OTHER: Photobook, by Pâms

Photobook

PHOTOBOOK
por Pâms

"A cada foto montarei nossa história." - Me
Gênero: Comédia Romântica
Dimensão: Longfic
Classificação: PG-17
Aviso: POV / Songfic - Personagens Fixos são: Lee MinJung, JinHo, HeeSong, SunHill, DongHo, Sakura e Yoona.

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# Capítulo 1 # Capítulo 2 # Capítulo 3 # Capítulo 4 # Capítulo 5 # Capítulo 6 # Capítulo 7 # Capítulo 8 # Capítulo 9 # Capítulo 10 #

 

 

CAPÍTULO 1

 

“Ontem foi um dia claro, hoje é um dia nublado
Você sabe sobre o tempo de amanhã?
A previsão de tempo não está certa
O céu está escuro e silencioso
Está chovendo aqui, está chovendo dentro de mim.”
- Clear Day, Cloudy Day / Lunafly


Sempre fui uma excelente fotógrafa, tudo o que mais sonhei havia se realizado em minha vida, trabalhava em uma editora conceituada, meu portfólio era de causar inveja e estava rolando uma exposição com meu acervo de fotos em uma galeria de arte em São Paulo.

Foi quando meu celular tocou, a pior e mais inesperada notícia estava recebendo naquele momento, meu pai e sua esposa tinham sofrido um grave acidente e faleceram ao chegar no hospital. Eu estava em um dos cantos do salão principal da galeria, senti minha pressão baixar, as pernas cambalear, e minha visão escurecer, logo senti alguém segurar em meu braço:

, você está bem? — perguntou Claire, minha assistente.

— Não — eu sussurrei e tentando levantar meu corpo. — Preciso ir pra casa, cuide de tudo por aqui.

— Mas você vai dirigir assim?

— Eu pego um táxi. — Mais que depressa saí de lá e fui para casa.

Quando cheguei, liguei meu tablet e entrei no meu e-mail, já havia chegado uma mensagem para mim, era do advogado do papai, o senhor Lee MinJung, dizendo que eu tinha uma audiência para daqui 3 dias, o motivo não era somente a abertura do testamento conjunto do meu pai e da sua esposa SoonHee, mas também a guarda dos meus 5 meios-irmãos que seria decidida entre mim e , o filho do 1º casamento de SoonHee que era 2 anos mais velho que eu.

Logo pela manhã minhas malas já estavam arrumadas, minha noite em claro foi organizando minha vida aqui e comprando uma passagem de última hora para Coreia.

“Eles disseram que dizermos adeus é doloroso
Mas eu nem mesmo tive tempo para sentir isso
Eu apenas pensava que essa era a forma de ficar calmo.”
- 7 Years of Love / KyuHyun


Após 25 horas de vôo, desembarquei no Aeroporto Internacional de Incheon, esperei pelo senhor MinJung, eu estava estressada pelo vôo, ansiosa para ir até onde meu pai havia sido enterrado, preocupada com meus meios-irmãos e não tinha paciência para esperar, então caminhei em direção a saída, em uma breve distração acabei trombando em uma pessoa, era um homem bem vestido que se abaixou para pegar alguns papeis que havia caído no chão, eu me abaixei junto o ajudando a pegar as folhas espalhadas:

— Me desculpe e obrigada. — Ele curvou a cabeça em agradecimento e sorriu, seu olhar era sereno.

— Eu que peço desculpas. — Curvei um pouco minha cabeça também em cumprimento — Estava distraída.

Ele sorriu novamente e se virou em direção a saída, eu fiquei parada o olhando ir por um tempo e depois corri para alcançá-lo:

— Me desculpe incomodar, mas onde pego um táxi?

— Táxi? — Ele parou e me olhou — Não sabe andar de metrô? Os táxis são caros.

— Acabei de chegar — expliquei, fazendo uma cara meio confusa.

— Quer uma carona?

— Não quero incomodar.

— Venha, para onde quer ir?

— Hotel Kingdon.

— Legal, vou para essa direção também.

Nós caminhamos até o carro dele, uma Mercedes preta com um motorista particular à espera. O carro parou frente ao hotel, eu me virei para ele.

— A quem devo agradecer? — perguntei, me referindo ao seu nome.

— ele sorriu.

— Obrigada. — Eu abri a aporta do carro. — O meu nome é . — E saí.

“Fique apenas com as boas memórias
Posso carregar isso de alguma forma
Posso me levantar de alguma forma.”
- Haru Haru / Big Bang


Ao entrar no quarto do hotel liguei para o senhor MinJung e expliquei que já havia chegado, ele me explicou algumas coisas e confirmou o horário da audiência, que seria após o almoço às 13:30 da tarde. Depois que desliguei o telefone, me joguei na cama com a roupa que estava mesmo, meu corpo cansado se rendeu ao sono com facilidade.

Ao amanhecer tomei um banho, troquei de roupa e tomei um café reforçado no restaurante do hotel, eu tinha reservado minha manhã para visitar o lugar onde estava descansando meu pai e sua esposa. Quando cheguei a recepcionista me explicou que ambos tinham sido cremados e suas cinzas estavam juntas em uma única urna.

Ela me levou até onde estava o memorial com a urna, eu fiquei parada no corredor por um momento. Havia uma pessoa lá, não queria incomodar. Era um homem e quando saiu, reconheci de imediato, , me escondi para que ele não me visse. Nosso passado de encontros e desencontros não era tão bom assim, apesar de mantermos respeito um ao outro pelos nossos pais, eu não gostava dele e ele retribuía isso.

Esperei até ele sair, e sem demora entrei. Na sala tinha uma mesa bem ao centro, em cima estava a urna entre dois porta retrato com um a foto do papai e a outra de SoonHee, ao lado tinha duas coroas de flores presenteada pelos amigos e parentes de ambos, do outro lado da sala tinha um jardim de inverno com duas poltronas. Eu parei frente a urna e senti a primeira lágrima se formar no canto dos meus olhos, me ajoelhei em reverência como é de costume dos coreanos e deixei minhas emoções saírem, uma dor enorme havia tomado meu coração, só naquele momento eu percebi que tinha perdido a pessoa mais importante na minha vida.

“Eu pensei que a minha memória tinha chegado ao limite
Apenas rostos que não podia mais ver apareceram rapidamente
Já não podia fazer mais nada quando cheguei ao limite
Com minhas mãos unidas apenas orei.”
- Love Again / KyuHyun


No relógio já batia 13:30, o promotor já estava abrindo a pasta com o testamento, estávamos numa sala um pouco ampla sentados numa mesa de reunião, o promotor e o advogado MinJung na ponta da mesa e eu sentada frente a , então o promotor começou a ler:


“Olá meus queridos filhos, eu e Hee conversamos esta manhã. Não estamos doente, mas envelhecendo e sabemos se podemos confiar no destino, queremos proporcionar segurança a vocês caso aconteça algo conosco. Por isso decidimos fazer este testamento, em primeiro tudo o que possuímos será dividido a vocês: 25% para e 25% para , pois são os mais velhos e primogênitos. Os outros 50% serão divididos entre nossos 5 anjos: JinHo, HeeSong, SunHill, DongHo e a maknae Sakura.

Quando este testamento for lido já teremos partido, mas saibam que estaremos sempre em seus corações.

                                                                   Com amor papai e mamãe,
                                                                  Victor Martins e SoonHee Martins

Ps.: Como último pedido, queremos que a guarda dos nossos 5 anjos seja conjunto de ambos os irmãos mais velhos e que cresçam em nossa casa onde é o lar deles, sem direito a revogação.”

Após ler o promotor mostrou a validade da assinatura do papai e de SoonHee, permanecemos em silêncio por alguns instantes, até que:

— Eu não posso aceitar este pedido final — disse, meio revoltada.

— Muito menos eu — se pronunciou.

Finalmente pela 1ª vez em nossas vidas concordamos com algo:

— Me desculpem intrometer, mas é o desejo dos seus pais — interviu o senhor MinJung.

— Não posso parar minha vida. — Eu me levantei — Meus irmãos voltam comigo para o Brasil.

— Onde pensa que está? — se levantou. — Eles não vão sair da Coreia.

— Se acalmem ambos, entraremos de recesso até amanhã. — O promotor retirou mais duas cartas de um envelope que estava em cima da mesa e entregou uma para mim e a outra para — Amanhã vocês me darão a resposta, apenas leiam isso.

Ambos pegamos os envelopes e saímos do prédio. Ele entrou em seu carro e foi embora sem dizer uma única palavra. Eu ainda tentava digerir tudo aquilo, enquanto pensaríamos em uma resposta, meus irmãos passariam mais uma noite sobre a custódia do governo sul coreano.

“Eu não sei
Quero me encontrar agora.”
- Lonely / 2NE1


Ao voltar para o hotel, abri a carta e comecei a ler, era a letra do papai, senti meu coração ficar apertado novamente:

“Minha pequena, sei que deve estar triste em não me ter mais presente, mas seu sentimento por mim permanecerá para sempre. Eu te amo e sei que faria isso por mim, seus irmãos com certeza devem estar sofrendo e precisam de uma família para apoiá-los e dar suporte neste momento tão trágico.

Não lhe pediria se não soubesse que pode realizar, só mais este pedido para esta pessoa que mais te ama no mundo. Sei que você e juntos darão a eles suporte que precisam.

                                                          Com amor, papai.”

Meu rosto já estava encharcado, as lágrimas não cessam. Não sabia como, mas eu tinha que realizar o pedido do papai. No dia seguinte estávamos nós dois diante do promotor, daríamos nossa resposta:

— Então o que decidiram?

— Eu aceito realizar o pedido, por um ano apenas — eu disse, não poderia parar minha vida no Brasil, mas por um ano conseguiria convencer minha chefe a concordar e teria tempo para conquistar meus irmãos, assim eles me escolheriam no final.

— Eu também, por um ano. — me olhou confirmando o tempo, retribui seu olhar.
O promotor assinou alguns papeis e nos fez assinar mais outros, eu sabia que assim como eu estava concordando pelo meu pai, também estava fazendo isso pela SoonHee.

“Aqueles dias de apenas coisas bonitas,
Vendo juntos apenas as coisas boas sobre nós
Comendo junto, se divertindo juntos
Chorando juntos e rindo juntos
Obrigado por acreditar em mim que eu não vou cair
E por estar ao meu lado, realmente muito obrigado.”
- From U / Super Junior

 


 

CAPÍTULO 2

 

"Você não pode apenas ficar bravo com o mundo
Só porque ele não vai do jeito que você quer.”
- Mr. Simple / Super Junior


Era 5 da manhã e eu estava ao telefone explicando toda a situação para minha chefe, demorou algumas horas até que acertamos como eu poderia trabalhar a distância. Apesar de ter me formado em artes gráficas, fotografia era minha paixão e especialidade naquela editora. Mas enfim, tive que me conformar em mudar de departamento pelos próximos 365 dias.

Como havia trazido poucas roupas, resolvi renovar o guarda-roupa, e depois de ir as compras para relaxar, fui iniciar minha missão, aguentar conviver com por 1 ano. Para mim isso era loucura, mas se papai achava que podia dar certo de propor essa situação, eu daria o meu melhor.

A casa onde meu pai morava ficava em um condomínio de área nobre, SoonHee era rica e meu pai possuía uma grande fortuna em imóveis no Brasil. Dois andares, 5 suítes no segundo andar, e no primeiro a sala, cozinha conjugada com a sala de jantar, lavabo e uma sala de tv que mais parecia cinema particular. Em sua volta um jardim de causar inveja e bem ao fundo um pequeno cômodo que meu pai havia construído para meu estúdio de fotografia na esperança de eu me mudar para Coreia.

“Olhe para o céu
Eu posso te mostrar o que está escrito em seu destino.”
- Stardust / Lunafly


Quando cheguei meus irmãos já estavam lá: JinHo e HeeSong eram gêmeos não idênticos, ambos dois rapazes de 17 anos, JinHo piadista e alegre, já HeeSong calado e reservado. SunHill era uma delicada e estudiosa garota de 15 anos, sua paixão era os grupos de kpop. DongHo era um esperto garotinho de 10 anos, otaku e fascinado por Naruto. Já Sakura era a princesinha da casa, com seus 5 anos era tão fofa e meiga.

Cumprimentei todos, dando um abraço apertado em cada um, até mesmo em HeeSong que não gostava de abraços. Logo ouvi passos vindos da cozinha, era trazendo uma bandeja de sanduíches, eu olhei para mesa de centro da sala e vi copos e uma garrafa de Coca-Cola. Com certeza eles tinham chegado a pouco tempo. Eu e tínhamos combinado que ele pegaria as crianças, pois eu passaria a madrugada ajeitando minha vida.

Ele colocou a bandeja sobre a mesa de centro:

— Comam bem — disse ele.

— Obrigada pela comida — meus irmãos agradeceram em coral.

Eu sorri automaticamente, estava com saudade deles, desse jeito carinhoso de se comportarem. Eles se sentaram em volta da mesa de centro, enquanto isso eu fui para o meu quarto, ao entrar comecei a ajeitar minhas coisas no armário e no guarda-roupas. Alguns minutos depois bateram na porta:

— Entra — eu disse colocando a última peça de roupa no armário.

— Oi. — entrou permanecendo perto da porta.

— Oi.

— Aqui está. — Ele esticou a mão me entregando uma pasta.

— O que é? — perguntei pegando.

— Abra e veja. — Ele se virou e saiu fechando a porta.

Eu não suportava aquele jeito dele, enigmático de poucas palavras. era a pessoa mais disciplinada e organizada que eu conhecia, mais seu jeito sério e mal-humorado me incomodava, e nossa infância foi de grandes traumas. Abri a pasta, estavam planilhas de horários dos meus irmãos e despesas da casa. Afinal nós dois dividiríamos todas as contas e responsabilidades a partir de agora.

Essa era a única coisa que eu admirava nele, sua organização, além do modo fofo de como sorria quando brincava com nossos irmãos. Nunca me imaginei pensar assim, mas tirando nossa inimizade, ele tem alguns pontos que me atrai.

“Fique do meu lado!
Olhe para mim, mesmo que eu ainda não entenda o que é amor.
Fique do meu lado!
Cuide de mim, mesmo que eu ainda seja desajeitado no amor.”
- Standy By Me / Boys Over Flowers OST (SHINee)


Os dois primeiros meses se passaram, consegui me adaptar a rotina. Não via muito , pois sempre que um entrava em algum cômodo da casa o outro saía, o único momento em que nos falamos era quando as contas chegavam. Eu ainda não me sentia confortável em casa, passava a maior parte do tempo no meu estúdio trabalhando e outra parte ajudando Sakura e DongHo nos estudos. Além de dar uma parte da minha cama para Sakura, quando ela acordava no meio da noite por causa de pesadelos. Eu não entendia por que, mas Sakura via em mim uma figura materna que nem eu sabia que tinha, mas se isso a ajudava a superar eu estava disposta a dar o meu melhor.

“Na primeira vez em que eu te vi
Meus olhos brilharam, meu coração parou
E na minha cabeça o sino tocou ding dong.”
- Ring Ding Dong / SHINee


Era sábado de manhã, eu havia levado Sakura e DongHo ao parque, estava iniciando meu mais novo projeto fotográfico, tirei algumas fotos deles brincando, até que esbarrei em um rosto conhecido:

— Oi — disse ao chegar perto de mim.

. — Eu sorri, surpresa por ele se lembrar de mim.

— Surpresa em me ver? — perguntou ele.

— Pelo contrário, surpresa por você se lembrar de mim.

— Um rosto lindo como o seu nunca se esquece. — Ele sorriu espontaneamente.

