OTHER: Before The Year Ends, by Nikki

Before The Year Ends

BEFORE THE YEARS END
por Nikki

Roubar o noivo da minha amiga não estava entre minhas resoluções de ano novo; mas eu faria o que fosse necessário para impedi-la de cometer o maior erro da sua vida.
Gênero: Romance, Citrus, UA
Dimensão: Shortfic
Classificação: PG-15

Beta: Alyssa

Disclaimer: Quase nada aqui me pertence. A história é uma adaptação da primeira parte de “Caso Complicado” e “Magia do destino”. e também, infelizmente, não são meus. Se ao menos um deles me pertencesse, eu jamais perderia tempo sentada na frente do pc escrevendo xD~

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Capítulo Único

 

— Finalmente. — murmurei, aliviada ao chegar à cobertura. Ter que ficar fechada naquela caixa enquanto subia cinquenta e um andares não fora nada divertido com minha fobia de elevador.

Eu tirei minha capa e entreguei para a moça atrás do balcão na recepção. Depois de guardar na bolsa o tíquete que ela me deu, me virei para o grande espelho na parede e passei a mão pela saia do vestido, feliz por ele não ter amassado no táxi.

Ao entrar no salão, quase perdi o fôlego. As pessoas mais ricas e famosas de Seul estavam ali, para o que os colunistas sociais definiriam como a festa da virada mais importante da cidade. Tudo brilhava, desde as toalhas das mesas até os vestidos luxuosos, estava tudo lindo, elegante e impecável. Todo o teto estava coberto por minúsculas luzes brancas, criando uma abóbada de estrelas.

Bastou uma olhada rápida para perceber que era a única convidada anônima. Não que isso me incomodasse, de qualquer modo. Além da grande quantidade de homens lindos, ricos e disponíveis que estavam por ali, ainda tinha meus amigos, , e . Ou melhor, e . só me tolerava porque eu era a melhor amiga da noiva dele; mas obviamente preferia me ter a quilômetros de distância. De qualquer jeito, estava feliz pelo convite, senão passaria a virada sozinha em casa, vendo uma comédia romântica e me entupindo de chocolate.

Eu só esperava que fizesse a gentileza de aparecer. Ele era meu acompanhante não oficial daquela noite. Infelizmente ele tivera um imprevisto de última hora no trabalho e eu tivera que pegar um táxi e ir sozinha, contando com a vaga promessa de que ele chegaria antes da meia noite. Suspirei. Se não aparecesse, eu teria que arrumar outra pessoa para beijar a meia noite. Não havia nada mais triste do que uma garota sozinha numa festa de Ano Novo, enquanto todos os casais ao redor se beijavam. E eu pretendia começar o ano com o pé direito.

Eu fui até o bufê e me servi de alguns canapés. Enquanto comia, avistei no meio de um grupo de homens vestindo smoking. Encontrei um lugar próximo a uma das colunas e o observei, sem ser vista. Nunca conhecera alguém tão frio e formal quanto ele, sempre impecavelmente vestido, camisa engomada, nenhum fio de cabelo fora do lugar. Sempre que o via, tinha vontade de lhe despentear os cabelos e desfazer o nó da gravata. Ele era o tipo de homem que precisava de um pouco de confusão na sua vida. Talvez assim começasse a parecer um pouco mais humano.

A única coisa que tínhamos em comum era . Eu sabia que ele me desaprovava tanto quanto eu a ele. Na verdade, ele me achava inapropriada para andar com e aproveitava todas as oportunidades para deixar isso bem claro. E eu fazia o mesmo; o que transformava nossos ocasionais encontros em trocas de farpas.

Quanto a mim, eu sentia pena dele. Apesar da aparência atraente, o conteúdo parecia insosso. Claro que se vestia muito bem e tinha um corpo capaz de enlouquecer qualquer mulher. O rosto era perfeito e os lábios sensuais. Quem não ficaria fascinada? Além de mim, é claro. era o genro que toda mãe pediu a Deus; íntegro, confiável e milionário. Mas agia como se o mundo lhe pertencesse, só por que tinha alguns bilhares de won. E cuidava de como cuidaria de uma das suas propriedades.

Alguma coisa me fez desviar o olhar e eu localizei do outro lado do salão. Ela estava em pé, perto da pista de dança, parecendo um tanto deslocada. Só alguém tão insensível quanto para deixá-la sozinha naquele ambiente.

Atravessei o salão, pegando uma taça de champanhe de uma bandeja no caminho. Fazia mais de uma semana que não a via, já que eu havia passado a última semana com minha família no interior; então estava feliz por vê-la.

— A comida está excelente. A sra. sabe como fazer as coisas. — disse ao me aproximar de . Ela desviou o olhar do namorado e olhou sem muito entusiasmo para o prato com camarões empanados, tortinhas e canapés que eu entreguei a ela.

Ela mordeu um camarão empanado e olhou a multidão, pensativa.

— Notou uma coisa? — perguntou. — Essas mulheres não comem. É mais uma coisa que preciso aprender: morrer de fome sofisticadamente.

— O que é uma tremenda tolice, já que todo mundo sabe que homens de verdade apreciam as mulheres com apetites vorazes. — disse, me fazendo de indignada. O que arrancou um pequeno sorriso dela. — Não acha que elas parecem um pouco sem vida?

— Perto de você, todo mundo parece um pouco sem vida! — respondeu, rindo.

— Obrigada. — disse, com um sorriso travesso. Eu dei um pequeno giro para que ela admirasse o movimento da seda vermelha. — Pelo menos alguém notou meu vestido.

Eu havia desenhado o modelo especialmente para uma atriz há uns meses atrás e, quando me convidou para a festa, eu corri para confeccionar o vestido na cor da paixão. Afinal, essa provavelmente seria uma oportunidade única de usar uma roupa assim.

