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HERO
by Lily
Depois de perder a chance de conhecer seu Ultimate, por uma séries de incidentes e acidentes, você é salva por um homem misterioso. E quando você finalmente descobre quem ele é e pensa que já viveu o melhor momento de sua vida, ele te surpreende ainda mais.
Gênero: Romance
Dimensão: Longfic
Classificação: PG-15
Beta: Nikki
ܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔܔܢܜܔ
# Epílogo # Capítulo 1 # Capítulo 2 # Capítulo 3 # Capítulo 4 # Capítulo 5 # Capítulo 6 # Capítulo 7 # Capítulo 8 # Capítulo 9 # Capítulo 10 # Capítulo 11 #
“Eu quero ser o seu herói, Eu quero encontrar você, Eu quero ser o seu herói
Juntos voaremos para longe
O seu coração ferido, eu vou lhe abraçar e nunca te deixarei
Em qualquer lugar com você...”
Hero — Super Junior
EPÍLOGO
Ai que raiva de mim, por que eu sou tão atrasada?! Por que não faço nada certo?!
Sentada ali, de frente à plataforma, vendo como a vida continua, alheia a meu sofrimento e angustia, fechei os olhos e pensei em como seria se eu tivesse um super poder, naquele momento eu escolheria voar, ou melhor, me tele transportar, isso mesmo, me tele transportar para o fanmenting, do Super Junior que estava acontecendo a poucos quilômetros de distância de onde eu estava.
Respirei fundo e evitei pensar neles, pois nesse momento era para eu estar conhecendo eles e principalmente o , mas eu era uma idiota, uma Pabo, idiota, tentei evitar pensar nisso, antes que eu me jogasse nos trilhos.
Perdi a noção do tempo ali, quando decidi voltar, pensando que minha cota de sonsice e azar tinha chegado ao limite, agora era correr para abraçar a sorte.
Coitada de mim... tão ingênua. Mal sabia o que ainda iria passar...
CAPÍTULO 1
— ! Estou falando com você, então tire os olhos do celular por um momento?
— Só um minuto amiga, estou colocando a foto do como papel de parede... Pronto. Agora a general pode falar — eu a provoquei, sabia que ela odiava quando eu a chamasse assim, mas perco a amiga, mas não perco a piada.
— Já disse que não sou general, sou focada quando preciso. —ela respondeu séria.
— Claro, gener... , hehehe, ok, parei... Parei. Continue.
A não era mesmo um general, ela era exatamente o que disse focada, centrada, e quando colocava algo em mente ela só parava depois que alcançava seu objetivo.
E foi graças a ela que estamos realizando nosso sonho, sonhamos por dois longos anos, mas que agora estamos realizando.
— ... e aí você chega lá e cospe na cara do e chama ele de feio, ta bom, ?!
— Ok... O que?! Enlouqueceu?!
— Se você estivesse prestando atenção saberia que eu estava brincando.
— Desculpe, é que estou empolgada demais...
— Eu sei, , mas temos que focar agora, então primeiro me dê seu celular. — Rapidamente escondi meu celular atrás das costas e fechei a cara pra ela negando com a cabeça. — É sério, passe pra cá, eu conheço você e sei que não vai parar de olhar pra ele.
— Amiga, eu me controlo, eu juro.
— Eu sei que você quer mesmo se controlar, só que eu te conheço muito bem e sei que não vai resistir e acabar olhando para ele o tempo todo. Porque: ele é novo, tem foto do , tem foto do e tem foto do . — Ela estendeu mão com a cara de Dona Razão, suspirei fundo e dei o celular a ela.
— Satisfeita?!
— Sim, agora sim.
Ela respirou fundo, fez uma cara de seriedade, como se estivesse diante de um auditório, prestes a fazer o discurso mais importante de sua vida. Contive minha vontade de rir, não queria atrapalhar novamente.
— Estamos pra viver o momento mais importante de nossas vidas de kpoppers e ELF. Amanhã completará quatro meses que estamos na Coreia.
— Um beijo, Ciências sem Fronteiras! — disse rindo esperando que ela se irritasse, mas para minha surpresa ela também sorriu.
— Isso aí, um beijo e um abraço. — Mas logo voltou ao discurso — E amanhã também será o dia em que veremos de perto quem nos motivou a escolher esse país para nosso intercâmbio. Sei que amamos muitos grupos, mas o Super Junior é nosso grupo do coração, é nossa vida...
— Nossa morte, nossas risadas, nossos choros, motivo do nosso primeiro porre quando não conseguimos vir ano passado...
— Isso tudo mesmo, e amanhã veremos eles... — ela se calou e ficou com o olhar perdido, depois voltou a se empolgar novamente. —Aí amiga... Eu morro, desmaio, não vou aguentar tê-los tão perto.
— , se você ousar desmaiar eu te mato. Foco, ok?!
— Verdade, , foco, voltei... — ela respirando fundo.
— Confesso que estou surtando também, sei que já os vimos em shows, e em frente à empresa deles, mas sempre longe, porém amanhã... Amanhã... — as lágrimas teimosas insistiram em descer, por mais que eu tentasse segurar.
Quando olhei pra , ela também estava chorando, já estávamos tão acostumadas a chorar por muito menos na frente da outra, então, nem fizemos questão de esconder.
— E amanhã — eu continuei assim que minha voz voltou — os veremos de pertinho, você verá seu perfeito, lindo e maravilhoso, sexy, sensual e príncipe , — um sorriso bobo se espalhou pelo rosto de — e eu verei... aí meu coração... eu... verei...— palavras fugiram da minha mente — amiga, socorro não consigo falar! Como assim não consigo falar sobre ele? Se tudo que eu fiz desde que o conheci foi elogiá-lo!
— Você verá o seu Ultimate Bias Forever, que de tão lindo e perfeito não parece real. Ele parece um personagem perfeito de Mangá.
— Oh, amiga. Você é a melhor! Sim, eu não poderia escolher palavras melhores pra descrevê-lo.
Quando nos acalmamos, ela continuou:
— Agora vamos repassar o cronograma.
— Cronograma? Nós temos isso?
— Sim, , nós temos sim, fique quieta e preste atenção.
— Araso Ommonin... Está bem, mãe
— Ya- imá! Sua bastarda.
Quando paramos de rir, ela voltou a falar:
— Vamos parar com coreano e voltar ao cronograma. Acordaremos às 5h...
— O que?! Enlouqueceu?! O fanmenting será 2h da tarde, às 14h, entendeu ou quer que eu desenhe?!
— Não é necessário desenhar, obrigada. Eu sinto muito que precisarei te acordar do seu sono profundo, Bela Adormecida, mas amanhã estaremos ocupadas. Nem vamos assistir às aulas de amanhã, sexta-feira, por que precisamos de tempo, temos dois compromissos importantes, ou você além de sofrer de Síndrome de acordar cedo, também tem Mal de Alzheimer?!
— Não tenho nenhuma dessas duas, só a Síndrome de acordar cedo sem necessidade. Eu sei que precisamos chegar lá cedo, tipo umas 10h, então podemos acordar às 8h e chegar lá no máximo umas 9h nem é tão longe assim, se formos de metrô em meia hora chegamos lá.
— Acontece que o , vai filmar o MV deles do outro lado da cidade às 7h e nós temos que ir, eu sei que eu amo eles mais que você, mas é o ! ENTENDEU?
— Eu entendo sim, mas não podemos acordar às 6h?
— Não, não podemos, eu te conheço muito bem pra saber que com você todos os tipos de imprevistos acontecem. E eu vim pra Seul, por um motivo, ver idols, estudar foi apenas o meio de realizar meu sonho.
— Eu sei, eu sei. Vamos madrugar então...
— Amiga quando nós aparecermos feito duas loucas no MV, você vai me agradecer. — Sabia que ela estava certa e acabei concordando.— E o que você usará amanhã, ?!
— Essa roupa que está em baixo da sua bunda, faça o favor de passar.
levantou pedindo desculpa e pegou minha saia preta, riu e me olhou como se eu fosse uma criança do pré-primário:
— , nós estamos na Coreia. No outono, na Coreia.
— Eu sei, e daí?!
— E daí que é frio pra caramba! Só por isso. Você não pode ir de saia pra ficar horas na fila, no frio, virando picolé. Você quer morrer congela... — ela parou de falar quando viu minha camisa em cima da cama, respirou fundo e falou vagarosamente com os olhos fechados. — Por favor! Por tudo que é mais sagrado, não me diga que você está planejando ir com essa camisa.
— Qual é o problema com minha camisa do SS5 do ?!
— O problema é A camisa do SS5 do . Tudo bem irmos ao show com essas camisas de banda, mas você vai ver ele de perto, não tem necessidade disso. Precisamos estar lindas e deslumbrantes e não igual às milhares de fãs do ensino fundamental.
— Mas eu vou com ela sim, ele tem que saber que eu o amo.
— Você está aqui há tempo suficiente pra saber falar Saranghae Oppa! Pode esquecer a camisa, se você quiser morrer congelada com essa saia, eu deixo, mas essa camisa está fora de questão, esquece. Só por cima do meu cadáver.
Eu comecei a abrir algumas gavetas, ignorando minha amiga.
— ? ? O que você está procurando?!
— Uma faca, ou um revolver, pra te transformar em um cadáver. Por que eu imaginei esse look há semanas e vou com ele.
— Amiga...
— Eu não sou louca e não vou morrer congelada. Vou usar trocentas meias calças do fio mais potente que tiver, uma jaqueta, outra blusa de frio em baixo da do , cachecol, luvas e botas. Não vou congelar, ok?!
— Mas amiga e essa camisa que milhares de fãs têm e estarão lá usando?! Como vamos nos destacar?!
Agora foi minha vez de rir dela e explicar bem carinhosamente:
— Amiga não sei se percebeu, mas somos brasileiras, no meio de coreanas, chinesas e japonesas, a genética fará o papel de nos diferenciar...
— Mas...
— E essa camisa foi a primeira coisa que comprei do Super Junior ao chegar à Coreia e prometi a mim mesma que usaria no primeiro fanmenting ou Showcase que fosse. E como você mesma disse está frio, eu vou está com a jaqueta fechada e com cachecol.
— Venceu...
— Eu tenho que vencer de vez enquanto, quebrar a rotina...
Ela aceitou o fato e continuou conferindo tudo.
— Já conferiu tudo o que vai levar.
— Já, , mas eu sei que você me fará conferir novamente.
— Ah me conhece tão bem – ela disse rindo. – Então, está levando os álbuns pra eles autografarem?
— Siiiiiim.
— Passe do metrô, dinheiro pra emergência, celular carregado, barra de cereal, passaporte para o caso da polícia não ir com sua cara?!
— Sim, sim, sim, sim e sim e não teve graça.
— Teve sim – mostrei a língua em resposta. — Se já está tudo certo, vamos dormir, porque amanhã, como você disse, iremos madrugar.
— Mas ainda são 10h? Nós não conseguiremos dormir cedo, ainda mais agitadas como estamos... Pode esquecer.
— Vamos deitar e sonhar acordada em como será amanhã e tenho certeza que o sono virá. Anda, , e não faça essa cara mal criada pra mim.
Deitamos e ficamos falando de nossos planos, rimos, choramos, rimos de novo, até que dormiu, eu demorei dormir, fiquei olhando pro teto, pedindo, implorando pra que tudo aquilo não fosse apenas um sonho...
CAPÍTULO 2
Caminhei lentamente em direção ao , apesar da mesa comprida estar com todos os membros, eu só tinha olhos pra ele.
Eu estava chegando perto dele, tinha apenas uma pessoa na minha frente, meu coração batia tão rápido e tão forte, que tinha a sensação que ele não resistiria e pararia de bater.
E de repente... Minha vez.
Me obriguei a respirar, a continuar consciente e firme, inspira e expira, mais um passo e mais um passo. E cheguei.
Ele estava ali, na minha frente a centímetros de distância, estendendo a mão pra pegar meus álbuns e assinar. Eu travei não conseguia falar, nem me mexer, todas as horas que passei ensaiando de frente pro espelho e pra minha amiga , foram em vão, minha mente congelou junto com minha língua, ele continuou olhando pra mim, com uma expressão de dúvida e as mãos estendidas esperando que eu entregasse os álbuns.
Despertei do meu estado crítico de sonsice, quando uma fã atrás de mim tossiu alto, me apressando.
— Ah. Mianhae! Joesonghabnida — Me desculpa. Me Perdoa.
E lá estava ele sorrindo, o sorriso mais perfeito desse mundo, infinitamente mais lindo do que imaginei. E disse que estava tudo bem, tive que me controlar pra não pular no pescoço dele quando estendi os CDs para ele.
— Seu nome?! — disse ele em coreano e me olhando com uma expressão dúvida, não sabendo se eu tinha entendido sua pergunta.
— , meu nome é .
— Você fala muito bem minha língua.
— Sim, falo, mas queria mesmo era um beijo seu de língua — eu disse em português, lógico, não sou tão louca.
— Como?! — ele fez a cara fofa de dúvida de novo, e meu coração voltou a palpitar de novo, me avisando que ele era fraco e frágil.
— Eu disse que falo bem coreano. Posso te pedir uma coisa?! — eu disse com a cabeça baixa, morrendo de vergonha.
— Pode sim, . — rindo e olhando pra mim, só pode ser sonho.
— Será que você pode segurar minha mão? — Olhei pra baixo novamente, não queria nem pensar nele me negando.
— Claro, , por que não? Alguém com um nome e um rosto tão bonito merece um aperto de mão — ele abaixou a voz num sussurro e falou sorrindo. — Merece mais. Não conte pras outras.
Rimos juntos, e então ele estendeu sua mão a mim, porém uma fã começou a me sacudir fortemente, enquanto o gritava meu nome...
— ! !
Eu tentava me soltar dela e voltar minha atenção para ele, mas a menina era muito forte.
E quando abro os olhos vejo ao meu lado me sacudindo e me chamando.
— , acorda, levanta.
Minha cabeça estava estourando de tanta dor, sabia que comer aquele monte de comida na rua não me faria bem, mas da cabeça dor reuni forças pra gritar com :
—Ya! Bichyeoss-eo?! Enlouqueceu? — Quando gritei minha cabeça doeu tanto que pensei que fosse desmaiar.
— Amiga! Você está bem?! — correu em minha direção quando viu a expressão de dor.
— Não é nada é só uma dor de cabeça, eu vou ficar bem.
— Nossa, que susto amiga... Vou pegar um remédio pra você.
Ela voltou trazendo o comprimido e me viu chorando...
— ?! Tem certeza que está bem?!
— Sim, estou, é que me lembrei que estava tendo um sonho perfeito com o , até você me acordar. Obrigada.
— Por nad,a amiga, disponha. E eu te acordei do sonho pra te trazer pra realidade em que você conhecerá ele.
— Aish! Essa cabeça não para doer. — Tentei levantar da cama e fui atingida por uma tontura vinda das profundezas pra atrapalhar meu dia perfeito.
— Calma, amiga. Não levante ainda, espere um pouco até o remédio fazer efeito.
— Se eu esperar isso nosso cronograma vai pro ralo. Ele me deixa sonolenta.
— Esqueça isso, ok?! Você está passando mal, volte a dormir e vamos apenas ao fanmenting. Tenho certeza que teremos outras oportunidades de ver o BTOB.
— Agora sim você enlouqueceu?! Nada disso eu vou ficar aqui descansando e você vai ver eles! E isso é uma ordem.
— Mas amiga... Não posso te deixar nesse estado!
— Mas nada, eu estou bem e fosse apenas a dor de cabeça eu iria, mas a tontura... Eu sei o que é e já me mediquei, eu vou ficar bem.
— Tem certeza que vai ficar bem?!
— Tenho...
— E se você piorar?!
— Isso não vai acontecer, e se acontecer, chamo a Ahjuma.
— Então ta. Eu vou. É sério eu estou indo mesmo...
Eu sorri e ela percebeu que eu ficaria bem. Nem vi quando ela saiu, o remédio, unido do meu sono pesado, me apagaram.
***
Acordei com batidas na porta, demorei abrir os olhos, mas como não paravam de bater, fui abrir a porta, tombando de tanto sono.
Era a Ahjuma, dona do quarto-sala-cozinha que dividia com a .
— Annyeonghaseyo. — Olá — Você está melhor?!
— Annyeonghaseyo. Estou bem sim, obrigada.
— Sua amiga me pediu pra passar aqui e ver como você estava, mas eu estava tão ocupada e só me lembrei agora. Mas é bom saber que você melhorou, já vou indo.
— Gamsahabnida. — Muito obrigada — Tenha um bom dia.
— Não bom dia, mas sim uma boa tarde.
— Tarde?!
— Sim, já são quase 14h. Você sabe mesmo como dormir.
E saiu me deixando ali paralisada, fiquei esperando me sacudir e me acordar, me tirar desse pesadelo. Mas ela não fez isso porque eu estava acordada, acordada num pesadelo chamado realidade.
Sabia que não tinha a menor chance de vê-los, mas ainda assim, eu corri pra me arrumar, se arrumar se chamasse escovar os dentes e trocar de roupa. Pois foi apenas isso que fiz.
Corri feito uma louca até o ponto de ônibus mais próximo, estava tão ansiosa que só percebi no ponto de ônibus, assim que cheguei, que minha cabeça voltou a doer, o ônibus não demorou, mas ainda precisa ir de metrô.
Saltei e corri feito uma louca pra estação mais próxima, e olha só que lindo, teria que esperar por quase meia hora, eu perdi um que tinha acabado de passar.
Poderia tentar ir de ônibus, mas estava cansada demais e a cabeça explodindo. Não tinha jeito, teria que esperar.
Lembrei que devia estar super preocupada, peguei o celular e vi várias chamadas não atendidas, e mensagens não lidas.
Preferi não ligar, e sim mandar um SMS não queria chorar na rua. Chorar na frente de estranhos na ficção com uma musica de fundo é lindo, mas na vida real... Não é nada legal.
Avisei que estava bem e que estava chegando, guardei o celular, e comecei a arrumar o cabelo e dar um jeito no rosto, estava em Seul, o paraíso dos idols, nunca se sabe quando um vai passar ao seu lado e se apaixonar a primeira vista.
Parece que esperei uma vida inteira, mas foram mesmo 30 minutos, ele quase nunca se atrasa. Pelo menos achei lugar pra sentar. Não queria tomar remédio novamente, mas não tava aguentando, teria que tomar se não quisesse chorar de dor ali na frente de todos.
Acompanhei as notícias do Super Junior pelo celular, mas não aguentei muito tempo, achei melhor ver os MV’s do INFINITE e SHINee, estava sendo forte até o momento, mas sabia que quando eu explodisse, não ia ser nada bonito. E era melhor explodir sozinha em quatro paredes, era pra ter ficado chorando em casa, mas a ilusão tinha possuído meu corpo, só pode.
Meu celular vibrou, quando olhei era a me ligando...
Corri pro banheiro, fui atender lá, já previa o que aconteceria. Atendi, mas ninguém falava nada, fiquei esperando até que ouvi a voz de distante, falando em coreano.
— ? Alô? ?
— Oi, ?
— Sim, a própria em carne, osso e muito azar.
— Onde você está?! Você disse que já estava chegando, está na fila ainda, porque se tiver é melhor desistir, eles fecharam a entrada, você conseguiu entrar? Hein? ? — Fiquei calada, não sabia o que falar. — ?!
— Eh... eu não estou na fila não já que tinha perdido mesmo a hora sai pra dar uma volta... estou vendo vitrines no shopping.
— Amiga, eu sinto muito, eu te liguei tentando te acordar...
— Não é culpa sua, só do meu olho grande, passei mal porque comi muito ontem, e você sabe que ainda não estou acostumada com alguns temperos, aí amanheci passando mal. Olha aproveita ai por mim, ok?! Eu sei que você só tem olhos pro , mas tirar umas fotinhas do e se puder fala que eu amo ele e que mandei beijo. — Ela sorriu.
— Pode deixar eu dou seu recado. Fique bem.
Fique bem...
Como?! Quando?! Por que eu não posso ser feliz completamente, e meus sonhos só vêm pela metade?!
Será que eu fui programada pra me ferrar, não importa o quanto tente acertar?!
Eu me permiti chorar e chorar feio mesmo, tipo escandalosamente alto, tipo vergonha alheia, várias pessoas bateram na porta do banheiro perguntando se eu estava bem, ou passando mal, eu respondia que estava bem, e que me deixassem em paz.
