e relaxar enquanto tomavam café.

 

- Chunhyang! Onde está?_ gritou com raiva e seu cachorro veio correndo até a sala, onde seu dono estava largado no sofá._ Vem cá._ disse pegando o cachorro no colo e deitando com ele._ Você acredita que aquela louca corrompeu meu avó? Você sabe o quão difícil é conseguir ver aquele velho sorrir? Ou conseguir sua simpatia? Mas ela conseguiu, provavelmente deve ser uma bruxa!_ o cachorro ganiu._ Está defendendo ela também seu traidor._ disse o soltando, mas o cachorro não se afastou, apenas lambeu seu rosto._ Viu? Por isso te amo, você mesmo não concordando, ainda em ama.

Ele ouviu um miado, e um gato que estava num dos galhos da cerejeira, pulou na sua sala pela janela.

- Mas o que...?_ e de repente seu cachorro foi até o gato, o lambendo._ mas de onde veio esse gato? Sai!_ disse espantando o gato com a mão, fazendo apenas o gato piscar e sentar no chão, com o cachorro ao seu lado.

- Ninguém me respeita mesmo._ disse indo tomar café, se seu avó não estivesse lá embaixo podia ter ficado por lá, mas depois que já havia pedido ao velho para expulsar a amiguinha dele, não dava.

Enquanto tomava café na cozinha, o rosto da estrangeira apareceu em seus pensamentos, e por mais que forçasse a memória, não conseguia se lembrar de onde a conhecia, mas definitivamente a tinha visto.

Passada algumas semanas, saiu para procurar seu gato, o chamando na rua. Ouviu o gato miar, e para seu terror, vinha do andar de cima da cafeteria.

Ouviu um cachorro descer as escadas latindo e seu gato miando, se desesperou, seu gato além de entrar na casa do seu vizinho sem noção, ainda por cima encontrou um cachorro.

- Não encoste nele cachorro!_ gritou batendo na porta de madeira, feito uma louca, agitando ainda mais o cachorro, e fazendo seu gato miar ainda mais alto._ RONY! Venha para cá!

acordou assustado com os latidos do seu cachorro e a gritaria que logo reconheceu ser da louca de baixo.

Saiu despenteado para saber o que estava acontecendo, assim eu abriu a porta e se preparou para descer as escadas, seu cachorro latia para a porta e o gato miava ao lado dele, enquanto sua vizinha batia na porta, gritando uma língua desconhecida.

Só reconheceu uma palavra: Rony.

- Mas quem é Rony?_ pensou alto descendo as escadas e então, olhou para os pelos avermelhados do ato._ Rony Weasley._ sorriu cansado.

- Rony!_ gritou batendo na porta, e quando ia bater mais uma vez, a porta se abriu de supetão, fazendo o cachorro e o gato saírem correndo agitados pela calçada, e assim que ela ia se virar para pegar seu gato, segurou seu braço.

- Aonde vai?_ falou sério.

- Me solta seu louco._ disse tentando se desvencilhar.

- Você não vai a lugar nenhum antes de se desculpar, você me acordou e num domingo às 8 horas da manhã, isso é imperdoável.

- Hahaha._ ela sorriu irônica._ Olha só quem fala em acordar os outros em horários impróprios. Não sei se percebeu, mas eu estava tentando salvar o meu gato do monstro que você chama de cachorro.

- ChunHyang não um monstro, seu gato preguiçoso e folgado que invade minha casa todos os dias.

- Não é como seu eu pudesse colocar uma coleira nele. Agora dá para me soltar?_ disse com raiva.

Ele a soltou sem graça, nem tinha percebido que ainda a segurava.

- Pode deixar que ele não virá mais a sua casa._ disse procurando o gato e estranhamente ele estava lambendo o cachorro do seu vizinho ogro, enquanto o cachorro fechava o olho e colocava a língua para fora, ela deu um pequeno sorriso, e o também, mas então se lembraram quem eram os devidos donos e se olharam sérios outra vez.

- Acho bem mesmo manter essa bola de pelos longe da minha casa e do meu cachorro.

- Bola de pelo?_ exclamou incrédula._ Enlouqueceu? Além se ser um folgado sem noção ainda ofende meu gato? Você quer morrer?

- Folgado e sem noção? Se eu sou isso você é uma louca, escandalosa, estressada, devia estar num hospício recebendo tratamento de choque.