— Querida, só um cego não notaria seu vestido.

Eu sorri, observando o quanto ela estava linda. O vestido azul lhe caía como uma luva, moldando suas curvas elegantemente. Eu sentia uma pontinha de orgulho pela roupa, que também fora feita por mim. Junto com a maquiagem leve e o penteado, ela estava uma perfeita dama da sociedade; poderia colocar qualquer uma daquelas grã-finas de nariz empinado no chinelo.

deve estar orgulhoso de você. — provoquei, cutucando-a com o cotovelo. Ela deu um sorriso sem graça e mudou de assunto.

— Você veio com o ?

— Não. Ele vinha comigo, mas amanhã vai para uma zona de guerra qualquer. Tinha que arrumar as malas e pegar as passagens, mas disse que viria, se desse tempo.

— Parece que as coisas não vão muito bem entre vocês.

— Acho que deixo louco. — confidenciei, depois de tomar um longo gole de champanhe. — Temos saído juntos de vez em quando, mas sei que ele sai com outras mulheres. Também saio com outros homens, mas claro que não contei isso a ele. Como vê, nenhum de nós dois está a fim de se comprometer. — Dei de ombros, suspirando. — E você ainda não me contou o que ganhou de Natal.

me pediu em casamento na véspera de Natal, e eu aceitei. Vamos anunciar o noivado à meia noite.

Meu queixo caiu. Nada havia me preparado para isso. E como ela podia estar tão calma para me dar uma notícia dessas? Pelo amor de Deus, só se fica noiva uma vez na vida! Quero dizer, a menos que você goste de colecionar casamentos e ex-maridos.

e formavam o casal mais sem graça que eu conhecia. Não me entenda mal; ambos eram atraentes e ficavam lindos juntos. Eram o tipo de casal que todo mundo invejava, o par perfeito. Mas não para quem realmente os conhecesse. Da minha parte, eu conhecia o suficiente para saber que ele nunca poderia fazê-la feliz. Ele até podia ter suas qualidades — procurando bem, você até achava algumas —, mas não era o homem certo para ela. Não era o homem certo para ninguém, pelo amor de Deus. Era muito pé no chão, muito centrado. O relacionamento deles era estável demais. Nunca brigavam, se desentendiam ou discordavam um do outro. Era muito morno. Eu estava longe de ser uma expert em relacionamentos, mas tinha certeza de que para vida perfeita a dois deveria haver sentimentos fortes, incluindo paixão e brigas. Mas tinha essa ideia absurda de que estabilidade era a base.

Eu segurei a mão dela sem acreditar no que via. Era mesmo um diamante, tão grande que poderia ser visto a um quarteirão de distância.

— Não! Você não pode casar com ele! é um... tonto, um esnobe. Sem falar que você não o ama.

— Isso não é verdade! — estava com o rosto corado e seu tom soou um pouco mais alto que o normal. — Gosto muito do . Além disso, ele pode me dar a vida que sempre sonhei, um futuro seguro, uma família bem estruturada.

— Uma família bem estruturada? — ecoei. Eu sabia essa questão de família era um de seus pontos fracos, mas isso já era absurdo. — A família dele? Você quer se transformar numa dessas pessoas vazias e antipáticas?

— Nós vamos formar nossa própria família; teremos filhos.

— Com um homem que não ama? Mesmo que ele não a ame? — me apressei a acrescentar, percebendo que ela estava pronta para contestar.

— Mas eu o amo! — quase gritou. — Só porque não danço nua em cima da mesa para agradá-lo e não mando minhas calcinhas pelo correio, não significa que não o ame!

Dessa vez, eu que senti meu rosto corando. Eu já havia feito algumas loucuras nos meus relacionamentos, mas quem não faz? Isso é perfeitamente normal. Eu sabia que não aprovava meu comportamento — ele nunca aprovava nada que eu fazia ou dizia —, mas nunca imaginei que também me reprovava.

— Nunca mandei minhas calcinhas pelo correio, para homem nenhum! Eu mandei por mensageiro.

— E eu tenho certeza que ele também me ama. Nós sabemos o que estamos fazendo.

— Você merece coisa muito melhor. — insisti, sentindo uma pequena pontada no peito. poderia lhe dar estabilidade, financeira e emocional, mas junto com o dinheiro dele, viriam regras e exigências. — Merece paixão, loucura, amor desenfreado.

— Não preciso de nada disso. — cortou. — Tenho tudo o que preciso, juro.

Não havia nada que eu pudesse dizer para fazê-la mudar de ideia. Só me restava torcer para que minha amiga percebesse a tempo o engano que estava cometendo. Uma mulher tinha que estar apaixonada pelo homem com quem ia se casar, e só sentia admiração, respeito e afeição. Eu jamais pensaria em me casar se não estivesse completamente apaixonada.

Antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, um homem se aproximou e me convidou para dançar. Eu dei uma última olhada para antes de me afastar, querendo me certificar de que ela ficaria bem. Ela sorriu para me incentivar a ir em frente.

Já fazia um tempo que eu estava dançando com o banqueiro quando chegou. Embora não usasse smoking, ele era sem dúvida um dos homens mais atraentes da festa. Os cabelos negros, um pouco compridos, combinavam com a jaqueta de couro e a calça jeans que vestia, quase como se ele quisesse deliberadamente se destacar das pessoas presentes.

Quando a música acabou, eu me desculpei com o banqueiro e fui até , que estava agora com . No caminho, fiz uma pausa para pegar mais uma taça de champanhe e notei que os dois tinham os olhos fixos em mim. comentou alguma coisa, obviamente sobre mim, que deixou de boca aberta. Eu sorri para eles, erguendo a taça em um brinde imaginário. se apressou em desviar o olhar e falou algo com . Terminei meu champanhe em um gole e fui até eles.