Quando trem parou na estação que eu devia descer, tive vontade de continuar dentro e sumir do mapa, mas já tive problemas demais, por um dia só. Era mais seguro voltar pra casa.
Podia voltar pra casa, mas vi um banco e adiei a volta.
Sentada ali, de frente a plataforma,vendo como a vida continua, alheia a meu sofrimento e angustia, fechei os olhos e pensei em como seria se eu tivesse um super poder, naquele momento eu escolheria voar, ou melhor, me teletranportar, isso me teletranportar pro fanmenting, do Super Junior que estava acontecendo a poucos quilômetros de distancia de onde eu estava.
Respirei fundo e evitei pensar neles, que era pra eu estar conhecendo eles e principalmente o , mas eu era uma idiota, uma Pabo, tentei evitar pensar nisso, antes que eu me jogasse nos trilhos.
Perdi a noção do tempo ali, quando decidi voltar, com o pensamento de que minha cota de sonsice e azar tinham chegado ao limite, agora era correr pra abraçar a sorte.
Tadinha de mim... tão ingênua. Mal sabia do que ainda ia passar...
CAPÍTULO 3
Quando controlei meu choro me levantei, já estava escurecendo respirei fundo e caminhei em direção, ao local do fanmenting — que já devia estar acabando —, na esperança de ver pelo menos a sombra do Super Junior e do meu Ultimate, nem que fosse de longe.
Quando estava chegando perto, desisti, de que adianta ficar me torturando, fiquei dando voltas procurando um lugar pra comer e tomar um café, só percebi naquele momento que talvez minha cabeça continuasse doendo por causa da falta de cafeína no sangue.
Fiquei ali por um tempo, depois peguei o celular pra mandar uma mensagem pra perguntando se ela tinha saído e pra voltarmos juntas pra casa, mas meu celular inventou de descarregar.
“Sorte, sua linda, saudade de você, aparece pra uma visita quando você enjoar da Tiffany”.
Voltando inconsolável e com a cabeça baixa pra estação, percebi que uma van passou lentamente por mim, e depois outra, parando a uns 200m no semáforo, minhas reações são sempre as mesmas:
Paralisia/choque,
Surto total,
Chamem a ambulância pra internar a louca!
Pois foi exatamente assim, minha mente travou, deu branco, esqueci quem eu era e o que estava fazendo ali.
Depois de uns 10 segundos a ficha caiu, fechei a boca e sai correndo feito uma louca em direção, até parar do lado da última, meu lado racional me obrigada a manter a mente no lugar, me avisando que poderia não ser eles. Mas a loucura impera na minha vida, e começou a trabalhar.
E se fosse o Super Junior, e se o estivesse lá dentro olhando pra fora?! Dei um chute na minha sanidade e mandei ela ir pastar.
Quando dei por mim estava com a jaqueta aberta, pra mostrar minha camisa do , correndo de uma van pra outra fazendo coração, jogando beijos, cantando Gwioumi e fazendo a dançinha, ou seja, pagando o maior mico ever, mas quem liga, não conhecia ninguém mesmo, não era meu país. Então surtei mesmo, pirei mesmo.
De repente senti um forte empurrão e quando percebi já estava no chão e alguém correndo, com minha bolsa na mão.
MINHA BOLSA NA MÃO????
Sai correndo atrás do vagabundo, gritando pra alguém pará-lo, mas ou eu falei em português e eles não entenderam, ou ninguém se importa com a vida alheia.
Continuei correndo na esperança de ver algum policial, mas foi em vão, desisti. Sentei em frente a uma loja fechada sem saber o que fazer, como reagir.
Encostei a cabeça na vitrine, sem saber se chorava, ou gritava, ou me estapeava.
Ai resolvi fazer tudo, chorei, gritei, me amaldiçoei, e sim me estapeei, mas só uma vez, o primeiro tapa na cara doeu tanto que voltei a chorar, doía menos.
Agora sim eu enlouqueci de vez, o ladrão estava voltando, correndo com outro encapuzado atrás dele. A vida é tão irônica, um ladrão sendo roubado...
Eu nem me dei ao trabalho de ir atrás, apenas tentaria voltar pra casa, chorar, e amanhã ir a uma delegacia.
Meu passaporte...
Meu dinheiro...
MEUS TRÊS UNICOS ALBUNS DO SUPER JUNIOR!!!
— Seus desgraçados de merda! Vão roubar suas irmãs ELF’s pra ver se é bom, se elas gostarem vem aqui e me roubem novamente. E vocês estão olhando o que? Vão chamar a policia, ou o sanatório... — disse no meu melhor português.
Não queria casa, não queria choro, não queria amiga, queria álcool, queria inconsciência.
Levantei-me, rápido demais, senti uma pontada no pé, e já comecei a sorrir, claro que tinha machucado o pé, esse era o dia da zoeira sem fim com a minha cara, anormal seria não tê-lo machucado, mas quando olhei pra baixo vi que o salto da bota também estava quebrado a bota nem minha era, mas da minha vizinha...
Eu comecei a rir feito uma louca, agora sim podiam me internar e com direito a camisa de força e sossega leão, eu ria e chora e voltei a me bater, mas, rapidamente parei, por que doía demais, estava louca, mas não tanto.
Vi uma barraquinha de Dubokki e me sentei, revirei os bolsos na esperança de ter alguns míseros wons, que pagassem pelo menos uma garrafa de Soju.
Senti um vento frio olhei pra trás e vi alguém de uma jaqueta com o capuz na cabeça, e seu cachecol cobrindo até seu nariz, só dava pra ver seus olhos, seu olhar me deu uma sensação de paz tentei manter o contato, porém, ele abaixou a cabeça.
Até eu abaixaria, nem queria imaginar meu estado, seu meu interior estava uma bagunça, imagine o exterior... mas, assim que ele me olhou novamente dei o sorriso mais sereno que consegui, um do tipo sou normal, e me virei pra mesa.
— Imo! — Tia! Uma garrafa de Soju e uma porção de dubokki — Quando ela chegou perto eu disse — Não tenho dinheiro hoje, mas eu venho aqui amanhã e pago, pode confiar em mim.
Quando ela ia voltar com a garrafa e me mandar embora, o Sr. “Olhar Doce” mandou ela me dar. Virei pra ele e fiz a melhor referência de 90° graus que consegui.
Tomei a primeira dose, na força, oh bicho ruim, como essas mocinhas de drama, bebem isso com tanto gosto?! Mas mesmo sendo ruim, tomei tudo, me virei pra novamente e fiz sinal perguntando se poderia pegar mais uma, sim eu fiz isso, gente louca devia ficar longe de álcool, mas nesse dia não poderia ficar consciente.
Ele fez sinal afirmativo e eu pisquei pra ele, meu Deus, gente louca deve ser proibida de beber álcool; o calor começou a chegar depois de tomar a segunda garrafa, tirei minhas luvas e o cachecol, tirei a bota do pé esquerdo e quando fui tirar a do direito...
O grito foi inconsciente, senti alguém abaixado me ajudando a tirar a bota, doeu um pouco, mas me contive, não queria mostrar fraqueza na frente de todos novamente.
— Você está bem?! — a voz dele saiu abafada por causa do cachecol, entretanto me pareceu tão familiar... — Você está bem?!
— Sim, estou.
— Tem certeza?!— eu acenei que sim com a cabeça. — Então por que está chorando?!
— É que... É que... Essa bota não é minha... — Ele abaixou a cabeça pra esconder o riso.
— YA! — gritei com ele, me levantando, esquecendo do meu pé machucado. — Aí, que merda — disse, me sentando novamente.
— Desculpa não quis te ofender... E quebrar algo que não é nosso é ruim mesmo. — Ele estendeu a mão pra mim, demorei pra perceber que era um lenço, ai foi a minha vez de sorrir — O foi?!
— Não é nada demais, é que lenços são tão bregas, parece coisa de velho, ou cara rico de dorama. Mas obrigada — quando estendi a mão pra pegar, ele escondeu atrás das costas.
— Você é demais sabia?! Eu te pago uma bebida, te ajudo e você grita comigo e me chama de velho.
— Mianhae! Me desculpa! Naega Jalmos Haess-eo! Eu estava errada.
— Pede desculpa só mais uma vez, seu sotaque é engraçado.
“Quem esse engraçadinho pensa que é? Só vou me desculpar, porque está pagando a conta, mas vou me desculpar do meu jeito”.
— Sorry Sorry Sorry Sorry. Naega naega naega meonjeo. Nege nege nege ppajyeo. Ppajyeo ppajyeo beoryeo Baby.
Fiz para deixá-lo com raiva, porém que ficou de ridícula fui eu, ele riu até a barriga doer.
— Só aceito se vier com a dança, mas como seu pé está machucado, vou cobrar em outro momento — e me estendeu o lenço, peguei e virei o rosto. E pedi outro Soju só de vingança.
Me controlei pra não falar umas verdades pra ele, eu estava bêbada e humilhada?! Sim, estava bêbada e humilhada, mas ele não precisa ficar usando isso pra brincar com a minha cara, já basta meu destino trollador. Não precisava de outro.
Ele se sentou ao meu lado e antes que falasse esboçasse qualquer reação, pegou o meu pé machucado e colocou no colo. Pegou meu cachecol e enrolou com toda a delicadeza do mundo.
Apoiei minha cabeça com a mão e fiquei ali observando suas mãos perfeitas enfaixarem meu pé. Me sentindo a mocinha desses dramas bem água com açúcar, desses viciantes, que você não se contenta em ver uma vez apenas.
Esse foi meu último momento de lucidez.
CAPÍTULO 4
Eu estou voando com o pelo céu, chego a sentir o vendo gelado, das nuvens, mas de repente estou caído nos trilhos e quebrando o salto da bota que peguei emprestado com o Key, tento sair dos trilhos, mas meu pé está machucado, o aparece novamente, mas ele é um centauro, me tira dos trilhos e me coloca em seu lombo, e ele corre em direção ao rio Han e pulo pra água, eu tento gritar, mas a voz não sai, caio de cara na água amaldiçoando em pensamento esse pangaré, a água está tão gelada... Quando penso que vou morrer ali em baixo, vejo gesticulando meu nome, no começo não tinha som, mas depois vai ficando cada vez mais alto:
— ! , acorda. Aish! Odeio acordar você.
— ?! — abro os olhos e sorrio, lembrando do sonho louco, como eu ousei mesmo em sonho chamar o de pangaré... — Pangaré?!
— Quem você está chamando de pangaré desde que chegou “trebada” e de madrugada?! E como assim você enche a cara na rua e chega em casa carregada por um estranho, sem sapato, sem bolsa e com o pé inchado?!
— Ahh?! Amiga respira, e me dê um minuto pra processar tudo o que você falou, ok?! Como dói — eu disse colocando a mão na cabeça. E as lembranças da noite anterior foram voltando aos poucos, ou melhor, eu me lembro até o momento que o “Olhar doce” enfaixou meu pé, o resto, apenas borrões e flashs da minha memória...
***
Estava sendo carregada, nas costas de alguém, mais clichê não há, e do fundo do meu coração bêbado, estava torcendo pra ser o Sr. Olhar Doce e torcendo ainda mais pra que ele não fosse um maníaco, psicopata, louco, ou um serial killer fanático por estrangeiras, loucas, roubadas, elfs ou bêbadas.
Ele me colocou no banco de trás, de um carro e colocou o cinto de segurança e deu a partida no carro.
— Onde você mora? ?! Onde mora?
— Hum?! Eu- sei- que- estou- beba-bêbada, mas- não- lembro de ter te fa-la—falado- meu-nome. Hurg! Hurg! — Não acredito que vomitei no carro dele, até tinha tentado tirar o cinto, mas era tarde demais, e se esse cara não fosse um assassino, tenho certeza que viraria nesse momento.
E ao invés de pedir desculpas como uma pessoa decente, comecei a cantar e fazer os passos de “Sorry, Sorry” apenas com a mão, mesmo chateado pelo carro, ele sorriu. Estava a salvo, ele não tinha virado um assassino vingativo.
***
— , acorda, sobe nas minhas costas, rápido. Isso aí, segura firme, então qual dessas escadarias eu devo subir...
—Qual?
— Não sei, estava esperando que a moradora soubesse, mas pelo jeito eu vou ter que tentar a sorte.
— Esqueeerdaaaa? É esqueeeerdaaaa...
— Ok— disse o meu cavalinho se dirigindo pro lado contrário.
— Ya Cavalinho! Eu disse esqueeerdaaa.
— Ok. Agora diga em coreano por que eu ainda não falo sua língua...
— Ah Mianhae... — traduzi pra ele, tirando a parte em que o chamei de cavalinho, estava bêbeda e não sem cérebro.
— Aigoo! Por que ela tem que morar num lugar onde carro não sobe, e bem que podia perder uns quilos.
— O que disse?! Quer morrer, “pangaré”?
— “Pangaré”? Espero que não esteja me ofendendo em português. Araseo? Ok?
— Eu? Eu? Eu ofendendo você? ... Nunca! Nem em coreano, nem em português. Nunca, “pangaré”.
***
— “Tô mandando um beijo pra titia e pra vovó, só não posso esquecer da minha eguinha pocotó/ pocotó-pocotó...” hahaha
— Ya! Meu cabelo não é rédea de cavalo, não. E pelo amor de Deus cante baixo, você vai acordar todo mundo...
— Shiiiiiiiiiii... Araseo “cute” — disse apertando suas bochechas.
— Omo! Otoke?!
***
— Toma uma aspirina aqui e me conte tudo o que aconteceu com a senhorita, tudo, tudo mesmo.
— Obrigada... Uai? Por que os meus cabelos estão molhados?! Não só meus cabelos, mas meu rosto e esse cachecol que eu não faço ideia de quem seja. — olhei pra com cara de interrogação, mas quando vi aquele sorriso cínico na cara dela... — Você jogou água em mim?! Por quê?!
— E você me preocupou até a morte. Por quê? Eu só queria saber se você estava bem ou tinha entrado em coma alcoólico.
— Estou bem sim, infelizmente, coma alcoólico era uma boa nesse momento.
— ! Não fala isso! O que aconteceu com você?
Contei tudo pra , inclusive as cenas do mico master com as vans, e todo o que conseguia lembrar do estranho solidário de olhar doce.
— Amiga, nunca mais faça isso, esse cara foi super legal, eu sei, mas e se não fosse?! E se fosse um maníaco, tarado, assassino?!
— Eu sei, mas ontem estava fora da minha mente.
— Só ontem? Pensei que fosse sempre.
— Engraçadinha... Ontem estava mais que o normal.
— Mas é muito estranho ele saber seu nome e nosso endereço sem você ter falado.
— Eu não disse que não dei, eu disse que não me lembrava de ter dado, é diferente.
— Mas ainda assim é estranho. E seu passaporte hein?! Temos que ir à delegacia prestar queixa e ir imediatamente à embaixada.
— Vamos segunda... Hoje é sábado, a embaixada não resolve essas burocracias e eu estou de ressaca, deprimida e machucada.
Deitei e cobri a cabeça com o edredom. Contei até três mentalmente e no três o edredom já estava no chão.
— Isso é sério, mocinha, e não dê desculpas do seu pé porque desde que acordei estou colocando gelo nele. Precisamos resolver logo isso, porque segunda precisamos estudar e já faltamos ontem.
— Por que você fala tanto?! Já to indo, Omma. Mãe.
Descemos a escada esbarramos com a ajhuma e seu esposo, não sabia onde escondia a cara de vergonha, os cumprimentados e quando estávamos saindo, ela me chamou.
— -ssi, você está bem?!
— Sim, estou melhor obrigada. — Ri sem graça, pedindo aos céus pra ela me deixar sumir dali, a me contou que foram eles que me receberam de madrugada, eles abriram o portão pra inquilina bêbada, e carregada por um estranho em plena madrugada.
— E nunca mais faça isso novamente.
— Sim, não farei novamente.
— Nunca mais interfira em briga de ninguém. É perigoso — disse o marido da ajhuma.
— Como?! Briga?!
— É seu amigo disse que vocês estavam num restaurante quando um casal começou a brigar e você entrou na frente pra defender a mulher e acabou sendo atingida por soju e ainda caiu machucando o pé. Ou não foi isso que aconteceu?
— Foi, foi, foi exatamente isso que aconteceu, é que ontem foi tão agitado, que minha memória está demorando pra processar as informações. E eu não vou mais me intrometer em problemas alheios.
Quando eu e chegamos à rua soltamos a gargalhada presa.
— Seu herói é muito inteligente — disse ela, ainda rindo.
— Sim, se um dia eu o ver de novo até faço toda a coreografia de Sorry Sorry, ele mereceu.
— Como?
— Nada. Vamos logo e me conte tudo de como foi ontem.
— Verdade, essa sua confusão até me fez esquecer meu sonho perfeito que se realizou.
— Pois conte tudinho. Viu seu marido?! Ele continua lindo? E o meu? Deu meu recado?!
me contou tudo, cada detalhe, de como os meninos eram mesmo engraçados como nos programas que víamos deles, e eram ainda mais lindos pessoalmente.
Disse como foi estar a centímetros do e a força que ela fez pra não beijar ele ali mesmo, contou o quão simpático e engraçado que ele era, ele apertou a sua mão e disse que ela era bem vinda na Coreia e pediu pra ela aproveitar bem a estadia, e quando ela teve que ir embora e disse “Adeus Marido” (sim ela fez isso) ele riu e respondeu “Adeus Esposa”, ela disse que quando ouviu ele falando isso parou e tentou chegar perto dele novamente, mas os staffs a tiraram de lá.
Fico me imaginando numa situação assim, se a mais normal fez isso, não quero nem pensar em mim... melhor não pensar mesmo, pra não estragar a empolgação da minha amiga. Ela está tão feliz que é até castigo invadir ela com minha depressão.
Ela me passou as fotos que tirou do meu marido e jurou de pé junto que gritou “ te ama, Oppa!!!”. Vou fingir que acredito pelo bem de nossa amizade.
E o final de semana passou assim, com me contando e recontando tudo, a segunda-feira chegou que eu nem percebi. E com ela a esperança renovada, outros fanmentings e showcases aconteceriam, ainda tinha seis meses na Coreia.
Iria à embaixada à tarde providenciar outro passaporte, passar na barraquinha de Soju e pegar a bota da minha vizinha e mandar consertar, já estava com vergonha de me esconder dela, com vergonha de dizer que além de quebrar ainda tinha esquecido em outro lugar.
A manhã passou muito rápido, eu e preferimos ir de ônibus até o centro, fomos buscar a bota primeiro.
Quando cheguei lá era outra pessoa que estava lá, o cumprimentamos e lhe perguntei:
— Ajusshi, eu esqueci minhas botas aqui na sexta-feira à noite e só pude buscar hoje.
— Otoke? O que fazer? Um rapaz passou aqui e as levou, não tem nem meia hora. Me desculpa, mas ele disse que eram da namorada dele. Eu sinto muito mesmo.
— A culpa não foi sua, era pra eu ter vindo aqui no sábado.
— Agora é oficial, isso está muito estranho. Tenho certeza que foi seu amiguinho. — disse quando saímos. — Vamos à delegacia denunciar esse homem.
— Amiga, pelo amor de Deus e eu falo o que, hein?! Vim processar o cara que pagou minha bebida, me deu carona, me deixou sã e salva e bêbada em casa, e roubou minha bota usada e quebrada.
— Eu sei, é ridículo, mas eu estou preocupada, vamos pelo menos mudar as fechaduras das portas.
— Ok, se isso te faz se sentir melhor... — eu sei que era mesmo suspeito, mas lá no fundo, eu confiava nele e sabia que ele era uma boa pessoa.
...Swing! Never never give up!...
O celular de estava tocando, o que me fez lembrar do meu celular, o que me fez lembrar das milhares de fotos e gifs do e que me fez lembrar do meu azar. Me assustei com o grito de .
— SÉRIO?! Em que delegacia? No centro? Perto do que?! Ah sei onde é. Já estamos indo. Muito obrigada! Muito obrigada. — ela ainda fazia saudação como se a pessoa estivesse na frente dele. Ela desligou o celular e deu um super sorriso, — Amiga, acharam sua bolsa.
— Como?
— Acharam-sua-bolsa e melhor com tudo dentro, inclusive o dinheiro.