- Mas... O-o- o que disse?_ disse lívida, sentindo todo seu sangue fugir do seu rosto.

- Exatamente isso que ouviu.

- Louco é você seu idiota, retardado.

- Repete sua louca.

- Pare de me chamar de louca!

- E você pare também.

- Você começou.

- Eu comecei? Quem foi a louca, digo, pessoa que fez um escândalo no meu portão?

- Estava tentando salvar meu gato.

- Pois é, mas como percebeu, ele não precisava ser salvo.

- Mas eu não sabia, não como se pudesse ver por trás das portas e paredes.

- E quem começou foi você, vivi cinco meses em paz, e desde que se mudou, não durmo direto, você faz barulho de madrugada, liga a TV, música, bate portas. Não se sabe, mas meu quarto fica embaixo do seu banheiro, tenha um pouco mais de noção e não bata as portas desse jeito e escute música com fones, eles já existem sabia?

- Você também me acorda cedo, gritando, xingando, varrendo o chão! Sabia que sua cozinha fica em baixo meu quarto e eu escuto a bateção de louça?

- Acordo estressada por sua causa que não me deixa dormir! Até ioga estou fazendo e preciso fazer massagem, de tão tensa que estou por sua causa.

- Então se mude!_ gritou.

- Se mude você!_ disse também elevando a voz.

Alguns vizinhos, saíram para fora por causa do barulho, e alguns foram para a janela, e eles se controlaram, mas ainda se olhando feio.

- !

Os vizinhos olharam na direção que veio a voz animada.

- Quem milagre acordado!_ era , amigo e também músico do bar que cantava.

- Pois é._ murmurou olhando feio para a vizinha, que lhe mostrou a língua._ Infantil.

- !_ a conhecia também, sempre ia tomar café de tarde na sua cafeteria.

- Olá ._ disse finalmente o reconhecendo, ele estava de chapéu e óculos, excêntrico, como sempre.

- Você se conhecem?_ disse dando um enorme sorriso.

- Pois é._ disse dando um sorriso falso.

- Ele mora aqui._ ela disse dando um sorriso ainda mais falso que o dele e sussurrou “Infelizmente”.

- Então com certeza já tomou do melhor café da região.

- Ainda não tive o prazer.

- Pois você deve provar. Infelizmente não abre domingo, para minha tristeza.

- Todo mundo precisa de um dia de descanso.

- Justo.­_ ele concordou.

- E , aproveitando que conhece o , por que não vá um dia desses ao bar onde tocamos?

- Vocês são músicos?_ perguntou surpresa, e agora que sabia, se lembrou de ouvir algumas tardes, o vizinho tocando violão.

- Somos sim, e tocamos há umas duas quadras daqui, o nome do bar é SM. Apareça por lá, tocamos de quarta aos sábados.

- Vou sim._ disse por educação.

- Agora preciso ir, até mais amigos._ se despediu dando um abraço em cada um.

- Não se atreva a ir._ disse quando o amigo se afastou.

- Não iria nem se me pagasse.

 

Apesar de falar que não iria, apenas de birra, se arrumou na quarta-feira e foi ao bar.

Sentou numa mesa mais afastada e esperou pela apresentação do vizinho, que não demorou.

Ele apareceu com o cabelo num topete com muito gel e roupas pretas.

“Até que ele é bonito, na verdade, um gato.”

Admitiu a contra gosto.

E pelo que também percebeu, cantava bem e tocava violão divinamente, o mesmo se dizia do no piano.

Ela ficou até ao final da apresentação, e bateu palmas junto com os demais clientes e quando olhou sorrindo agradecido para todos, e então a viu, parando de sorrir.

sorriu de sua expressão surpresa e continuou a bater palmas, até que todos pararam e então, quase uma hora da manhã, se levantou e foi embora.

 

Assim que abriu o café na manhã seguinte, o primeiro cliente foi o , ela boquiaberta, foi atendê-lo.

- Mas o que faz aqui?

- Vim retribuir a visita._ disse dando um sorriso irônico.

- Deixa eu reformular minha pergunta, mas o que faz aqui a essa hora? Pensei que não gostasse de acordar cedo.

- E não gosto, odeio, mas preciso ir encontrar meu avô e ele sempre marca pela manhã, sabendo que eu odeio.

- O que vai quer?