— Mas o que um homem de terno está fazendo no parque sábado de manhã? — perguntei, ainda lisonjeada pelo quase elogio.

— Estou aqui a trabalho.

Eu olhei meio sem entender:

— Sou editor de uma revista, estou acompanhando um ensaio fotográfico — continuou ele.

— Interessante, eu trabalho em uma editora no Brasil.

— Está de férias?

— É complicado, a história é longa — brinquei.

— Hum, e você faz o que no parque sábado pela manhã — ele repetiu minha pergunta de uma forma engraçada.

— Estou com meus irmãos. — Apontei mostrando.

Nós conversamos por um tempo, nunca me senti sem graça ao receber elogios, mas os dele vinham seguidos de um sorriso tão lindo. Eu expliquei um pouco sobre porque estava em Seoul, quando disso que ficaria mais 10 meses, senti seus olhos brilharem um pouco.

Eu levei meus irmãos para comer, ao final da tarde, se aproximou de mim e pegou meu número de telefone, nós marcamos de jantar no restaurante do Hotel Kingdon. Quando cheguei em casa, estavam todos vendo tv, exceto , que ainda não havia chegado, eu pedi para DongHo e Sakura irem tomar banho, naquela noite era minha vez de fazer o jantar.

“Eu não consigo entender como você
Pegou a síndrome da bondade
Está tudo bem se você às vezes
Muda esta imagem estereotipada.”
- Ring Ding Dong / SHINee


Eu e , dividíamos também os afazeres da casa, apesar de ter contratado uma ajumma para limpar a casa dia sim dia não, coisas como levar Sakura e DongHo a escola, ir a reuniões de professores nas escolas e cozinhar, nós revezávamos, cada dia era um. Eu não cozinhava muito bem os pratos coreanos, então cada vez que ia para cozinha preparava uma receita especial, assim quem sabe eles se interessariam pelo Brasil através da comida.

Cozinhei arroz de forno e coxas de frango assado ao molho agridoce, quando o assunto é comida brasileira eu era especialista na cozinha modéstia à parte, mas tenho que admitir que era um Master Chef perto de mim. Após o jantar, meus irmãos voltaram a ver tv, era a hora do drama favorito deles. me ajudou com a louça suja, permanecemos em silêncio o tempo todo até que:

— Você trabalha em uma editora, não é? — perguntei meio curiosa para saber se ele conhecia .

— Sim, por quê? — Ele me olhou sério.

— Eu conheci uma pessoa desse ramo, , ele é editor também — comentei.

— Sim, o conheço. — Ele guardou o último prato no armário — Nossas revistas são rivais.

Ele respirou fundo e saiu da cozinha, eu fiquei parada por um tempo. E minha mente só imaginava o que aconteceria se eu acidentalmente levasse para casa no domingo após nosso jantar no restaurante.

“Os sentimentos que eu tenho escondido
Ainda permanecem como uma memória dolorosa
E nosso relacionamento se transformou
Apenas em uma história triste.”
- Goodbye Summer / F(x) (feat. D.O)

 


 

CAPÍTULO 3

 

“Deixe-me ver os sentimentos que você possui por mim.”
- Show Me Your Love / Super Junior & TVXQ


Enfim tinha chegado o domingo, no relógio batia 7 da noite, eu estava no restaurante Kingdon com , sentados em uma mesa mais ao fundo do lugar, conversávamos sobre nossas vidas:

— Por que não disse que conhecia , quando eu mencionei o nome dele? — perguntei.

— Não nos damos muito bem. — Ele respirou fundo — Somos editores chefe de duas revistas onde os donos se odeiam, ele é seu irmão, eu fiquei sem jeito de dizer.

— Ele não é meu irmão — eu ri. — A mãe dele se casou com meu pai, eles se conheceram quando ela ficou viúva.

— Entendi, deve ser difícil pra você largar tudo no Brasil e ficar aqui cuidando dos seus irmãos.

— Faço isso pelo meu pai, faria qualquer coisa por ele.

me olhou serenamente e sorriu, seu olhar era profundo e interessante:

— Você tem irmãos? — perguntei a ele.

— Sim, uma irmã mais velha, ela já é casada.

— Interessante, e você? É casado também? — perguntei.

— Não, eu sou solteiro. — Ele me olhou — E você?

Sexy, Free & Single — eu brinquei o fazendo rir.

— Bem, no final do mês terá um coquetel entre as revistas para celebrar o aniversário da minha revista Cosmopolitan Korea, gostaria que fosse comigo.

— Nossa. — Eu fiquei um pouco surpresa com o convite dele, afinal nem éramos tão próximos assim. — Agradeço o convite, vou adorar ir. — Sorri em agradecimento.

“Estrela brilhante, mais brilhante que o sol, você é como a luz do sol,
Seus olhos me dão descanso.”
- Shining Star / Super Junior


Conversamos mais um pouco, enquanto saboreávamos a sobremesa, me levou para casa. Quando entrei, percebi que estava no escritório, passei direto e subi as escadas, passei em cada quarto para verificar se meus irmãos estavam dormindo, e finalmente entrei no meu quarto. Demorei alguns minutos para me aprontar, coloquei o pijama e arrumei a cama, quando já ia dormir, alguém bateu na porta.

Quando abri era Sakura, estava com o rosto todo molhado por causa das lágrimas:

— Tive um pesadelo — disse ela, sussurrando.

— Sem problemas querida, eu estou aqui. — Eu a peguei no colo e a abracei apertado. — Estarei sempre aqui.

Comecei a niná-la, certo que minha voz não era lá essas coisas, mas consegui não desafinar. Alguns minutos depois ela adormeceu, eu estava virada para janela, quando me virei para colocá-la em minha cama, percebi que a porta estava aberta e vi parado me olhando com um disfarçado sorriso nos lábios. No primeiro momento fiquei sem reação, até que voltei a mim e coloquei Sakura no canto direito da cama. Quando levantei meu corpo e olhei novamente para porta, ele não estava mais lá. Respirei fundo, senti algo estranho dentro de mim, não conseguia tirar a imagem do seu sorriso da minha mente.

“Não me impressiona o amor ser difícil, eu ainda sou desajeitada
Honestamente, eu estou acostumada a tristeza de o amor parecer distante.”
- My Heart is Touched / Personal Taste OST (SeeYa)


No dia seguinte levantei cedo, era meu dia de levá-los a escola, quando voltei para casa a ajumma que tínhamos contratado já estava arrumando a casa, aproveitei para mandar as roupas sujas para a lavanderia e me tranquei no estúdio de fotografia.

Ao final da tarde, busquei Sakura e DongHo na escola, enquanto eles foram tomar banho eu preparei o jantar, como estava com pressa e sem tempo pois tinha muito afazeres do meu trabalho, preparei um simples ramem para o jantar. Ajudei os dois com seus exercícios de escola, enquanto os outros ainda não tinham chegado.

Meus outros irmãos chegaram com , nós jantamos todos e depois cada um foi para seu quarto. Eu ainda estava com aquela imagem intrigante em minha mente, queria saber o que ele realmente tinha visto e ouvido. Me concentrei em fazer a Sakura dormir em minha cama, me sentei na escrivaninha ao lado da janela e voltei ao trabalho, tinha que finalizar a checagem dos editoriais que sairiam das revistas da editora, e um deles era um cansativo editorial de moda urbana. Passei a noite tentando trabalhar, mais quanto mais eu tentava me concentrar, mais eu pensava em e de como suas atitudes estavam me intrigando.

Na terça levaria as crianças para a escola, enquanto isso resolvi tirar a manhã para dormir, felizmente havia terminado minhas edições e enviado as 5 da manhã para minha chefe. Na hora do almoço, tocaram o interfone e eu atendi, era uma voz feminina perguntando pelo , ela dizia ser sua namorada ou algo do tipo. Eu a deixei entrar, enquanto ela esperava na sala de estar, eu me mantive na cozinha fazendo meu lanche. Alguns minutos depois chegou, da cozinha eu podia ouvir a voz irritante da menina chamando ele de oppa.

Não sei o porquê, mas cada vez que ela dizia isso, eu me sentia mal, acho que era pela voz dela. Ao passar pela sala, vi que eles estavam sentados no sofá, notei que a cada vez que ela tentava acariciar ele ou abraçar, ele se desviava de forma fria. Eu achei estranho no primeiro momento mas depois senti um alívio inexplicável, intrigante devido ao fato de eu não gostar dele. Subi as escadas e ao entrar no meu quarto me joguei na cama, meu corpo estava cansado e minha mente exausta de tanta preocupação com meu trabalho.

Quando acordei já era noite, desci as escadas e vi meus irmãos assistindo filme na sala de Tv. Eu caminhei até a cozinha, estava sentado na bancada de lanche lendo um livro:

— Boa noite — eu disse, indo em direção a geladeira.

— Boa noite — ele me respondeu num tom baixo.

— Bonita sua namorada — comentei puxando assunto.

— Se você acha. — Ele fechou o livro bruscamente e se virou saindo da cozinha.

Eu fiquei paralisada por um momento, não compreendi por que seu mau humor havia aumentado de repente. Fiz um lanche e coloquei as crianças para dormir e fiquei deitada na minha cama cantando para Sakura pegar no sono:

“Ele só vai aumentando
Mesmo me censurando não adianta.
Continua fazendo o inverso, como uma criança
E eu peço que pare
Mesmo calando meu coração, eu penso somente em você
Desde o começo até o fim, é você.”
- No Matter What / Master's Sun OST (Seo In Gook)


Passaram-se alguns dias e nem me olhava, nem mesmo uma única palavra. Eu não tinha tempo para me preocupar com isso, passava boa parte do meu dia no estúdio de fotografia. Enfim chegara o dia do coquetel das revistas, eu sabia que iria, mas ele não sabia que eu iria também.

Eu caminhei pelo corredor indo até as escadas, quando passei pela porta do quarto dele, estava aberta, estava de costas, sem camisa, eu foquei meus olhos nas linhas de suas costas, senti que neste momento eu estava respirando fundo. Tombei a cabeça o observando, mas logo voltei a realidade e me lembrei que estava indo para a cozinha.

Quando voltei para meu quarto, já estava descendo as escadas para sair, ele pegou as chaves do carro e sem olhar para mim saiu. Eu ignorei esse jeito dele, fui para meu quarto, tomei um relaxante banho e demorei alguns minutos para me decidir o que usaria.

Depois de tanto pensar, decidi colocar um macacão preto tomara que caia de tecido fino e nobre que SoonHee tinha me presenteado no natal passado, ele valorizava um pouco meu corpo e calcei um scarpin preto, não queria chamar muito a atenção por isso só coloquei um par de brinco e passei meu casual batom vermelho.

Às 7 da noite em ponto meu celular tocou, era uma mensagem de no meu kakaotalk. Me virei pela última vez para o espelho e sorri, estava torcendo para aquela noite ser inesquecível.

“It’s gonna be fantastic.”
- Fantastic / Henry

 


 

CAPÍTULO 4

 

“Naega jeil jal laga.”
- I Am The Best / 2NE1


estacionou o carro frente ao prédio da revista Cosmopolitan Korea, e abriu a porta do carro para mim:

— Obrigada. — eu sorri ao sair do carro, ajeitando um pouco meu macacão no corpo.

— Vamos? — disse ele, dobrando seu braço.

— Claro. — Eu segurei no braço dele e olhei para frente.

Quando entramos no salão de eventos, sua decoração em preto e dourado era moderna e luxuosa demonstrando todo requinte da revista, estava cheio e logo todos os olhares se voltaram para nossa direção:

— Parece que estão te olhando — comentei.

— Não. — Ele riu baixo — Todos os olhares são para você, e com toda razão.

Eu olhei para frente escondendo um tímido sorriso, vi alguns rostos conhecidos das grandes festas que SoonHee dava, mas quem eu realmente procurava ainda não havia chegado. me apresentou ao dono da revista e mais algumas pessoas consideráveis:

— Então, você é a famosa — disse o sr. Park, dono da Cosmopolitan.

— Sim, acho que sou eu. — Eu sorri meio envergonhada.

— Soube que você é uma excelente profissional. — disse a esposa do sr. Park.
— Bem, eu deixo estes elogios para as pessoas que conhecem meus trabalhos. — eu me curvei em agradecimento. — Mas agradeço o elogio.

Nós esperamos eles se afastarem:

— Acho bonito sua modéstia quando se trata do seu trabalho. — Ele sorriu para mim.

— Ainda fico sem jeito quando me elogiam. — Eu devolvi o sorriso.

— Não deveria, eu vi seus editoriais no site da sua editora. — Ele olhou para o garçom que estava passado ao nosso lado e pegou duas taças de champanhe me entregando uma. — Você é realmente uma excelente profissional.

— Agradeço. — Eu peguei a taça, sorrindo.

— Quer dar uma volta? — sugeriu ele.

— Vou adorar.

— Vamos então, senhorita. — Ele segurou em minha mão e piscou de leve para mim, eu segurei o riso e o acompanhei.

“S.E.O.U.L, repita comigo as belas palavras
Que fazem meu sonho virar realidade.”
- S.E.O.U.L / Super Junior & Girls' Generation


Uma hora depois, eu estava no jardim de inverno que ficava atrás do prédio, permaneci por um tempo parada em frente ao lago olhando os pequenos e coloridos peixes que nadavam tranquilamente, foi quando percebi alguém trás de mim:

— Não te esperava aqui — disse .

— Surpreso ou desapontado? — eu me virei e o olhei.

Ele sorriu de canto e me olhou discretamente de baixo para cima:

— Curioso. — Seu tom de voz era o habitual, baixo e sério.

Nos olhamos por um momento, ambos disfarçando o sorriso no canto dos lábios, até que a garota da voz irritante apareceu:

— Oppa. — Ela agarrou no braço dele.

— Não vai me apresentar? — eu sugeri.

, esta é Yoona. — Ele suspirou fraco. — Filha do dono da revista que eu trabalho.

— Annyeonghaseyo. — Eu olhei a garota analisando seu vestido rosa com um babado meio infantil. — Estava curiosa para saber quem era você — comentei.

— Agora já conhece. — Ela me olhou, disfarçando o nojo — Oppa, vamos ficar por quanto tempo?

— Até o seu pai chegar. — se afastou um pouco dela.

— Que bom que te encontrei — disse ao se aproximar de nós.

— Gostei do jardim, estava admirando. — Eu olhei, mas por alguma razão desconhecida desviei meu olhar para .

— Que bom, preciso te apresentar para uma pessoa. — Ele olhou para . — Espero não estar atrapalhando.

— Não — eu disse antes mesmo que pudesse dizer algo. — Eu já estava mesmo indo te procurar.

Eu peguei na mão de e comecei a caminhar o puxando comigo. Voltamos para o salão de eventos, quando nos aproximamos da pessoa em que ele iria me apresentar, a maior de todas de todas as decepções havia retornado para minha vida:

, este é , um amigo do dono da revista — disse .

— ele sorriu de canto, deixando transparecer seu jeito debochado. — Há quanto tempo.

Eu fiquei paralisada, não esperava que pudesse aparecer na minha frente de novo depois de tantos anos:

— Vocês se conhecem? — perguntou .

— Sim, fizemos faculdade juntos — eu respondi de forma seca. — Com licença.

Eu saí de lá o mais rápido de consegui, indo em direção ao toillet, quando passei pela porta trombei em , as lágrimas já estavam formadas no canto dos meus olhos. Ele me segurou pelo braço me olhando sério:

— Está tudo bem?

— Sim.

Eu me afastei dele, queria um lugar seguro, onde eu pudesse respirar e chorar sem ser vista. Eu tentei disfarçar estar bem, mas percebeu que meu estado era o pior possível. Quando entrei no reservado do toillet, me sentei no vaso sanitário e desabei em lágrimas, minha garganta ardia como se estivesse com as palavras presas, minha cabeça em colapso por causa das lembranças. Minha noite que tinha tudo para ser satisfatória estava sendo estragada pelo meu passado.