— E meus álbuns?! E meu celular?
— Sim! Sim! — ela disse gritando. — Existem boas pessoas nesse mundo. Vou ligar pra embaixada e dizer que encontramos seu passaporte, agora vamos lá buscar, a delegacia é a algumas quadras daqui.
Em menos de 20 minutos depois, saímos da delegacia, eu não me cabia em mim de felicidade, metade da minha depressão tinha ido embora.
— Vamos tomar um Cappuccino, eu pago, tenho dinheiro e celular e meus álbuns hehehehe.
— Vamos tomar sorvete pra comemorar, sua viciada em cafeína.
— Pode ser também. Estou tão feliz que até água do mar eu beberia.
— Eu não duvido, afinal você se embebedou e pegou carona com o maníaco por botas emprestadas e quebradas.
— Para com isso amiga, você nem sabe se foi ele. Pode ter sido alguém que estava lá também aquele dia, nós não éramos os únicos na barrac... — parei de falar pra tentar entender o que os meus olhos estavam vendo.
Um homem encostado num carro preto, com uma jaqueta que eu reconheci assim que minha mente voltou ao normal, ele estava do mesmo jeito que eu o vi pela primeira vez. O capuz na cabeça e o cachecol, outro lógico, já que o de sexta estava secando atrás da minha geladeira. Dava pra ver apenas seus olhos, mas eu percebi que ele estava rindo, retribuí o sorriso, olhei pra baixo e percebi que ele estava com uma sacola nas mãos.
Não dava pra ver o que era, mas tinha a impressão de que eram as botas, tentei, eu juro que tentei ter medo dele e acreditar que talvez ele fosse mesmo um louco obsessivo, mas, por mais que eu quisesse, meu lado emocional era bobo demais e insistia que havia uma explicação pra essas estranhas coincidências.
— ... Saí da SM e volta pra terra.
— Oi? O que disse?
— Acorda, você parou de falar e ficou rindo pro nada... Estou começando a me preocupar com sua sanidade, e eu falo sério.
— Amiga, ele está ali... — eu disse, rindo.
— Ele quem?! Ali onde? Diga algo que faça sentido.
— O meu stalker de sexta, ele está encostado no carro preto.
— Aí, meu Deus, ele está a poucos metros daqui. Cadê as pessoas dessa rua, não vejo uma viva alma. Para de andar e finge que estamos procurando algo no chão e quando eu contar até três e corremos de volta pra delegacia, ela não está tão longe.
Eu não dei ouvido a ela e continuei andando em sua direção, tentava me parar, então se deu por vendida quando percebeu que eu não iria parar, veio andando atrás de mim.
— Eu espero que isso na sacola sejam minhas botas — eu disse parando perto dele.
— Errou, agora vai ter que dançar também Mr. Simple para saldar suas dívidas, que são muitas, inclusive.
— Então o que é isso na sacola, a parte irrecuperável do banco de couro do seu carro?
— Sua boba. Essas são as botas da sua vizinha. — Ele me entregou a sacola, rindo.
— Obrigada. Ah você consertou! Se você pedir eu danço até o Lepo Lepo.
— E o que vem a ser “Lepo Lepo”?
— Nada, não é nada, algo que é melhor nem saber.
— Muito obrigada por ajudar minha amiga , mas agora nós temos que ir sabe, deixamos nosso pitbull com fome em casa...
— Que cachorro, ?! Nos não te... Ai, por que você me beliscou?!
E de repente ele estava rindo, de gargalhar da situação, e foi nesse momento que a ficha caiu, parece que esse momento estava em câmera lenta. Pensei que fosse perder a consciência ali mesmo, mas eu não era tão louca assim, de desmaiar justo nesse momento, enchi meu pulmão de ar e aproveitei esse momento.
Esse sorriso que eu tinha escutado tantas vezes pela tela do PC ou celular, esse sorriso perfeito e único, como eu não percebi que era ele? Mesmo bêbada, como não o reconheci? Mas também, minha mente jamais aceitaria que eu sequer imaginasse que um dia o seria o meu herói, porque ele foi mesmo meu herói, quem perseguiu o ladrão, me ajudou naquele dia de cão, foi ele, .
CAPÍTULO 05
— I Can Be your hero...Kimi wo mukae ni yuku.... Wanna be your hero...
— (Your hero) e juntos voaremos pelo céu minha Lois Lane — completou me abraçando e abrindo meus braços imitando um vôo.
— Paboo — eu disse, rindo e empurrando o .
— Nossa, como foi longa essa tarde, queria dormir e acordar só amanhã.
— Sim, foi longa mesmo, muitas fãs pra nos apoiar... Vale o sacrifício de se cansar.
— E hoje tinha mais fãs estrangeiras que o normal, e não só as japonesas e chinesas. Do Brasil, Chile, França.
— E elas disseram que só vieram à Coreia pra nos conhecer... , a van já está indo. Você está de carro, não é?!
— Sim, vou passar em outro lugar.
— Ok, então até amanhã no aeroporto.
Cansaço e sono tomavam conta do meu corpo e minha mente, enquanto a van saia do local da fanmenting... Tentei dormir, mas os membros começaram a rir alto e brincar, então achei melhor dormir assim que chegasse ao dormitório.
Quando terminava de rir de uma piada que o manager contou, olhei pela janela, uma garota estava abrindo a jaqueta na direção da van, que estava parada no semáforo, assim que ela abriu, o riso veio aos meus lábios, minha foto estava na camiseta, fãs e suas loucuras, não importa de onde são, e essa com certeza não era coreana. Não tinha como ela saber que era nosso grupo na van, e nem se eu estava dentro dela, e mesmo que estivesse podia não estar vendo, mas parecia que ela não ligava muito com isso. Mesmo não ouvindo, deu para ler seus lábios, percebi que ela dizia: “ Oppa Saranghae” enquanto jogava beijo e fazia coração com as mãos.
E de repente ela correu pra van da frente, também com os membros do Super Junior, e fez a mesma coisa, me segurei pra não gargalhar, mas aquele momento era meu, a homenagem louca que ela fez pra mim, não ia permitir que os outros sorrissem dela.
Em 10 segundos ela voltou e dessa vez cantando e dançando gwioumi, abafei o riso, olhei pros meninos, mas eles estavam prestando atenção em outra coisa.
Olhei pro semáforo, e o sinal estava aberto. A primeira van já começava a andar lentamente. Ela também percebeu e começou a correr atrás da primeira. E num piscar de olhos, eu a vejo sendo empurrada por um homem, quando ela caiu, ele puxou sua bolsa e saiu correndo. A van começou a aumentar a velocidade, e virou na primeira esquina perdendo-a de vista, mas ainda dava pra ver o infeliz que correu na mesma direção. E, sem que percebesse, ou entendesse do porquê de estar fazendo isso, mandei o manager parar o carro, ele virou pra trás com uma expressão de surpresa e dúvida, mas não parou.
— Hyung, pare o carro, por favor!!!
Ele acabou parando, desci procurando o ladrão, peguei uma jaqueta e um cachecol que estavam mais próximos a porta, sai correndo colocando a roupa e gritando:
— Podem ir sem mim, depois mandem um carro.
Vi o ladrão se aproximando andando de pressa e sabia qual era o destino dele, a entrada pra estação do metro, fiquei esperando por ele, quando ele já estava perto o suficiente e bloqueei sua passagem.
Ele fechou a cara e foi pelo lado direito, e eu o acompanhei. Então ele tentou o esquerdo e eu novamente o acompanhei.
Ele deu um sorriso de deboche e disse:
— Quer sair da minha frente antes que eu te tire com chute nesse seu traseiro.
Eu retribuir o sorriso dizendo:
— Querer eu até quero, estou doido pra te dar uma lição, pois não suporto tipos como você seu covarde, além de roubar ainda empurra a vítima?! — ele me olhou com tanto ódio que pensei que ele iria partir pra cima de mim, mas sabia que ele era um covarde e não iria me enfrentar. Ou invés disso, ele se virou e voltou a correr pelo mesmo caminho que viera.
— Aish, esse bastardo vai me fazer correr...
Ele não era páreo pra mim e ele percebeu isso quando eu continuava a me aproximar, mas o cara era teimoso e continuou correndo, mas eu o alcancei. Segurei seu braço enquanto ele se debatia pra se soltar, quando estava quase alcançando seu braço esquerdo, onde segurava a bolsa, ele a lançou no meio da avenida, me assustei por um momento, e acabei sendo empurrado, ele saiu correndo, sumindo em alguma rua, por sorte nenhum carro estava passando e eu corri e peguei a bolsa.
— Espero que pelo menos tenha muito dinheiro aqui, porque ralei a mão por sua causa, bolsa da fã louca e estrangeira.
Procurei por ela no mesmo lugar em que ele a havia empurrado, mas não a encontrei, fui caminhando na direção em que o ladrão correu quando a roubou e a vi sentada, com a cabeça para trás encostada na vitrine, ela estava resmungando alguma coisa, mas não dava pra ouvir, e mesmo se ouvisse, tenho certeza que ela estaria desabafando sua raiva na própria língua.
Sentei um pouco afastado, esperando que ela se acalmasse um pouco, sabia que estava sofrendo, mas não deixava de ser engraçada as caras e bocas que ela fazia, daria tudo pra entender o que ela falava...
Por fim, ela se acalmou e levantou, mas quando o fez, ela cambaleou, fiz menção de ir até ela, mas me contive porque ela começou a sorrir feito uma verdadeira louca enquanto olhava pros pés. E quando estava me aproximando, ela voltou a sorrir alto, e se estapeou, as pessoas que passavam pela rua lançavam olhares estranho, balançando negativamente a cabeça ou cochichando com quem estava perto, minha vontade foi de jogar a bolsa pra ela e sair correndo dali, mas vi lágrimas em seus olhos e imaginei que ela devia ter aguentado muita coisa e aquilo foi o que explodiu sua revolta.
Ela caminha lentamente, porque estava mancando muito. Eu a segui esperando o momento certo para lhe devolver a bolsa, ela parou em frente de uma barraca de Soju, revirou os bolsos e pela cara que fez devia estar zerada, mas para minha surpresa ela entrou, não tive escolha a não ser entrar também.
Coloquei o capuz na cabeça e cobri a até o nariz com o cachecol. Assim que entrei, ela olhou pra trás e seus olhos encontraram os meus e por um momento gelei, pensei que ela tivesse me reconhecido, abaixei a cabeça esperando que não me olhasse mais, quando tomei coragem pra olhar em sua direção ela sorriu docemente e voltou a olhar pra frente.
Fiquei ali esperando pra ver se ela teria mesmo coragem de pedir alguma coisa, mesmo sem dinheiro, e ela fez. Com um sotaque engraçado e ao mesmo tempo fofo, ela pediu Soju e uma porção de dubokki, e quando a tia trouxe, confessou que não tinha dinheiro e que voltaria pra pagar depois, me segurei pra não soltar uma gargalhada.
Pela ousadia ou loucura dela, fiz um sinal afirmativo pra que a tia deixasse as coisas com ela. Quando a olhei, encontrei novamente seu olhar sorridente e ela fez uma referência e começou aproveitar a comida.
Quando ela bebeu a primeira dose do Soju, fez uma cara tão feia que deu dó, nem todos apreciavam essa bebida, mas toda estrangeira que vinha pra Coreia queria beber Soju em alguma barraca, culpa dos doramas, que ficam iludindo as coitadas.
Ela continuou bebendo e bebendo, e quando terminou se virou pra mim e teve a cara de pau de pedir outra garrafa, e achando que não era bastante, ainda piscou pra mim!
Mas ela deve ter ficado com vergonha, porque não ousou se virar novamente. O álcool estava começando a fazer efeito, ela começou a tirar luvas, cachecol e até as botas, quando ela foi tirar a do outro pé, gritou, quando percebi já estava ajoelhando e segurando seu pé.
Ela disse que estava tudo bem, mas percebi que ela estava se controlando, só quando estava segurando seu pé percebi o salto quebrado, e lutei contra a ideia de que o surto dela mais cedo fora por conta disso.
Olhei para o seu rosto e vi lágrimas no seu rosto, ela devia ter machucado muito o pé, quando perguntei o porquê do choro, já pensando em como iria levá-la pro hospital, ela me diz, na maior seriedade do mundo, que estava chorando porque as botas eram emprestadas.
Mais uma vez naquela noite, estava prendendo o riso, graças a ela. E ela ainda achou ruim eu ter sorrido, e pra completar falou informalmente comigo, nem tive tempo de corrigi-la, pois a louca se levantou esquecendo-se do pé torcido.
Fui obrigado a pedir desculpa e lhe consolar, lembrei de um lenço que estava no bolso da minha calça, o que usamos na performance mais cedo, estendi pra ela e fiquei esperando que ela o pegasse, e ela teve a audácia de sorrir e me chamar de velho! Essas fãs.... na verdade até achei graça, mas resolvi fazer um drama básico. E então, resolvi brincar com ela, não sei bem o motivo, mas desde que sai da van eu meio que estava agindo sem sentido. Agindo totalmente por impulso, acho que acabei sendo contagiado pela sua loucura.
A fiz cantar Sorry Sorry só pelo prazer de ouvir seu sotaque, e cara de raiva que ela fazia... precisei que me controlar pra não apertar as suas bochechas. Aigoo, como era fofa.
Mas ela se vingou de mim, mesmo sem querer, vomitou no carro , ele ia me matar quando visse aquilo, e ainda me fez subir várias escadarias até chegar em sua casa. Sem contar que ela não parava de reclamar e cantar em português. Além de me puxar pelos cabelos e não parar de apertar minhas bochechas. Cheguei em casa, morto de cansaço, com dor na coluna, as bochechas super vermelhas e com muitos fios a menos de cabelo. E além de tudo tinha esquecido de devolver a bolsa dela. A deixaria preocupada durante todo o final de semana. Eu realmente não estava normal.
***
— O QUE ACONTECEU COM MEU CARRO NOVO?
— , calma não precisa gritar ok?!
— ... — ele pausou, respirou fundo e continuou —, como não gritar? Você me faz descer do meu carro, me deixa a pé, some, não atende o celular nem por reza, carrega uma desconhecida bêbada no meu carro, e ela ainda vomita nele. E você passa todo o final de semana sem me dizer nada, e resolve contar na segunda-feira pela manhã, que é o dia internacional do mal humor. E não quer que eu grite?
— Calma, eu deixei ele no lava-jato e depois do ensaio vamos buscá-lo, ok?! Me desculpe. Mas o que você queria que eu fizesse? Que a deixasse caída no chão quando aquele bastardo a empurrou? Ou que a expulsasse ela do carro?!
— Tem como alguém ficar com raiva de você por mais de um minuto, ?! Se tiver me apresente quero conhecer esse ET. Mas acho que faria a mesma coisa.
— Eu sei que sim.
— Então ela não sabe que você é você e nem sabe que você recuperou a bolsa?
— Exato. E agora não sei como entregar pra ela sem que ela saiba que sou eu. Mas também tenho que deixá-la tranquila, porque se ela continuar pensando que eu sou um estranho que sabe o seu nome e endereço, sem que ela tenha falado.
— Mas você disse que ela estava muito bêbada, pode ser que ela nem se lembre disso.
— Mas e se lembrar e ficar com medo? Eu não posso deixar ela preocupada...
— Olha, a bolsa você pede pro manager deixar na mesma delegacia em que ela prestou a queixa de roubo, eles irão entregar pra ela. E esquece o outro assunto, ela não se lembra, ok?
— Ok, ... — ele ficou me encarando com a cara de quem não estava acreditando fiz cara de inocente. — O que foi?
— Nada não, mas vamos ensaiar, os outros estão esperando.
Meio dia, almocei com os membros e chamei o pra irmos buscar o carro dele. apagou assim que entrou no meu carro e eu aproveitei pra resolver essa história do meu jeito.
— Alô, hyung?! As botas estavam na barraca ainda? Sabia que tinha esquecido aí. Mandou consertar? Achou a delegacia em que ela prestou a queixa? Então espera aí perto que estou chegando. Não ela não é minha namorada. Depois eu converso com você. Gomawo hyung. Obrigado, hyung.
Tinha certeza que no fundo o me entendia e faria o mesmo que eu. O que tem demais eu falar com ela que o estranho era eu, e não um psicopata, maníaco.
Não sabia por que, mas estava nervoso, minhas mãos estavam suando no volante, queria pedir ao pra dirigir, mas tenho certeza que ele iria citar 10, ou mais, motivos pro Idol não se revelar pra sua Biased, e eu sabia que ele estaria certo, mas no momento eu não queria pensar nisso.
Queria realizar o sonho dela por que sabia que mesmo que tivessem outras oportunidades pra ela conhecer o Super Junior, eu não estaria. Porque teria que servir ao meu país em pouco tempo.
***
Estacionei a uns 100m da delegacia, com as mesmas roupas de sexta-feira, peguei a sacola com as botas da sua vizinha, um sorriso espontâneo surgiu ao lembrar de seu surto, e seu choro, não por causa do pé machucado, mas da bota emprestada que quebrou, e lembrar disso, fez com que eu relaxasse um pouco.
À medida que os minutos passavam, meu nervosismo reapareceu, tentava falar pra mim mesmo que não era nada de mais, que eu só ia me apresentar formalmente a ela, mas meus nervos não estavam em sincronia com meu raciocínio. E a ansiedade só aumentava ao pensar que o pudesse acordar antes dela aparecer e cortar meu barato.
Quando pensei que ela não fosse mais aparecer, ou que ela já tivesse ido embora sem que eu a visse, eu a vi descendo a escadaria da delegacia com uma outra garota, que devia ser a , sua amiga também brasileira. Ela não parava de repetir que a iria matá-la. Elas vinham rindo pelo caminho em minha direção. Respirei fundo e olhei fixamente pra ela, esperando o momento em que ela me visse.
Elas estavam se aproximando cada vez mais, já dava pra ouvir o que falavam, não entendia nada, mas...
E então ela me viu.
Primeiro congelou no meio de uma frase, depois a cara de dúvida, se era mesmo aquilo que ela estava vendo, mas quando sorri pra ela, mesmo com o cachecol cobrindo minha boca, ela sorriu, e senti todo meu nervosismo indo embora, e quando ela abaixou os olhos e viu a sacola em minhas mãos, sorriu ainda mais, já prevendo que fossem as botas.
Sua amiga a tentou impedir de chegar perto, parece que estava com medo de mim, muito sensata ela, já a ... Continuou se aproximando, mesmo que sendo puxada pela amiga.
— Eu espero que isso na sacola sejam minhas botas — ela disse enquanto se aproximava. Sempre insolente e sem nenhum respeito.
— Errou, agora vai ter que dançar também Mr. Simple para saldar suas dívidas, que são muitas, inclusive. — Sorri vendo a seu olhar de interrogação, mas lhe dei a sacola.
— Então o que é isso na sacola, a parte irrecuperável do banco de couro do seu carro? — Cheia das graças ela.
— Sua boba. Essas são as botas da sua vizinha. — Entreguei a ela.
— Obrigada. Ah você consertou... se você pedir eu danço até o Lepo Lepo. — Nunca tinha escutado essa musica, mas devia ser super difícil, porque vi o quanto ela estava aliviada de ter achado a bota.
— E o que vem a ser “Lepo Lepo”?
— Nada, não é nada, algo é melhor nem saber.
Sua amiga a tentou levar embora com a desculpa do cachorro malvado que tinha em casa, mas não se tocou e estragou o plano, só podia ser ela mesmo, não aguentei a cara de raiva que a fez e o riso explodiu...
Os olhos e boca de foram se abriram de uma tal maneira que fui obrigado a para de rir, será que meu sorriso a assustou e ela pensou que eu fosse mesmo um louco?!
Não, não era um olhar de medo, mas de choque, aquele olhar congelado, após o choque, ela me lançou um olhar de incredulidade e surpresa, um olhar de quem não queria acreditar no que estava vendo.
Então minha ficha caiu, ela me descobriu, e provavelmente descobriu que quem recuperou sua bolsa também era eu. E enquanto isso a olhava ora mim, ora pra , tentando entender o que estava acontecendo. Comecei a desenrolar o cachecol do meu pescoço, não pra ela confirmar que era eu, mas pra que a sua amiga entendesse o que estava acontecendo. E foi como ter um dejavu, novamente olhos e bocas abertas de maneira assombrosa.