- Um americano, com açúcar e uma torta de frango.

Ela se afastou para atender seu pedido, e em alguns poucos minutos voltou.

- Gostou de ontem? _ perguntou enquanto ela tirava seu pedido da bandeja.

- Incrivelmente sim._ disse com sinceridade, o deixando abismado, achando que ela o provocaria._ Sua voz é muito agradável e acolhedora, e você e o tocam muito bem.

- Obrigado._ disse corando, abaixando o rosto para tomar o café.

- Sempre chega aquele horário em casa?_ perguntou curiosa, como havia chegado tarde em casa, escutou ele chegando quase 2 horas da manhã. Apesar dele não fazer mais tanto barulho quando antes, na verdade, não exagerava desde a discussão que tiveram.

Ela acordava quando ele ligava o chuveiro, mas voltava adormecer, se incomodava antes mais com as portas batendo, que tiravam seu sono completamente.

Até estava mais bem humorada pelas manhãs e evitava lavar os copos tão cedo, deixava para quando fosse mais perto de abrir a loja, e também tina parado de gritar, uma vez que estava mais relaxada, até sua massagista reparou que ela não estava mais tão tensa.

- Sim, sempre que toco chego de madrugada.

- Ah, por isso dorme até tarde.

- Sim._ ele comeu um pedaço da torta e voltou a falar._ Ter um café deve ser um saco._ disse de repente.

- Por quê?_ sentou já fechando a cara.

- Porque acordar cedo é um saco, e você é forçada a isso.

- Sim, mas me acostumei, virou hábito, e esse era o preço a se pagar pelo meu sonho de ter um café.

- Entendo, digo o mesmo sobre ir dormir tão tarde.

- O café está bom?_ perguntou realmente interessada na sua opinião.

- Hum..._ disse fazendo cara de nojo.

Ela se levantou irritada, o fazendo sorrir e então dizer:

- É muito gostoso.

Ela sorriu vencida e voltou a sentar.

- Idiota._ disse tentando parar de sorrir.

- Louca._ brincou.

 

- Eu te conheço?_ perguntou quando o viu sorrir._ Digo, já te conheci antes?

- Não sei, mas acho que já te vi antes também.

- Pois é, sempre tenho essa impressão.

- Você mora aqui já há um tempo ?_ perguntou dizendo o nome dela pela primeira vez, a deixando sem graça por um momento.

- Não, ._ ele sorriu quando ela o imitou._ Sempre morei no Brasil, vim para cá tem uns seis meses e abri o café. Você também não é japonês, não é?

- Não sou, sou estrangeiro, assim como você. Minha família paterna é japonesa e a materna é coreana.

- Então vivi no Japão até quando terminei o Ensino Médio e depois nos mudamos para a Coreia, onde fiz faculdade.

- De música?

- Economia.

- Economia, você?_ disse olhando incrédula para o músico.

- Pois é, o que os pais não nos obrigam a fazer. E apesar de odiar, eu conclui, então fui fazer intercambio na Austrália, vivi um ano lá, sem aparecer um único dia nas aulas de pós graduação, meu pai descobriu e eu fugi para o Japão, onde moro de favor na casa do meu avó.

- Ah, na casa do seu... Calma ai._ disse confusa._ Seu avó você diz...

- Sim, Shinji Kagawa.

- Uau. Não sabia que era neto dele.

- Pois é, eu sou.

- Então esses eram os problemas._ pensou alto, se lembrando da conversa que teve com o avô dele alguns dias atrás.

- Meu avô te contou sobre isso?

- Não, só comentou que estava preocupado do relacionamento complicado entre você e seu pai.

- Digamos que eu sou a ovelha negra da família e não quis assumir o legado da família e administrar nosso banco.

- Prazer, outra ovelha negra, não quis ser uma nobre cirurgiã, assim como meus pais, e sim uma fazedora de café e no Japão.

Ele apertou a mão dela sorrindo, e ela continuou.

- Eu tentei também, não como você, que foi até o fim da faculdade, não aguentei um semestre. Mas não fugi, disse o que eu queria e apesar deles brigarem, virarem a cara, me criticarem por deixar a faculdade e ser uma simples garçonete num café, não deixei que me abalassem. Eu chorei, sofri, assumir sozinha um financiamento para abrir esse café sem a ajuda deles, mas hoje nosso relacionamento é bom, eles me respeitam, apesar de não concordarem, mas não me criticam mais, pelo menos não na minha frente._ sorriram e depois ele ficou pensativo.