“A luz do sol precoce se derrete
O brilho que se parece com você desaparece
Meus olhos que estiveram perdidos, finalmente choram, choram, choram”
- Baby Don't Cry / EXO


Depois de alguns minutos, eu sequei minhas lágrimas, lavei meu rosto e retoquei meu batom, respirei fundo por uns instantes. Quando saí estava na porta:

— O que está acontecendo? — Eu senti sua preocupação e aflição no olhar.

— Nada, estou bem. — Eu respirei fundo, dando um sorriso fraco pra disfarçar. — Agora estou bem.

Eu me desviei dele e voltei para o salão, porém fui parada no meio do corredor por :

— Esperava que não estivesse mais magoada comigo. — Ele manteve aquele sorriso de superioridade nos lábios.

— Depois de tudo que fez comigo, você esperava que recepção da minha parte? — Eu mantive meu tom de voz firme e frio.

— Água passadas, nós formávamos uma bela dupla juntos.

— Eu desprezo você. — Senti meus olhos se encherem de água — Você roubou meu projeto e vendeu como se fosse seu, e ainda diz águas passadas?

— Confesso que o que fiz, foi um leve desvio de conduta, mas já fomos felizes juntos, querida. — Ele deu um passo se aproximando de mim.

— Eu te odeio — disse, levantando um pouco minha voz, estas palavras estavam presas na minha garganta há anos, senti a primeira lágrima cair, desviei meu olhar para frente e vi no vidro da porta o reflexo de que estava atrás de mim.

Eu saí de lá correndo, ao passar pelo salão de eventos ouvi me chamando, estava tão desesperada para sair de lá que fui trombando nas pessoas pelo caminho.

Quando cheguei na rua, corri até o ponto de ônibus mais próximo, minha visão estava embaçada pelas lágrimas. Eu senti uma mão me puxar pelo braço, meu corpo foi com o impulso até encostar no corpo da pessoa, senti seus braços me envolver, eu fechei os olhos e chorei mais um pouco:

— Não se preocupe, eu estou aqui.

Eu chorei ainda mais ao ouvir aquela frase, a voz era de , me aninhei um pouco em seus braços:

— Me leva pra casa, por favor — eu sussurrei, quase engasgando com meu soluço devido ao choro.

— Para onde você quiser. — Ele me envolveu ainda mais em seu abraço, sua voz era suave e tranquila, me transmitia paz e segurança.

“Querida não chore, estou com você
Consegue ouvir minha voz querida meu amor amor amor
Então você pode secar suas lágrimas,
Você não está mais sozinha, estou com você.”
- I'm With You / SHINee


Quando chegamos em casa, eu me sentei na varanda ainda chorando, entrou em casa, minutos depois ele voltou com duas garrafas de Soju, me entregou uma e se sentou ao meu lado. Eu peguei a garrafa e comecei a tomar, entre os goles tentava controlar meu soluço:

— Ele realmente fez aquilo? — perguntou .

— Sim. — Eu respirei fundo, sentindo minha cabeça começar a rodar. — E não foi somente um projeto, ele roubou mais que isso, todos meus desenhos, fotos, projetos, ideias, tudo, ele roubou todo meu portfólio e usou como se fosse dele — eu terminei de tomar da minha garrafa e peguei a dele que estava ao meu lado.

— Vocês eram próximos?

— Namoramos do ensino médio até a formatura da faculdade. — eu tomei mais alguns goles.

— Você vai ficar bem tomando desse jeito? — ele me olhou preocupado.

— Pior não dá pra ficar — respondi o olhando. — Eu tinha superado, mas quando o vi, todas as minhas lembranças vieram de uma vez.

— Lamento você ter sido decepcionada. — Ele tocou minha face com sua mão direita, limpando minhas lágrimas.

— Fala como se fosse o culpado.

— Talvez. — Ele se aproximou de mim. — Provavelmente poderia ter sido diferente.

— O quê? — eu o olhei sem entender, já não estava mais sóbria.

se aproximou mais e pegando em minha mão entrelaçou nossos dedos, eu fechei meus olhos e senti os lábios dele tocar os meus.

Era uma sensação inexplicável, talvez porque lá no fundo eu quisesse isso há muito tempo, seu gosto era doce e amargo, seco e molhado, minha boca ainda tinha resíduos das minhas lágrimas.

“Eu esperei por esse dia chegar
Quando eu poderia a emprestar meu ombro
E limpar suas lágrimas.”
- One for Me / SHINee

 


 

CAPÍTULO 5

 

“Eu não soube logo de início
Como comecei a te amar
Eu ainda não conheço meu coração
Mas mesmo assim, mesmo assim eu te amo.”
- Standy By Me / Boys Over Flowers OST (SHINee)

 

Quando abri meus olhos senti a luz vinda da janela incomodar minhas vistas, minha cabeça estava explodindo de dor, havia me esquecido que tinha baixa tolerância ao álcool. Me espreguicei e levantei devagar, quando olhei para porta estava encostado na parede me olhando:

— Está tudo bem? — perguntou ele, me olhando tranquilamente.

— Sim. — Eu parei por um momento e fiquei o olhando.

Não conseguia pensar em mais nada além do beijo da noite anterior, minha última lembrança da noite anterior. Bem, eu não estava sóbria, mas tenho certeza que aquele beijo era real:

— O que foi? — ele perguntou.

— Nada, só… — Eu respirei fundo. — Aconteceu algo estranho ontem?

— Só você bêbada, nada além disso. — Ele respirou fundo e virou seu olhar para janela com suavidade. — Por quê?

— É que eu não consigo me lembrar muito bem o que aconteceu.

— Você vomitou em mim, eu te levei para seu quarto e enquanto você tomou um banho eu te preparei um chá, então você foi dormir. — Sua voz era tranquila, sua face serena, uma perfeição.

Era como se ele tivesse ensaiado essa explicação a noite toda, pois parecia muito real e convincente. Mas não me enganava, pois eu tinha certeza que ele tinha me beijado. Ele saiu, tinha que levar Sakura ao médico, ela tinha pegado um resfriado. Eu tomei um banho quente e tentei voltar minha mente na noite anterior, que sempre se finalizava naquele beijo. Não conseguia entender por que ele tinha me beijando, por que inventou aquela história e por que tinha ido atrás de mim, afinal ele me odiava.

Logo ao final da tarde eu fui para a cozinha preparar o jantar, JinHo estava no parque com DongHo e Sakura, HeeSong estava em seu quarto estudando e SunHill ia dormir na casa de uma de suas amigas, elas iriam fazer festa do pijama. ainda não tinha voltado.

Minha cabeça estava explodindo de dor, era minha segunda ressaca em toda minha vida, a primeira havia sido quando na noite de formatura da faculdade. Eu terminei de preparar o jantar, tinha feito lasanha ao molho branco, nada como carboidrato para me levantar. Deixei no forno e fui para meu quarto, tomei meu banho e me joguei na cama. Meu celular tocou, era :

— Yeoboseyo — disse ao atender.

Yeoboseyo. — Ele suspirou do outro lado da linha. — Como você está? Fiquei preocupado.

— Estou bem, só tive um mal estar, acho que foi pressão baixa.

Que bom, eu queria te fazer uma proposta, mas não por telefone.

— Hoje não vou poder sair, mas posso te convidar para o almoço no domingo.

Vou adorar.

Nós conversamos mais um pouco, então eu desliguei o celular novamente, levantei da cama e olhei para janela. estava chegando acompanhado de Yoona, eu me afastei e liguei meu notebook para checar meus e-mails.

A noite passou comigo no estúdio trabalhando no novo projeto da editora, minha chefe queria mudar todo layout do site. Minha cabeça ainda não tinha voltado ao normal, mas era melhor me concentrar no trabalho do que tentar entender as atitudes de .

Enfim chegara o domingo, enquanto meus irmãos tomavam o café da manhã, eu estava escolhendo em meu livro de receitas o que ia preparar no almoço. O interfone tocou, atendeu, primeiro eu achei que fosse , mas não, era Yoona. Cada vez que me lembro da existência dela sinto náuseas. e ela passaram todo o tempo no escritório, acho que ela iria ficar para o almoço também.

“Agora na minha frente existem duas pessoas brilhantes
E eu que estou agindo pobremente
Embora eu tente me repreender por ser um idiota
Meu coração continua se curvando na sua direção.”
- Aside / SHINee


Como era um dia que teríamos visitas em casa, experimentei fazer o prato preferido do papai, risoto de frango com cogumelos. Assumo que cozinhar na Coreia saia mais caro que comer na rua, mas meus costumes brasileiros ainda eram frequentes, eu amava cozinhar.

chegou pouco depois que eu terminei de preparar tudo, eu o recebi na porta com um sorriso singelo, saiu do escritório com Yoona, logo o aroma da comida começou a exalar pela casa:

— Bem temos mais um convidado — eu disse, segurando o riso.

— Boa tarde — cumprimentou .

o cumprimentou, acenando a cabeça:

— Annyeong, oppa — disse Yoona.

— Unnie, estamos com fome — disse SunHill ao se aproximar.

— Ah! Vamos comer então. — Eu sorri para ela e sai em direção a cozinha.

Enquanto todos se acomodavam na mesa de jantar, eu fui colocando as travessas em cima da mesa, meus irmãos agradeceram em um coral pela comida como de costume, arrancando sorrisos de e . Nós comemos em paz, SunHill e JinHo sempre fazendo brincadeiras e falando sobre suas notas que sairiam na próxima semana:

— Vocês estão tão animados com essa nota, que se ficarem entre os 10 melhores, eu darei um presente para cada um — eu disse, entrando na mesma empolgação deles.

— Hum, vamos ganhar presentes — disse SunHill já com seus olhos brilhando.

— Eu quero todos os mangás do Bleach — disse DongHo.

— Não era Naturo? — questionou JinHo.

— Não, agora é Bleach e HunterXHunter.

Todos riram dele fazendo os gestos de luta:

— Eu também vou ganhar, unnie? — disse Sakura com seu jeito fofo e inocente.

— Claro, meu anjo. — Eu sorri para ela e pisquei com o olho direito.

— Seus irmãos são fofos — comentou comigo em voz baixa.

— Oppa, você me leva em casa? — disse Yoona, agarrando o braço dele.

ficou em silêncio por um momento olhando para seu prato:

— Oppa!? Oppa!? — ela gritou.

— O quê? — ele olhou para ela, meio desinteressado.

— Vai me levar em casa? — Yoona se levantou. — Não posso chegar tarde.

— Sim.

Enquanto meus irmãos conversavam entre si, eu observava e Yoona saírem:

— Ele é calado mesmo, ou é só por que estou aqui? — perguntou .

— Acredite, ele sempre foi assim — respondi baixo.

Depois que terminamos eu servi a sobremesa, me fez alguns elogios e me ajudou a retirar os pratos da mesa. Enquanto eu lavava as vasilhas ele foi guardando para mim. Quando terminamos, eu o levei em meu estúdio de fotografia, ao entrar ele ficou encantado, pude perceber seus olhos brilhando:

— Aqui é lindo.

— Este é meu universo, criado pelo meu pai.

— Ele era arquiteto?

— Sim, formado, mas nunca exerceu muito, ele dizia que só tinha se formado por causa do pai dele que era engenheiro civil.

— Interessante. — Ele riu — Mas seu pai tinha talento.

— Verdade, ele fez a vida comprando casas velhas e as transformando em novas para revender. Meu pai tinha mente de investidor — brinquei.

Ele me olhou por um momento, eu desviei meu olhar para minha bancada de trabalho:

— Quer ver meu portfólio?

— Claro. — Ele sorriu.

Eu abri o armário que tinha perto da porta e retirei minha pasta personalizada com capa de madeira de demolição e abri mostrando meus trabalhos:

— Que bom que me mostrou isso, me fez lembrar o motivo para ter vindo aqui.

— Achei que fosse pela comida — brinquei com ele.

— Bem, este foi meu segundo motivo. — Ele riu. — Mas o primeiro é outro.

— Diga.

— Daqui alguns meses vamos iniciar um grande projeto na revista e precisamos de alguém como você.

— Como eu? Em que sentido?

— Eu vi alguns dos seus trabalhos na sua editora, seus editorias para diferentes revisas, eu fiquei impressionado. Mostrei ao meu chefe e ele gostou da ideia de te chamar para fazer um projeto freelance para a Cosmopolitan. O que acha?

— Nossa, super legal, eu vou adorar, mas seria sobre o que?

— Ele quer uma matéria futurista, todo ano as cinco melhores revistas competem no Concurso Nacional de Mídia e Imprensa, se minha revista ganhar, nós vamos representar a Coreia na Feira de Jornalismo em Londres.

— Interessante. — Eu o olhei — E cada revista concorre com uma matéria?

— Sim, essa foi a forma que encontraram para julgar as revistas, e mais rápida também.

— Vai ser legal isso.

— Só espero que não seja um problemas, já que é da revista concorrente e você é irmã dele.

— Ele não é meu irmão, e mesmo se fosse, ele não tem nada a ver com minha vida profissional.

— E com sua vida pessoal?

me olhou profundamente como se estivesse tentando ler minha mente, eu respirei fundo, senti meu coração pulsar mais forte, acho que estava ansiosa para saber os próximos passos dele. O silêncio de seu olhar foi interrompido por um beijo, me beijou de forma singela e doce, deixando toda intensidade para o final.

“A vida não poderia estar melhor.”
- Miracle / Super Junior

 


 

CAPÍTULO 6

 

“Somos tão iguais, só sendo idiotas
Algumas vezes, temos que trilhar caminhos diferentes
E temos que nos encontrar novamente, mas…”
- My Heart is Touched / Personal Taste OST (SeeYa)

 

Quando o beijo terminou eu me senti meio tonta, desviei meu olhar para a porta e vi parado nos olhando, fiquei sem saber como reagir e me afastei de :

— eu disse.

se virou e o olhou:

— Me desculpe incomodar, Sakura está te chamando — ele disse de forma seca e fria, se virou indo em direção a casa.

— Bem, eu preciso ir — disse .

— Sim, te vejo amanhã.

— Claro, eu venho te buscar.

— Às 9, por favor.

— Combinado. — beijou minha bochecha de leve.

Eu o levei até o portão e retornei para casa, quando entrei Sakura estava na sala desenhando, eu me sentei ao lado dela no chão e a observei por um momento:

— Então, querida, o que queria me dizer?

— Eu? — ela parou de colorir e me olhou.

— Sim. — Eu sorri. — Você não tinha me chamado?

Ela me olhou sem entender e virou seu olhar para porta, eu não me movi, pois sabia que estava lá nos olhando:

— Hum. — Ela olhou para mim novamente. — Eu queria mais sobremesa.

— Ok. — Eu segurei o riso, é claro que ela não tinha me chamado, mas eu iria fingir que acreditava.

Fui até a cozinha e peguei um pedaço do pavê de chocolate que tinha feito e mais duas colheres, voltei para sala:

— Eu só vou te dar se você dividir comigo — disse, me sentando ao lado dela.

— Tudo bem unnie, eu divido. — Ela sorriu, pegando uma colher.

estava sentando no sofá, ele segurou o riso. Eu permaneci calada ajudando Sakura a comer, era óbvio que eu iria comer 90% da sobremesa, mas eu queria ver até onde as atitudes dele chegariam.

Segunda de manhã, levou meus irmãos à escola, eu aproveitei que a ajumma estava arrumando a casa e me tranquei no estúdio de fotografia, desta vez iria trabalhar na ideia do projeto da revista Cosmopolitan Korea até chegar. Às 9 em ponto meu celular tocou, eu peguei meu caderno de anotações, enfiei na bolsa e saí em direção ao carro de .