Não sabia como começar a falar com ela, abri a boca na esperança de que as palavras saíssem automaticamente. Mas eu só tive tempo de falar: “— Oi ...”
Quando dei por mim ela já estava me abraçando, ou melhor, esmagando, com os braços entrelaçados nas minhas costas, é talvez o tivesse razão... Uma fã é uma fã, afinal de contas, mas eu a entendia. Por isso suportei por algum tempo, seu abraço de urso.
— , será que dá pra você afrouxar um pouco o abraço... Minhas costas ainda estão doloridas, carreguei você na sexta, tive show sábado e ensaio hoje pela manhã. — Ela me soltou e se afastou se desculpando e me olhando assustada.
— Mianhae -shi, Mianhae. Eu... É que... Eu... — sua voz se foi, e lágrimas invadiram seu rosto...
— Eu sei — disse me aproximando dela. E de novo, outro abraço de urso, mas dessa vez ela não apertou tão forte...
— Não sabe, não. Se nem eu sei, você não pode entender. — E apertou o abraço.
— Mas faço uma ideia... E está me machucando novamente filhote de Huck.
— Mianhae. Mianhae, -ssi, mas eu dou um branco e quando dou por mim... Mianhae...
E foi ai que lembramos da , ela ainda estava com a mesma posição, congelada. Parecia que estava parada no tempo.
— ? amiga da ! — eu a chamei, tentando tirá-la do transe.
— Isso está mesmo acontecendo, não está?
— Como?! — como ela disse em português eu não entendi...
— Eu perguntei se isso está mesmo acontecendo?! É você mesmo?! Ou é uma sósia, ou o irmão gêmeo dele? — Aí sim ela disse em coreano.
— Sou eu mesmo, sabe o Lee , membro do Super Junior. Prazer.
E novamente abraço da , que não me assustou, já estava me perguntando quando ela iria abraçar novamente, já que havia passado mais de um minuto desde seu último abraço. Já estava virando uma projeção aritmética.
— ... — escutei falar timidamente. — Quero abraçar ele também. Posso?
Como assim ela estava perguntando pra ? E não pra mim? Antes que eu falasse alguma coisa, respondeu.
— Pode sim, mas apenas 10 segundos.
— Ok! Ok! Pode ser — disse isso dando sorrisos e suspirando fundo e partiu pro abraço, não abraçou tão forte quanto , mas ainda assim não foi nada tímida. Essas fãs definitivamente eram umas abusadas. Porque realmente contou os 10 segundos e tirou os braços da de mim, e essa agradeceu a ela primeiro e depois a mim. Quando tentei protestar, fui interrompido mais uma vez.
A porta do carro se abriu e saiu um sonolento abrindo a boca e se espreguiçando...
— -ah onde estam...os.
Gritos abafados e gemidos foram o que meus ouvidos captaram, olhei pras meninas, ambas chorando, a mais, claro, mas também, nem por mim que era seu Ultimate ela chorou ao me reconhecer, e muito menos gritou. E com o ... Aygoo, uma insolente!
CAPÍTULO 06
— OMG!OMG!OMG! — era apenas isso que eu pensava e em nada mais ao ver o ali saindo do carro todo sonolento e com cara de desorientado, fofo que doía, depois que gritei e fiz uns barulhos ainda desconhecido da espécie humana, me lembrei de , porque se eu estava louca e chorosa ela então... devia ter desmaiado.
Olhei pro lado e a vi da mesma forma que eu, só que ela, muito fina, cobriu a boca pra evitar chamar atenção da rua inteira, ou pior, que o fugisse de medo.
E ficamos assim, eu olhando pra pra ver se ela iria precisar de uns tapas caso desmaiasse, sim porque a cor do rosto dela desapareceu, ela ficou branca feito vela, e estava provavelmente desidratada de tanta água que saia dos olhos.
— ... — ela me chamou tão baixinho que se eu não estivesse olhando pra ela não teria escutado... E sem tirar os olhos do ela continuou. — Isso é um sonho? Eu estou sonhando, não é?! Nunca, nunca, nunca isso pode ser real. É impossível. Impossível ao quadrado, ao cubo, elevado a décima potência.
— , eu sei que parece sonho, mas não é, ok?! Nós estamos mesmo vendo o e o . — Ao dizer o nome dele, virei novamente pra olhá-lo, não podia desperdiçar meu tempo olhando pra ninguém, porque essa era, provavelmente a última vez que o veria.
O vendo que ninguém abria a boca, se apresentou timidamente e mantendo a cara de dúvida:
— Annyeonghaseyo. Eu sou o . Lee , vocês são...?
— Eu sou ellen, . Sua Biased. Prazer em conhecê-lo — ela disse rapidamente estendendo a mão, garota esperta, ela será considerada uma fã normal, e eu a louca que quase matou o bias sufocado.
Ela me assombrava às vezes. Recobrava os sentidos tão rápido quanto perdia. Ele estendeu a mão também rindo e respondendo que também era um prazer, eu estendi a mão também, lógico, sou louca e não burra.
— Eu sou e também é um prazer.
— Você também é minha Biased? — E antes que eu respondesse o falou:
— Não ela é minha!
Todos olhamos surpresos pra ele. Ele percebeu como tinha falado e rapidamente se consertou.
— Digo, ela é minha biased, ok?!
Ok, corri e o abracei novamente, não consegui resistir apenas olhar sua cara de desconcertado. Fiquei ali tentando controlar a força sobre humana que adquiria ao abraçá-lo. Não me importei com os olhares de ninguém e fiquei ali com os olhos fechados.
O que disse sobre aquilo não ser possível me deixou com uma sensação de medo, de angústia, talvez fosse mesmo um sonho e a qualquer momento ela iria me acordar como das outras vezes.
— Amigaaa.... Para com isso. Nós vamos acabar chamando atenção pros meninos e pior fazer eles nos confundirem com as sasaengs.
— Não posso, ! Não quero acordar.
— O que ela disse?! — ouvi o dizer. E repetiu em coreano. — Ah então ela acha que esta sonhando... — percebi que ele disse prendendo o riso, é isso aí sua louca, porque pagar de doida na frente de um Idol só não é suficiente.
Mas não me importava, eu nunca os veria novamente e se isso fosse um sonho, quando que iria ter um sonho à altura deste?! Nunca!
— -ya isso não é sonho, então você pode abrir os olhos... — disse num tom bem tranqüilo, ele estava apelando, aquilo era golpe baixo, mas eu não ia ceder, neguei com a cabeça, igual uma a essas crianças chatas e birrentas.
O não se conteve e começou a sorrir junto com a . Senti o peito do levantar, ele estava respirando fundo, coitado, foi só fazer um favor e olha só o que aconteceu. Tenho certeza que nunca mais ele ajuda nem uma velhinha a atravessar a rua.
— -ya se você abrir os olhos eu te dou um presente...
Quase abri os olhos, mas eu não sou assim tão fácil.
— Sério?! E o que pode ser melhor que está agarrada a você?!
Mais risadas do e ...
— Ela tem razão, -ah, acho que você perdeu, ela não parece que vai te soltar — falou animado.
— Eu tenho minhas armas, não perdi coisa nenhuma. você abriria seus olhos se eu beijasse... — prendi a respiração e por pouco não abri os olhos — sua mão?
Esse miserável não gosta mesmo de perder.
— Oppa... Não sei se percebeu, mas estou te abraçando... Melhore seu present — falei.
— Amiga, pare com isso e solte logo ele. Que vergonha.
— Não solte não, , estou apostando em você. 50 dólares que ela não solta. E você, ? — falou, empolgado.
— Eu?! Eu adoraria apostar a dinheiro com você, mas... Que tal assim, se ela ganhar eu te pago os 50 e se ela perder você me dá uma carona?!
— Vocês são duas Gumiho (raposa de nove caudas)?! Aresseo. Feito. Fighting!
— Amiga, é o , imagine ele olhando em seus olhos enquanto beija sua mão.
— YA! — eu e o dissemos.
Aí o aproveitou a dica dela e tirou minhas mãos das suas costas e as segurou perto da sua boca. Dava pra sentir sua respiração. Então, decidi perder, mesmo em sonho, eu não ia nunca deixar de ver isso.
Respirei fundo e abri os olhos, e lá estava ele com aquele sorriso confiante, sorriso de quem sabe mesmo jogar. Quem era eu pra ganhar dele?!
— Eu sabia que você não ia resistir amiga, sua fraca — disse, rindo.
— Não valeu, , você trapaceou.
— Eu sei, mas você não disse nenhuma regra. Hahaha vou de carona pra casa com ! OMG! EU VOU DE CARONA PRA CASA COM O DONGHAE! , nós salvamos o país na vida passada.
— Então eu sou um homem de palavras, aceite meu presente — disse ainda segurando suas mãos.
— Meus presentes — o corrigi.
— Como? Eu prometi um só.
— Quero um beijo em cada mão e mantenha o contato visual. Por favor! — dei um sorriso meigo, mas ele sacou que de meiga eu não tinha nada.
— Realmente uma Gumiho. Arasseo.
Eu e sorrimos. Depois olhei pra ele e por incrível que pareça estava calma, não totalmente, mas a inquietude, a fissura, a loucura cega, tinham ido embora, restou apenas o nervosismo básico e o frio na barriga, principalmente quando ele me olhou e puxou minha mão pra mais perto, e fez como se fosse soltar as minhas mãos, eu fechei a cara, ele sorriu e as levantou novamente , beijou a primeira ... Milhões de borboletas voando no estômago. Continuou olhando e lentamente beijou a segunda e permaneceu, mesmo sabendo o que estava acontecendo no meu pobre coração de biased naquele momento.
Eu pedi por isso, talvez nunca fosse me recuperar disso, mas quem liga. Naquele hora o que importava era aquele momento, o futuro não me importava. E eu afastei esses pensamentos, nada iria estragar isso, nada poderia ser melhor ou maior que os lábios do em minha mão.
Por fim ele soltou as duas e levantou os punhos, imitando a posição de defesa do boxe. Eu sorri, e disse que ele podia relaxar que eu não iria mais atacá-lo, ele continuou com a posição por um tempo me olhando desconfiado. Mas eu prometi que não faria nada e ele relaxou.
...Swing! Never never give up!...
O celular de tocou quebrando meu clima de sonho. Ela se afastou um pouco, mas não demorou pra voltar.
— Amiga, é o Sr. Kim, ele perguntou se você ia se atrasar, porque ele tem que sair e hoje é só você, já que é minha folga. Desculpa, mas a realidade chama.
— Eu sei, amiga. Já estou acordando... — me virei pros Idols — Meninos foi bom conhecer vocês, e me aguardem com gritos histéricos nos shows, showcases e fanmmentins da vida. foi um prazer — eu me virei pra ele estendi a mão, ele me olhou estranho, desconfiado, esperando que eu surtasse novamente, mas ainda assim, estendeu a mão e deu aquele sorriso... que eu tive que pensar em sapo pra não voar nele, sim odeio sapo mais que tudo nessa vida. Me controlei e olhei pro , mas as palavras fugiram, não estava pronta pra acordar ainda.— , Lee ... — Lágrimas, seus encostos, me esqueçam!
— Eu sei — ele segurou a minha mão e deu um sorriso fraco. — Você está agradecida e muuuuuuito feliz, está nas nuvens e não quer sair de lá.
— É, quase isso mesmo... Mas não vou conseguir palavras melhores que as suas, porque as palavras fugiram da minha mente. Mas é basicamente isso mesmo. Eu tenho que ir, antes que eu te agarre novamente, já estou sentindo a loucura chegando novamente.
— Então vamos logo, , antes que ela ataque — brincou.
— Vamos sim, , vamos pegar seu carro no lava-jato porque você perdeu a aposta. Sobe ai meninas deixo vocês lá. E você também , não precisa fazer essa cara de desamparada.
— Kamsahamnida — fui quicando de felicidade em direção ao carro.
O passou primeiro no lava jato, e o desceram, me controlava pra não rir da cara dela, quando o não estava olhando pro lado dela, fazia caras e bocas, ora sorrisos bobos, ora choros mudos, e ainda quiques sem sair do lugar, e quando de repente ele olhava pro lado dela, ela parava feito uma estátua e fazia cara de sou uma fã madura e inteligente.
se despediu do com um abraço rápido eu demorei 15 segundos no meu com , lógico ela abraçou o meu Ultimate duas vezes, nada mais justo que eu igualasse as coisas.
Eu e o ficamos sozinhos no carro, se ao me despedir do meu coração já doeu, nem queria imaginar com o . A força gravitacional da realidade me puxava para a terra numa velocidade assustadora. Mas não queria passar meus últimos minutos com o chorando.
Abri minha bolsa pra olhar às horas e ainda tinha um pouco de tempo, não chegaria atrasada. E vi os álbuns do Super Junior praguejei em voz baixa por não ter lembrado de pedir ao pra assinar. Pelo menos eu tirei fotos, e muitas. Mas ainda tinha o , ele assinaria, e quando abri o primeiro álbuns já procurando onde estava uma foto dele individual pra ele assinar, mas assim que abri um álbum, quase cai pra trás!
O álbum estava todo assinado, na foto de cada membro, estava a assinatura de cada um dos membros, menos de dois que estavam no exército. Eu olhava pro álbum, olhava pra ele, pro álbum e então pra ele. Ele apenas sorria, sem tirar os olhos do trânsito.
Como não chorar quando ele é tão perfeito! Como não me entristecer por estar acabando esse sonho real e passageiro. Como não deprimir sabendo que nunca mais teria ele assim novamente?
Eu sei que sou louca e surtada, mas também não sou burra. Isso nunca mais iria acontecer, por mais que tivesse sido tão legal pra mim quanto pra ele, era um Idol e eu uma estudante num país estrangeiro com data marcada para ir embora.
— Se você chorar, eu não vou te dar o outro presente...
— Outro? — eu disse limpando os olhos.
— Pega essa caixa aí no banco de trás.
— Que linda! Kamsahamnida Oppa.
— Oppa?!
— Mianhae. -ssi.
— Não é isso. É que é a primeira vez que você me chama assim desde que nos conhecemos. E aí não vai abrir o presente?
— Sim, Oppa. — riu, e ele tem que parar de ficar fazendo isso, ele está só me matando ainda mais.
Desfiz o laço prata da caixa azul safira perolado, caixa mais ELF que essa impossível, levantei a tampa lentamente e quando o fiz, não acreditei no que estava vendo.
Todas as discografias do Super Junior já lançada, de todos os sub-grupos também, e ainda a jaqueta do Super Junior! Como eu queria abraçá-lo, beijá-lo, roubá-lo e nunca mais deixar que ele fosse pra longe de mim.
Ele encostou o carro perto Pet Shop, eu olhei e vi o senhor Kim andando pela loja.
— Oppa... Você é a pessoa mais perfeita desse mundo. E eu nem sei como te agradecer por tudo que você fez por mim... — Choros. Meus é claro.— Perfeito, porque você não precisava ter feito nada por mim. Só chamado a polícia, ou nem isso. Mas você fez infinitamente mais, perfeitamente mais. Nem nos sonhos mais profundos eu sonhei viver algo tão perfeito como o que eu vivi com você esses últimos dias, ou melhor, eu sonhei sim, tipo casar, ter filhos, cachorro e casa com cerca branca na frente. — Ele sorriu por um momento, mas depois voltou a ficar sério. — Mas eram sonhos impossíveis, os sonhos mais acessíveis, tipo encontrar você em algum restaurante, ou na rua disfarçado, ou em uma boate, sonhos como esse de apenas te ver, tirar uma foto, ou falar um oi...
Ele ficou me olhando sério e não sorriu da minha cara e nem dos meus devaneios de fã.
— Nem quando eu pensava esses sonhos acessíveis eu acreditava que viveria, e por isso perder aquele fanmmenting me deprimiu tanto, eu não bebi pelo roubo, nem a bota emprestada e nem pelo pé machucado. Mas porque nem esse sonho mais acessível eu realizaria.
— E aí surgi eu...
— Sim e aí surgiu você, Lee Oppa, vulgo meu herói.
— Vulgo herói, vulgo SuperMan!
— Vulgo The Last Man Standing.
Ficamos ali rindo por um tempo, e quando vi o Sr. Kim olhar o relógio, encarei a realidade. Viver isso é o sonho de consumo, de consumo não, sonho de vida de tantas biaseds, e eu vivi. Devia ficar feliz, exultante, apesar de doer me separar dele, eu devia ser feliz com essas lembranças, porque elas seriam as melhores da minha vida.
E foi com esse pensamento que desci do carro. Ele desceu também pra me dar a sacola com a famosa bota.
Ele estendeu a sacola, eu demorei um pouco pra pegar, pra continuar a olhar em seus olhos. Respirei fundo, peguei a sacola e me despedi pela última vez.
— Então é isso, muito obrigada novamente, eu serei eternamente grata a você, nunca vou poder pagar o que fez por mim, mas você está livre pra me cobrar essa dívida, eu nem vou me importar se você vier cobrá-la sabe?! Hehehe
— Boba. Hehehe. — ele imitou meu sorriso falso.
— E me desculpe pelo surto e pela loucura. E tente me entender, por favor.
— Está desculpada. Apesar de eu não entender.
— Sério?!
— Pabo, entendo sim. Mas da próxima vez tente controlar sua força.
— Araseo... E é isso...
...
— Bye Oppa, até qualquer semáforo.
— Sim, até qualquer semáforo. — ele sorriu triste.
Virei e comecei a andar me segurando pra não olhar pra trás, pra não vacilar. Quando dei uns sete passos, e sim, eu estava contando.
— . Que tal um último abraço?!
Eu sorri ainda de costas pra ele, “Você perdeu ” eu pensei nesse momento. Eu poderia ter pedido o último abraço, sabia que ele não negaria, mas eu me fiz de vítima, estava arriscando minha ultima chance?! Sim, estava, mas podia funcionar, e funcionou.
Eu me virei para o e antes que ele se arrependesse corri em sua direção e me joguei com toda força pra cima dele, que cambaleou um pouco pra trás, mas conseguiu se equilibrar. Esqueci do tempo nesse abraço, não o apertei dessa vez, a prática leva perfeição, não é o que dizem?
Libertei meu herói, e fiquei esperando o carro dele virar a esquina e só depois caminhei em direção à loja, à minha realidade.
CAPÍTULO 07
— Essa é uma comédia, muito engraçada — disse ao relembrar de algumas coisas que haviam acontecido naquela tarde cheia. Estranhos e divertidos acontecimentos.
— Ela é mesmo — confirmou.
— Meio louca, mas engraçada.
— Vou ser eternamente grata pela loucura e falta de vergonha na cara dela, afinal foi graças a isso que conhecemos você e o .
— Pensando por esse lado... Mas era roleta russa esse ataque de loucura.
— Por quê, Oppa?
— Porque ele poderia não ter parado. Ou ter fugido —ele explicou rindo.
riu também, mas perguntou:
— E você? Fugiria ou ignoraria?
— Sinceramente não sei. O mesmo disse que ele agiu por impulso, quando ele deu por si já estava fora do carro. Então, só passando por isso pra saber.
— Hum... Mas de qualquer forma, a loucura valeu a pena.
— Sim, valeu. E você acredita que o não a acha louca?!
— Mas ela não é mesmo. Lá no fundo ela não é.
Eles riram e ele continuou:
— Talvez não seja mesmo pra você que convive com ela, que a conhece há mais tempo, mas ele só viu esse lado dela e ainda assim diz que ela não é louca. Apenas a acha impulsiva, desprovida de vergonha na cara, e ainda acha isso fofo.
— Sério?! Então está explicado o porquê dele ter aguentado os ataques dela, só achando fofo. Duvido que outro a ajudaria e aceitaria tudo o que ela fez com ele.
— Mas veja só isso! Minha Biased não confia m mim? Você é mesmo minha fã? Você acha que eu não faria o mesmo?
— Hum... Será que faria?!
— Ya!
— Vamos fazer um teste e eu te respondo, pare o carro e se prepare pro ataque.
— O que?! — ele disse arregalando os olhos.
sorriu ao ver sua reação.
— Pabo... Estou brincando, se eu tivesse que te atacar eu já teria atacado. E só não ataquei porque meu corpo travou, paralisou. Por que se não...
— Então devo me preparar para algum ataque futuro? — ele disse, entrando na brincadeira.