- Preciso ir._ disse olhando para o relógio.

- Volte sempre._ brincou.

- Eu volto._ disse sério, a fazendo corar.

 

Na mesma tarde, após almoçar com os avós, passou de frente ao café e viu a que o portão estava entreaberto, apesar que porta, mais adiante estar com uma placa de fechado.

Caminhou devagar e ouviu vozes no quintal, no lado direito, ouviu a voz de e de outra mulher, provavelmente sua garçonete.

- Então vai mesmo se mudar?

- É melhor assim, estive pensando e o melhor para todos e não será tão longe daqui, é no bairro vizinho.

- Não vai sentir saudade? Você adora ficar lendo em suas horas vagas embaixo dessa cerejeira.

- Eu sei._ disse com tristeza.

- O lugar pelo menos é legal?

- É pequeno, mas prático, vou me adaptar.

viu a garçonete abraçá-la e sentiu um aperto, devia estar feliz, afinal estava se livrando da louca barulhenta, mas então por que não estava sorrindo e sim triste e carrancudo?

- Vou assinar o contrato amanhã cedo, às 8 horas, por isso se vire aqui nas primeiras horas.

Caminhou cabisbaixo de volta para casa e quando entrou, viu o Rony deitado em cima do ChunHyang, ambos dormindo sossegado.

- Folgado._ sussurrou sorrindo para o gato._ Tinha que ser o gato de .

Seu cachorro acordou e se levantou derrubando o amigo no sofá, que reclamou, mas logo se ajeitou e voltou a dormir, enquanto seu cão abanava a calda para ele, feliz pelo dono estar em casa.

- Você vai ter que se despedir do seu amigo._ seu cachorro ganiu manhoso.

- Não é minha culpa, eu juro, ou acho que não. Será que fui muito ignorante com ela aquele dia da briga? Mas ela também foi. De qualquer forma, sei que vai sentir falta do seu amigo. Então vou sugerir que ela traga o Rony aos domingos, já que você gosta muito dele. Viu como penso em você?_ o cachorro o olhou emburrado e lhe deu as costas, voltando para o sofá._ Ya! Não me dê às costas, já disse que a culpa não foi minha.

Quando ia bajular seu cachorro, seu celular deu um salto.

Kang Sora.

Respirou fundo e então atendeu.

- Olá irmãozinho._ ouviu a voz irônica da irmã, envergonhado.

- Olá irmã.

- Me encontre amanhã às 7 horas, estou em Tóquio, mamãe mandou te trazer algumas coisas.

- Como sabem que estou aqui?

- Idiota. Todos sabem que está aí.

- Até nosso pai?

- Claro, quem você acha que pediu ao cabeça dura do vovô para te dar moradia?

- Como? Foi nosso pai?

- Até amanhã às 7 horas, não se atrase.

E desligou.

- A nova moda da minha família é desligar na minha cara e marcar encontros pela manhã? Abusados. Isso é que dá ser a ovelha negra.

 

- Hyung._ disse ao vê-lo, mas para sua surpresa, ela sorria.

- Sora._ disse abraçando-a a contragosto, ela odiava demonstrações de carinho em público e nesse momento estavam no restaurante do luxuoso hotel que estava hospedada.

- Solta._ disse batendo de leve em suas costas, e ele a soltou.

- Não ficou com nossos avós?

- Vou pra lá hoje, depois da minha reunião. Coma._ disse segurando uma xícara de café.

- Nossos pais estão bem?

- Sim, por incrível que pareça.

- Não estão com raiva?

- Claro que estão, mas estão ocupados demais ganhando mais dinheiro, mas assim que tiverem um tempo, se prepare, ele vai te arrastar para casa pelas orelhas e acabar com essa brincadeira de ser músico.

- Não vão não. Não fizeram antes e não vão fazer.

- Então crie juízo, e assuma seu lugar na empresa.

- Meu lugar já está ocupado irmãzinha, por você.

- Enquanto você não volta.

- Você sabe que eu não vou voltar, e não se engane dizendo que não gosta dessa posição, que é tanto minha quanto sua. Não tem que fingir dizendo que está forçada nela, não se envergonhe, você não está cobiçando meu lugar, esse lugar e tanto meu quanto seu e eu escolho não assumir.