— ...com uma mulher que criasse confusão. — ouvi dizer. Provavelmente falando mal de mim.

ia replicar, mas se calou quando viu que eu estava perto.

— Você chegou! — Eu atirei os braços ao redor do seu pescoço. Pensei em lhe dar selinho, mas notei que ele parecia meio tenso, então sorri para . — Olá, senhor .

— Oi, . — ele respondeu, seco como se costume. Eu retornei minha atenção para meu acompanhante.

— O que achou do meu vestido? — Eu me afastei para rodopiar, mas ele segurou meu braço.

— Não faça isso.

— Por que não? — lancei um sorriso desafiador. Provavelmente ele achava que eu estava muito bêbada para girar.

— Ele deve estar com medo que seu vestido caia caso você se mova muito bruscamente. — opinou .

— O que quer dizer? — Eu me virei para ele, irritada.

— É que seu vestido é um pouco... hm... revelador. — tentou apaziguar. — E você me parece um pouco bêbada.

— Estou comemorando. — expliquei, lançando um sorriso charmoso e um olhar breve na direção do . — Temos algo muito importante para comemorar essa noite.

— O que? — perguntou.

— Ainda não sabe? — sorri, fingindo inocência e percebendo o olhar aborrecido de sobre mim. — Minha melhor amiga vai ficar noiva do seu melhor amigo.

— O que?! — repetiu, lívido. E então se virou para , como se duvidasse.

— Não fique tão surpreso. — disse , dando de ombros, quase defensivamente. — Eu propus e ela aceitou. Vamos fazer o anuncio à meia noite.

Eu percebi que estava tendo dificuldades para digerir a notícia, então o afastei de , com a desculpa de ir dançar. me acompanhou sem protestar.

, noiva de ? — perguntou quando atingimos certa distância, me fazendo parar de andar.

Ele ainda estava incrédulo, apesar da confirmação do próprio amigo, e parecia não ter gostado nem um pouco da notícia. Eu sempre suspeitei que ele tivesse algum tipo de sentimento por além de amizade, mas agora parecia claro para mim.

— Desde a véspera de Natal. Mas como ainda não é oficial, temos tempo de impedir.

— Por que ela não me contou? — ele murmurou. Eu entendia que ele se sentia traído, já que eram amigos desde sempre e havia sido ele que a apresentara ao noivo.

— Você não aprova, não é?

abriu a boca para responder, mas se conteve.

— Se está feliz... fico feliz por ela.

— Fica feliz? — provoquei. — Tem certeza?

Talvez eu devesse ficar com ciúmes pelo seu repentino interesse em , mas não sentia nada além de frustração. Muitas vezes eu sentia que nós só continuávamos saindo para deixar feliz, já que isso fora ideia dela. Nós tínhamos uma boa química, mas isso era tudo. E se ele estava apaixonado por ela, quem seria eu para ficar no caminho? Ele com certeza a faria muito mais feliz do que aquele sem sal do .

Ele suspirou, olhando ao redor.

— Sabe onde ela está? — perguntou, ignorando minha provocação. — Ainda não a vi.

— Acho que ela desceu para o apartamento de . — Na última vez que a vira, ela estava indo em direção aos elevadores. — Por que não vai procurá-la? Aposto que vocês dois tem muito que conversar.

Ele concordou e foi em direção à porta principal. Eu praguejei baixinho procurando um garçom. Assim que encontrei, peguei duas taças de champanhe e bebi uma atrás da outra.

Era por isso que não tinha muitos amigos! A responsabilidade de fazê-los felizes era grande demais! Se tentasse convencer a não se casar com , acabaria perdendo a amiga. E se tentasse fazer reconhecer os próprios sentimentos, seria capaz de me matar. Mas não podia simplesmente ficar quieta e deixar que todos estragassem suas vidas.

 

 

Fazia mais de vinte minutos desde que descera para encontrar e até então nenhum sinal dos dois. Logo daria por falta da noiva e começaria a procurá-la. Pensei em descer até o apartamento, mas mudei de ideia, achando melhor deixar as coisas tomarem seu próprio rumo.

Se realmente amava , essa era a melhor oportunidade para confessar seus verdadeiros sentimentos. E se eu era mesmo amiga de , teria que agir. A vida era curta demais para cautela e discrição.

estava conversando com o mesmo grupo de homens de mais cedo. Ajeitando uma mecha de cabelo que se soltara do coque, me aproximei deles com um sorriso sedutor.

. — chamei. — Você me prometeu uma dança e não vou deixá-lo esquecer a promessa.

Sem lhe dar tempo para uma desculpa, sorri para o grupo e passei o braço pelo dele, puxando-o para a pista de dança. Tínhamos dado só alguns passos, quando ele parou.

— O que você quer, ?

Eu puxei o braço dele, que se recusou a sair do lugar.

— Achei que podíamos dançar. É véspera de Ano Novo. Parece que sumiu de vista e eu não consigo achar em lugar nenhum. — franzi a testa. — Será que estão juntos? Talvez devêssemos procurá-los.

O rosto de estava tenso, mas isso não diminuía a perfeição de seus traços. Eu precisei me conter para afastar a vontade de passar os dedos por aqueles lábios, perfeitos para um beijo.

Céus, eu havia bebido champanhe demais.

— Acho que ficou magoado porque não contou antes sobre o noivado. — comentou, observando a pista lotada de gente.

— Desculpe, eu só queria dar a boa notícia. — retruquei, fingindo inocência. — É uma boa notícia, não é?

— É, sim — ele resmungou. — Embora ninguém concorde comigo. Nem você, nem , nem meus pais.