Chegando na Cosmopolitan, nós tivemos uma reunião com o chefe dele e outra situação inesperada aconteceu. havia se oferecido para fazer o projeto e o dono estava a um passo de aceitar. Depois de um excepcional argumento de , ele concordou em realizar uma pequena competição entre eu e , assim a melhor ideia e apresentação venceria.

me levou para sua sala e eu comecei a explicar parte do que eu estava pensando, passamos algumas horas definindo como seria a matéria futurista, tínhamos 3 meses para apresentar algo melhor que o de , e para mim era bem pessoal, era uma questão de honra.

Logo à noite ao chegar em casa, eu fui direto para meu quarto. Sakura já estava dormindo em minha cama, eu tomei banho e coloquei meu pijama. Quando deitei, não demorou muito dormi. Na manhã seguinte, era minha vez de cuidar dos meus irmãos, eu os levei à escola e aproveitei para ver o resultado das provas. Na oportunidade, tirei algumas fotos deles para meu projeto pessoal, principalmente do quadro de resultados. JinHo e SunHill haviam ficado em 7º e 5º lugar, quanto ao HeeSong tinham se destacado e ficado em 1º, já nosso DongHo tinha ficado em 10º.

Fiquei feliz por eles conseguirem, eu fui para o centro comercial de Seoul, iria comprar os presentes como prometi. Ao chegar em casa à noite meus irmãos já estavam na sala de TV vendo dorama. Eu entrei e entreguei as sacolas respectivas a cada um deles, para JinHo comprei o box da série The Walking Dead, para HeeSong comprei a trilogia de O Hobbit em blu-ray e o livro, para SunHill comprei o photo-álbum Season Great do seu grupo de kpop favorito. Já DongHo comprei as edições que ele não tinha do mangá Bleach, ou seja, quase todas, e para Sakura eu comprei uma coleção de bonecas do Frozen que ela queria.

Eu os observei retirando seus presentes da sacola, eles me agradeceram em coral. Sakura me abraçou forte me agradecendo, retribui com um sorriso. Aproveitei para tirar algumas fotos sem que eles percebesse, depois deixei eles na sala entre risos e sorrisos e subi para meu quarto, minutos depois bateu na porta, eu olhei para trás, ele estava parado na porta me olhando:

— Boa noite — eu disse.

— Depois me diga quanto custou tudo. — Sua voz estava fria e áspera.

— Não precisa me ajudar a pagar.

— Faço questão. — Ele sorriu de canto, nos olhamos por um tempo, era como se ele quisesse dizer algo, mas não tivesse coragem.

— Eu agradeço então. — Eu desviei meu olhar para janela. — Mas alguma coisa?

— Eu sem querer ouvi a proposta do .

— É, eu aceitei, espero que não pense que é uma provocação, ou algo do tipo.

— Não. — Ele deu uma risada curta meio fria. — Afinal, eu não tenho nada a ver com sua vida pessoal. — Ele se virou e saiu.

Eu fiquei parada por um tempo, talvez ele devesse ter dito profissional, mas entendi que o problema não era eu trabalhar para a Cosmopolitan e sim eu e juntos e nosso beijo. Quanto mais eu olhava para , mais eu tentava entendê-lo, decifrar por que ele estava com ciúmes e por que ele deixava isso transparecer com tanta naturalidade.

“Está tudo bem que não possa te amar
Está tudo bem mesmo que não possa chegar até você
Amor solitário, sim, eu te amo
Mesmo de longe
Eu posso vê-lo.”
- Touch Love / Master's Sun OST (Yoon Mirae)


Cinco semanas se passaram comigo dividindo meu tempo entre meus irmãos, editora e projeto da Cosmopolitan, eu e revezávamos, a cada semana trabalhávamos em um lugar diferente e nesta semana estávamos no meu estúdio analisando algumas fotos que eu tinha tirado de um grupo de estudantes de robótica da Universidade da Korea:

— Então, eu gosto destas — disse ao selecionar 5 fotos dos projetos de alunos.

— Esses foram realmente interessantes. — Eu me levantei da cadeira olhando.

— Você fotografa muito bem. — Ele me olhou com um sorriso.

Eu desviei meu olhar, ainda ficava envergonhada com os elogios dele.

— Olhe este. — Eu peguei meu caderno de desenho e o mostrei. — Pensei neste layout para a matéria, o que acha?

— Acho que você desenha melhor ainda — ele brincou.

— Estou falando sério. — Eu tentei não rir.

— Eu também. — Ele me olhou por um momento e continuou: — Mas está interessante. — Ele pegou o caderno analisando. — Porém, acho que as cores podiam ser mais metálicas e escuras, o que acha?

— Hum… — eu olhei e pensei por um momento. — O que acha das bordas azul marinho metálico? — E apontei no papel. — A folha poderia ter uma resina especial.

— Boa ideia. — Ele permaneceu me olhando, acho que queria me dizer algo, ainda não tínhamos comentado sobre nosso beijo. — Eu…

— Você? — Eu o olhei.

— Não quero que fiquei nada incerto entre nós dois.

— Ah, é sobre a outra noite.

— Sim, penso que possa estar constrangida. — Ele pegou em minha mão. — Como não falamos sobre isso.

— Bem, seu beijo me pegou de surpresa. — Eu desviei o olhar para a bancada de trabalho. — Mas é que não estou pronta para abrir meu coração, mesmo sendo para uma pessoa tão maravilhosa com você.

— Você foi ferida no passado? — Ele sorriu de leve e colocou meu cabelo atrás da minha orelha.

— Digamos que sim. — Eu respirei fundo, me lembrando de , porém a imagem de invadiu minha mente, do seu beijo enquanto eu estava bêbada e de como ele cuidou de mim quando eu estava abalada. — Eu não quero te dar falsas esperanças, ou que crie expectativas, eu sou uma foto antiga com defeito.

— Não se preocupe. — Ele me puxou de leve, me abraçando. — Não vou criar, mas gostaria de ser seu restaurador.

Nós permanecemos por um tempo abraçados até que nos separamos, ele era sim muito cavalheiro e gentil. Logo mudamos de assunto e voltamos a analisar as fotos, trocamos mais algumas ideias, enquanto eu redesenhava o layout. As horas se passaram até que foi embora ao anoitecer, eu levei meu notebook e meus cadernos de anotações para o quarto, estava tão empolgada com minhas ideias que nem sono tinha mais.

Ao amanhecer, pedi ao para levar meus irmãos à escola no meu lugar, minha cabeça estava fervendo de dor por passar 3 dias em claro sem dormir, tinha acumulado muito trabalho da editora por causa desse projeto. Ouvi três toques na porta, quando me virei estava encostado na parede me olhando:

— Tudo bem? — Sério como sempre, manteve seus braços cruzados.

— Sim, já voltou? — eu caminhei até a janela. — Foi rápido.

— Nem saí. — Ele deu uma risada rápida. — Acho que esqueceu que eles não terão aula esta semana.

— Ah! — Eu suspirei cansada. — Verdade.

Eu havia me esquecido de muitas coisas, e agora me lembrando, havia me esquecido que no próximo sábado era aniversário da Sakura. Minha cabeça estava tão sem direção que era visível minha falta de percepção das coisas:

— Está tudo bem?

— Sim.

— Não parece, bem queria saber o que vamos fazer para comemorar o aniversário da Sakura.

— Ah, eu não tinha pensado nisso. — Deu uma breve pausa, senti um abreve cansaço — Também.

— Pensei em um dia no parque, ou algo do tipo.

— Sim, é legal, um piquenique no parque. — Eu me encostei na janela tentando não olhar para ele. — Boa ideia, vou pensar no que fazer para levar, acho que coisas mais saudáveis deve ser bom.

?! — ele me chamou, começando a caminhar em minha direção.

— Mais alguma coisa? — Eu mantive minha atenção voltada para janela, eu realmente não estava bem e metade do meu desvio de atenção às coisas e estresse era culpa dele, afinal sempre que tentava me concentrar eu pensava nas suas atitudes.

— Olha pra mim. — Ele parou na minha frente.

— O quê? — eu levantei minha face e o olhei rapidamente.

— Você está mesmo bem? — Ele se aproximou mais e eu senti que prendi minha respiração automaticamente. — Há quantos dias você não dorme direito?

— O quê? — Eu me desviei dele. — Estou bem sim, só com alguns trabalhos acumulados, mas estou bem. — Respirei fundo indo até a porta. — Eu vou fazer a lista e te passo depois, se não se importa eu vou descansar um pouco.

Ele assentiu sem dizer mais nada e saiu. Era estranho ver ele preocupado comigo, tão estranho quanto suas reações de ciúmes, mais estranho ainda o beijo que ele me deu que eu não tinha me esquecido e vivia voltando a minha mente. Me deitei na cama e fechei os olhos, estava mesmo cansada, acabada, meu corpo estava pesado demais, era como se eu tivesse voltado da guerra, me sentia sem vida. Nem vi o dia passar, quando acordei já era noite, encontrei uma bandeja de lanche nos pés da minha cama, fiquei meio admirada no primeiro momento. Aceitei de bom grado e comecei a comer, estava gostoso.

— Boa noite, unnie. — disse Sakura ao entrar no quarto.

— Boa noite, florzinha. — Eu sorri para ela. — Então foi você a alma caridosa que deixou isso aqui para mim?

— Não. — Ela se sentou ao meu lado e riu. — Foi o oppa, ele disse que você estava cansada e que não era pra ninguém te acorda.

— Sério? — eu a olhei sem reação, era agora que eu não me encaixava mais, nunca imaginei ele fazendo isso por mim.

— Sim, ele até pediu para eu dormi com a SunHill unnie hoje, assim você poderia ficar mais confortável. — Ela se levantou. — Unnie, ele gosta de você não é?

Essa pergunta tinha me pegado, nunca havia pensado nisso, mas será que ele gostava de mim? Por isso estava agindo daquele jeito? Era uma pergunta enigmática se tratando de .

— Bem, eu não sei. Mas por que a pergunta?

— É por que ele te olha da mesma forma que o appa olhava para a omma. — Ela caminhou até a porta. — E ele sempre fica parado na porta do quarto, sorrindo, enquanto vê você dormindo. — Ela saiu pulando e cantarolando.

Definitivamente eu não o entendia, minha mente havia se fundido ainda mais tentando entender aquela revelação. Terminei de comer e levei a bandeja para cozinha, fiquei sem saber se o procurava ou não, acho que não saberia como reagir se o visse naquele momento.

“O amor cresce mais profundo assim como as lágrimas
Eu me torno mais velho enquanto a dor cresce
Eu quero acreditar que tudo ficará bem
Se eu for pra onde meu coração me levar.”
- You are the one / Super junior


Passaram-se os dias e na manhã do sábado saímos para finalmente comemorar o aniversário de Sakura, fizemos um piquenique no Seoul Grand Park. Escolhemos um lugar onde tinha uma sombra legal perto de uma árvore, SunHill me ajudou a estender a toalha e colocar as comidas em cima, fizemos uma roda e sentamos. Eu podia ver os olhos de Sakura brilhando, eu estava feliz por ela, era realmente bom ver meus irmãos sorrindo de novo, ainda mais depois de uma perda tão grande. Eu tentava não olhar muito para , e sempre que meus olhos se direcionavam para ele, eu o pegava me olhando, ele tentava disfarçar, mas não conseguia muito, senti que Sakura o ajudava um pouco com isso. Meus irmãos realmente eram mais espetos que nós dois.

Ficamos um bom tempo conversando sobre o passado, relembrando algumas festas, e eu aproveitei para tirar mais fotos daquele momento, o sorriso deles eram tão espontâneo e eles passavam tanta alegria em uma simples comemoração no parque. Nós comemos um pouco e meus irmãos começaram a brincar com Sakura, eles correram um pouco pelo parque, enquanto eu e recolhemos as coisas. Caminhamos um pouco em silêncio, até que eu tive a coragem de iniciar a conversa.

— Obrigada.

— Pelo quê? — ele continuou, olhando para frente tranquilo, como se não entendesse nada.

— Por essa semana, você cuidou de tudo e até de mim. — Eu parei por um momento. — Mesmo que não goste de mim, eu agradeço por isso.

— Por que pensa que eu não gosto de você? — Ele parou e se posicionou na minha frente.

— Por vários motivos, quer que eu comece com nossa infância? — Eu o olhei sério.

— Talvez eu tenha sido interpretado mal, desde sempre.

Eu me calei por um tempo, aquelas palavras eram inesperadas, mas quando ia me pronunciar:

— Unnie, oppa — disse SunHill ao chegar correndo perto de nós.

— O que houve? — Eu olhei para ela.

— Sakura sumiu, estávamos brincando a de repente ela desapareceu.

— Não, ela não pode ter ido muito longe — disse . — SunHill fique com DongHo e espere no carro, enquanto isso nós procuramos por ela.

— Tudo bem, oppa.

Nós saímos pelo parque procurando por ela, ficamos cerca de uma hora procurando, eu já estava agoniada e aflita quando a encontrei abraçada à uma caixa de papelão debaixo da ponte perto do lago toda molhada.

— Sakura! — eu gritei ao vê-la.

— Unnie. — Ela colocou a caixa no chão com cuidado e correu até mim.

— Onde você estava. — Eu a abracei — Ficamos preocupados.

— Mianheyo unnie. — Ela fez uma carinha triste.

— Não importa, você está aqui agora, unnie vai te levar para casa.

. — chegou perto de nós. — Oh, que bom que a encontrou.

— Oppa. — Ela o olhou. — Mianheyo.

— Te desculpo sim. — Ele a abraçou. — Nunca mais faça isso, oppa te ama demais para ficar sem você.

Ele estava tão… Eu senti meus olhos cheios de lágrimas vendo o quanto ele a abraçava, que me fez me lembrar do meu pai quanto eu caí da bicicleta pela primeira vez.

— Oppa, você disse que eu podia pedir qualquer presente, se lembra?

— Sim eu me lembro. — Ele a olhou. — O que você quer?

Ela pegou em sua mão e o puxou para perto do lago, eu o segui sem entender, quando chegamos perto da caixa que ela havia deixado no chão, dentro tinha um filhote de cachorro.

— Ele estava quase se afogando então eu o peguei — Sakura explicou.

— Então é por isso que está molhada. — Eu ri.

— Não podemos ter um cachorro.

— Mas, oppa, ele não tem família. — Ela olhou para mim com os olhinhos triste. — Unnie!?

— Bem, nós podemos fazer um teste. — Eu sorri para ela. — Se ele não se adaptar arrumamos um lar de adoção para ele.

— Obrigada, unnie. — ela sorriu e pegou o filhotinho no colo.

— Se insiste. — Ele deu as costa e saiu.

Maravilha, o de sempre havia voltado. Nós retornamos para o carro, os outros já esperavam por nós, ele deu a partida e voltamos para casa. Ele passou todo o caminho em silêncio enquanto meus irmão conversavam tentando decidir um nome para o cachorrinho. Quando chegamos Sakura e JinHo foram para o banheiro dar um banho no filhotinho, todos estavam empolgados com essa novidade na família, eles finalmente haviam escolhido um nome, o apelidando de Eunhae.

havia ido direto para o quarto, eu estava tão revoltada com essa falta de compaixão dele pelo filhote que fui até ele tirar satisfação:

— Posso saber por quê? — disse ao entrar no quarto dele.

— Não sabe bater na porta? — disse ele ao retirar sua jaqueta e jogá-la sobre a cama.

— Não. — Eu o olhei sério. — Não vai me responder?

— Responder o quê?