— Se prepare, ou melhor, não se prepare, por favor, para eu te pegar desprevinido.
— Arasseo. Só vou começar a defesa pessoal amanhã, só isso.
olhou pra janela e percebeu que já estava chegando perto de sua casa.
“Nunca foi tão rápido chegar em casa. Nem um engarrafamento, nem nada que pudesse adiar o momento de dizer adeus ao e a esse dia perfeito. O tempo voou esse injusto!”
— ? Está me ouvindo?
— Ah? O que disse?!
— Eu perguntei em qual rua entrar...
— Próxima rua à direita.
— Ok.
entrou na rua mais próxima a sua casa.
— Ali Oppa perto daquela escadaria.
— Então essa é sua casa — ele apontou pra casa ao lado da escadaria, que ficava ao pé do morro.
— Meu sonho! — Enquanto ele estacionava ela tentou tirar o cinto de segurança, mas esse, nem se movia, estava travado. — Eu subo essa escadaria, e depois outra.
— Uau... O deve ser realmente forte.
olhou pra e a viu lutando pra tirar o cinto.
— Eu tiro pra você, às vezes ele inventa de travar. — Ele retirou o dele.
— Poxa. Pensei que fosse o destino adiando nossa despedida, mas é apenas uma coincidência... — ela brincou.
— Realmente não é o destino. Sinto muito. É só questão de jeito.
Ele se aproximou, tão perto que ela sentiu seu perfume, e sua respiração. Ele levantou a cabeça e seus olhos se encontraram...
“Tão perto e tão inalcançável” pensou, quando seus rostos ficaram apenas a 10 centímetros de distância.
O clique do cinto sendo solto os assustou.
— Pronto. Como eu disse é apenas jeito.
se afastou dela, desceu do carro e foi abrir a porta do carro pra ela. Estendeu a mão pra ajudá-la a sair do carro.
— Vou ficar te devendo um café, já que álcool pra fãs brasileiras está fora de cogitação mesmo. Amo meu carro, não quero correr riscos — disse para distrair a . — Eu tenho uma gravação agora então tenho que ir.
— Eu sei. Você é um Idol afinal.
— Pois é, sou. E o que esse Idol pode fazer pra sua fangirl? Mais fotos ou as no lava-jato foram suficientes?
— Não foram suficientes. Quero várias selcas com meu Ultimate.
— Seu pedido é uma ordem, prezada fã.
— Eu sei caro, Bias.
Ela tirou tantas fotos quanto pôde, mas sabia que ele tinha seus compromissos, então ela guardou o celular e agradeceu.
— Tem outro vale Idol aqui, mas esse tem um preço.
— Sério? E o que seria?
— Um vale abraço de despedida.
— E qual é tal preço?
— Bom, como hoje estou bonzinho, ele vale 100 flexões. Então você quer?
— Deixa eu pensar... Hum... Não, não quero não.
— Ah! Como assim você rejeita um abraço do seu Ultimate?! Por acaso eu não sou seu Ultimate?
— Sim, você é meu Ultimate. Mas, depois das flexões eu estarei cansada, suada, dolorida, desacordada e muito provavelmente em coma. Então pra que fazer flexões se eu posso te agarrar aqui mesmo e sair correndo depois?
— Sua Gumiho! Sua esperta!
Quando as risadas acabaram ele falou:
— Agora eu preciso mesmo ir.
— Ok. Obrigada por tudo. Por esse dia incrível e inesquecível, obrigada. Obrigada, Oppa.
Ele a abraçou por um tempo. E antes de soltá-la, deu um beijo suave no topo de sua cabeça.
— Eu também te agradeço, foi realmente incrível e inesquecível. — Ele percebeu que ela estava chorando, mas não podia fazer mais nada, e isso o deixava com uma sensação estranha.
Ela se acalmou e falou:
— Pode ir. Eu vou tentar ficar bem. Prometo. Já te atrasei demais.
— As damas primeiro — disse, mostrando a escadaria que ela precisava subir numa reverência.
— ...
— Rápido, vá. Eu verei você partir.
— Então estou indo... Annyeong Oppa. — Ela se virou e andou rapidamente rumo às escadarias, antes que perdesse as forças.
— Annyeong... Esposa.
Ela parou já com o pé no primeiro degrau. “Esposa? Será que eu escutei mesmo isso ou estou imaginado coisas. E foi uma coincidência ou ele realmente se lembra de mim? Impossível! Eu sei que sou estrangeira, mas lá tinha outras também, inclusive brasileiras.”
se virou e voltou lentamente.
— Como?
— Como o que?
— Você pode repetir o que disse?
— “Como o que?” Isso? — ele disse, tentando não sorrir. Sabia que era maldade fazer isso com ela, mas não conseguia evitar.
— Muito engraçado. Mas não essa frase. Antes disso.
— Eu... disse... Annyeong... Esposa.
— Oh-My-God! — falou rindo. — Sério? Você lembrou. Como?
— Hum... Você é estrangeira.
— Mas não era a única estrangeira, e nem a única brasileira.
— Continuando, você é estrangeira, me chamou de marido e quando eu te chamei de “esposa” você que já estava longe, resolveu voltar e foi impedida pelos staffs e isso foi há três dias, então...
— E eu achando que era impossível...
— O que? Ter me lembrado de você?
— Também. Mas estava pensando que era impossível esse dia ficar ainda mais perfeito— ela falou, olhando pro nada.
— Aygoo! Pabo.— ele disse, bagunçando seu cabelo.
— Ya! Nunca bagunce o cabelo de uma mulher! E não sou boba. Só uma fã pode entender como estou me sentindo, para saber como está sendo importante esse momento. Gomawo Oppa. Obrigada Oppa.
— Disponha esposa. — ele disse dando o sorriso favorito de . Fazendo seu coração saltar.
— Não faça isso... Não sorria lindamente após dizer essas coisas.
— Mianhae. Me desculpe.
— Arasseo.
— Agora eu preciso mesmo ir. Então é isso. Bye .
— Bye ...
Ele entrou no carro, acenou com a cabeça e partiu lentamente. Ela conteve a vontade de correr atrás do carro dele. Mas antes que virasse a esquina e sumisse da sua vida, o carro parou e voltou, estacionando ao seu lado.
— ? Aconteceu alguma coisa?
— Sim, me esqueci de lhe dar uma coisa. — Ele desceu do carro, foi até o porta-malas e trouxe uma caixa linda azul ELF, como eu e costumamos chamar a cor do nosso fandom.
Ela já estava sorrindo antes mesmo de recebê-lo.
— Pra você.
— Gomawo. Gomawo. Gomawo. Eternamente Gomawo.
— Você nem abriu ainda. Por que está toda empolgada assim?! E se você não gostar? — ele disse afastando dela a caixa.
— Impossível! Afinal é você quem está me presenteando e isso já vale muito. — Ela sorriu quando ele trouxe a caixa pra perto dela.
— Ya! Não sorria desse jeito após me dizer essas coisas. Pare de sorrir e abra, eu seguro pra você.
Ela se aproximou, puxou o laço prateado, respirou fundo e levantou a tampa, soltou o ar quando viu aquele monte de álbuns do Super Junior, ela pegou um e abriu e a cada página que ela olhava tinha o autógrafo de cada membro. E como uma boa ELF ela só sabia chorar.
— Todos os álbuns lançados do Super Junior e em todos, os autógrafos de todos os membros que estavam aqui em Seul. Está feliz?
— Muito, extremamente, e esse dia não para de ficar perfeito. Mas eu estou com a impressão que isso foi ideia do .
— Omoooo. Sem respeito nenhum. Tem certeza de que é minha fã?
— Foi ideia dele ou não?
— Foi sim.
— Sabia que era mesmo o , era pra ter apostado algo — ela disse, rindo dele.
— Mas eu que corri atrás do autógrafo de todos. Rum.
— Obrigada, do fundo do meu coração, , eu agradeço, e não importa de quem foi a ideia, mas o fato de você está me entregando, me deixa ainda mais feliz. — E agora ao invés de rir dele, ela sorriu pra ele.
— Não faça isso comigo, ...
— Hum?
— Não sorria lindamente assim pra mim. — Mas dessa vez ele falou sério.
Ela parou de sorrir quando percebeu que ele não estava brincando como da última vez. Ela travou, sentiu até uma pressão nos ouvidos, a única coisa viva do seu corpo naquele momento eram seus olhos que piscavam descontroladamente.
— Isso mesmo fique assim, séria, e... hum hum — ele pigarreou — E eu , bem, preciso ir.
— Ok. Não se atrase por minha causa.
— Seu presente.
— Obrigada. De verdade, obrigada, por tudo.
— Nunca eu escutei tanto obrigada em uma única tarde. Foi um prazer te conhecer.
— Igualmente.
— Culta.
— Sou mesmo.
Ele não disse mais nada, apenas se encaminhou pro carro, entrou e ao invés de ligar o carro, suspirou jogou a cabeça pra trás.
Então ele saiu do carro e caminhou até . Pegou a caixa que estava em sua mão e colocou no chão.
Se aproximou novamente, a puxou pela cintura, encostou sua testa na dela e ficou assim por um momento. Até que sussurrou:
— Eu esqueci outra coisa.
Ao dizer isso, ele a puxou ainda mais e a beijou.
***
’s POV
— Você fez o que?
— Eu... Eu a beijei. Eu não devia, mas não resisti, quando eu vi, já estava dando uma de Dom Juan pra cima dela, ela nem teve chance.
— Claro que não, ela te idolatra, e mesmo sabendo que é impossível, ainda assim sonha de casar com você um dia. Como iria recusar um beijo seu? Você é muito louco.
— Eu sou um bastardo e um egoísta, não pensei nas consequências. Mas você também se envolveu muito com ... Pior que eu.
— O que? Eu a ajudei, mas, ela não se lembra, e por mais que saiba que eu a ajudei ela nunca vai saber a sensação, e hoje eu a tratei apenas como uma fã. E mesmo que tivesse me envolvido, um beijo é um beijo.
— Aish... Sou um bastardo louco. E agora?
— Agora nada.
— Será que ela vai ficar bem?
— Sim, claro que vai, , ela é uma pessoa inteligente, super cabeça. Talvez fantasie por um tempo, mas vai seguir com a vida dela. Ela te entende, sabe sua condição.
— Obrigado. Você cheio de coisa na cabeça, tanta coisa pra fazer e eu te perturbando. Posso te ajudar em alguma coisa?
— Hoje não, mas se precisar eu te aviso.
— Em um mês...
— Sim, em um mês...
— Por dois anos...
— Sim, dois anos.
— Vou sentir sua falta, .
— Eu também vou, seu impulsivo. Agora me deixe ir dormir. Por favor.
— Pode ir. E se precisar é só me chamar.
— Eu sei. Boa noite.
trancou a porta assim que o saiu. Ele só queria cair na cama e recuperar todo sono perdido.
Tentou dormir, mas pensamentos invadiam sua mente.
Tão covarde... tão idiota... tão racional... Eu estou indo pro exercito em um mês e ficar dois longos anos servindo meu país, se eu tivesse a coragem que o teve... seria mais uma boa lembrança. Foi bom estar com ela, foi divertido, e se eu a beijasse seria o final perfeito pra esse inesperado ‘encontro de fãs’. É claro que ela fantasiaria no começo, mas, apesar da irreverência, e falta de vergonha na cara, ela é uma pessoa inteligente, não era boba nem nada. Eu a chamei novamente pra beijá-la, mas porque não o fiz? Seria um beijo. Um simples e inocente beijo, mas não, tinha que pensar em tudo. Covarde, idiota ou racional, tanto faz, não importava mais. E lá no fundo eu sei que foi melhor assim.
Agora é dormir e acordar pra um novo dia, para meus compromissos e obrigações, deixar tudo organizado antes de me apresentar.
Esses últimos acontecimentos pertencem ao passado agora. O que eu espero é que fique bem e seja muito feliz.
CAPÍTULO 8
— Eu te disse sobre a hora em que ele deu aquele sorriso perfeito? Aquele que eu amo? — me perguntava enquanto eu tentava me concentrar para terminar o trabalho em inglês.
— Sim, contou.
— E sobre quando ele me mandou parar de sorrir porque... — fui obrigada a cortá-la.
— Contou também.
— E sobre...
— Amiga — eu a interrompi usando a voz mais calma e compreensiva do mundo. — Você me contou até os momentos em que ele respirou, piscou e sorriu e já recontou tipo umas mil e uma vezes. E eu sinceramente não me importo em ouvir novamente, mas eu estou terminando um trabalho e preciso de total concentração. — Ela fez uma carinha de cachorro que caiu da mudança, mas eu já estava vacinada contra ela. — E outra, aqui é a biblioteca, ou seja, país universal do silêncio. E terceiro você está atrasada para sua aula.
Ela fez uma cara de apavorada, quando olhou as horas no celular.
— Ah! Estou muito atrasada! — Ela saiu catando as coisas dela e enfiando de qualquer jeito na bolsa, já tinha começado a sair, mas voltou. — Eu me lembrei de uma coisa que tenho certeza absoluta que não te contei, mas depois te conto. Beijo. Deseje-me sorte na prova.
— Fighting!
Fiquei rindo sozinha dela. E depois ela me chamava de louca, como se ela tivesse direito de me chamar assim.
Para falar a verdade, eu já tinha enjoado de ouvi-la contando essa história, mas era o ! O , e ele a beijou! Então como não suportar os surtos dela?! Eu a ouviria mesmo que ficasse surda e ela tivesse que fazer linguagem de sinais. Se o que beijou minha mão, ou melhor, minhas mãos — sorriso bobo invadiu meu rosto ao me lembrar disso — eu piro só de lembrar, imagine ela, que viveu um momento super sexy e finalizado com um baita beijaço do ...
Mas nesse momento eu precisava de foco. Terminar esse trabalho escrito e me preparar para apresentá-lo no dia seguinte.
O poderia ter me beijado também...
Foco, , foco no trabalho.
Mas será que o não se interessou por mim em momento nenhum?
Trabalho, ... Estuda, . Acorda, !
***
— ... , acorda.
— Para quê?
— Para me ver. Sou eu, o .
— Não é nada. O está na China gravando um comercial.
— Stalker, pare de me investigar. Eu voltei antes para te ver. Será que vou ter que beijar suas mãos novamente para você abrir os olhos?
— Não. Elas já tiveram o privilégio. Agora quero na testa — eu disse, rindo.
Eu prendi a respiração, esperando o seu beijo, porém o que senti foi um estalo e uma queimação insuportável.
— Ya! — eu disse, colocando a mão na testa. — ! Por que você fez isso?
— Você queria que eu te beijasse?
— Não, sua Dapunoma, pessoa ruim, custava me acordar normalmente. Além de me bater, estragou outra vez um sonho meu.
— Oh, amiga, me desculpa. É que aquela prova me deixou uma pilha de nervos. Mas você tem que aterrissar amiga. Sair do mundo da lua. Você terminou o trabalho? Já estudou a apresentação? Aposto um Bias que não.
— Me deu sono, mas eu estava estudando, juro. E hoje é minha folga, só vou sair daqui com esse trabalho pronto. Ok?
— Ok. Agora vamos comer, por favor.
— Vamos sim, sua draga devoradora de sonhos perfeitos.
***
— Aí que fome, que sono, que preguiça, que vontade de ir pra casa — eu disse, enquanto me jogava no banco ao lado da , no refeitório no dia seguinte.
— Agora conta uma novidade. Porque você é composta de sono, fome, preguiça. E sua função é ir pra casa.
— Ha-Ha-Ha! Muito engraçado.
— E a apresentação, Miss Preguiça, como foi?
— Nem lixo, nem luxo. Foi boa. Hein, me responde uma pergunta — falei enquanto enfiava a comida pela boca, estava com pressa, hoje eu precisava trabalhar. — Por que trabalhamos? Já recebemos uma ajuda de custo mesmo.
— Trabalhamos pelo mesmo motivo que moramos no morro ao invés do campus. Economizar. Economizar para os shows, álbuns, DVD’s, e realizar o nosso sonho de ir num Super Show no Tokyo Dome.
— Me lembrei. Obrigada.
— Disponha. E agora vamos.
— Você também vai comigo? Não é sua folga?
— Sim, é minha folga, mas vou dar uma passada em uns lugares. Dar uma passeada. Essa semana está tão puxada que vou aproveitar minha folga para dar uma respirada.
— Sei sua respirada... Respirar em frente a SM, a JYP e a YG? — ela sorriu, e fomos andando rumo ao ponto de ônibus.
— Exatamente.
— Pare de exibir sua felicidade para mim.
— Você anda muito nervosinha comigo esses dias. Por acaso é invejinha porque eu fui beijada nos lábios e você não?
— Não, amiga. Não é invejinha, é invejona mesmo. Aish, sortuda...
— A culpa não é minha. É das estrelas, ou melhor, de uma estrela chamada .
— Eu sei que não é sua. Desculpa. É que eu não entendo. Tem algo de errado comigo? Eu sou horrível de feia? Tenho mau hálito? Sou insuportavelmente chata?
— Não tem nada de errado com você. Talvez só não teve clima.
— Teve sim, e várias vezes.
— Talvez não foi clima e sim sua imaginação fértil que tenha fantasiado tudo. Ou você interpretou as atitudes de Idol dele errada.
— Será?
— Pode ser amiga. Por que ele agiu como o Idol perfeito aquele dia. Sério, do papel de observadora de toda cena, deu para perceber. Quando ele estava negociando para você abrir os olhos ele sorria tão lindamente e descaradamente que meu coração dava uns pulos muito sinistros, eu tive que focar no para não perder a amizade. E quando você abriu os olhos e ele te lançou aquele olhar apaixonado, pensei, está acabada. Game Over. estava totalmente atuando para que você tivesse um dia perfeito com ele, mas ele é um artista e você uma fã.
— Pode ter sido isso mesmo. Mas porque ele não me beijou assim mesmo? Ele já tinha beijado minhas mãos, custava beijar minha boca? Os lábios dele iriam cair?
— O ônibus chegou, vamos. — Sentamos afastadas, porque sempre atrapalhávamos o povo que queria tirar um cochilo, com nossa falação sem fim.
— , esquece isso, agora já era, era uma vez. Pense assim: O passou apenas algumas horas comigo, então o destino me presenteou com um super beijo dele. E você, você amiga, pagou horrores de mico, foi uma vergonha alheia. E ele, ao invés de te ignorar ou fugir, te salvou, te pagou Soju, te carregou nas costas, mentiu para os mais velhos, beijou suas mãos, te abraçou e permitiu que fosse abraçado, sufocado por você.
Respirei fundo recordando de cada um desses momentos. tinha razão, mesmo que eu não soubesse que era ele meu salvador, e mesmo que tivesse esquecido várias coisas por conta do meu estado avançado de embriaguez, eu vivi isso, não foi um sonho, ou uma fantasia.
Foi real.
***
O Pet Shop ficava a uns 5 minutos do ponto de ônibus, caminhei rapidamente para chegar logo e poder dar um cochilo, já que ainda tinha uns 30 minutos antes de começar a trabalhar.
O Sr. Kim estava lendo um jornal no balcão, ele levantou os olhos e me deu um sorriso bem típico de avôs bonzinhos de dorama, apesar de não ser “bonzinho” era um bom patrão.
— Boa tarde, Sr. Kim — eu disse entrando na loja.
— Bom dia Agasshi. Senhorita. Chegou cedo para dormir? — Minha cara queimou de vergonha, ele percebeu e sorriu. — É preferível dormir antes do trabalho do que durante, não é mesmo?
Eu sorri e concordei.
Fui pros fundos da loja e deitei num banco que ficava lá. No começo sempre me incomodava, mas agora eu nem sentia. Deitei e apaguei, acordei meia hora depois com a ajuda do meu necessário e odiado despertador.
Já havia três cachorros para dar banho, os levei para a sala de banho e comecei meu turno. E enquanto eu terminava um ia chegando outros animais e a tarde passou tão rápido que quando dei por mim já eram 5h da tarde.
Estava terminando de ajeitar uma cadela da raça pinscher quando o Sr. Kim entrou.
— Terminou com a Fanny?
— Sim. Pronta.
Eu a estendi para ele, e a pegou e já estava quase saindo, retornou.
— Por acaso há alguma diferença na maneira que você e tratam os animais?