— Isso é um problema, não é? — Eu dei de ombros. — Vem, vamos dançar.

— Para que fingir que gostamos um do outro? — perguntou , visivelmente irritado. — Você é amiga de e eu respeito isso. Mas não preciso gostar da sua companhia. Se ficar longe, vamos nos dar muito bem.

Eu fingi tirar um fio imaginário da lapela do smoking.

— Nossa, como você é esnobe e arrogante — disse, num tom ácido.

piscou, como se estivesse ofendido.

— Não sou nada disso — retrucou, me pegando pelo cotovelo e me conduzindo para a pista. — Vamos acabar logo com isso.

— Que encantador! Espero que não seja assim que arrasta com você.

passou o braço em volta da minha cintura. Por um segundo, o toque dos dedos fortes nas minhas costas nuas me impediram de pensar. Ele me puxou para perto, para perto demais, me fazendo prender a respiração.

Queria mantê-lo longe, mas nossos quadris se tocavam cada vez que dávamos um passo. Ele dançava com movimentos leves e firmes, surpreendentes para alguém que parecia tão rígido e formal. Nossos passos combinavam tão perfeitamente que eu antecipava qual seria o próximo movimento dele.

— Dança muito bem — elogiei, sem saber o que dizer.

— Você também — ele admitiu, soando mais como um resmungo.

Eu ergui o rosto para ele e levei um susto ao ver quanto estávamos próximos. Seu nariz roçava minha bochecha, como numa carícia. Por um instante, nos fitamos intensamente e eu me senti estranhamente envolvida. Esqueci que ele era o noivo de e o encarei como se tivéssemos nos conhecido casualmente na festa. Tinha certeza de que, se tivéssemos nos conhecido como estranhos, sentiria atração por ele. Havia algo de especial em , a aparência de total autocontrole mascarando a masculinidade sensual sob a superfície.

A atração era tão forte que eu fiquei surpresa com a intensidade. Jamais esperei sentir algo assim com ele. Confusa, acabei pisando no pé de e tropecei. Teria caído se ele não tivesse me firmado pela cintura, me ajudando a recuperar o equilíbrio.

— Você está bem? — ele perguntou.

— Estou — respondi, sentindo meu rosto esquentar.

— Champanhe demais?

— Acho que sim — sorri, aproveitando a desculpa. Desviei o olhar do rosto bonito, tão perto do meu, tentando prestar atenção aos meus passos. Mesmo assim, pisei nos pés dele mais três vezes antes de a música acabar.

Quando a orquestra parou, eu estava ansiosa para sair dos braços do . Apesar de ele exercer um efeito estranho e perturbador sobre mim, eu o detestava. Ele era tudo o que eu abominava em um homem. Arrogante, dominador, condescendente. Às vezes tinha vontade de esganá-lo.

Além disso, se queria acabar com o noivado, precisava me concentrar; o que era meio difícil perto dele.

— Obrigada, .

— O prazer foi meu, .

Ficamos imóveis na pista por alguns instantes; talvez eu devesse dizer algo agressivo como de costume. Eu me sentia incapaz de desviar os olhos dele, como se pela primeira vez estivesse vendo um pouco do homem que ele realmente era. Quando a música recomeçou e os casais ao nosso redor voltaram a dançar, me pegou pela mão, conduzindo para fora da pista. Quando nos juntamos à multidão que circulava pela festa, eu puxei minha mão.

— Acho que vou até o bufê — disse, me sentindo pouco à vontade.

— E eu tenho que voltar para os meus convidados. — Ele olhava por cima do meu ombro, como se não tivesse mais coragem de me encarar. — Se vir , diga que preciso falar com ela.

Eu assenti, vendo-o se afastar em direção ao grupo de homens que entretinha antes. Com um suspiro, ergui a saia e saí depressa do salão.

Por que ficara tão perturbada com ? Eu nunca perdi o controle com homem algum. Por que logo com ele? Pressionei a testa com a mão. Provavelmente havia bebido demais. Ou talvez fosse o clima da noite, a magia da virada do ano. Só podia ser isso.

 

 

Eu esperava o elevador, apertando o botão seguidamente e batendo o pé com impaciência. A festa da senhora acabara sendo a pior da minha vida.

Havia perdido de vista novamente, não achava e estava com medo de encontrar outra vez. Na última meia hora, vagueara pelo salão, flertando com alguns homens e me perguntando por que aceitara o convite. Se tivesse um mínimo de bom senso, desceria até o térreo, pegaria um táxi e iria para casa, brindar ao novo ano sozinha.

Mas precisava encontrar .

Ao entrar no elevador, ajeitei a garrafa de champanhe que havia pegado discretamente. Pretendia ir embora depois que encontrasse e a mandasse de volta para a festa.

— Que confusão! — murmurei. Se amava mesmo , por que a apresentara ao ? Não fazia sentido. E se, por acaso, amava , por que insistira para que namorássemos?

Sorri, começando a entender. apresentara a pensando em trazer à tona os verdadeiros sentimentos dela. E fizera o mesmo com e eu! Só que levara o jogo longe demais ao decidir se casar com .

Eu tomei um gole de champanhe, decidida a entrar no jogo. Contaria à sobre minhas suspeitas quanto a . E faria tudo para que minha amiga ficasse com o homem certo.

Apertei o botão do 48º andar, torcendo para que estivesse sozinha no apartamento do . Era o único lugar onde podia estar. A menos que tivesse fugido com , o que não me parecia provável. Quando as portas se abriram, me vi frente a frente com , que esperava o elevador no saguão em frente ao apartamento. O sorriso dele desapareceu, mostrando que não estava nem um pouco satisfeito em me ver.

!