— Por que o filhotinho não pode ficar aqui? — Eu tentei controlar minha voz, eu já estava tão insatisfeita com as atitudes dele que não queria gerar uma discussão.

— Já deveria saber a resposta. — Ele me olhou sério.

— Já chega — eu explodi, senti meu sangue ferver. — Para, pelo menos uma vez na vida seja claro e para de enigmas, não aguento mais isso. — Pronto, falei.

— Por que você é alérgica a cachorros — ele respondeu num tom firme e rude.

Eu parei em choque, aquele momento que ele estava pensando em mim. Me veio a memória que no caminho inteiro de volta para casa eu estava tentando prender os espirros que vinha e comecei a perceber que meu nariz estava entupido. Eu estava tão chateada com ele que não havia prestado atenção que meu corpo estava sentindo as crises de alergia.

— Me desculpe por fazer algo que não estou acostumado. — Ele olhou para janela. — Se me permite, preciso me trocar.

Aquelas palavras foram tão duras, que me senti mal por ter gritado com ele. Saí em silêncio, eu realmente não conseguia o entender, definitivamente jamais o entenderia. Será que sentia agora por mim, algo além da nossa indiferença?

“Talvez seja amor; não importa onde eu te veja,
Meu coração se enche de emoções,
Você acordou o meu coração frio e enferrujado.”
- My Heart is Touched / Personal Taste OST (SeeYa)

 


N/A: No próximo capítulos vamos desvendaremos o enigma ultimate!!!! *-*


 

CAPÍTULO 7


“Sim vamos nessa!

Desafie a si mesmo, espalhe sua personalidade, faça isso!”
- One Shot / B.A.P


Passaram-se mais algumas semanas, eu e estávamos quase terminando nosso projeto, por questões de segurança, sugeri que trabalhássemos mais no meu estúdio de fotografia, e com isso notei que o mau-humor de só crescia. Eu estava concentrada de mais nesse projeto para me importar com as atitudes de , mas com certeza depois desde tempo eu tiraria minhas dúvidas com ele, ainda mais depois do episódio do cachorro.

— Você está muito pensativa hoje — disse .

— Alguns problemas pessoais. — Eu me sentei na cadeira olhando para a bancada de trabalho, deu um suspiro fraco. — Quanto mais convivo com as pessoas, menos eu as entendo.

— Alguém em especial?

— Sim e não. — Eu ri baixo e me levantei. — Mas o que importa é que estamos quase no final.

— Nada como o trabalho para nos fazer esquecer os problemas.

— A não ser que o problema venha do trabalho. — Nós rimos um pouco. — Bem, acho melhor você levar tudo assim vai poder montar a apresentação antes de eu chegar.

— Tudo bem, vou fazer isso amanhã cedo, quando chegar na editora.

Nós organizamos todos os últimos detalhes e colocamos em uma pasta especial, estava muito entusiasmado com o resultado final do editorial futurista, eu estava satisfeita por ter completado tudo em menos de três meses. Nos despedimos no portão, já era tarde da noite e no dia seguinte teríamos muito o que trabalhar, e eu voltei para o estúdio e enviei algumas edições de fotos que tinha feito para minha chefe da editora no Brasil.

Quando finalmente entrei em casa, estava na sala lendo um jornal, ignorei ele por um momento e fui direto para cozinha, eu estava morrendo de fome. Depois do lanche passei pela sala de forma silenciosa.

— Boa sorte amanhã — disse ele, mantendo sua concentração no jornal.

Eu parei por um momento, sem reação e sem entender, será que ele sabia que minha apresentação seria amanhã?

— Obrigada — eu disse formalmente, estava cansada de mais para completar a frase, então subi para meu quarto.

Na manhã seguinte, não consegui acordar mais cedo, meu corpo estava mais cansado do que de costume, quando consegui me levantar ainda querendo dormi, lembrei que era meu dia de cuidar dos meus irmãos. Não acreditava que tinha sido tão irresponsável a ponto de esquecer eles, me levantei correndo e corri para o banheiro, nunca tinha tomado um banho tão rápido, quando saí já de roupa trocada e secando meu cabelo, estava encostado na porta de braços cruzados.

— Boa tarde — disse ele de forma tranquila e serena.

— O que faz aqui? — eu o olhei tentando não demonstrar que tinha me assustado.

— Vim ver se ainda estava viva — brincou ele, não segurando o riso.

— Ha… Ha.. Ha.. — eu disse ironicamente. — Perdi a hora.

— Nosso irmãos já estão na escola. — Ele descruzou os braços e olhou para seu relógio. — E acho melhor você não demorar, pode se atrasar de novo.

Ele saiu fechando a porta, eu tentei absorver o comentário dele e então corri até meu celular, estava quase na hora que eu e havia combinado com . Joguei minhas coisas dentro da bolsa e saí correndo, quando passei por , ele estava rindo, com certeza era de mim, eu detestava esse lado dele. Peguei um táxi para chegar mais rápido, estava nervosa e ansiosa, tentei me acalmar comendo algumas barras de cereal que havia encontrado na bolsa.

Quando cheguei na porta da editora, liguei para e ele foi me buscar. Antes de entrarmos ele me convidou para tomar um café, senti meu estômago aceitar antes de mim. Fomos há uma cafeteria perto chamada Coffee Prince, sentamos em uma mesa próxima da entrada, ele pediu somente um café expresso para ele, mas eu estava precisando de algo mais substancial, pedi cappuccino de chocolate e um pedaço de uma torta que estava gritando meu nome.

— Agradeço o convite — eu disse ao experimentar a primeira fatia da torta.

— Que bom. — Ele deu um sorriso meigo.

— Confesso que isso está sendo meu café da manhã.

— Por que será que imaginei. — Ele tomou um gole do seu expresso.

— Não consegui nem me levantar cedo para levar meus irmãos a escola, estou me sentindo uma irresponsável por isso.

— É normal, você está vivendo uma rotina muito pesada nessas últimas semanas.

— Ah, sim. — Eu suspirei fracamente. — Está sendo meio complicado conciliar tudo, não seu como estou de pé.

— Você é mais forte do que aparenta. — Ele me olhou.

— Obrigada. — Fiquei meio envergonhada com esse elogio, mas sim eu era mais forte do que achava que era.

Nós terminamos e voltamos pra o edifício da revista, aquela torta me deu a energia que precisava. Estávamos rindo de algumas histórias que estava contando, quando entramos no seu escritório nosso sorriso desapareceu, a pasta com o nosso projeto que ele tinha deixado na gaveta do seu armário havia desaparecido. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo, não comigo, não depois de todas aquelas noites sem dormir.

— Você tem certeza que colocou aí? — eu disse para ele, tentando não ficar desesperada.

— Sim. — Ele revirou a gaveta novamente. — Tenho certeza, mas não está aqui.

— O que faremos agora, todas as anotações, estava tudo na pasta.

— Não sei, vou ver com a secretária se alguém entrou aqui. — Ele saiu por um momento.

Estou cantando na chuva, para manter minha esperança viva
Porque eu estou sonhando que estou afundando novamente.
- Day by Day / Lunafly


Eu me sentei em uma poltrona que tinha perto da janela segurando as lágrimas, queria que aquele momento não fosse real. Foi quando eu vi pela janela, parado do outro lado da rua, eu não estava acreditando naquilo, será que ele teria tido a coragem de fazer aquilo? De roubar meu trabalho, então era por isso que ele tinha me desejado sorte. Eu me levantei sentindo tanta raiva que saí correndo em sua direção, eu ia despejar tudo nele, desci as escadas e atravessei a rua, quando cheguei perto dele.

— Então já apresentou? — Ele me olhou calmamente

— Apresentei? Como pode ser assim? — Eu o olhei não acreditando.

— Assim como? Não estou entendendo? — Ele sorriu, me olhando.

— Foi você, não foi?

— Foui eu o quê? Do que está falando?

— Meu projeto. — Eu respirei fundo.

— O que aconteceu? — ele me olhou preocupado, vi em seus olhos que ele era inocente.

— Me desculpa.

— O que aconteceu com seu projeto? — Ele segurou em meu braço. — Diga.

— Não sei, ele sumiu. — A primeira lágrima caiu em meus olhos. — Eu pensei que tivesse vindo aqui para… Me desculpa. — Não aguentei e chorei de novo na frente dele.

— Calma, deve haver uma explicação. — Ele me puxou e me abraçou. — Não chore.

— Você tem razão. — Eu me afastei dele limpando minhas lágrimas. — Não devo chorar, eu vou ver se descobriu se alguém entrou na sala dele.

— Se quiser posso te esperar aqui. — Ele olhou para o outro lado da rua.

— Você, o que você está fazendo aqui?

— Estava trabalhando aqui perto. — Ele respirou fundo. — Tem alguém na porta te esperando.

— Alguém? — Eu virei minha atenção para entrada do edifício e lá estava . — Aish.

Não acreditava que ainda teria que aguentar aquele sorriso irônico dele. Eu atravessei de novo e fui para porta da editora.

— Então, preparada?

— Um dia esse seu sorriso vai acabar e todos vão ver quem você realmente é.

— Pago pra ver. — Ele sorriu de canto.

— Algum problema? — disse ao chegar perto.

— Nenhum, vejo vocês na sala de reunião. — Ele olhou para mim e piscou.

— Idiota — eu sussurrei. — Então, , descobriu?

— Não, minha secretária estava no horário do almoço. — Ele suspirou fraco. — Não sei o que te dizer, estava na minha responsabilidade.

— Não se preocupe com isso, tenho certeza que eu devo ter salvo alguma coisa no meu HD externo, e não vai apresentar nada bom mesmo.

— Você o conhece tão bem assim?

— Melhor do que você imagina.

Ele me levou até a sala onde iríamos reunir com o sr. Park, dono e CEO da Cosmopolitan. Ao entrarmos, já estava se preparando, eu tentei ignorar tudo que estava acontecendo e cumprimentei formalmente o sr. Park, nos sentamos e deu início a sua apresentação, meu mundo caiu no instante em que o primeiro slide apareceu. Senti minha vida fora de órbita, sem chão literalmente, ele havia roubado meu projeto, automaticamente eu me levantei e saí, a única coisa que consegui ver foi a cara de , ele também não entendia o que estava acontecendo.

Eu corri em direção ao banheiro feminino, me tranquei em um reservado e tentei assimilar o que tinha se transformado minha vida, eu já estava tão cansada por todas as indiretas do , noites em claro, trabalhos estressantes e projetos importantes, e agora ver me roubar pela segunda vez em um momento tão importante, passei alguns minutos em silêncio, mas não conseguia conter meu choro.

. — bateu na porta. — Você está bem?

— Não deveria estar aqui. — Era visível na minha voz que eu estava chorando. — É um banheiro feminino.

— Me preocupo mais com você. — Ele parou por um momento. — Não entendo como ele pode fazer isso, como ele conseguiu.

— É isso que ele faz, desde que nos conhecemos. — Eu saí do reservado e o olhei — O pior é que não tem como provar.

— É a nossa palavra contra a dele. — Ele pegou em minha mão.
— E vamos chegar para seu chefe e falar que fomos nós que fizemos?

— Sim.

. — Eu peguei na mão dele. — Não quero que se prejudique por minha causa, um dia eu desmascaro ele, mas não creio que seja hoje.

, eu…

— Acho melhor irmos. — Eu o interrompi.

Nós saímos e quando chegamos no saguão.

— Bem, nó esperamos, mas eu não tenho mais tempo — disse sr. Park. — É uma pena que não tenho nos trazido nada, estava realmente curioso para ver um projeto seu. — Ele se afastou e caminhou até o elevador.

— Uma pena que não tenha visto minha apresentação — disse ao ver que o sr. Park já havia pegado o elevador. — Sempre fica melhor comigo.

— Cínico. — Eu o empurrei, me segurou.

— Calma, , não vale a pena.

— Eu te odeio — disse em lágrimas, me soltando de . — Você não sabe fazer nada e tem que usar o que é de outros para se dar bem, eu desprezo você.

— Sério. — Ele me olhou, cínico como sempre foi, e se afastou um pouco de nós. — Prova, eu sou um editor de sucesso na Europa.

— A custa do meu portfólio…

Antes mesmo que eu pudesse terminar de falar uma pessoa passou por mim e foi em direção a ele, era . Eu não acreditava, mas estava acontecendo, deu um soco em , o derrubando no chão, se virou e caminhou até mim, me pegou pela mão e me levou com ele para fora da editora.

?! — Eu o chamava enquanto era puxada por ele, mas ele permanecia em silêncio. — ?!

“Eu estou confusa agora?
Estes sentimentos, eu me pergunto se eles vão chegar até você
Mesmo assim,
Quero transmitir estes sentimentos para você honestamente.”
- Indestructible / Girl's Generation


Quando chegamos no seu carro, entramos e ele deu a partida. Eu estava ainda tão surpresa com o que ele tinha feito que não sabia o que dizer ou como reagir a tudo aquilo. Ao chegar em casa, ele foi direto para cozinha, eu fui atrás e fiquei o observando. Ao contrário daquela noite do beijo, desta vez ele fez chá de camomila para mim, eu estava mesmo com a cara de abatida.

— Beba isso — disse ele, me dando uma xícara.

— Obrigada. — Eu peguei segurando as lágrimas e tomei um pouco, estava meio quente. — Por ter me tirado de lá, e…

— Não precisa agradecer. — Ele desviou seu olhar para janela da cozinha. — Eu só lamento não ter apresentado.

— Como sabia? — Eu o olhei. — , como entrou lá?

— Quando você disse que tinham roubado seu projeto, eu me lembrei da história que tinha me contado, sobre ele e seu portfólio, só suspeitei. Então resolvi entrar no edifício e ver a apresentação dele, mas quando entrei você já estava xingando ele. — me olhou. — Então minha suspeita havia se confirmado.

— Eu fiquei surpresa quando você passou por mim e socou ele. — Eu dei um riso em meio às lágrimas. — Era isso que eu queria fazer se não tivesse me segurado, bem eu não queria prejudicar ele.

— Imaginei. — Ele pegou a xícara da minha mão e colocou na bancada da pia e me puxando me abraçou forte. — Mianheyo — ele sussurrou.

— Por que está me pedindo desculpas?! — Eu não entendia, mas o abraço dele estava tão bom que não queria que acabasse, me fazia esquecer até mesmo meus problemas com ele.

— Unnie, oppa?! — disseram meus irmãos em coral.

— Hum. — Eu me afastei ele. — Você chegaram, como chegaram?

— Ónibus — respondeu SunHill sem entender nada.

— E buscamos DongHo e a Sakura também, como o hyung pediu — completou JinHo.

— Que bom. — se afastou mais de mim indo em direção a geladeira. — Quero todos indo se trocar, vou preparar o jantar. — Ele abriu a geladeira.

— Ouviram, né? — Eu concordei.

Eles saíram rindo da cozinha, fiquei envergonhada por aquilo.

— Quer ajuda? — perguntei inocentemente.

— Hum. — Ele me olhou. — Quer me ajudar?

— Sim. — Eu sorri. — Preciso ocupar minha mente, não quero que nossos irmãos percebam que estou meio…

— Entendi, pode começar com as cebolas, assim se choram poderá colocar culpa nelas.

Ambos rimos, ele tinha mesmo um lado engraçado que era difícil ver. Era estranho para mim ter uma certa proximidade com ele, sempre pensei que só me aturava por causa do meu pai, mas acho que meu julgamento sobre ele era errado. No fundo, era uma pessoa atenciosa comigo, tão atenciosa que me roubou um beijo e nem quis assumir depois. Eu ainda iria tirar aquilo a limpo, ainda ia ter uma boa conversa com ele.

— Atchim. — Eu espirrei alto do nada. — Oh, é você Eunhae. — Eu ri e o peguei no colo.