Eu fiquei em choque. Sou muito distraída, talvez eu tenha cometido um erro sem perceber.
— Eu acho que não. Por quê? Aconteceu alguma coisa errada? Alguma queixa?
— Não é isso. É que ontem me ligaram perguntando se era você quem estava trabalhando na loja. Eu disse que não e a pessoa desligou.
— Que pessoa? — eu disse, achando aquilo muito estranho.
— Não disse o nome, mas era um homem. Achei meio estranho. Tome cuidado.
— Sim, eu tomarei. Obrigada por se preocupar.
— E se já terminou aqui pode ir.
— Obrigada novamente.
— E traga um colchonete para seus cochilos, fico agoniado só de ver você naquele banco, imaginando o momento em que vai cair de lá.
— Eu trarei. Obrigada.
— De nada, Agasshi.
Terminei de arrumar as coisas e sai pro friozinho de outono, nem tinha chegado o inverno e já estava morrendo pra sair pela rua. Mas mil vezes vento frio que o calor escaldante do verão brasileiro.
Quando pisei na calçada me veio um estalo na memória, a pessoa que ligou pra loja podia ter sido o , talvez fosse loucura ou ilusão, mas havia uma possibilidade, e eu ia me agarrar a ela.
Olhei pela rua tentando encontrar algum sinal de que ele estivesse ali, mas não vi seu carro, nem o do . Mas também por que motivo ele voltaria afinal?
Me encaminhei para o ponto, mas quando estava chegando no final da rua, próximo a uma Harley Davidson parei e voltei, não antes de admirar a moto, que era linda, me lembrei de um Café a umas duas quadras depois do Pet, amava o cappuccino de lá.
Estava tão quente lá dentro que quase pedir pra tomar lá mesmo, mas eu me conheço, se eu sentasse lá, pra levantar... Então pedi pra viagem. Enquanto esperava a atendente terminar de preparar meu pedido, olhei ao redor, e qual não foi a minha surpresa ao der a Harley do outro lado da esquina.
Sai das minhas neuras quando ela me chamou me entregando o café, quando sai da loja, a moto não estava mais lá. Fora apenas coincidência mesmo. Caminhei lentamente enquanto tomava meu café e olhava algumas vitrines até que me aproximei do ponto de ônibus que ficava do outro lado da rua. Enquanto esperava para atravessar olhei para o ponto e vi alguém sentado com a cabeça baixa, pernas cruzadas e sacudindo lentamente o pé. Ele nem precisou levantar a cabeça pra eu ter certeza que era ele.
Esperei impacientemente que os carros parassem de passar, mas quanto mais ansiosa eu ficava, mais o tempo se arrastava. Eu não me senti mais uma idiota iludida por imaginar que ele estava mesmo ali por mim.
Atravessei a rua me segurando ao máximo pra parecer uma pessoa normal, e não meu lado bêbado ou louco. Parei na sua frente, ele levantou a cabeça e voltou a sorrir, meu coração de descontrolou totalmente, mas eu fui forte e me apoiei no meu plano futuro: ganhar um beijo do .
— Annyeong! — eu o cumprimentei. Ele me olhou desconfiado, mas ainda assim respondeu:
— Annyeong, . Tudo bem com você?
— Melhor agora que estou te revendo. — Eu disse abaixando a cabeça fingindo estar com vergonha.
— Tem certeza que está bem? Você não parece normal, ou melhor, você parece normal hoje. Já se acostumou comigo?
— Nunca poderia me acostumar com você, Oppa. É que nos dias que você me conheceu, eu estava passando por muito estresse, aí você me apareceu me salvando, sendo tão perfeito que eu perdi a cabeça, mas ela já está no lugar. — Ele me analisou, mas eu continuei com minha cara de pessoa normal, eu tinha um propósito e ia fazer acontecer.
— Sério? Você é uma pessoa normal? Então você não vai surtar se eu fizer isso...
Ele se levantou do banco e veio na minha direção...
“É agora. O que eu faço?” era tudo o que eu pensava.
Ele virou a cabeça pra me beijar, tentei agir o mais normal possível, mas fui traída pelo meu próprio corpo. Fechei os olhos com toda a força e prendi tanto a respiração, que só o fez sorrir e me dar um beijo de consolação na bochecha. E, aí sim, eu fiquei realmente envergonhada.
CAPÍTULO 9
— Agora quem ficou louco foi você, . Você estava ligando pra ela?
— Não foi pra ela, foi pro trabalho dela, .
— Grande diferença. — respirou fundo olhou pra mim e voltou a falar — Olha, você mesmo me disse que nós devíamos deixá-las viver a vida delas, que elas vão superar tudo, e vão mesmo.
— E sei que vão. Mas eu não posso ser um pouco egoísta dessa vez e me encontrar com ela novamente, mesmo sabendo que o que posso dar a ela será apenas um momento?
— Claro que pode, mas eu te conheço o suficiente pra saber que você vai se preocupar ainda mais. Você vai pensar em mil coisas, e não vai ficar bem, mesmo ela estando bem. Deixe ela ir... Por favor.
— Eu só... Queria falar com ela uma última vez. Rir um pouco, me descontrair. Estou fazendo tanta coisa, pra não deixar nada pra trás que estou mais e mais sobrecarregado e estressado e só de relembrar daqueles dois dias eu já me sinto leve, e um idiota rindo sozinho, que eu queria outra dose daquilo. Mas eu não irei então, não se preocupe com isso, você já tem suas próprias preocupações.
— Então me prometa que, quando chegarmos à Coreia, você não vai atrás dela.
— Prometo.
Eu prometi de coração, mas no dia seguinte, já na Coreia, eu esqueci. Fugi do o tempo todo porque sabia que ele iria acabar me convencendo, porque apesar desse meu ato de rebeldia, sempre aconselhávamos uns aos outros, e na maioria das vezes colocávamos em prática.
Já sabia que só estaria livre depois das 5h da tarde, então corri pra adiantar alguns compromissos, quando estava indo de carro me encontrar com ela, lembrei da Harley de um hyung que me devia um favor.
Eu queria estar com , mas não podia mostrar isso pra ela, porque tudo o que o me disse sobre se tornar mais difícil ainda pra ela, eu entendia e já havia aconselhado ele e outros, então eu tinha que fazer com que ela tomasse todas as iniciativas. Estava sendo um filho da mãe, eu sei, mas era melhor pra ela.
E mesmo conhecendo ela há tão pouco tempo, eu sabia que ela era impulsiva e muito transparente. Sabia que ela ia começar o ataque. Mas ia jogar com todas as minhas armas de Idol que possuía. Ela iria se recuperar mais rápido se pensasse que toda iniciativa tinha partido dela.
Estacionei na esquina do Pet Shop e fiquei esperando sentado na moto, assim que a visse iria fazer uma dessas poses de tutoriais de revista. Ia ser fácil, tinha que ser fácil.
Esperei uns 15 minutos até que a vi pelo vidro da loja conversando com o seu patrão. Respirei fundo quando ela saiu da loja e veio andando na minha direção, e quando ela estava a uns 10 passos da moto, parou admirou a moto, e pensei: é agora!
Ela apenas virou e saiu andando na direção oposta, e foi quando eu percebi que ainda estava com o capacete na cabeça. Não sabia se ria ou se me estapeava. Aigoo! Com quem que eu estava aprendendo a ser tão lerdo?
Eu a segui até um Café e fiquei esperando até que ela percebesse minha presença, assim que eu tive certeza que ela me viu, fui esperá-la no ponto. Deixei a moto numa rua lateral e aguardei sentado no banco, tentei parecer distraído, por isso abaixei a cabeça, ela tinha que me ver primeiro.
Então ela viu. Quando levantei a cabeça (já era a décima vez) ela vinha lentamente com o copo de papel na mão, abaixei a cabeça novamente depois de memorizar seu sapato. Ela parou na faixa e ficou esperando, pensei em levantar a cabeça nesse momento, mas resolvi esperar mais um pouco, como eu já sabia, ela era transparente, assim que percebeu que era eu, começou a bater o pé de ansiedade, e ai sim eu agi.
Ela estava se aproximando, mas apenas quando vi seus sapatos na minha gente que levantei os olhos.
E lá estava aquele sorriso adoravelmente bobo escancarado no rosto dela, tão adorável, mas eu tinha que me controlar e ser sangue frio e fazer com que ela me beijasse.
Nos cumprimentamos e já percebi que ela estava completamente diferente, parecia outra pessoa, estava muito calma e controlada. Perguntei o porquê daquela calmaria toda e ela disse que aquele era o normal dela. Normal meu pé! Ela estava atuando, mas essa atuação não vai durar muito tempo, apesar do pouco tempo que estive com ela, conheço esse tipo de fã muito bem.
— Sério? Você é uma pessoa normal? Então você não vai surtar se eu fizer isso... — eu me levantei e fui andando com meu melhor sorriso em sua direção.
Fingi que ia beijá-la e lá estava a pessoa “normal”, a cara de espanto que ela fez, a maneira como se fechou os olhos e as mãos super apertadas... Segurei pra não sorrir.
“Te peguei, ”— eu pensei — beijei sua bochecha e fui obrigado a rir da expressão que quem admitiu a derrota.
— Não sabia que você era tão mal. Você me enganou totalmente com todo aegyo que demonstrava nos programas e shows.
— Desculpa. Mas você implora para eu agir assim. Fingir ser normal?! Sério mesmo?! E fingir ser normal pra mim?!
— Aish! Que vergonha... Eu só passo vergonha na sua frente, queria mostrar que não sou totalmente louca, que sou normal às vezes e em certas situações.
— Eu sei que sim, afinal você está livre e não em um hospício.
— Eu estou falando sério, . Não quero que você me veja apenas como uma pessoa surtada.
— Eu sei e te entendo, e sei que você deve ter um lado calmo e normal, mas eu prefiro a que dança na rua, que surta, que chora, que fica em transe. Gosto de você assim, te acho engraçada, fofa, adorável. — Ela sorriu e me abraçou apertado. — Exatamente, gosto dessa .
— Ok, vou ser a doida que você gosta, só que não vale voltar atrás. Assuma a responsabilidade.
— Vou assumir.
— ... Posso te perguntar uma coisa?
— Claro. O que é?
— Por que você veio aqui hoje? Não que eu esteja reclamando, apenas estou curiosa.
Por mais que tentasse parecer desinteressada, eu sabia que ela estava torcendo pra que dissesse que era por ela. E infelizmente eu não iria dizer que era exatamente por isso, para vê-la.
— É porque... Porque... — “Pensa, pensa, pensa! Era pra eu ter inventado uma desculpa antes.” — Eu vim por sua culpa.
— Por minha culpa? Ou você quis dizer, por minha causa?
— Por sua culpa mesmo. Eu vim pra te avisar pra não beber com estranhos, ou pegar carona, se embebedar na rua então... Nunca mais faça isso. Isso é muito perigoso. — Eu sou bom nisso. Não que não fosse verdade, eu estava mesmo preocupado com ela. — Entendeu, ?! Tenha um pouco de juízo.
— Arasseo. Eu entendi, . Você veio só pra me alertar. Obrigada.
Dava pra ver que ela estava decepcionada.
— E se você me prometer que vai ter mais juízo, eu vou te dar dois presentes.
— Prometo! Eu prometo, eu juro. Pelo sol, pela lua, por tudo que há de mais sagrado.
— Calma, . Para de pular... Isso. Agora respira... Muito bom. Se você prometeu, vou confiar em sua palavra de honra.
— Confie em mim. Agora os presentes — ela disse e fechou os olhos.
— Por que você está fechando os olhos?
Ela continuou com os olhos fechados, mas dessa vez era por vergonha mesmo, ela percebeu que o presente não era um beijo.
— ! Seu nome por acaso é beijo? Você é tarada por beijo? O presente não é um beijo.
Ela abriu os olhos, e seu rosto estava corado de tanta vergonha.
— Então... Quais são?
— Uma carona de moto. — Ela já começou a sorrir. — E... Um encontro.
Ela ficou me olhando como se não estivesse ouvido nada. Aquela expressão que ela sempre faz quando algo surreal, ou inacreditável acontece.
— ? Você está bem? Você ouviu o que eu disse?
— Não sei... Eu ouvi certo o que você disse? Será que dá pra repetir vagarosamente?
— Sim. O outro presente é um encontro.
— Hehehe , chegou o momento que você me acorda. Pode vir.
Ela estendeu os braços e fechou os olhos e ficou mesmo esperando. Essa pessoa ainda me mata.
— , é sério. Sou eu, , seu Ultimate, seu herói... Se lembra?
— Estou mesmo acordada e você quer sair comigo?
— Não. Você está mesmo acordada. E você quer sair comigo. Eu só estou realizando sua vontade.
— Tanto faz quem quer. Você vai mesmo sair comigo? Tipo, ir passear, ou almoçar. Juntos? Tipo encontro mesmo?
— Sim. É meu presente. Um encontro com tudo que você quiser. — Ela arregalou os olhos. — Nem tudo, lógico, mas as coisas normais de um encontro. Amanhã você pode?
— Mesmo se eu não pudesse, eu daria um jeito.
— Então amanhã, depois das suas aulas, ok?
— Ok, ok. Tem certeza que não é um sonho?
— Tenho sim. Estou sentindo muito frio pra ser sonho.
— Posso te abraçar para ter certeza?
— E desde quando você pede?
— Ah, Gomaeo. Obrigada, -ah. — Ela correu e me abraçou. Quando dei por mim estava abraçando ela também.
— Não ouse chorar, .
— Não vou. Estou em outra dimensão ainda. Só vou chorar quando a ficha cair.
— Então me larga aí e vamos embora. Está muito frio. Espere aqui que vou buscar a moto na outra esquina. — Esperei ela me soltar e nada dela mexer nem o dedo mindinho. — , solta aí vai... Eu já volto, é sério.
— Eu congelei aqui.
Eu tive que rir.
— A desculpa é boa, mas solta logo, Rose, por que se ficarmos expostos nesse tempo vamos mesmo morrer congelados. Vamos não, eu vou morrer congelado, afinal, o Jack que se ferra nessa história. — Finalmente ela me soltou. — Não demoro.
— Não demore mesmo, se não chamo os jornalistas.
— Ya! Golpe baixo.
— Rápido, que está frio.
— Como? Agora você quer pressa? Mulheres...
Busquei a moto, parei em frente ao ponto, ela colocou o capacete, subiu na moto, e antes mesmo da moto sair do lugar, ela já estava agarrada em mim. Não perdia tempo de se aproveitar de mim. Guria esperta.
Apesar do frio e do chiclete humano não me largar um segundo sequer, foi muito bom, andar de moto me dá uma sensação de liberdade muito grande...
Parei o mais próximo que pude da casa dela. Saltamos:
— Então amanhã você vai mesmo me buscar? Sério, sério, sério mesmo?
— Sim, , sério, sério, sério mesmo. Prometo. —Apertamos os dedos mindinhos pra selar o acordo — E leve casaco quente para não passar frio.
— Arasseo. — Ela ficou me olhando esperando algo que eu não daria. Mas como ela estava fofa demais me aproximei e beijei sua testa.
— Até amanhã, .
Preferi sair sem olhar pra ela, porque se olhasse ia querer ficar lá por mais tempo, e ela ia acabar percebendo que se ela tinha uma queda por mim, eu tinha um precipício inteiro por ela.
POV
— COMO? COMO? VOCÊ ESTÁ ME DIZENDO QUE TEM UM ENCONTRO COM O ?
— SIIIIIIM!!! OMG! EU TENHO UM ENCONTRO COM O !!!
— Ah, inacreditável...
— Não é? Só quando eu te disse isso em voz alta a ficha caiu. Enquanto ficou apenas na minha memória, era um sonho. Mas é sério mesmo, amiga. Ele disse que era um presente pra mim.
— Como se uma carona com ele de moto já não fosse o suficiente...
— Eu sei. Está com inveja, ? — eu disse abraçando ela.
— Sim. Muita. Uma inveja que eu nunca tinha experimentado antes.
— Te entendo, foi assim que eu me senti quando você contou do beijo. Dá a inveja básica, mas mesmo assim fiquei super feliz pela minha melhor amiga estar vivendo algo assim.
— Exato. Não uma Idol de algum girl group...
— Ou uma dançarina...
— Ou atriz.
— Na verdade, elas estão, mas nós também.
— Verdade — disse rindo. — Elas e nós, as Marias Ninguém..
— A sensação que eu tenho é que eu vou acordar a qualquer momento.
— Sim. Acordar na minha casa lá no Brasil, sonhando em vir pra cá perseguir os Bias e Ultimate.
— Mas não é. Eu subi esse morro me beliscando, se fosse eu já teria acordado.
— Eu sei que não é. Se você se beliscou, eu subi o morro dando na minha cara. Porque foi me beijando, e não um beijo normal, mas aquele beijo e daquele jeito... Ah... Me falta o ar só de lembrar...
— É tudo real, amiga, não é sonho.
— Esse sorriso bobo na sua cara... Aposto que você sorriu desse jeito quando ele te convidou.
— Errado. Eu fico com esse sorriso do momento que estou com ele, ou pensando nele, ou vendo foto, vídeo, enfim.
— Vou mudar o nome do seu sorriso bobo para sorriso .
— Isso mesmo faça isso. E antes que eu esqueça, quero seu casaco novo emprestado. Ele é quente e lindo.
— Claro. Vamos ver como você vai amanhã. E por favor — suspiro —, vá descentemente. E de vestido, ou saia.
— Por quê?... — Parei e entendi. Terrível essa amiga minha, mas iria mesmo. — Eu vou, prometo. Amanhã tenho que ir pronta pra ganhar o beijo épico de e eu necessito estar perfeita.
— Amém. Minhas orações pra você ter um pouco de juízo foram atendidas. Deus existe, eu posso provar.
— Boba, cala a boca e me ajuda logo.
CAPÍTULO 10
Estava esperando o no mesmo lugar que ele havia me deixado ontem à noite, segurando o tal casaco quente na mão e uma sacola com uma dessas marmitas coreanas.
Nervosismo e ansiedade me consumiam, meu coração parecia que ia sair pela boca, minha garganta estava seca, e sem contar a sensação de que estava vazia por dentro, podia sentir o vento dentro de mim.
Já estava lá há meia hora, fui tão burra que nem perguntei a hora exata a ele, mas também, eu já era naturalmente esquecida, ainda mais depois da perfeição de ontem, o convite... Memória pifou de vez.
Tentei me acalmar revisando mentalmente tudo que faria com ele, se fosse num parque, em que brinquedos eu iria, quais eu não passaria tanta vergonha, ou vomitaria em cima dele, ou o que eu comeria, e fosse um jardim, o que faríamos, ou o que falaríamos. Na minha mente estava tudo perfeito. Mas eu sempre tenho problemas técnicos ao passar teoria para a prática.
E enquanto eu pensava nessas coisas, vi o carro dele virando a esquina. Respirei fundo e repeti mentalmente a frase “, hoje é sua ultima chance de beijar seu Ultimate, então se controle e não estrague tudo. Fighting!” Ele desceu do carro já se desculpando:
— , eu sinto muito pelo atraso, tive um imprevisto. Você está esperando há muito tempo?
— Nada. Acabei de descer.
Ele pegou em minhas mãos rapidamente.
— Mentirosa. Suas mãos estão frias.
— Tudo bem, , só foi meia hora. E minhas mãos estão frias de ansiedade.
— E então? Podemos ir? — “, sua praga, para de sorrir assim pra mim, se não, eu não me controlo nem por um momento”.
Eu sorri e tentei atuar o mais natural possível.
— Claro que podemos.
Ele abriu a porta do carro pra mim, e fechou a porta. E eu fiquei esperando ele entrar no carro pra colocar o cinto em mim. Mas ele entrou e nem olhou para minha cara. E só percebeu que eu estava sem cinto quando ligou o carro, e este alertou que alguém estava sem cinto.
Ele olhou pra mim e disse:
— O cinto, mocinha.
Eu olhei pra ele e estendi os braços...
— Ah tá... Você quer que eu coloque? É isso? — Eu confirmei com a cabeça, sorrindo. — Por que não disse antes? Eu estou muito agitado por ter chego atrasado.
Ele rapidamente colocou o cinto.
— E agora, mais alguma coisa que esqueci?
— Por enquanto você pode ir.
— Você quem manda.
— Oba! — Eu juntei as mãos e dei uma risada maléfica.