— murmurei. — É quase meia noite. O que está fazendo aqui, com todos aqueles convidados te esperando?

— Vim procurar .

Eu espiei fora do elevador.

— Onde ela está?

— Não estava no apartamento. Acho que nos desencontramos.

— Talvez ela tenha reconsiderado sua proposta e fugido — sorri.

Ele entrou no elevador e se recostou na parede, me observando tranquilamente. Era impossível não reconhecer o quanto era sensual. Se me pedisse em casamento naquele instante, era bem capaz de cometer uma loucura e dizer sim. Como poderia culpar por fazer o mesmo? Ele era perfeito, e ficava ainda mais atraente de smoking. Por um instante, imaginei como ficaria sem o smoking, mas logo afastei o pensamento.

— Vai subir?

Ele assentiu, continuando a me fitar com um sorriso irônico na boca bem feita. Eu ia apertar o botão da cobertura, mas um impulso me fez mudar de ideia. Apertei todos os botões, até o térreo. A porta se fechou e eu me virei para ele, com um sorriso malicioso.

— Vou para o térreo. Parando em cada andar. Você pode pegar carona comigo e conversar.

Ele olhou o painel de controle e o sorriso desapareceu.

— Preciso subir agora, . Não tenho tempo para esses joguinhos.

Tomei outro gole de champanhe e estendi a garrafa para .

— Não bebo.

— Ora, relaxe — suspirei. — Chegaremos a tempo. Não quero que perca a grande notícia da noite.

— Parece que você não aprova nossos planos.

— De onde tirou essa ideia? é minha melhor amiga e é minha responsabilidade garantir que suas intensões são mesmo sérias. — Eu ergui um pouco a saia, cuidadosamente, e me sentei no chão do elevador. Dei um tapinha no espaço ao meu lado. — Sente-se aqui, . Podemos conversar e nos conhecer melhor.

O elevador parou no 47º andar, as portas se abriram e fecharam. Por um momento, imaginei que desceria, mas ele acabou dando de ombros e se sentando ao meu lado. Suspirando, pegou a garrafa de champanhe e tomou um gole.

— Muito bem. O que quer?

— Vou direto ao ponto. — retruquei, apoiando a cabeça na parede do elevador. — Como soube que estava apaixonado por ?

Ele ergueu as sobrancelhas ao me fitar friamente.

— Não acha esse assunto pessoal demais?

Eu passei o braço pelo dele, apoiando a cabeça no ombro forte. O gesto, que pretendia ser casual, fez meu corpo estremecer.

— Tenha paciência. Nunca estive apaixonada. Gostaria de saber como é.

ficou pensativo por alguns momentos, enquanto a porta se abria e fechava novamente. Tomou outro gole de champanhe antes de falar.

— Não sei se posso te dar essa resposta.

— Por que não? Somos amigos.

Ele começou a arrancar o rótulo da garrafa distraidamente. Talvez formulando a resposta, procurando as palavras certas.

— Bem... há muitas coisas. é meiga, amável. É bonita. E será uma ótima mãe.

Eu ri baixinho.

— Parece que está escrevendo um animal da fazenda.

— Não sou muito bom com palavras — retrucou, me olhando de lado.

— Mas convenceu a se casar com você. — Talvez seja bom de cama, pensei. Para um homem que eu sempre considerara pouco atraente, estava sendo uma surpresa. Era quase impossível resistir à atração que ele me despertava.

— O que quer exatamente, ? — perguntou, irritado.
— Quero saber se ama . Se ela é a coisa mais importante da sua vida. Se fará tudo para vê-la feliz. Se desistiria de tudo o que tem e de tudo o que é, para ficar com ela.

Dessa vez, foi ele quem riu.

— Não seja ridícula. Por que teria que desistir de tudo?

— Você a ama? Responda.

— É claro — respondeu. — E agora podemos mudar de assunto?

— Quero que diga com todas as letras. Vou saber se estiver mentindo.

Sua expressão não escondia a irritação que o dominava ao me encarar. A porta se abriu mais uma vez e eu tive certeza de que ele ia embora. Mas depois de hesitar por um instante, ele suspirou e voltou a me fitar. E quando nossos olhos se encontraram, eu soube a resposta. parecia tão vulnerável que eu me arrependi de ter insistido.

— Não ama — murmurei, sem deixar de fitá-lo. — Não minta. É sério. Se mentir, um raio vai atingi-lo e você irá direto para o inferno.

Naquele momento, o elevador ameaçou parar, as luzes piscaram e se apagaram de vez. Por um momento, não houve nada além de silêncio e escuridão. Então eu gritei. Levantei, tentando achar a porta, mas acabei indo de encontro ao corpo do . As mãos dele rodearam minha cintura, me puxando contra ele.

— Bem, se o raio me atingiu e eu vou para o inferno, você vai comigo. — ele disse, na escuridão. Como ele podia bancar o engraçadinho no momento como aquele?

— O que está acontecendo? — perguntei, segurando seu braço. — O que foi?

Ele acariciou minhas costas gentilmente, tentando me acalmar.

— O sistema falhou.

— Falhou? — Minha voz soava quase histérica. — Não diga isso quando estamos pendurados por uma corda, a milhares de quilômetro do chão!

Eu tentei me aproximar ainda mais, mas ele me empurrou levemente, me segurando pelos ombros.

— Calma. A luz acabou. E não estamos pendurados por uma corda; é um cabo de aço. E não estamos a mais de setecentos metros do chão.

— Só setecentos? — zombei. — Ah, bom... Por um momento fiquei preocupada.

Sua respiração tocou meu rosto quando ele riu.