Ela se calou e pegou uma caixa de madeira pintada de branco e colocou na mesa.

- Mamãe mandou te trazer.

Ele pegou a caixa e colocou em sua frente, após afastar a xícara e o prato.

Tinha alguns álbuns, medalhas, sua bola de beisebol autografada e uma pintura que há muito tempo não tinha visto. Ela estava emoldura, como mandara fazer quando ainda era um menino de 12 anos.

pegou a moldura e sorriu.

- Você sempre foi um artista._ Sora falou._ Gostava de desenhar, cantar.

- Na verdade não gostava muito de desenhar nem pintar, só sabia fazer.

- Esnobe.

- É você e uma estrangeira, não é? Sentados num banco embaixo de uma cerejeira tomando sorvete.

- Sim, eu e uma... Meu Deus! Sei quem ela é!_ disse se levantando, com a caixa na mão.

- Ei, volta aqui._ disse se levantando também.

- Te vejo no vovô mais tarde._ gritou, correndo para entrada do hotel em busca de um táxi.

- Louco._ exclamou vencida quando ele entrou no carro.

- Por favor, tenho 20 minutos para chegar até esse endereço._ disse mostrando o lugar celular ao taxista.

- Pode deixar.

 

12 anos atrás.

- , é tão lindo quanto imaginou?_ a mãe que segurava sua mão perguntou ao olhar sua filha encantada com as muitas árvores de cerejeira do parque.

- É mais._ a criança de nove anos falou._ Podemos morar aqui para sempre?_ disse entendendo a mão para as pétalas rosas que caiam.

- No Japão?

- Sim, e nesse parque.

Sua mãe apenas sorriu e continuaram a andar, onde havia marcado de se encontrar com o marido e o filho mais velho.

- Temos mesmo que ir agora?_ parou fazendo birra, soltando a mão da mãe.

- Sim, seu pai está esperando na entrada do parque, já está na hora, prometo que te trago aqui no próximo ano nas suas próximas férias._ esse era o ultimo dia da família no Japão._ Se eu te comprar um sorvete, você fica melhor?

A criança apenas concordou com a cabeça, ainda emburrada, e quando a mãe lhe deu as costas, ela se meteu numa multidão de turista e correu para o outro lado do parque.

Caminhou sozinha por algum tempo, dançando e sorrindo, mas após uns 10 minutos, começou a ter medo, não queria ficar lá sozinha, queria estar com sua mãe, seu pai, seu irmão.

Tentou voltar para a entrada, mas sempre acabava parando no mesmo lugar.

Chorava e caminhava entre as árvores, arrependida por ter fugido, até que viu um carrinho de sorvete, mas não era o de perto da estrada e sim outro.

Ela se abaixou chorando, com a cabeça nos apoiada nos joelhos.

- Oi._ ouviu alguém a cumprimentar em japonês, apesar de estar apenas há uma semana no Japão, aprendeu algumas poucas palavras e dar oi, era uma delas. Então erguei a cabeça e um menino, um pouco mais velho que ela estava abaixado ao seu lado.

- Oi._ disse limpando as lágrimas no vestido amarelo.

- Está perdida?

Ela apenas piscou sem entender.

- Verdade, você não me entende._ disse pensativo._ Não chore._ disse fazendo mímica.

E estranhamente ela parou. O menino foi ao carrinho de sorvete e trouxe dois e caminhou com ela, a levando para a entrada, provavelmente os pais dela tinham informado na guarita, que ficava próximo a entrada.

Chegaram e ele ao viu sinal de nenhum estrangeiro que parece com a menina, então sentou com ela no banco e ficou esperando, enquanto tomavam o sorvete.

- Quer outro?_ perguntou ainda de mãos dadas.

Apesar de não saber as palavras, ela conseguiu entendê-lo e apenas acenou sorrindo.

Como o carrinho estava perto, ele sempre olhava para ela, não queria que ela se perdesse outra vez, e quando voltava com dois sorvetes na mão, viu o que pareceria ser a família de sua amiga.

A abraçando e chorando ao mesmo tempo, ele ficou parado, aliviado por ela ter achado os pais, e então a viu sair e mãos dadas com os pais, mas antes de ir, ela virou para trás e sorriu e para ele, e sussurrou em japonês.