— Engraçadinha.
Ele começou a dirigir por uns 40 minutos até parar de frente a um jardim. Descemos do carro, e ele pegou algumas sacolas no porta-malas, andamos até a entrada.
E que lugar era aquele? Perfeito num grau... Parei para admirar aquele lugar.
— Lindo não é?
— Sim...
— Então é assim que eu faço você ficar sem palavras? Te mostrar lugares bonitos.
— Não lugares bonitos, e sim, me mostrando o paraíso. Onde estamos? Que jardim é esse?
— Changdeokgung Palace, The Secret Garden.
Eu sorri e ele me olhou com aquele já famoso de dúvida.
— Por que você está rindo?
— Nada é que lembrei de um dorama.
— Hyun Bin.
— Exato. Secret Garden.
— Fico admirado que tenha tantas pessoas de outros países que acompanham tanta coisa da Coreia.
— Verdade. Você não faz ideia do quanto. Agora vamos entrar? Quero muito andar por aí com você.
— Vamos, madame.
— Espere. — Ele parou de andar e olhou pra mim.
— Você disse que eu tinha direito a algumas coisas típicas de um encontro. Então eu fiz uma lista. — Ele estreitou os olhos e ficou me estudando, mas não disse nada. — E uma das coisas que eu quero é andar de mãos dadas.
Eu estava com muita vergonha, quase não disse isso a ele, mas era minha última chance, podia ser que nunca mais eu o visse, então eu tive que reunir toda minha coragem, vulgo cara de pau, pra conseguir dizer.
— Mãos dadas? Não sei se é seguro pra mim. — Como gosta de me torturar esse . — Mas já que está na lista das coisas típicas de encontros, farei.
Ele passou tudo pra uma mão só, e estendeu a outra pra mim. Eu estendi a minha também e ele a segurou. Pronto. O sorriso bobo/ já estava lá estampado no meu rosto.
Sei que já tinha abraçado ele, segurado, sufocado, mas era diferente, não era apenas a fã com seu Idol, era um garoto e uma garota num encontro, e isso era totalmente diferente.
Passeamos pelo jardim por um tempo, parando pra ver algo que nos chamasse atenção. O lugar era cenário de um filme, de tão perfeito. E, além do lugar ser perfeito, eu estava com uma pessoa mais perfeita que vou conhecer em toda vida.
Vimos um lago abaixo a uns 50m, e perto dele estava um mini coreto. Eu parei de andar e chamei o :
— .
— Viu o lugar também? Lindo, não é?
— Vi sim, é adorável. Lindo mesmo.
— Vamos parar ali pra comer?
E balancei a cabeça, concordando, ele continuou andando, porém, eu continuei parada.
— O que houve? Não que ir?
— Pode ir lá levar as coisas, aproveita e leva as minhas também. —Entreguei o casaco e minha sacola pra ele.
— Aonde você vai?
— Te esperar aqui.
Ele me analisou por um momento, mas fez o que eu pedi, deixou tudo lá em baixo e voltou.
— E aí? O que foi? Por acaso é algum item da sua lista?
Eu concordei balançando afirmativamente minha cabeça. A coragem tinha ido embora novamente.
— O que é? Pode falar sem vergonha. Desde que seja algo típico.
— É algo típico, o que você pensa de mim, Oppa? Eu não sou uma pervertida.
Rindo da minha cara fechada ele apertou minha bochecha e disse:
— Só estou brincando com você, é engraçado te perturbar. Incrível como você sempre leva a sério.
— Você é mal, isso sim.
— Não sou mal, mas você praticamente implora pra que brinque com você. E agora fale logo sua lista, estou faminto.
— Quero que você me carregue nas costas, como nos doramas.
— Mas eu já te carreguei.
— Mas eu estava bêbada e não me lembro. E você não colocou essa regra de não repetir coisas que já fizemos e...
— Ok, Ok. Pode subir. Ninguém pode com seus argumentos.
Ele se abaixou pra que eu pudesse subir em suas costas, e que costas! Senhor me ajude, me help, me socorre. Me segure, não permita que eu me descontrole e agarre ele a força.
Quase cantei um mantra pra tentar acalmar meu coração e outras coisas. Nunca vou superar isso, nunca mesmo.
me carregou até o coreto, pedi para ele me colocar no chão quando chegamos no começo da escada, mas ele disse que não precisava e desceu comigo até lá.
Ele não demonstrou cansaço ou falta de ar, ou estava em forma, ou ele estava trabalhando duro nos treinos.
Ele foi abrindo as sacolas dele e tirou a toalha xadrez, forramos no chão e pegamos nossas comidas.
Ele também tinha trazido muita coisa, além de frutas bebidas, garrafa de café e de chá, também trouxe algumas marmitas, começamos a abrir as coisas que trouxemos e qual não foi a minha surpresa ao sentir alguns cheiros que eu não sentia há algum tempo.
— Feijão tropeiro? Você trouxe feijão tropeiro. Churrasco, arroz frito e temperado... Espera? Até lasanha?! , casa comigo?
Ele riu.
— Então é só isso? Alguém te trás comida e você já quer casar?
— Primeiro: é comida que eu não como há três meses. Já combinei com a de irmos a um restaurante brasileiro que vimos aqui, mas é tão longe que acabamos esquecendo. E outra, não quero casar porque alguém me trouxe comida, e sim, casar com o que me trouxe comida. É diferente.
— Claro. Muito diferente. Afinal, eu sou eu.
— Exato. Entendeu direitinho.
— E você trouxe... — Ele foi abrindo minhas marmitas e sempre que abria uma falava “Oh” e sorria. — Kimchi, Jajangmyun e Bibimbap. Pensamos em agradar o outro e deu essa mistura de cultura. Onde comprou?
— Eu fiz.
Ele experimentou um por um e, rindo, falou:
— Tem certeza que você fez isso? Porque está muito delicioso pra uma pessoa que veio pra cá há pouco tempo e não passa 24h por dias tendo aula de receitas coreanas.
— Arasseo. Foi a ajhuma minha vizinha, mas eu ajudei, nem fui estudar pra cortar esse monte de coisa.
— Obrigado. Eu vou comer bem.
— Obrigada você também. Eu também vou comer bem.
Comecei com o feijão. Essa era uma das coisas que eu mais sentia falta, fora minha família e uns poucos amigos, a comida, o tempero brasileiro... Que saudade.
— Posso provar isso também — disse, abrindo a boca.
Eu coloquei na boca dele, e me lembrei de outro item da minha lista.
— Também quero da sua, Oppa. — Só abri a boca, quando ele aproximou o hashi da minha boca. Uma coisa era o Sungmin abrir a boca e ser super fofo, outra coisa totalmente diferente era eu. Não devia ser nada bonito.
— Ahhhh — O Sungmin abriu a boca própria, me incentivando. E quando eu abri, ele afastou antes que eu comece. Realmente gostava de me perturbar. Fechei a cara, e novamente ele trouxe o hashi pra perto. Porém eu não abri a boca. — É sério agora... Ahhhh — Olhei pra ele por um tempo e finalmente abri a boca, e adivinha? Novamente ele afastou a comida, rindo de mim.
— .
— Fale.
— Se você não me alimentar decentemente, ou melhor, romanticamente, vou te agarrar, lembra aquele primeiro abraço que eu te dei? Pois é, um pior que aquele, e não sei se você reparou, mas estamos sozinhos no meio do nada, você não tem como pedir ajuda.
— Uau! Você é assustadora. Volte a ser a garota fofa e atrapalhada. Please.
— Ela só voltará quando você me alimentar, esse é um item da lista.
— Arasseo. Arasseo. Não quero que você quebre minhas costelas, tenho apresentação nesse final de semana.
Ele sentou e aí sim me alimentou, vira e mexe ele pedia que eu fizesse o mesmo com ele. E eu ficava como? No céu, no paraíso, me achando mais que ator quando ganha o Oscar.
CAPÍTULO 11
’s POV
Olhei para cochilando, deitada no cobertor, pensei em chamá-la, já que esse é provavelmente meu último dia com ela. Certo?
Certo. Tem que ser certo. Comecei arrumar nossa bagunça e limpar nossa sujeira, quando terminei, sentei encostado na pilastra e fiquei olhando ela dormir. Tão serena e tranquila que nem parecia aquela pessoa agitada e louquinha que era.
Olhei pra ela até que cochilei também, quando acordei, minha cabeça estava encostada no ombro dela. Essa não perdia tempo de se aproveitar de mim mesmo. Fingi que continuava dormindo, e de repente sinto sua mão se aproximando do meu cabelo, ela hesitou por um momento, mas, a cara de pau venceu e ela colocou a mão no meu cabelo e começou a alisar. Confesso que foi muito bom e se a não estivesse já no meio da tarde, dormiria com ela fazendo isso.
Mas depois de um tempo, comecei a me mexer pra ela pensar que eu estava acabando de acordar, ela rapidamente tirou a mão. Abri os olhos e fingi surpresa ao vê-la ao meu lado.
— ? O que você está fazendo aqui? Pra mim, você estava deitada no cobertor e não ao meu lado. — Pronto. Show de caras e bocas, ela abria e fechava a boca procurando uma resposta convincente.
— É que você dormiu e ficou caindo a cabeça igual galinha degolada, e pelo bem do seu pescoço, eu caridosamente ofereci meu ombro. Apenas para evitar que você desse um jeito no pescoço.
— Sério?
— Sim, sério.
— Então ta, obrigado pela preocupação.
A cara de alívio de quem tinha conseguido me convencer se estampou no seu rosto, bobinha.
— Vamos?
— Já? Mas eu tenho várias coisas típicas pra fazer ainda...
— Não embora, paboo. Vamos levar essas coisas para o carro e conhecer mais o parque afinal, nós só andamos em uma direção.
— Araseo. Let’s Go!
Quis levar todas as sacolas, mas, ela pegou algumas e saiu andando, quando era estava perto da escada, eu tossi para chamar sua atenção, ela se virou e dessa vez fez a cara de interrogação que eu sempre lanço pra ela.
Eu estendi a mão em sua direção ela:
— Já disse que eu vou te ajudar e que está leve. — Dito isso, se virou e começou a subir as escadas, eu tossi novamente e ela olhou novamente em minha direção e dessa vez com uma cara de brava. — Já disse que aguento, Oppa.
Estendi a mão novamente pra ela e disse:
— Não estou te pedindo as sacolas, estou oferecendo minha mão. Não quer?
Ela sorriu e desceu a escada correndo e agarrou minha mão, fomos assim até o carro. Era até bom andar assim, como se fossemos mesmo namorados. Rapidamente chegamos e deixamos algumas coisas lá e peguei o violão.
— Já que você gosta tanto de levar sacola, traga a da toalha e a das frutas.
— Tudo que quiser, .
— Traga o carro também.
— Mas eu ainda não tenho carteira de habilitação.
— Aish! Eu estou brincando, sua boba.
Ela veio me dando socos no braço, enquanto falava:
— Eu-sei-que-você-é---meu-Ultimate-mas-já-deu-com-a-zoeira.
— Araseo. Araseo. Me desculpe, eu estava errado — eu disse tentando desviar de seus ataques. Mas ela só parou de me bater quando viu algumas bicicletas de casal estacionadas no inicio do jardim.
— ! Bicicletas de casal! Vamos pegar uma? Por favor!
— Só se você prometer que não me bate nunca mais.
— Prometo. Prometido.
Ela saiu me puxando até as bicicletas, alugamos uma e reiniciamos nosso passeio. Tinha algo com esse lugar que me acalmava, ou algo com minha acompanhante, ou algo com ambos. Como eu estava feliz, era estranho me sentir assim, não era tão diferente de algumas fãs, não era raro aparecer alguma dançando, gritando, tentando abraçar, então porque justamente com ela eu me sentia tão livre, calmo, bem, mesmo ela se descontrolando às vezes e mostrando seu lado fangirl? E sem contar que essa era apenas a quarta vez que a via, mas sentia que podia confiar nela e me sentia muito confortável. Confortável até demais com ela, mas eu não podia negar que ela derrubava todas as barreiras que coloquei para evitar certas situações, tipo essa loucura, sair no meio da tarde pra fingir ser o namorado perfeito. Eu devo ter enlouquecido.
Rodamos, rodamos e acabamos no mesmo lugar que almoçamos.
— Quer ficar aqui ainda ou já enjoou daqui?
— Quero ficar onde você estiver, .
Ela falou e sorriu de um jeito tão sereno que meu coração vibrou. Esse dia tem que acabar logo antes que a situação piore.
— Hum, sério? Então se você não se incomoda... Desça da bicicleta, vamos deixar ela aqui em cima mesmo. E volte 50m.
— Pra... — ela parou de falar, sorriu e voltou 50m. Fui até ela e abaixei pra ela subir nas minhas costas. — Me dá o violão, eu levo.
Eu dei a ela e ela se agarrou em mim com uma mão apenas, mas escorou seu queixo no topo da minha cabeça, e tenho a impressão de que beijou também. Só acho que ela ter vindo de saia era golpe baixo comigo, mas foquei em outras coisas para evitar algo pior.
— Pronto, madame, chegamos.
Ela desceu e eu fui andando em direção ao coreto.
— , vamos ficar aqui fora. Quero ver seu rosto direito e aí dentro está escuro.
— Você não tem um pingo de vergonha nessa cara, não? Fala essas coisas como se não fosse nada.
— Ignore meu lado fangirl, ele aparece pra dizer oi, mas eu sempre o mando embora.
Forrei a toalha em cima da grama, ao lado do coreto e de frente pro lago.
— E agora? Qual seu próximo item? Música? Qual você quer ouvir primeiro?
— Na verdade, eu quero que você faça uma coisa antes de cantar? — Pelo sorriso sem graça que ela deu, pensei que só podia ser beijo, meu coração gelou, respirei fundo e esperei, mas, como ela é uma pessoa que não segue um padrão:
— Quero que você dance Sorry Sorry pra mim.
— Como? Dançar aqui? Não. Isso não está na lista de coisas típicas de um encontro.
— Por favor, ! Please! Essa foi a primeira música do Super Junior que conheci, lembro como se fosse hoje minha amiga me mostrando 13 japas cantando e dançando, fiquei mais perdida que cego em tiroteio tentando acompanhar a dança, reconhecer alguém e me perguntando por que tanto homem num grupo só. E hoje meu coração pesa ao pensar que um saiu e o outro está em hiatus por tempo indeterminado.
Ela tinha lágrimas nos olhos, confesso que eu também, ela pegou pesado ao falar dos meninos.
— Araseo. Eu danço e depois você também dança comigo. Ok?
— Ok, ok, eu entro depois. Vou colocar no celular. Bonamana não, Butterfly não, Mr. Simple não, Sorry Sorry Answer não... Achei. Sorry Sorry.
Ela deu play e o tan-tan-tan-tan-ran-tan-tan começou... Talvez porque ela falou dos meninos, já que esse foi nosso último MV juntos, ou talvez por causa da emoção nos olhos dela, eu dancei como se estivesse na abertura de um Super Show, ela batia palmas, cobria o rosto com as mãos, dava quiques no lugar que estava sentada, enfim, o próprio show dela, e quando tinha dançado mais da metade da música a puxei e a coloquei de pé e começamos a dançar o refrão.
Ela se empolgou tanto que tive uma crise de riso, porque não consegui distinguir quem era pior, Yesung dançando estilo livre ou ela enlouquecendo total. Era bom ela estudar mesmo, porque dançar e cantar definitivamente não eram pra ela.
Enquanto ria dela envolvida com a música, ela foi dançando pra trás, ficando a poucos centímetros do lago, e de repente ela se desequilibrou e ia caindo para trás, ainda bem que eu estava perto, alcancei o braço que estava mais próximo de mim, a puxei tão forte que caí de costas na grama com ela em cima de mim.
Quando abri os olhos, lá estavam seus olhos arregalados de susto, ela nem piscava e eu muito menos, meu coração batia tão descontrolado que tenho certeza que ela poda senti-lo. Ou talvez não pudesse, por causa dos seus peitos.
Merda! Porque estou pensando nos peitos dela, foca no beijo! Mas, agora já era, minha concentração tinha ido pro espaço e eu não pensava em outra coisa a não ser nisso. Tive que empurrar ela pro lado. E o momento perfeito criado pelo destino tinha ido pro lago.
’s POV
— Aonde vai? — o me perguntou quando eu levantei, após passar pela milésima vergonha.
Sim, porque fora meu descaramento de pedi-lo pra me carregar, segurar minha mão, dar em cima dele, não conseguir controlar meu lado fangirl doido e desprovido de vergonha na cara, eu ainda dancei na frente dele. EU DANÇEI NA FRENTE DELE! Por que em nome de shissus eu fiz isso?
Eu dançando é de dar pesadelo em criançinhas. Deveria ser criada uma Lei que me proibisse dançar em público, e eu invento de dançar na frente do homem da minha vida. Estraguei o pouco tempo que tinha com ele dando um ataque epilético na frente dele. E como se não fosse bastante eu desequilibrei e meu herói lindo e perfeito me salva. Era melhor que eu tivesse caído no lago e me afogasse, a vergonha seria menor.
Ele só pode ser a encarnação de Buda ou Jesus. Só pode! Como um cara perfeito como ele que após eu ter feito tudo isso ainda me dar um momento daquele...
Sim, porque assim que ele me puxou do lago, eu cai em cima dele, ele poderia ter me levantado, me pedido pra sair, mas não, ele disse que daria esse dia de presente e foi exatamente isso o que fez, me deu aquele momento perfeito, ele me olhou de um jeito tão encantador, como se eu fosse especial pra ele, alguém que ele gostava, e quando o clima estava perfeito para o beijo com o cara perfeito, o estômago imperfeito ronca! Não pensei que foi tão alto, mas, o olhar lindo dele se foi, e veio o olhar tão desconcertado que ele me empurrou de cima dele. Ou seja, ele ouviu.
— Vou ligar pra , ela deve estar preocupada. — menti, ela podia estar curiosa, ansiosa, mas, preocupada, jamais.
Eu me afastei um pouco e fingi ligar pra ela, também levantou da grama e sentou na toalha e pegou o violão, começou a dedilhar algumas músicas do Super Junior. Minha vergonha era grande, fui rejeitada pelo , mas eu não tinha orgulho perto dele.
Ele estava sentado de frente pro lago, eu cheguei devagar e sentei atrás dele, encostando minhas costas na dele. Prendi a respiração esperando que ele me mandasse sair, e ele, tão perfeito que além de não me mandar sair, falou:
— O que quer ouvir minha namorada por um dia? — dei graças a Deus por ele não poder ver minha cara, eu estava igual à pintura “O Grito”, apenas a careta sem som. — Poxa. Daria tudo para ver a cara que você está fazendo.
— Pois eu estou agradecendo por você não poder ver.
— Por quê? Eu amo essas caras e bocas exageradas que você faz.
— Mentiroso. Você ama rir das caras e bocas exageradas que eu faço, isso sim.
— Não deixa de ser verdade também. Mas e a música...?
— Começa com nossa OST aí... — eu disse, encostando minha cabeça na nuca dele.
— Nos já temos trilha sonora? E qual seria?
— Hero.
— Hero? Por... Ah. Boba. Você podia ter escolhido uma em coreano, às vezes eu erro a pronúncia em japonês.
— , meu anjo, eu apanho para o coreano que já estou mais acostumada. Você acha mesmo que eu vou reparar a sua pronuncia no japonês?
— Verdade. Então, vamos de nossa OST.
Fechei os olhos e ele começou a tocar e cantar...
“Sora wo tobu manto mo nai
Kaze no youni hashireru butsu mo”
“Eu não tenho o manto para voar no céu
Não tenho botas que me fazem voar rápido como o vento”
Se eu morresse nesse momento, morreria feliz. Meu nível de felicidade atingiu o limite, nunca, nunca mesmo eu seria mais feliz do que estava sendo nesse momento. Se eu fosse mais feliz que agora, eu podia ter certeza que estava morta e no paraíso.
Após Hero ele tocou algumas outras que, ou ele mesmo escolhia, ou que eu implorava. Perdi a noção de quanto tempo ficamos ali e quando dei por mim, estava deitada, abri os olhos lentamente e vi o céu já escurecendo, devo ter pegado no sono novamente. Eu sempre dormindo quando não devia, como eu pude dormir enquanto o tocava pra mim! É o fim! Aish, Pabo, mil vezes Pabo!