— Os geradores vão funcionar em alguns instantes. O pessoal da manutenção vai reajustar os computadores e sairemos daqui. — Ele fez uma pequena pausa. — Mas a culpa é sua. Se tivéssemos ido direto para a festa, não estaríamos presos aqui.

— Não me culpe. Foi você que debochou do destino, mentindo sobre algo muito sério.

— Não menti.

As luzes piscaram e logo se acenderam. Eu estava com o rosto contra o ombro dele e o ergui fitá-lo. Meu rosto esquentou mais uma vez. Lentamente eu me soltei do abraço. estranhamente tinha um sorriso satisfeito no rosto.

— Não se preocupe — ele disse. — Não vou contar a .

Eu consegui colocar uma expressão fria no rosto e me afastei para o outro lado do elevador.

— Por que não saímos do lugar?

— Calma — ele disse, se encostando na parede.

Por mais de cinco minutos, esperamos em silêncio, trocando de vez em quando olhares desconfiados. Mas o elevador não se moveu. Fui até o painel de controle e comecei a apertar os botões, que continuavam apagados.

— Não há um telefone aqui? Não podemos pedir ajuda?

— É tudo controlado por computador. Sabem que estamos aqui por causa do peso do elevador.

Suspirei, voltando a me sentar no chão. Eu definitivamente odiava elevadores. E estava com medo, mas era orgulhosa demais para admitir. De má vontade, se sentou ao meu lado novamente, pegando a garrafa de champanhe no chão. Ele me ofereceu e depois que eu devolvi a garrafa, ele tomou um longo gole.

— Acho que não vai mais anunciar seu noivado. Faltam só alguns minutos para a meia noite e não conseguirá chegar a tempo.

vai ficar desapontada — disse, dando de ombros. — E nem quero pensar no que meus pais vão dizer.

— E quanto a você?

— Podemos anunciar o noivado num outro...

— Não — insisti. — Quero saber como se sente.

Ele sorriu, sem graça, sacudindo a cabeça. Não parecia disposto a se abrir comigo; provavelmente porque eu era amiga de .

— Diga — tornei a insistir. — Qualquer coisa que fale aqui, ficará aqui mesmo. Prometo.

— Parece horrível, mas me sinto como se tivesse escapado de um tiro. — Ele suspirou, deslizando os dedos pelo cabelo e abraçando os joelhos. — Sou um idiota.

— É mesmo.

— Obrigado — disse, me olhando de lado. — Acho que é a primeira vez que concordamos em alguma coisa. — tomou outro gole de champanhe, enxugando a boca com as costas da mão. — Desde que terminei a faculdade, tenho sido pressionado para casar e assumir meu lugar na empresa. Sou filho único e a família depende de mim para continuar a linhagem. Quase como um cavalo reprodutor. — concluiu, com ironia.

— E por isso decidiu se casar com ?

— Já estava na hora — deu de ombros. — Se não o fizesse, meu pai acabaria me deserdando. E como seria? Sem trabalho, sem dinheiro, sem lugar para morar.

— Como pode fazer isso com ?

— Não percebe o que posso oferecer? Uma família, uma casa linda, filhos saudáveis... Ela pode ter tudo o que desejar.

— Menos o amor do marido.

— Por que tanta confusão por causa do amor? Gostamos um do outro, não é suficiente? Meus pais com certeza não se casaram por amor. E estão juntos há quarenta anos. Minha mãe se casou com meu pai porque ele podia dar a vida que ela desejava.

Eu suspirei. Por mais que esse tipo de casamento fosse comum na alta sociedade, eu nunca conseguiria entender.

— Tal pai, tal filho. É isso? — Sacudi a cabeça. — Olhe para seu pai, . É essa a vida que deseja? Trabalhar sessenta ou setenta horas por semana, no mesmo trabalho, na mesma mesa, todos os dias, o resto da vida?

— O que eu quero não importa. Levo a vida que nasci para ter.

— E se fosse diferente? Se não tivesse nascido com essa responsabilidade, o que faria? É véspera de ano novo, uma chance de mudar sua vida. O que mais você deseja?

— Riqueza infinita e poder absoluto.

— Qualquer coisa — insisti. — Menos isso.

se endireitou e pensou por um instante. Ele tomou o último gole de champanhe, depositando a garrafa vazia no chão, e sorriu.

— Uma aventura.

— Como... assim? — Eu franzi a testa. — Que tipo de aventura?

— Qualquer uma, uma bem louca e inesperada.

Eu o encarei por um tempo, refletindo.

— Tipo... fugir no dia do seu noivado? — sugeri.

Ele riu. Um riso bem charmoso que fez algo borbulhar no meu estômago. O champanhe, talvez?

— Claro que não.

— Por que não? Seria totalmente inesperado.

— Jamais faria algo para magoar .

— Eu acho que ela superaria. — Principalmente com ao lado dela, mas não achei necessário acrescentar esse detalhe para ele.

— Está mesmo determinada a acabar com meu casamento, não é? — Ele me olhou de esguelha, o canto da boca repuxado num sorriso irônico. — Está apaixonada por mim?

Eu fui obrigada a rir; que ideia absurda era aquela?

— Você ouviu o que acabou de dizer? — perguntei, quando consegui controlar o riso.

— Claro, por quê?

— Ora, eu mal te suporto! Jamais me apaixonaria por você!

— Ótimo! — retrucou, aproximando o rosto do meu para demonstrar sua irritação. — Eu tampouco te suporto!

— Eu teria que estar louca para gostar de você! — gritei de volta.

— Eu... — Ele se calou e eu me dei conta do quanto nossos rostos estavam próximos. A irritação nos seus olhos havia se transformado em desejo. Nossas respirações aceleradas se misturavam e seu olhar estava fixo na minha boca. Eu mordi o lábio inferior, não como provocação, mas tentando me conter de fazer o que não devia. — Eu não sou tão ruim assim... — murmurou.