— Como você não comprou, deixei um antialérgico pra você na sua cama.

—Oh, obrigada. — Eu caminhei até a porta. — Eu vou tomar logo, antes que Eunhae me cause coceira.

Eu saí rindo e brincando com Eunhae, ouvi os risos de vindos da cozinha. Nosso jantar foi bom, comemos bem e fez nossos irmãos falarem sobre tantos assuntos para ver se eu me distraísse. E reaumente eu havia me esquecido de todos os meus problemas, quando entrei no meu quarto me joguei na cama, estava exausta. Precisava mesmo de uma longa noite de sono para recarregar minhas energias e descansar minha mente, não queria nem mesmo pensar e mais nada, só dormir.

Na manhã seguinte, fui acordada com um lindo abraço de Sakura, me senti feliz e animada, meus irmãos realmente me faziam bem, me faziam esquecer pessoas como .

— Bom dia, unnie!!! — disse ela.

— Boa dia, princesa. — Eu sorri. — Obrigada por me acordar, mas não era para estar na escola?

— Unnie, hoje é sábado — disse ela com uma cara fofa.

— Ah, verdade. — Eu estava mesmo sem percepção do tempo e espaço. — Bem, vamos tomar café?

— Sim. — Ela se levantou e saiu correndo do quarto.

— Vai devagar — disse ao passar por ela. — Então, conseguiu dormi?

— Por incrível que pareça, nada atrapalha meu sono quando estou cansada.

— Que bom. — Ele se virou. — está lá na sala, quer falar com você.

— Hum. — Eu me levantei da cama. — Ok.

Demorei alguns minutos me trocando, escovei meus dentes e desci. Quando cheguei na sala, estava de pé perto da janela.

— Oi. — Eu olhei de relance para porta, estava na cozinha.

— Oi, eu vim saber se está bem — disse ele, se aproximando um pouco de mim.

— Estou, mais calma agora. — Eu respirei fundo. — Não precisava se preocupar.

— Não tem como não me preocupar. — Ele me olhou meio triste. — Só fico chateado por não poder fazer nada, não poder provar que o projeto é seu.

— Não é a primeira vez que eu não posso provar que é meu, mas quem sabe um dia.

— Queria poder fazer algo, mas meu chefe já aprovou. Ele adorou todo o editorial.

— Bem, eu não quero que se prejudique, já falei. — Eu o abracei de leve e me afastei. — Pelo menos uma coisa boa, ele gostou.

— E como você vai ficar?

— Eu ainda tenho um emprego no Brasil, estou bem…

— Ela irá trabalhar comigo — disse ao entrar na sala. — Ela fará o editorial da revista CéCi para o Concurso Nacional de Mídia e Imprensa.

— Eu vou? — Eu o olhei surpresa, sim aquilo era surpreendente para mim.

— Bem. — ficou meio sem reação. — Então pela primeira vez eu irei torcer para a CéCi.

— Agradecemos. — curvou um pouco a cabeça, eu permaneci paralisada.
— Então, eu vou agora. — se despediu de mim e saiu.

Permaneci mais alguns minutos em silêncio digerindo a novidade, não conseguia acreditar que aquilo era realmente verdade ou só queria provocar .

— Desde quando você sai dizendo coisas sem mesmo me propor.

— Me desculpe, me esqueci de fazer esta oferta. — Eu riu de canto. — Mas, você aceita?

— Não está me propondo isso por causa do , não é?

— Claro que não, você não quer dar o troco no seu ex-namorado?

— Bem, é o que eu mais quero.

— Então, aceita? — Ele esticou a mão.

— Aceito. — Eu peguei na mão dele.

Eu realmente pensava que ficaríamos assim, mas ele era mais imprevisível que eu imaginava. sorriu de canto e dando um leve impulso em meu corpo em direção a ele, ele se curvou de leve e me beijou. Oh, céus! Ele me beijou, um beijo suave e doce, e desta vez eu estava sóbria.

“Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão
Indestrutível...
Porque eu vou proteger você até o fim.”
- Indestructible / Girl's Generation

 


N/A: Capítulos finais... To be continued...


 

CAPÍTULO 8

 

“Para revelar meu único desejo despedaçado.
No meu desejo, você e eu podemos estar juntos
Você está muito longe, sempre que você volta para perto de mim
Eu desabo em lágrimas.”
- All My heart / Super Junior

 

Eu estava zonza com aquilo tudo, aquele beijo podia representar muita coisa e ao mesmo tempo nada. Definitivamente eu não estava entendendo mais nada, era mesmo uma caixa de surpresas, que me deixava a cada dia mais louca.

— Oppa, unnie?! — disse Sakura.

— Hum. — Eu me afastei dele. — Vocês estavam aí. — Eu olhei para meus irmãos na porta nos olhando.

— Estamos atrapalhando algo? — SunHill colocou a mão na boca segurando o riso, assim como os outros que estavam disfarçando.

— Não, já tomaram o café? — estava tranquilo, reagindo naturalmente ao que estava acontecendo.

— Sim, hyung — respondeu JinHo, dando um sorriso disfarçado.

— O café estava muito bom — completou HeeSong. — Hyung, eu vou para meu quarto estudar.

— Estudar? — Eu o olhei. — Mas está um dia tão lindo, por que não vai ao parque?

— Eu não gosto noona. — Ele curvou a cabeça um pouco. — Vou sair primeiro. — Seguiu em direção à escada.

— E vocês? O que pretendem fazer hoje? — Eu me voltei para os outros.

— Eu tenho um encontro — disse JinHo. — Vamos ao cinema.

— Hum…. Quem é a louca? — brincou SunHill.

— Ha...ha...ha... Louca não, sortuda — retrucou ele, fazendo todos rirem.

— E você, SunHill? — perguntou

— Eu queria pedir para dormir na casa de uma amiga. — Ela nos olhou com uma carinha fofa. — Eu posso?

— Por mim, tudo bem, só deixar telefone e endereço. — Eu sorri gentilmente.

— Está liberada — concordou .

— Daebak. — Ela se aproximou de nós e me abraçou, depois abraçou . — Komaweyo unnie, oppa!!!! — Depois subiu as escadas correndo.

— Que animação — brincou JinHo, se jogando no sofá.

— Noona, nós vamos ficar em casa? — perguntou DongHo, fazendo uma carinha triste.

— Claro que não — sorriu. — Vamos ao parque hoje, vão trocar de roupa, saímos daqui a pouco.

— Sério? — perguntou DongHo.

— Sim.

— Eba... — disse Sakura, dando um sorriso fofo.

Os dois subiram as escadas correndo, eu sorri automaticamente com toda aquela animação.

— Então, vocês vão ao parque — eu disse ao olhar para ele.

— Nós vamos ao parque. — Ele sorriu ao me corrigir e se aproximou um pouco mais de mim.

— Hyung, noona, eu ainda estou aqui. — disse JinHo em risos do sofá.

— Eu sei. — segurou o riso e se virou indo para cozinha.

— Não se esqueça de colocar a comida do Eunhae — eu gritei.

Subi para meu quarto e peguei minha bolsa, eu parecia mais animada que meus irmãos, não sei se era por causa do beijo, ou por que eu ainda tinha um fio de esperança quanto a dar o troco em . Não sabia o que eu estava sentindo, mas era algo bom, e era que estava me proporcionando isso.

Quando desci, Sakura estava me esperando na sala segurando Eunhae, e DongHo já estavam nos esperando do lado de fora. Nós duas saímos brincando com o cachorrinho e entramos no carro, deu a partida e fomos para o parque. Ao chegar, caminhamos um pouco, até que eu avistei uma árvore onde poderíamos nos sentar. me ajudou a esticar a toalha no chão e colocamos a cesta de comida, ambos nos sentamos enquanto Sakura e DongHo ficaram brincando com Eunhae mais à frente.

— Está calada — disse ele. — Pensando em algo?

— Sim, em várias coisas que aconteceram nesses últimos meses.

— Como?

— Como o beijo que você me deu. — Eu o olhei. — Eu não iria dizer nada até chegarmos em casa, mas é que suas atitudes vem me deixando desnorteada.

— Isso. — Ele sorriu de canto e desviou sua atenção para nossos irmãos.

— E você sorri tão naturalmente. — Eu suspirei fracamente. — Só queria entender o que realmente sente por mim.

— Então é isso? — Ele me olhou. — Me desculpe por não saber agir da forma certa quando estamos juntos.

— E qual é a forma certa? — Eu estava tão confusa, nunca conseguia entender suas explicações.

— Acho melhor falarmos disso mais tarde. — Ele esticou sua mão direita e acariciou meu rosto, sorrindo. — Apenas saiba que eu jamais te odiei.

— Hum?!

E mais uma vez fiquei perdida nas suas palavras e naquele olhar profundo que ele tinha, eu virei minha atenção para nossos irmãos, permaneci calada com aquela frase em minha mente, logo todos os nossos momentos de conflito e paz começaram a vir em minha mente. Não sabia o que pensar, mais ainda desejava ter respostas, ele não me beijaria por nada.

Na hora do almoço comemos um pouco, conversamos sobre os estudos de DongHo e sobre as amiguinhas que Sakura estava fazendo na escolinha. Mais ao final da tarde, eu e brincamos com eles e Eunhae, foi divertido, como se fossemos uma família completa. Como sempre eu aproveitei para tirar algumas fotos, não somente dos meus irmãos e de , mas eu comecei a fotografar todas as famílias que encontrávamos no parque. Foi um momento alegre e descontraído, apesar de minha mente sempre se focar naquele beijo.

“Quando estou contigo eu sorrio mesmo estando machucada,
Talvez seja você
A pessoa que curou minhas feridas profundas
E as minhas lágrimas que eram um costume para mim.”
- My Heart is Touched / Personal Taste OST (SeeYa)


Quando voltamos para casa coloquei Sakura e DongHo para tomarem banho, ajudei a guardar as comidas que haviam sobrado, eles estava com o rosto tranquilo mesmo estando silencioso. Eu encostei na bancada da pia e cruzei os braços o olhando guardar os sanduíches que sobraram na geladeira, ele realmente ficava lindo com aquela blusa azul.

— O que foi? — perguntou ele quando percebeu meus olhares.

— Nada. — Eu respirei fundo. — Podemos conversar agora?

— De novo? — ele riu de leve.

— Você sabe do que estou falando. — Eu fiquei séria, o olhando.

— Sim. — Ele caminhou até mim. — Mas não sei como dizer.

— Apenas diga por que está agindo assim, tão atencioso comigo. — Eu desviei meu olhar para a porta. — Não consigo te entender, você disse no parque que não me odeia, mas desde criança sempre me tratou como se tivesse esse sentimento.

— Eu… — ele segurou em minha mão — Não sei como, nunca soube como expressar o que sentia por você.

— Palavras existem para isso. — Eu respirei fundo, conseguia sentir o perfume envolvente dele.

— Não sou bom com palavras. — Ele se aproximou mais. — Não sei o que acontece, mas sempre que estou perto de você… — ele parou por um momento — Meu coração acelera tanto que perco as palavras, antes eu tinha medo desse sentimento, por isso te tratava daquela forma, mas agora não consigo mais…

Não sei se foi impulso dos meus hormônios ou só meu coração que estava acelerado também, mas eu o beijei antes mesmo dele terminar a frase. Seu beijo era tão doce e suave que senti minhas pernas ficarem bambas de repente, ele tocou de leve em minha cintura, eu me afastei um pouco.

— Oh, eu… — Respirei fundo. — Não sei o que me deu.

— Eu gostei. — Ele sorriu.

— Nós também — disse DongHo, parado na porta com Sakura ao seu lado rindo.

— Há quanto tempo estão aí? — Eu olhei, meio envergonhada.

— O suficiente, unnie. — Ela segurou o riso, era tão fofa falando como gente grande.

— Estão com fome? — perguntou .

— Não. — DongHo riu. — Mas queríamos ver filme com vocês, mas não queremos atrapalhar o namoro.

— Namoro?! — Eu olhei para . — O quê?!

— Bem, não é namoro. — caminhou até eles. — Ainda.

Eu fiquei sem reação com aquela palavra, “ainda”. Será que nós dois iríamos mesmo ter algo?

— Vamos ver filme então. — Ele segurou na mão dos dois. — Você faz a pipoca, .

Ele saiu rindo, eu não estava acreditando naquilo, dois beijos no mesmo dia, e eu nem estava bêbada. sentia algo por mim, agora tudo aquilo fazia um pouco de sentido, eu me sentia bem quando ele se preocupava comigo, me sentia protegida. Acho que meu sentimento por ele era o mesmo dele por mim, eu estava me apaixonando por .

Nós assistimos dois filmes até que as crianças caíram no sono, levou DongHo para seu quarto e eu coloquei Sakura na minha cama mesmo. Quando voltamos para sala de TV, JinHo chegou do seu encontro, ele nos viu arrumando tudo e não perdeu a oportunidade de brincar com a situação.

— Oh, couple magazine arrumando a sala junto — disse entre risos.

— Couple magazine? — eu o olhei sem entender a referência.

— Casal revista. — foi pra cozinha, rindo. — Trabalhamos em editoras de revistas e somos um casal.

— Como assim? — Eu olhei sério para meu irmão. — JinHo?! Que história é essa?

— Bem, soube que rolou um segundo beijo. — Ele se jogou no sofá de novo, rindo de mim. — E você está transbordando vergonha, noona, pode assumir.

— Assumir o quê? — Eu segurei o riso. — JinHo quem te disse sobre segundo beijo, o que é isso?

— HeeSong, ele me disse que viu quando vocês chegaram do parque. — Ele abraçou a almofada. — Segundo não, terceiro.

— Acho que já chega. — entrou na sala. — Hora de dormir, amanhã é domingo, mas segunda você tem prova, a vida não é feita só de encontros com garotas ou brincadeiras com hyungs e noonas. — Ele o olhou sério, como se quisesse que ele não falasse mais nada.

— Ok. — JinHo se levantou, soltando gargalhadas, e subiu as escadas.

Eu fiquei olhando se disfarçar, é claro que JinHo estava falando do beijo que ele me deu quando eu não estava sóbria, se até eu não conseguia esquecer aquele beijo acolhedor.

— Terceiro beijo — eu disse num tom irônico.

— Juro que eu não sei do que ele estava falando. — me olhou, dando um sorriso presunçoso.

— Mentiroso. — Eu me aproximei dele. — Você mente muito bem, mas eu me lembro daquele beijo.

— Você não estava sóbria — disse ele, rindo.

— Sabia! — Eu o empurrei de leve. — Sabia que não era um sonho, você me beijou na noite do coquetel.

— Sim — ele admitiu. — Não consegui me conter naquele dia, quando te vi chorando por alguém que não merecia suas lágrimas. — Ele pegou em minha mão e me puxou para perto, me abraçou forte. — Naquele dia eu senti que deveria te proteger.

— Está fazendo isso muito bem. — Eu me aninhei nos braços dele, sorrindo, era tão bom ficar ali.

Passaram alguns dias, e minha rotina de trabalho na editora brasileira, cuidar dos meus irmãos e projetos individuais não mudaram, quem iria imaginar que eu teria que fazer dois trabalhos para um mesmo concurso. E agora seria para a revista CéCi onde era editor chefe, eu fiquei com receio no início, pois não sabia se o chefe dele, pai da Yoona iria gostar, afinal eu senti que a filha dele não gostava muito de mim.

Mas quando ele mostrou meu portfólio para o dono, a ideia foi aceita na mesma hora. Eu sempre fui confiante quando se tratava dos meus projetos, mas soube que Yoona que era responsável por editoriais importantes como esse. Isso me deixou ainda mais insegura, eu não sabia se teria imaginação e criatividade suficiente para combater a mim mesma, afinal o editorial da Cosmopolitan Korea havia sido feito por mim e por .