Virei a cabeça lentamente e dei de cara com o rosto dele, com a boca pra ser mais precisa, ele estava a uns 20 cm de mim, deitado de lado e os olhos fechados. Fiquei imaginando de como tinha isso nessa posição. Sim, porque nós estávamos em direções opostas, minhas pernas para o norte e as dele pro sul. Fiquei estudando seu rosto, cada detalhe daquela perfeição da natureza.
Como a disse, ele realmente era um personagem de mangá, perfeito, lindo, não pode ser real mesmo, faz parte da minha imaginação.
— ... — eu sussurrei. Ele nem se mexeu. — É você deve mesmo ser fictício, não é real. Se eu te tocar é capaz de evaporar e desaparecer.
Estendi minha mão lentamente e toquei sua bochecha, prendi a respiração já esperando o momento que ele abriria os olhos e visse essa ousadia. Como ele continuou quieto eu soltei o ar e ousei ainda mais. Porque coisa errada é assim, só dá coragem de errar mais.
Fiz um tour no rosto dele: desenhei sua sobrancelha, sua testa, seu nariz, sua boca. Queria externar minha felicidade, que já não cabia dentro de mim, mas me contive em rir descaradamente sem fazer barulho.
Como eu disse sobre as coisas erradas, elas só aumentam. Minha mente fervilhava de idéias de como me aproveitar dessa pobre criatura que dormia tranquilamente.
Comecei a me sentir mal por estar fazendo isso, porém não durou muito. Nem se eu fizesse força poderia resistir a estar tão perto dele e não tocá-lo, beleza demais, perfeição demais, próximo demais. Não sou obrigada a me controlar.
Com isso em mente, de que estava absolvida dos meus crimes contra o corpo indefeso do Ultimate, eu me aproximei sem mudar a direção, que dava pra sua testa, parei, respirei, e o beijei. Parei ali por uns momentos. Eu estava fazendo mesmo isso com ele, nossa como sou sortuda, doida, mas sortuda.
Tentei voltar bem devagar pro meu lugar, encarando sua testa, agradecendo pelo batom ter saído há muito tempo, afinal, como eu iria explicar pra ele uma marca de batom no meio da testa?
E quando já estava quase chegando para o meu lugar, parei de focar em sua testa e fui procurar onde seria meu próximo ataque.
Então eu vi aqueles olhos abertos, me encarando, me julgando.
A minha boca mexia sem sair som, ensaiava uma desculpa, mas nada saia.
Virei de costas encarando o céu.
— Desculpa. Eu estava errada. Me desculpa, de verdade, me desculpa.
Queria chorar de tanta vergonha.
— Você está arrependida por ter me beijado, ou por ter sido pega?
Aish! Espertinho metido a engraçadinho, lá vem ele se divertir as minhas custas novamente. Só que dessa vez tenho que aturar, era melhor ele rir de mim, do que ficar bravo comigo.
Com minha demora para responder, ele falou:
— Reponde logo. Hum? — ele ficou rindo por um tempo. — Por ter sido pega, não é? Olha pra mim e responda. -shi, -ya. Responda.
Será que se eu fingir que estou dormindo ele me deixaria em paz? Fechei os olhos mesmo sabendo que ele não acreditaria. Sou dessas iludidas.
Escutei o se mexendo ao meu lado, mas resistir à tentação de ver o que ele estava fazendo, ou onde estava indo. Sabia que ele iria jogar comigo e provavelmente perderia novamente, como não perder se ele jogava baixo.
Alerta! Perigo! perto demais. Mesmo não abrindo os olhos pude perceber que ele apenas chegou mais perto, para provocar a boba. Eu sei que acabaria perdendo mais cedo ou mais tarde, mas iria tentar com todas as minhas forças ser um pouco mais difícil.
— . Me responde... Hum?
Pela voz de dengo que ele fez, já imaginei a carinha que estava em seu rosto, cara de criança fazendo birra.
Abri os olhos, lógico, não perderia de ver essa cara cheia de Aegyo que ele tinha por nada nesse mundo. Eu não estava confessando minha culpa, apenas olhando.
E lá estava ele trasbordando de fofura, deitado de lado apoiando a cabeça com o braço.
— Hehehe, sabia que você não resistiria ao meu carisma. Agora responda a pergunta que o seu Oppa fez.
“Seu malvado! Só por causa disso eu deveria castigá-lo, agarrar você e meter um beijo, não um simples beijo, mas um beijo com línguas envolvidas. Me provoque só um pouco mais”. Deveria falar isso na cara dele, mas se falasse estaria entregando meu atestado de culpa. Então imitei sua posição e apenas retribuir o sorriso sarcástico dele.
— Ah — ele disse num tom de quem estava assustado. — Mas de onde veio essa cara de maníaca? De uma pessoa fria... Está tendo aulas de atuação?
— Sim, com você, professor.
— Ah. Quem é você? O que fez com a ? Devolve o corpo pra ela.
Eu fiquei encarando ele com a mesma expressão, encarando apenas o queixo dele, evitei olhar os olhos e a boca, estava determinada a ser um pouquinho mais forte dessa vez.
Ele pegou minha mão livre e trouxe pra perto da sua boca.
— Por que você ainda tenta jogar comigo? Você sabe que vai perder.
Eu apenas mantive meu olhar no queixo dele, ignorado totalmente quando ele aproximou minha mão dos seus lábios. Eu sei, ele já fez isso antes, mas, como superar seu Ultimate beijando sua mão tão sedutoramente?
Mas o que ele fez foi pior, ele abaixou todos os meus dedos e deixou apenas o indicador e a mesma coisa que eu fiz com ele “dormindo”, ele repetiu, passando meu dedo pela bochecha, depois pelas sobrancelhas, testa, nariz, queixo — eu já estava morrendo aí, mas o próximo era a boca, e só de pensar nisso eu agradeci a Deus por ele não estar do meu lado, tipo na mesma direção, porque se estivesse, eu corria o risco dele sentir/ver o quanto meu coração batia descontrolado — então ele chegou à boca e sorriu enquanto fazia me dedo desenhá-la. E, por fim, ele beijou minha mão.
E morri.
Ou não morri, já que o ouvi dizer:
— Parece que seu olhar frio foi embora. E então pronta pra confessar? — ele perguntou, sem soltar minha mão.
— Confessar? O quê? — Eu não estava mais jogando, eu estava viajando mesmo, fui pro planeta , não sabia mais quem eu era, muito menos meus erros.
— Come back to me, . Volte e confesse.
— Não confesso nada, não vou perder pra você, não hoje, ou não por tão pouco. — eu disse e deitei de costas novamente. Já podia ver as primeiras estrelas, já devia ser umas 17 horas e eu tinha que resistir só um pouco mais, não sabia até quando ele ficaria comigo, e eu tenho que ser beijada por ele, mesmo que o beijo não seja perfeito como nos filmes, fanfics, ou o da com o . Por isso eu tenho que resistir.
— Pouco? Pouco? Hã? Como você diz isso e vira a cara, mocinha? Por acaso isso faz sentido?
Ele esperou que eu dissesse algo e eu nem respirei, pra evitar ser traída pelo seu perfume tão perto.
— Entendi, , já entendi que você já está imune a alguns métodos meus — imune meu pé, pensei e sorri —, mas eu tenho uns inéditos.
Ele se mexeu e apareceu escondendo minha visão do céu e descobrindo meu sorriso bobo na cara.
— Ya. — Ele gargalhou até cansar.
— O que? — não aguentei e gargalhei também.
— Sua pervertida. — Ele fingiu empurrar minha testa com meu dedo indicador, sim, ele ainda estava segurando minha mão. — Eu não estava dormindo, eu sei o que fez, você sabe que eu sei. Só confesse.
— Não quero. E me dá licença, você está me atrapalhando de ver as estrelas.
Ele só ria. Miserável. Ele ia me fazer beijá-lo e assumir a responsabilidade, como estava fazendo agora.
— Então você prefere o céu ou isso? — lá vem, pensei já me preparando pra bomba. E então um beijo rápido na bochecha.
— Céu.
— Céu ou isso? — “ria de mim mesmo ”. E beijo na outra bochecha, só que mais demorado dessa vez.
Eu demorei a responder, mas saiu.
— C-Céu.
— Sério? Então eu vou deitar aqui no meu lugar e vamos olhar ele juntos. — “Não faça isso comigo, ”.
Ele levantou um pouco a cabeça, mas parou no meio do caminho.
— Engraçadinha. Eu sei que você morreu por dentro, sua cara de pavor te entregou. — Eu continuei quieta, firme no meu propósito. — Ok, então, vamos jogar? O céu ou...
Beijo na testa... Se eu tivesse alguma dúvida de que a terra era redonda, ia ter certeza nesse momento, minha sensação era de que o mundo estava girando e girando. Como estávamos ao contrário, ao beijar minha testa ele acabou encostando seu nariz no meu, não saberia dizer qual o mais gelado.
Ele parou de me beijar na testa, mas não levantou a cabeça, ao invés disso, ela a balançou bem devagar, de um lado para o outro. Ele estava com os olhos fechados, por isso não pude nem tentar ler sua expressão, porém ele não estava mais rindo.
Ele ficou assim por um tempo, e então eu entendi. Ele estava me dando um sinal. Ele não iria me beijar mesmo se quisesse muito, muito menos pra cumprir meu último pedido da lista.
Ele não faria isso comigo. Talvez se eu fosse uma fã normal, dessas que se contentam de apenas gostar da música, ir a alguns shows e vivem felizes. Talvez ele pudesse mesmo ter algo comigo, nem que fosse por um dia, mas eu não era uma fã normal, era? Alguma fã de Kpop é normal? Ou eu fazia parte de um grupo de loucas, viciadas e doentes?
Mas lá no fundo, bem lá no fundo eu era normal, mesmo que eu tivesse ciúmes dele das integrantes de girlgroup, ciúmes das dançarinas indecentes da empresa dele —meu sonho ser uma— eu só queria o melhor para ele e que fosse feliz. Que o futuro dele, com quem quer que fosse, onde quer que fosse, fosse perfeito como ele era.
Quando ele parou de balançar a cabeça, nem fez a pergunta se era “céu ou...” ele passou tão perto da minha boca que deu pra sentir seu hálito, manga. Ele tinha trazido frutas tropicais também. Mas, ele passou direto e beijou apenas o meu queixo.
— Céu ou ...
— Culpada — eu o cortei, ele voltou a encostar seu nariz no meu e sorriu, eu sorri também.
— Culpada? Acho que não entendeu minha pergunta.
— Entendi, sim. Eu não estou arrependida de nada, nem de ter abusado desse anjo inocente desprovido de maldade e impureza que é você. E nem me arrependo de ter sido pega. Então, culpada.
— Descarada.
— Sincera.
— Ok. Sua sinceridade me faz muito feliz e me rende boas risadas. Obrigada.
— Por nada, quando precisar me liga.
— Claro, pode deixar...
Ele continuou fazendo carinho em mim com o nariz, e eu já sabia que ele estava querendo, então quando ele veio com aquele nariz gelado fazendo carinho na minha bochecha e parou a boca dele ao lado da minha eu disse:
— Oppa, só uma última coisa...
No momento em que ele levantou um pouquinho de nada a boca do meu rosto pra perguntar o que era, coloquei minha mão na sua nuca, suavemente o puxei e o beijei.
Me senti a Mary Jane beijando o Peter Park. Então essa que é a sensação de beijar o homem aranha?
Como eu sorri, ele se afastou um pouco.
— O que foi? Não consegue segurar nem por um momento seu sorriso bobo.
— Não é isso, Mary Jane... — eu achando que sabia tudo de super herói resolvi brincar num bobo desses, tipo no meio do meu beijo com o .
— Mary... — ele entendeu e sorriu. — Eu sou Peter. E você é a Mary Jane sua boba.
— Eu te beijei primeiro... — Merda, tinha me esquecido que no filme quem beija ele primeiro é ela, mulherzinha sem vergonha. — Ok. Você é mesmo o Peter Park.
Nem o deixei sorrir do meu vacilo, o puxei novamente. E esqueci da vida ali beijando ele.
— , está doendo. — Ele disse se levantando.
— O que? A consciência? O arrependimento? Já?
— Não, minhas costas... A consciência talvez doa amanhã. Você vai...
— Eu vou ficar bem. Já vamos? — perguntei, quando o vi se levantando.
— Você quer ir?
— Muito. Por favor me leve embora. Não aguento mais olhar para sua cara.
Ele se deitou ao meu lado, na mesma direção dessa vez. Como ele ficou muito tempo quieto.
— Oppa... Não precisa mesmo se preocupar comigo, eu não vou falar sobre isso nos jornais, e nem vou fazer escândalo na porta da sua empresa.
Ele sorriu, mas, ainda assim estava com aquela cara triste, talvez não de arrependimento, mas de preocupação.
— Tem certeza que você vai...
Eu me levantei e beijei sua boca.
— É sério, , eu estou...
Beijei o novamente.
— Ya! Sua espertinha, eu estou tendo uma conversa séria...
— Eu também estou.
O beijei de novo, e de novo e de novo até que minhas costas doeram. E eu deitei olhando pro céu novamente.
— Já entendi que você vai ficar bem. Obrigado pelas suas sábias palavras. Um discurso muito esclarecedor.
— Obrigada você. Quando precisar de um discurso como esse você sabe onde me encontrar.
Como ele continuou em silêncio, resolvi falar sério mesmo com ele.
— Eu vou ficar bem. É sério, sem brincadeira. Eu, , vou continuar sendo sua biased incondicional até o dia que tomar vergonha na cara, ou perder a memória. E eu, , a pessoa que te beijou, vai viver a vida, estudando, trabalhando, voltando para o Brasil daqui a alguns meses, e guardando tudo o que houve com um certo Ultimate como se fosse um livro que estava lendo, assim que terminar a leitura, vai fechar o livro, e quando quiser relembrar a história, vai reler o livro, e pode até mesmo adormecer lendo ele, mas quando acordar vai fechar o livro e viver sua vida normalmente.
’s POV
Depois que falou do livro, um peso saiu do meu peito, ela estava certa, daqui a algum tempo posso me lembrar de tudo e sorrir, ou chorar, ou apenas sentir saudades.
— Peter Park... — eu me vi falando. — Você me sai com cada uma .
Ela deu a risada descarada típica dela.
— Você tinha que ser algum herói. E nada melhor do que o Peter Park que era loucamente apaixonada na mocinha.
— Hahaha muito engraçada. E por falar em engraçada. O que significa Ca... como é mesmo o nome... “Ca-va-li-nho” — eu falei em português a palavra cavalinho.
— Por quê? — Ela disse se virando pra mim.— Onde ouviu isso?
— Ouvi de você sua bêbada desmemoriada.
Não vi sua expressão, já que estava olhando pro céu. Mas ela que estava de lado olhando para mim, rapidamente, deitou de costas também.
— Cavalinho?
— Sim. Ca-va-li-nho. O que é?
— É uma maneira que chamamos os filhotes dos cavalos. Em inglês fica tipo, little horse.
— Entendi, então enquanto eu me matava de subir com você aquele monte escada, você me chamava de cavalinho? Obrigada pela consideração.
— Oppa? Sorry sorry. Hum? Me desculpa, como você mesmo disse, bêbada desmemoriada... Como controlar a boca?
— Sei... e pan-ga-ré.
Ela começou a tossir.
— C-c-como? O que disse?
— Pan-ga-ré.
— É ... tipo...tipo... ALAZÃO. Isso, alazão, cavalo de raça, desses que valem milhões.
Ela riu e continuou olhando e céu. Mentirosa, eu já tinha pesquisado tudo, inclusive aquela música horrorosa do pocotó.
— Então é isso?
— Sim, é.
E ainda ousava sorrir desse jeito.
— Te perdoo, sua mentirosa, não pela péssima desculpa, nem por causa do seu estado de embriaguês. Só por causa do seu sorriso, que é muito lindo.
Ela olhou pra mim sorrindo.
— Esse sorriso? — ela me atacou até agora, sorrindo, eu não era obrigado a ser apenas atacado. — Ou esse sorris...
E assim a beijei pela primeira vez. E como vingança, a beijei de novo e de novo e de novo. E então apenas beijá-la não era mais suficiente, eu queria mais que isso, precisava dela. E mesmo num lugar aberto, correndo o risco de ser pego, bloqueei meu raciocino, só pensei nela, e de quanto precisava sentir e ter o seu corpo para mim.
Ela entendeu isso e como outra louca, se entregou a isso também e eu a tivesse ali em pleno jardim, era loucura, sabia, mas nós nos amamos, com as estrelas de testemunha.
Foi tudo tão perfeito que desejei parar no tempo, queria viver nessa tarde para sempre.
Quando terminamos, ficamos deitados olhando para o céu já escuro e repleto de estrelas, ficamos em silêncio por um tempo até que escutei sua voz:
— Soneto de Fidelidade.
— Como? Por acaso está me chamado de outro tipo de equino?
— Claro que não seu bobo, já disse que foi meu eu bêbada quem falou esses absurdos. Eu disse o nome de um poema de um poeta brasileiro.
— Você gosta de poesia?
— Só em música. — ela riu e continuou. — Gosto de alguns, mas não tenho a serenidade e paciência pra ler e ficar tentando entender o que o poeta quer dizer.
— Então por que...?
— Desse eu gosto. Vinicius de Moraes entendia de romances passageiros, por mais lindos e intensos que fossem eles tinham fim.
Já estava curioso pra saber que poema era esse, mas não precisei perguntar, ela foi falando o poema, estava dizendo aquilo para ela própria, mas me agarrei àquelas palavras também. Porque, enquanto ela falava, eu entendi o motivo da ter se lembrado do poema em específico.
Continuou falando, e quando estava chegando o final, se deitou no meu peito e terminou o poema. Lindo triste e verdadeiro, mas que de certa forma trazia algum conforto. Fechei os olhos e aproveitei meu infinito.
(...)
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
~Fim~
Gostou? Então, curta e deixe um comentário!
OHHHH MEU DEUS QUE TUDO!!!QUERO MAIS PLLDS!!!!! POSTE RAPIDO OK??
ResponderExcluirPS: PODE SER O MIMI MEU BIAS? KKK
Pode ser sim kkkkkk
ExcluirE vou mandar mais um cap. p/ a Purple ainda hoje, ok?
Nyaaaahhhh esperando ansiosa!! ♥
ExcluirTADINHAAA :'( CADE O CAP 3 MOUSSA??? TA PFTO!!
ResponderExcluirAcabando de revisar :)
ExcluirTô gostando muito dessa fic, e louca p ler o restante.
ResponderExcluirVou ficar esperando a att ^^
NYAAAAAHHH MEU HERÓI!!! Dois capítulos assim,tudo de bom!! ^•^
ResponderExcluirUM BEIJO?? COMO ASSIM ILUDINDO A BEST!? E eu também ia ganhar um? Aishh q bias frouxo kkkkk Amando muito ^•^
ResponderExcluirContinuaaaa , por favor :)
ResponderExcluirWHAT???? BEIJO NA BOCHECHA!! BIAS MALDITO RSRSESRS
ResponderExcluirWHAT???? BEIJO NA BOCHECHA!! BIAS MALDITO RSRSESRS
ResponderExcluirAWWNN QUE HOMEM FOFO!!! Chorei aqui!! Ahhhh ilusão!! Kkkk ta pfto. Pode continuar já!!
ResponderExcluirC-H-O-R-A-N-D-O NAOOOOOO ESSA FIC NAO PODE ACABAR,EU PROIBO!! COMO ASSIM ESSA PERFEIÇÃO TODA E AGORA EU TENHO Q CAIR DA CAMA?? OWNNT Parabéns,essa ficou fofa d+ ♥♥♥ Continue abusando das fofisses em fics rsrsss BJS
ResponderExcluirC-H-O-R-A-N-D-O NAOOOOOO ESSA FIC NAO PODE ACABAR,EU PROIBO!! COMO ASSIM ESSA PERFEIÇÃO TODA E AGORA EU TENHO Q CAIR DA CAMA?? OWNNT Parabéns,essa ficou fofa d+ ♥♥♥ Continue abusando das fofisses em fics rsrsss BJS
ResponderExcluirpleaseeeee! faz uma 2 temporada pois eu preciso pfv pfv!!
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