— Eu sei. — admiti, no mesmo tom. — E talvez eu esteja louca.

Ele ergueu os olhos para os meus, intrigado. Um breve gemido escapou dos seus lábios quando ele aparentemente percebeu o que eu quis dizer e, sem hesitar, ele rompeu a pouca distancia e me beijou. Os lábios dele eram exigentes, e eu lutei para me soltar, com medo de não resistir ao meu próprio desejo. Mas se eu não podia me controlar, como poderia controlá-lo?

Ele enfiou os dedos nos meus cabelos, provavelmente fazendo um estrago no meu penteado; mas quem se importava com isso? Eu deixei escapar um gemido à medida que me envolvia cada vez mais no beijo. A razão que primeiro me fizera resistir estava totalmente esquecida. Envolvi seu pescoço, enquanto suas mãos quentes desciam para minha cintura; e no segundo seguinte estava sentada em seu colo.

A boca de deslizou pelo meu pescoço, chegando ao ombro. Abaixando um pouco a alça, ele me mordeu de leve.

— Odeio você. — murmurei, inclinando a cabeça.

— Também te odeio. —ele disse, sua respiração quente contra minha pele fria.

Ele segurou meu rosto, me beijando com tanta intensidade que eu não conseguia mais pensar. A única coisa real era o desejo que sentia. As mãos dele deslizaram até meus seios, por cima do vestido. Com dedos trêmulos, soltei a gravata e lutei contra os primeiros botões da camisa. A camisa se abriu e eu me inclinei para beijá-lo no pescoço, fazendo uma trilha em direção ao peito. A pulsação dele se acelerou, confirmando que ele me desejava, tanto quanto eu o queria.

Como aquilo podia ser tão errado, e tão certo, ao mesmo tempo?

Eu me remexi no colo dele e minha perna esbarrou na garrafa vazia de champanhe. O barulho da garrafa tombando teve o efeito de um alarme sobre mim. Eu enrijeci o corpo e o encarei, mal acreditando no que estava fazendo. também parecia chocado. Eu tratei de sair do seu colo e me afastei para o outro canto do elevador.

— Eu... nós... — Pigarreei. Minha voz estava rouca, e eu não sabia o que dizer.

— Foi o champanhe. — ele disse, passando a mão pelos cabelos num gesto nervoso. Eu tive que desviar os olhos para conter a vontade de eu mesma despentear aqueles cabelos.

Naquele momento, o alarme soou e o elevador deu um salto. Eu me levantei depressa, olhando o painel. Embora o elevador se mexesse, ele continuava apagado. Não dava para saber se subia ou descia. também se levantou, parecendo ansioso, e tentando recuperar a compostura.

Eu senti um aperto no peito, percebendo o que estava prestes a acontecer. Ele ia para a festa anunciar seu noivado. Mas não era isso que ele queria. Não era isso que queria. Eu não queria isso. E uma vez que ele estivesse publicamente comprometido, jamais voltaria atrás. Era minha última chance de impedir.

— Essa talvez seja sua última chance de se arriscar. — falei, imediatamente captando sua atenção. — Pelo menos uma vez na vida, deixe que o acaso decida por você.

— Do que está falando?

— Se estivermos subindo, você volta para o salão e anuncia seu noivado. Se estivermos descendo, você desiste do casamento.

— Não. — ele meneou a cabeça.

— Não seja covarde.

Ficamos nos encarando por um tempo, num duelo de vontades. Até que ele suspirou, admitindo a derrota.

— Está bem. Se formos para baixo, nada de casamento. Se formos para cima, caso com .

O elevador finalmente parou e nós dois prendemos a respiração, enquanto as portas se abriam.

 

 

— Eu disse que ela não estava com o celular. — eu disse, observando rediscar pela milésima vez.

— Eu não devia ter concordado com essa idiotisse. — resmungou, finalmente desistindo.

Nós havíamos conseguido que uma limusine de aluguel nos deixasse no Rio Han, mas a consciência de não o deixou ir muito longe. Estávamos de pé no estacionamento, enquanto ele tentava desesperadamente falar com . Apesar de aparentar calma, eu estava apreensiva. Se as coisas não tivessem saído como o esperado entre e , ela nunca me perdoaria por ‘roubar’ seu noivo.

Peguei meu celular na pequena bolsa vermelha e disquei para , torcendo para que ele estivesse com o celular. E como bom repórter que era, ele sempre estava. Deu ocupado nas primeiras tentativas, provavelmente por congestionamento, mas depois chamou.

, o que fez com o ? — perguntou assim que atendeu. Nenhum “Oi! Tudo bem?”.

— Ele ainda está vivo, juro. — retruquei. tentou tirar o celular da minha mão, mas eu me esquivei.

Onde você está?

— Não importa, . — Ao ouvir o nome do amigo, parou de tentar pegar o aparelho.

Claro que importa! Os pais dele estão pirando aqui e ...

— Imagino que ela está por perto. — interrompi. — Posso falar com ela? — pedi. Ele suspirou. — Por favor.

Espero que tenha uma boa explicação.

Percebi que ele chamava minha amiga, então estendi o aparelho para .

— Fale com ela.

Ele olhou para o aparelho, em dúvida, antes de pegar. E eu tive que me contentar em ouvir só um lado da conversa. Estava quase roendo as unhas de ansiedade. andava de um lado para o outro, gesticulando sem parar.

. Por favor, me deixe explicar... Eu... O quê? Eu sei, só tente ficar longe deles, eu realmente preciso falar com você. O quê? Não, não, eu... Sim, ela está aqui. Mas não é... Ahn? Eu não estou te ouvindo... Droga, pode repetir? ? Alô? — Ele afastou o aparelho da orelha, irritado. — Caiu.