“É linda
Me dê todas as suas cicatrizes
Você é linda
Tudo vai ficar bem quando você estiver em meus braços.”
- Beautiful / SHINee


Ainda faltava pouco menos de três meses para o concurso, e eu não tinha nada em mente, não conseguia pensar em nada que pudesse chamar mais atenção que um editorial com assunto futurista. Mas o lado legal de tudo é que assim como , iria trabalhar comigo direto para fazermos um bom trabalho.

— Hum, ainda não gostei — disse ao terminar mais um croqui insatisfatório, eu debrucei na bancada de trabalho do meu estúdio. — Eu desisto.

— Calma. — se aproximou de mim. — Você está há três dias focada em encontrar um tema específico, estou ficando preocupado com você.

— Mianheyo. — Eu levantei minha face e o olhei. — Não consigo pensar em nada, sinto como se tivessem sugado toda minha criatividade.

— Você está se sentindo muito pressionada com isso. — Ele segurou em minha mão e me levantou, acariciou meu rosto. — Não quero que se sinta assim.

— Komaweyo. — Eu me aninhei nele encostando minha cabeça em seu tórax. — Eu realmente quero fazer isso bem, não somente por mim, por causa do , mas quero fazer por você, não quero te decepcionar.

— Você não vai. — Ele apoiou sua face na minha cabeça, ele era um pouco mais alto que eu. — Minha omma sempre me dizia que quando estamos fracos e sem força, devemos nos apoiar em nossa família, ela nos ajudar a vencer o mundo triste que existe do lado de fora.

— Sim, meu pai também me dizia isso, família é a base de tudo. — Eu suspirei, lembrando de como meu pai me fazia sorrir em momentos tristes. — Família… Família… — Eu me afastei dele e o olhei. — É isso.

— Isso o quê?

— Família. — Eu sorri e senti meus olhos brilharem. — Esse é o tema e já até sei como desenvolver.

— Estou gostando desse sorriso. — Eu olhar era tão singelo e bonito. — Mas, por quê? Vão perguntar isso.

— Porque de todas as coisas que vocês mais presam, a família sempre vem em primeiro lugar, estou certa?

— Sim. — Ele deu um riso leve. — E como pretende desenvolver?

— Eu estava fazendo um projeto individual de fotografia, seria para uma exposição especial de aniversário para o casamento do meu pai com sua mãe. — Eu parei por um momento, tentei não me lembrar de tudo que eu senti por causa da morte deles. — Mas, eles se foram e eu continuei fotografando, você, nossos irmãos, nossa família.

— Vai ser interessante, podemos colocar não só a nossa, mais outras famílias como referência.

— Sim.

Eu e começamos a colocar nossas ideias no papel, eu fiz alguns croquis de possíveis layouts para as páginas, nós iríamos escrever um editorial baseado na família coreano, tanto tradicional com membros somente do país, como moderna feita por casamentos de coreanos e estrangeiros. Nós começamos a separar algumas fotos do meu acervo no HD externo, além de pegar algumas de família, fotos em que papai e SoonHee estão juntos com os nossos irmãos. Fiquei tão inspirada que fiz uma pequena brincadeira com meus irmãos, fazendo eles imitarem algumas fotos de casais, para colocar no editorial.

Eu já sabia que teria mais algumas noites sem dormir, mas eu teria uma companhia maravilhosa, e bem nem foi noites sem dormir, não me deixava ficar sobrecarregada. Ele se preocupava tanto comigo, que tentava não deixar muitas responsabilidades caírem sobre mim, outra grande novidade é que minha chefe havia me dado um mês de férias, além de se interessar pelo fato de eu fazer este editorial para CéCi. Tão esperta minha chefe que fez uma parceria com o dono da CéCi para que a editora que eu trabalhava tivesse uma pequena representação nisso tudo.

Eu estava animada com tudo aquilo que estava acontecendo, ainda conseguia manter contato com , havia pedido a ele para não contar a ninguém que eu estava fazendo o projeto da CéCi, queria fazer uma pequena surpresinha para . Desta vez seria minha revanche final e com grande estilo, só fico triste por , ele não merecia tudo isso, sempre foi uma pessoa legal e gentil comigo.

Os meses se passaram e todo o projeto já estava nos últimos preparativos, nunca fiquei tão concentrada em algo na minha vida. Até meus irmãos estavam animados e se divertindo com todas as fotos que eu estava fazendo com eles junto com Eunhae também. tinha mesmo razão ao me fazer lembrar das palavras de nossos pais, a família tem mesmo uma capacidade inexplicável de te fazer forte quando você precisa, e eu me sentia segura com a minha.

Finalmente o dia do concurso havia chegado, haveria um coquetel para a apresentação dos projetos no auditório do ministério da cultura e turismo. Quando chegamos no edifício, me mostrou os donos das outras três revistas que estavam competindo, minha ansiedade começou a dar lugar ao nervosismo, eu havia me esquecido que não estava competindo somente contra , ou melhor contra eu mesma, mas as outras revistas eram muito conceituadas e com certeza haviam pessoas talentosas por trás dos seus editoriais. Mas minha insegurança passou logo quando pegou em minha mão, me senti segura novamente.

Não demorou muito até vir nos cumprimentar, ele observou que eu e estávamos de mãos dadas, eu percebi sua face ficar triste, acho que ainda tinha esperanças, mas não tinha como lutar contra, eu não consegui sentir algo forte por ele.

As apresentações começaram pontualmente na hora marcada, após as outras três revistas, apresentou o meu projeto, devo admitir que aquele filha da mãe fazia muito bem seu papel sínico, como editor-chefe permaneceu no palco ao seu lado. Depois de alguns minutos seria a revista CéCi, por mais que eu tenha me negado a apresentar e sugerido que Yoona fizesse algo que estava acostumada, fez questão que eu mesma apresentasse, e nada poderia dar errado, ele estaria lá ao meu lado.

Quando eu subi no palco, virei meu olhara para , ele estava de boca aberta em seu rosto a expressão de surpresa era visível, e era isso mesmo que eu queria, que ele visse que eu sou mais forte que tudo que ele havia me feito.

“Agora estou só relaxando, sinto como se estivesse melhorando
É tarde demais, você disse que não pode mais voltar
Você sempre acreditou que eu desmoronaria sem você.”
- Keep Your Head Down / TVXQ

 


N/A: Falling in love... To be continued...


 

CAPÍTULO 9

 

“Eu vou me levantar para enfrentar
Todas as grandezas, fatalmente
Quando estou com você
Eu fico mais forte.”
- Divine / Girl’s Generation


Desta vez eu tinha mesmo me superado, nas palavras de eu havia me saído impecável e pude conferir isso quando as pessoas me aplaudiram de pé, realmente esse era um assunto muito importante e de impacto para os coreanos. O dono da CéCi foi o primeiro a me cumprimentar quando desci do palco, Yoona se aproximou logo depois. Assim que ela chegou perto de nós, pegou em minha mão entrelaçando nossos dedos, acho que era meio que um aviso para ela que estávamos juntos. Admito que por dentro eu estava dando pulos de alegria, e me sentindo a melhor de todas as mulheres do mundo!!!

O resultado só sairia no dia seguinte em nota na página do ministérios da cultura, os organizadores preferiam assim, pois poderíamos aproveitar o coquetel de celebração em ressentimentos entre as revistas. me deixou por um momento para conversar com os editores de outras duas revistas, enquanto isso caminhei pelo saguão olhando a decoração feita para o evento, o prédio estava todo iluminado com focos de luzes coloridas em alguns pontos.

Parei por um momento observando um cartaz que estava divulgando a feira de Londres, quando senti uma pessoa se aproximar, permaneci com minha atenção no cartaz.

— Parabéns — disse a pessoa, eu conhecia a voz.

. — eu viu meu rosto de leve para olhá-lo. — Obrigada!

— Você finalmente deu o troco — comentou ele dando um sorriso de canto.

— Você acha? — eu ri.

— Ainda tem alguma dúvida que a CéCi vai ganhar? — Ele me olhou, admirado. — Você foi maravilhosa, e aqueles slides, o tema, tudo foi tão mágico e incrível, incrível como você.

— Nossa, nem sei como agradecer. — Eu sorri, sem graça. — Pra dizer a verdade, nunca sei como agradecer seus elogios.

— Bem, infelizmente não poderá do jeito que eu queria. — Ele virou seu olhar para o cartaz. — Bem, me sinto mais distante de você agora.

— Está falando do… — Virou meu corpo em sua direção, pude ver a tristeza em seu olhar. — .

— Teria que ser cego para não ver que estão juntos. — Ele me olhou com carinho. — Mas estou feliz, de ver esse brilho nos seus olhos.

— Desejo que seja tão feliz quanto eu. — Eu me aproximei mais e o abracei de leve. — E obrigada por tudo.

— Hum. — se aproximou de nós. — Estou atrapalhando?

— Não. — Eu me afastei de . — Estávamos conversando.

— Sim, fiquei impressionado com o resultado final do projeto de vocês. — o olhou, sério e firme. — Em somente três meses conseguiram chegar a algo impecável.

— Bem. — segurou em minha mão e me olhou com carinho. — A revista CéCi deve tudo isso a esta grande profissional ao meu lado.

— Eu não fiz sozinha. — Me encolhi de vergonha.

— Modesta como sempre. — sorriu de canto, me olhando. — Me deem licença, mas terei que ir primeiro. — Ele se retirou.

Nós ficamos em silêncio por um tempo, eu olhando sério para ele.

— O que foi aquilo? — eu perguntei.

— Aquilo o que? — ele me olhou, sem entender.

— Sério? — Eu ergui nossas mãos ainda cruzadas. — Ciúmes, senhor ?

— Eu? — ele deu um riso sem jeito — Jamais.

— Sei. — O Olhei, fingindo acreditar.

— Você ainda quer ficar? — Ele me olhou, tão gentil e fofo, fazendo uma carinha de inocente.

— Hum, acho que podemos aproveitar mais um pouco, já que as crianças estão bem em casa.

Nós rimos e voltamos ao salão de eventos, ele me apresentou para os outros editores que eu não conhecia, pessoas muito interessantes e cheias de assunto. Em um certo momento ele me puxou para a pista de dança que ficava um pouco no canto direito do lugar. Eu vi de relance os olhares fulminantes de Yoona, eu realmente jurava que ela e tinham um relacionamento, mas acho que as esperanças só partiam dela. também me olhava ao longe, sua cara ainda era a mesma da apresentação, desta vez ele teve que engolir sua arrogância e ver que eu era muito superior a ele, e não havia me abalado com suas trapaças do passado e do presente.

No auge da dança me afastei um pouco de e fui ao banheiro, precisava retomar meu ar. Lavei meu rosto, e fiquei me olhando no espelho, ainda não acreditava em tudo que estava acontecendo, aquele estava sendo o ano mais louco da minha vida. Logo uma mulher entrou, era Yoona.

— Oh, você — eu disse com um ar meio sarcástico, eu era boa nisso.

— Eu vim pra te dar um recado. — Ela se aproximou de mim. — Fique longe do meu oppa.

Eu parei por um momento surpresa, não sabia se paralisava com a reação dela ou se caia na risada ali na sua frente.

— Olha, se o quiser que eu fiquei longe dele, farei com todo prazer, mas você não manda na minha vida — eu mantive meu tom de voz firme e a olhei, séria.

— Eu estou falando sério. — Ela segurou forte em meu braço direito, me encarando.

— E eu também. — Eu levantei minha mão esquerda e me soltei dela. — E acho melhor não me ameaçar, por que você não me conhece, garota. — Me afastei indo em direção a porta. — Ah! Se realmente quer conquistar um homem como , acho melhor deixar de ser tão infantil. — Olhei-a de cima para baixo e saí do banheiro.

Sim, eu queria muito estapear ela, mas minha noite estava tão boa que não me rebaixaria a fazer barraco com uma pessoa desnecessária como ela, mas faço questão de dar o troco em alto estilo. Quando passei pelo corredor de volta, se aproximou de mim, mesmo com aquele sorriso irônico dele, não conseguia deixar de transparecer sua frustração.

— Então você conseguiu — disse ele, parando em minha frente.

— Vencer meu próprio projeto? — Eu o olhei debochadamente. — Sim, consegui, com todos aqueles aplausos, já podemos imaginar o resultado.

— Admito que fiquei surpreso. — Ele tocou me leve em meu braço. — Pensei que não conseguiria fazer nada sem mim.

— Não me toque. — Eu me afastei dele — Você perdeu essa liberdade a muito tempo.

— Tudo que vai volta, querida. — Ele deu um sorriso de superioridade e segurou em meu pulso me puxando a força para perto dele.

— Me solta. — Eu comecei a empurrá-lo. — Socorro, alguém — comecei a gritar, mas a música no salão estava muito alto.

De repente senti uma mão nos afastar e socar a cara dele. Era , de novo fazendo aquilo que eu queria com , deixá-lo caído no chão.

— Nunca mais chegue perto desta mulher. — Ele pegou na minha mão. — Vamos, , nossa noite aqui já acabou.

— Então me trocou por esse aí? — Ele se levantou, dando um risinho sínico.

avançou um pouco, mas eu o impedi, me soltei da mão dele e fui até e lhe dei um soco na cara dele, estava tão mais furiosa do que antes.

— Ele é mil vezes melhor do que sua insignificância. — Eu me afastei e peguei na mão de e nos puxei para sairmos logo dali.

“O amor que ele deixou no seu coração é uma cicatriz.
Imprestável. Apague todas as lembranças inesquecíveis.
Apenas o amor pode apagar o amor do passado.
Agora olhe apenas para mim que estou em pé perto de você.”
- One For Me / SHINee


Estava me sentindo leve com tudo aquilo, acho que finalmente eu tinha encerrado esta história com . Voltamos meio calados para casa, bem, eu coloquei uma musiquinha para tocar no meio do caminho, acho que estava mais revoltado do que eu pela prepotência de . Ao chegarmos em casa, ele foi direto para seu quarto, eu não entendi aquilo, mas fui para o meu também precisava trocar de roupa, nossos irmãos estavam ainda na sala de tv vendo um filme, dei minha ordem para quando acabassem fossem direto pra cama.

Entrei no meu quarto com meu scarpin nas mãos e o mandei longe, não aguentava mais olhar para aquele salto que me deixava maravilhosa e cansada ao mesmo tempo. Troquei de roupa, colocando um short meio curto preto e uma blusa de moletom cinza, desci para cozinha e lá estava ele encostado na pia olhando para o teto.

— Pensando em reformar a casa? — perguntei, meio irônica, parada na porta de braços cruzados.

— Até que não seria má ideia, mas não. — Ele me olhou tranquilamente.

— Por que ficou tão sério? — Descruzei meus braços e caminhei até ele.

— Estava tentando voltar ao normal. — Ele respirou fundo. — Quando olho para aquele homem e me lembro de tudo que ele te fez, me sinto como se tivesse preso e não pudesse fazer nada pra te proteger.

. — Eu segurei em sua mão — Você já está fazendo isso, e nesta noite eu consegui encerrar toda minha lembrança com .

?! — Ele me olhou, intrigado.

Eu sorri e me afastei indo até a geladeira, peguei duas garrafas de Soju e me voltei para ele.

— Então, que tal uma comemoração só nossa? — Eu dei um sorriso meio malicioso.

, sabe que essa será sua terceira vez?

— Mas será a primeira feliz e não chorando. — Olhei-o.

— Ok. — Ele andou até mim e pegou uma das garrafas. — Me convenceu.