Obrigado.

 

chegava de táxi, quando a viu entrar em outro, assim que o motorista ia encostar, ele mandou seguir o taxi da frente.

Assim que o taxi em que estava parou no sinal vermelho, ele jogou o dinheiro para o motorista do seu, agradeceu e saltou.

Bateu feito um louco no vidro da janela do taxi em que ela estava. olhou assustada, mas ainda assim abaixou o vidro.

- O que aconteceu?

- Desça, preciso falar com você.

- Enlouqueceu de vez? Tenho um compromisso.

Ele abriu a porta do táxi e a pegou pelo braço, jogando também o dinheiro para o motorista, antes que ele reclamasse.

A levou para a calçada, arrastando.

- Ya! Me solte! , pensei que tivesse mudado, que estava enganada a seu respeito, mas você é um idiota completo._ gritou na calçada.

- Preferia você quando era uma criança chorona._ disse a abraçando.

- O-o-o que disse?_ perguntou confusa com o gesto carinhoso dele, afinal nunca tinham nem dado as mãos.

- Não precisa se mudar, o café é perfeito onde está, por favor, fique.

- Mas ..._ tentou falar, mas ele a abraçou um pouco mais.

- Sei que sou bagunceiro, mas vou tentar ser mais silencioso, prometo, mas não se mude.

- Já que você não vai fazer mais tanto barulho...

- Não vou, prometo.

- Então não me mudo._ disse sorrindo, e só então ele a soltou.

“Idiota._ pensou._ Eu não estava mudando o café, apenas ia achar um apartamento para mim. Mas não vou te contar isso agora.”

Eles voltavam para casa bem próximos um do outro, com as mãos se chocando.

- Você disse que me preferia quando eu era uma criança chorona. Que história é essa?

- Você veio passar férias aqui quando era criança?

- Sim.

Eles chegaram no café, mas ele caminhou até a cerejeira e ela o seguiu e sentaram no banco embaixo dela.

- Você se perdeu no parque das cerejeiras?

- Como você...?

- Você usava um lindo vestido amarelo e um casaco branco amarrado na cintura?

- Mas...?

- Você chorava feito um bebê e um menino lindo, coreano, cavalheiro lhe comprou um sorvete?_ disse sorrindo para ela.

- Você?

Ele apenas concordou, ainda sorrindo, ela apesar de ainda estar surpresa, sorriu também.

- Então realmente nos conhecemos. Por isso tinha a impressão de já ter te visto em algum lugar. Eu realmente te conheci.

- Sim.

- !_ a garçonete apareceu na janela surpresa com a chefe ali._ O que faz aqui? Você não ia assinar os papéis do contrato do seu apartamento? Mudou de ideia.

- Ehh._ ele sorriu sem graça para o , que a olhava incrédulo.

- Você não ia mudar o café daqui e sim se mudar? Apenas de casa.

- Então..._ ela disse se levantando._ O papo está bom, mas preciso ir trabalhar. Até depois vizinho.

- ..._ ele a chamou, enquanto ela andava apressada para o café.

- Depois te pago o sorvete.

- , mau caráter, volta aqui._ gritou. Mas ela já estava longe._ Misericórdia, não se pode acreditar nem no primeiro amor._ falou caminhando para casa, mas ainda assim sorrindo.

- , você está bem?_ a garçonete perguntou para chefe que estava parada de frente para a máquina de fazer café, mas sem fazer nada, apenas com o olhar perdido e um sorriso nos lábios.

- Estou sim._ disse olhando para ela._ O destino é engraçado não é?

- Acho que sim._ disse a olhando estranha.

Ela se lembrou que naquele ano, iam passar as férias em Londres, mas seu pai acabou ganhando as passagens para o Japão, então mudaram os planos, e graças aquela viagem, se apaixonou pelo país.

E quando um lindo menino, que falava em japonês de uma maneira que ela compreendeu, que a acalmou, que lhe comprou um sorvete, que segurou em sua mão quando estava assustava, se apaixonou também pela língua e pelo povo de lá, decidindo que assim que fosse adulta, se mudaria para lá.

- Tudo graças a ele._ sussurrou.

A garçonete balançou a cabeça e se afastou, enquanto apenas sorria, ainda sem acreditar que tinha encontrado seu primeiro amor e esperando que ele fosse o último também.

 

~The end~


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