— O que ela disse?

— Que meus pais estão muito, muito, muito irritados.

— Mas e ela?

Ele deu de ombros.

— Não parecia brava... só nervosa, talvez. Ela estava falando alguma coisa sobre... bem, não tenho certeza.

— Ah. — Eu não me sentia nem um pouco aliviada, mas teríamos que esperar alguns minutos antes de tentar ligar de novo. Na virada, os telefones ficavam totalmente impossíveis.

Um coro de vozes começou a contagem regressiva para a meia noite.

— Está na hora. — Ele estendeu a mão para mim e, sem muita escolha, eu a peguei. Nós nos aproximamos das margens do rio. De longe, víamos a multidão que contava os segundos para a virada do ano.

Eu observava , que tinha um leve sorriso no rosto, o olhar perdido ao longe. Senti um aperto no peito. Culpa. Eu nunca devia ter me metido no assunto dos outros. Só esperava que ele e pudessem me perdoar.

Três... dois...um.

olhou para mim e seu sorriso se ampliou. Ele se inclinou na minha direção e seus lábios encostaram nos meus, primeiro de leve e então explorando lentamente. Eu estava tão surpresa que correspondi, sem pensar.

— Feliz Ano Novo! — ele disse com a boca quase colada ao meu ouvido, para que eu o ouvisse por cima dos fogos. — Está chorando? — Ele passou o polegar pelas minhas bochechas molhadas.

— Eu sinto muito. — disse, tentando conter os soluços. Sem eu perceber, minhas mãos se agarravam ao seu smoking.

E eu realmente sentia muito. Minha principal resolução para o novo ano seria não me meter mais na vida alheia, mesmo que fosse com boas intenções.

— Por quê? — perguntou, com a testa franzida.

— Por ter prendido você no elevador. Por me meter. Por causar tanta confusão. Por te trazer até aqui ao invés de te deixar voltar ao salão.

Ele inclinou a cabeça para o lado, como se estivesse me analisando. Comecei a me sentir uma tola, parada ali sem conseguir conter as lágrimas, que caíam por vontade própria, e provavelmente com a maquiagem toda borradas.

Ele riu, me deixando ainda mais envergonhada, e me estendeu um lenço.

— Melhor agora? — perguntou, depois de alguns minutos. Eu assenti. — Obrigado. Obrigado por tudo.

— O que?

— Eu me sinto mais leve agora. Sei que vou ter que assumir as responsabilidades e é bem provável que meu pai me deserde, mas eu posso arrumar outro emprego. Meu currículo não é de todo mal. — Ele sorriu, pegando minha mão e entrelaçando os dedos nos meus.

— Mas... e ? Acha que...

— Quando a ligação começou a falhar, ela estava tentando terminar comigo. Ela falou sobre estar faltando algo e então a ligação caiu.

— Então, acabou?

— É, e nem fui eu que terminei. — ele riu. — Parece que você estava certa o tempo todo.

Eu pisquei, ainda tentando entender a virada brusca nos acontecimentos. Quero dizer, era exatamente isso que eu queria, mas não esperava que no final seria assim tão fácil.

— Claro. — disse lentamente, enquanto o alívio começava a tomar conta de mim. — Eu sempre estou certa.

Ele me puxou, levando nossas mãos entrelaçadas às minhas costas, e me beijou.

— Não tenho certeza disso, acho que hoje foi uma exceção.

Meu celular vibrou, me impedindo de responder. Era uma mensagem do .

Obrigado.

franziu a testa, olhando para a tela do aparelho. Ele deixou escapar um riso incrédulo quando entendeu o que estava implícito ali.

e ...?

Eu dei de ombros.

— Mais fácil de acreditar do que e , não acha?

Ele riu com gosto, jogando a cabeça para trás.

— Quer saber? Não duvido de mais nada.

Eu levei a mão livre ao seu rosto, puxando-o de encontro ao meu. Eu o beijei, mordiscando seu lábio inferior. Seu polegar fazia círculos na minha cintura, enviando descargas elétricas para cada extremidade do meu corpo.

— E agora? — perguntei, sua boca descendo pelo meu pescoço.

— Eu quase não comi na festa, estou morrendo de fome.

— O que sugere?

— Podemos ir para o seu apartamento. — sussurrou, beijando um ponto abaixo da minha orelha.

— E... — incentivei, erguendo uma sobrancelha de modo insinuante.

— E você pode cozinhar para mim. Ai! Por que me bateu?

— Não sou sua empregada!

— Podemos tentar pedir pizza, então. — deu de ombros.

— Podemos pensar em comida amanhã de manhã. — determinei. Ele ergueu as sobrancelhas, em dúvida. Eu me inclinei para sussurrar bem próximo a sua orelha. — Temos muito que fazer essa noite.

Eu mal terminei de falar e ele já estava me puxando em direção à avenida. Com muita pressa de repente.

Ele fez sinal para um táxi e praticamente me empurrou para dentro do carro. Sua mão apertava minha coxa, enquanto eu dizia o endereço ao motorista. Ele mordiscou minha orelha e eu estremeci.

Os dez minutos até meu apartamento pareceram eternos. Eu tive dificuldades para enfiar a chave na fechadura, não só porque estava meio bêbada, mas as mãos dele não sossegavam na minha cintura. Praguejando, finalmente consegui abrir. Puxei ele para dentro e o empurrei contra a parede.

— Você não queria uma aventura? — sussurrei para ele. — Espero que esteja preparado, porque sua aventura está prestes a começar.

 

~Feliz Ano Novo~

 


N/A: Que medo de o final ter estragado a fic toda xD~ Espero que tenham gostado ^^


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