Nós bebemos bem, tanto que nem vimos nossos irmãos irem dormir, eu estava mesmo feliz por tudo aquilo, por me sentir tão leve e por estar com uma pessoa que me fazia tão bem. Eu não sabia como definir meu relacionamento com , mas sabia que era algo muito positivo, e depois da declaração dele, sentia meu coração aquecido de novo, eu podia amar novamente, e podia amar .

No final, foram mais que duas garrafas e as coisas foram ficando meio quentes e não estávamos muito sóbrios novamente. começou a se aproximar muito de mim, estávamos sentados no carpete da sala conversando quando ele me beijou de surpresa. Seu beijo tinha o mesmo gosto, estando sóbria ou não era o melhor beijo da minha vida, doce e suave com aquele toque de malícia e respeito, eu achava aquilo incrível e ao mesmo tempo me dava uma adrenalina incomum.

Suas mãos estavam sempre cautelosas depositadas ou na minha cintura ou no meu ombro, às vezes mexia em meus cabelos. Acho que era eu a bêbada da situação, por que a maioria dos homens costumava ser mais aproveitadores nesta situação, mas ele não, me deixava mais sem fôlego ainda com suas ações e reações.

Eu realmente perdi os sentidos de tudo com aqueles beijos, me perdi tanto neles que nem me lembro como acabou tudo. O que tinha acontecido? Acordei me sentindo meio estranha, não por causa da ressaca, mas ao passar a mão sobre a cama senti algo estranho ao meu lado, abri os olhos de repente e olhei para o lado.

“Truques de mágica
Estou ficando animado
Garota, você é toda a audiência que preciso
Você me conduz
Me prendeu dentro do seu nome
Em câmera lenta
Agora tente escapar
Tente escapar de mim essa noite
Não será fácil
Em todo o mundo
Estou viciado em você, garota mágica.”
- Magic / Super Junior


— AHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! — eu gritei no susto, estava no quarto de , na cama de e com ele ao meu lado.

— O que houve? — ele se levantou no susto também, se sentando. — A casa tá caindo?

— Não. — Eu o olhei, assustada. — Eu estou aqui.

— E o que tem?

— Esse é o problema.

— Não vejo problema nisso, . — Ele sorriu de canto.

?! — gritei com ele. — O que vão pensar da gente, nossos irmãos? Minha mãe? — Eu tentei me levantar, mas estava tão enrolada no lençol que acabei indo de cara no chão.

— Calma. — Ele segurou o riso. — Não aconteceu nada se é isso que te preocupa.

— Nada? — Eu o olhei, ainda caída no chão. — Da última vez você me omitiu um beijo.

— Eu jamais faria isso com você, ainda mais naquele estado. — Ele riu ainda mais. — Não se preocupe, quero você da forma certa.

Ok, aquilo bateu muito fundo no meu coração, ele me queria e da forma certa, será que era um sinal de compromisso? Quando ia me levantar Sakura apareceu na porta do quarto, me joguei no chão de novo, não queria que ela me visse lá.

— Bom dia, oppa! — disse ela animada.

— Bom dia, princesa.

— Bom dia, unnie. — Ela agachou e me olhou por debaixo da cama. — Está tudo bem? Caiu da cama?

— Hum?! — Eu tentei conter o desespero, aquilo não era cena para uma criança tão inocente e fofa como ela. — Ah. — Levantei minha cabeça. — Sim, querida, eu cai.

— SunHill e JinHo prepararam o café hoje, estamos esperando os dois. — Ela sorriu e saiu saltitando.

— Oh, céus! — Eu me levantei com certa dificuldade, me desenrolando do lençol.

— O que foi? — Ele começou a rir de mim. — Pare de ficar assim, nossos irmãos querem isso tanto quanto a gente.

— Isso o quê? — Olhei-o, assustada.

— Que fiquemos juntos. — Ele se levantou, estava sem camisa, tentei desviar meu olhar para porta, mas estava complicado, ele andou até seu closet e entrou. — Pare de agir assim. — Ele demorou uns instantes e voltou para o quarto vestido com uma blusa simples. — Somos adultos e eu já te disse que não aconteceu nada.

— Você disse. — Eu assenti. — Mas me faça acreditar.

— No momento certo, da forma certa. — Ele caminhou até mim e colocou suas mãos em minha cintura suavemente, me olhando de forma serena e tranquila. — E com a senhorita assinando suas matérias como a senhora , aí sim será o momento certo. — Pude ver a sinceridade em seus olhos.

— O que está querendo dizer? — Eu sabia que aquilo era um início de pedido de casamento, mas queria ouvir as palavras certas.

— Sou um homem um pouco conservador. — Ele riu de canto, entendendo minha intenção.

— Só isso? — Eu me afastei dele. — Vou para meu quarto trocar de roupa.

Saí dali com ele rindo de mim, aquele filho lindo de uma mãe maravilhosa ainda sabia me deixar fora de mim. Nós descemos de roupa trocada e juntos, é claro que nossos irmãos iriam brincar com os acontecimentos.

— Couple magazine — disse JinHo fazendo todos rirem.

— Não comecem — eu protestei.

— Por que não? — HeeSong riu. — E pra quando será o casamento? Sua mãe vai vir, né?

— Até você, HeeSong? — Eu o olhei, admirada.

Todos riram com aquilo, mas aquele comentário me fez lembrar de uma coisa, em todo aquele tempo que eu estava em Seoul, foram poucas as vezes que tinha entrado em contato com minha mãe, e da última vez minha tia havia dito que ela não estava muito bem de saúde.

— Está tudo bem, unnie? — perguntou SunHill.

— Sim. — Eu me sentei à mesa. — Só estou me lembrando que tenho que ligar para casa.

— No Brasil, noona? — perguntou DongHo.

— Sim, querido, minha mãe, preciso saber se ela melhorou.

— Esperamos que sim, a tia Adélia é muito legal — disse JinHo.

Eu gostava desse carinho que meus irmãos tinham com minha mãe, e de como ela e meu pai continuaram sendo amigos depois da separação, ela se dava super bem com a SoonHee. Apesar deste momento meio triste, as brincadeiras continuavam e nossos irmãos sempre falando de casamento. Ao final do dia o resultado do concurso finalmente havia sido postado, e como era esperado a revista CéCi iria representar a Coreia do Sul no próximo ano na feira de Londres.

Estava feliz por , por mim e por essa conquista, estava muito feliz mesmo, mas como sempre felicidade de pessoas comuns dura pouco. Eu não estava conseguindo contatar minha tia pela internet, e passei dois dias tentando obter alguma notícia, até que liguei para minha assistente no Brasil e recebi uma notícia que me fez quase desabar. Minha mãe estava mesmo doente, estava no estágio inicial de câncer de mama.

Fiquei desesperada com aquela notícia, nem mesmo conseguiu me acalmar por um tempo, queria ficar ao lado da minha mãe, já tinha perdido meu pai e ela eu não queria perder também. Arrumei minha malas correndo e comprei uma passagem para o Brasil, não podia ficar mais em Seoul. Era difícil para mim ficar longe dos meus irmãos, ainda mais que já tinha me acostumado a estar perto deles com aquela rotina doida, mais ainda, não queria me afastar de , ainda quando infelizmente meu cérebro insistia em pensar na Yoona e ele na revista CéCi trabalhando juntos.

— Então. — Eu respirei fundo, e olhei para o teto do aeroporto. — Não é um adeus, vocês sabem disso.

— Unnie, não podemos mesmo ir com você? — perguntou SunHill.

— Não. — Eu olhei aquelas carinhas tristes. — Por mais que estejamos no final do ano, vocês ainda têm aula. E estará aqui com vocês.

— Não será a mesma coisa sem os dois juntos — retrucou DongHo.

— Prometo voltar rápido. — Tentei segurar o máximo minha lágrimas, mas era complicado, ainda mais ver que estava se segurando também, se mantendo forte por nós dois.

. — Ele me puxou, me abraçando. — Não se esqueça que sempre estaremos com você, onde quer que vá.

— Komaweyo — eu sussurrei, aquele abraço tinha tanta energia e me deixava tão tranquila.

Não foi fácil para mim deixá-los, era como se estivessem separando uma parte de mim, mas eu precisava ser forte, para dar apoio a minha mãe, era iria realizar sua cirurgia em dois dias.

“Meu papai me disse uma vez,
"Estando com alguém que você ama, vai fazer você ser uma pessoa mais forte".
- Indestructible / Girl’s Generation

 


N/A: Próximo capítulo será o último!!! To be continued...


 

CAPÍTULO 10

 

“Amor, oh baby minha garota
Você é meu tudo, minha deslumbrante e linda noiva
Você é um presente de Deus
Nós seremos muito felizes, seus olhos negros se encherão de lágrimas
Mesmo que seu cabelo escuro venha a se tornar branco
Meu amor, você é meu amor, juro como eu te amo.”
- Marry U / Super Junior

 

*POV — on *

Eu não queria que aquilo tivesse acontecido com sua mãe, estava tudo indo tão bem em nossas vidas, que estar longe dela agora me fazia ficar desanimado em tudo. Eu não podia me sentir assim, tinha que cuidar dos nossos irmão, e estar em equilíbrio era essencial, afinal ela poderia se sentir segura para se apoiar em mim.

Havia passado uma semana que tinha voltado para o Brasil, recebi algumas mensagens dela no kakaotalk falando sobre o tratamento de sua mãe, eu não conseguia deixar de me preocupar não somente com a saúde da ajumma como também com essa distância que nos separava, mas me mantinha firma para ela.

Confesso que sentia falta dela, da sua voz, de como ela me olhava sem entender minhas atitudes, até mesmo Eunhae sentia sua falta. Eu estava no escritório tentando me concentrar no trabalho, concentração, eu realmente precisava disso, mas não conseguia. Oficialmente tinha concluído três horas olhando para o notebook sem saber o que fazer.

— Oppa?! — disse uma voz conhecida. — Oppa?!

— Hm?! — Eu tentei voltar ao normal e olhei em direção a porta. — Yoona?

— Oppa! — ela entrou sorrindo. — Fiquei preocupada, você não foi a revista essa semana.

— Bem. — Eu respirei fundo. — Ando tendo alguns problemas pessoais.

— Deixe-me adivinhar. — Ele colocou sua bolsa na cadeira. — Tem algo relacionado a ela?

— Se está falando da , sim.

— Oppa, desde que ela apareceu você tem problemas. — Ela cruzou os braços, me olhando. — Acho que ela foi tarde.

— Você não entenderia. — Eu me levantei. — Yoona.

— Oppa?! — Ela descruzou os braços e me olhou sem entender.

— Acho que eu deveria ser sincero com você, antes que seja tarde.

— Oppa, está falando da minha carta?!

— Sim. — Eu a olhei nos olhos, procurava palavras para dizer tudo que eu sentia, mas não queria magoá-la. — Yoona.

— Diga, oppa.

— Acho que terei que ser direto, assim terei mais coragem. — Respirei fundo. — Não posso aceitar seus sentimentos por mim.

— Oppa?! — Ela me olhou sem entender, pude ver as lágrimas se formando no canto dos seus olhos.

— Mianheyo Yoona, mas meus sentimentos e meu coração pertencem a outra pessoa. — Eu segurei de leve em sua mão. — E mesmo se essa pessoa não tivesse se apoiado em mim, eu sempre a veria como uma irmã.

— Oppa — sua voz falhou, ela estava olhando para o chão, mas vi uma lágrima cair dos seus olhos.

— Mianheyo. — Eu me aproximei meio sem jeito, não queria arrancar lágrimas dela, dei um leve beijo em sua testa, e afastei e saí do escritório.

Eu não conseguiria ficar ali vendo ela chorar, eu sempre tentei não dar esperanças para Yoona, sempre a vi como uma irmã mais nova. Eu nunca permitiria meu coração olhar para outra mulher que não fosse a , mesmo se ela não me quisesse, meu amor seria dela para sempre. Caminhei pelo jardim e entrei no estúdio dela, de toda a casa, aquele lugar era o que mais me fazia lembrar dela, era como se seu perfume estivesse grudado naquele lugar e me fizesse me sentir mais preto dela. Eu sentia sua falta, naquele um ano que a tinha perto de mim me fez ficar ainda mais apaixonado por ela, não queria me manter afastado.

— Hyung?! — disse HeeSong ao bater na porta.

— Sim. — Eu me virei e olhei para porta. — Aconteceu alguma coisa?

— A noona já foi. — Ele encostou de leve na porta. — O hyung está bem?

— Sim, estou tentando ficar. — Desviei meu olhar para a janela.

— Por que o hyung não vai buscar a noona?

— O quê?

— É! — Ele me olhou tranquilamente. — Eu e JinHo podemos cuidar dos outros.

— Ela não pode vim, sabemos disso.

— Hyung, a ajumma poderia vir também, afinal somos uma família. — Ele se afastou da porta. — E a família fica mais forte unida.

Ele saiu, eu fiquei pensativo, mas HeeSong estava certo, de certa forma nós éramos mais fortes quando estávamos unidos, e a ajumma era da nossa família. Tinha me resolvido, eu iria para o Brasil buscar ela.

*POV — off *

 

Mesmo sabendo que estaria cuidando dos nossos irmãos, eu ainda não conseguia manter minha mente 100% no Brasil, sempre me pegava pensando neles, na minha vida em Seoul. Nesta última semana eu mantinha uma rotina diária de ajudar minha mãe em sua recuperação e outros assuntos profissionais. Tinha passado muito tempo longe de casa, eram tantos problemas que não sabia quais resolvia primeiro.

“Aqueles dias de apenas coisas bonitas,
Vendo juntos apenas as coisas boas sobre nós
Comendo junto, se divertindo juntos
Chorando juntos e rindo juntos
Obrigado por acreditar em mim que eu não vou cair
E por estar ao meu lado, realmente muito obrigado.”
- From U / Super Junior


Era terça-feira e eu estava saindo do prédio da editora, foi quando me surpreendi totalmente com o que vi, aquela pessoa parada encostada no meu carro de braços cruzados me olhando, não consegui conter aquela emoção de vê-lo e lágrimas de formaram no canto dos meus olhos. Ele se afastou do carro e veio em minha direção, assumo, não aguentei esperar ele chegar até mim, corri e quando cheguei perto o agarrei, bem era para ser um abraço.

— Calma, assim vai me derrubar. — Ele riu de leve retribuindo o abraço.

— eu sussurrei seu nome, não conseguia parar de chorar.

— Estou aqui, para ser seu ponto de apoio, não vou te deixar. — Sua voz suave e doce era tudo que eu precisava naquele momento.

. — Eu me afastei dele um pouco e o olhei. — Como chegou aqui?!

— De avião. — Ele riu de leve.

— Não estou falando no Brasil, mas aqui na editora. — Eu olhei para ele, segurando o riso. — Espera, nossos irmãos.

— Calma, está tudo sob controle em Seoul. — Ele me abraçou de leve novamente. — Não importa como consegui chegar aqui, apesar de existir o google maps, mas o que importa é que estou aqui.

— Obrigada — eu sussurrei de leve.

— Saranghae — ele sussurrou de volta.

Aquela palavra vindo dele me dava força, só o fato dele estar ali eu já me sentia mais forte para enfrentar tudo. Eu o levei para meu apartamento, ele só tinha ido com uma mochila, não acreditava naquilo, porém sabia que ele não ficaria por muito tempo. Quando entramos, percebi que minha mãe não estava lá, ela tinha deixado um bilhete dizendo que iria sair com minha tia.

— Fique à vontade — eu disse, indo para cozinha.

— Agradeço. — Ele se sentou, olhando sua volta. — Seu apartamento é bonito.

— Obrigada, eu tenho bom gosto. — Eu ri e ele também riu. — Está com fome?

— Um pouco.

Eu preparei um lanche para nós dois e o chamei para comer na cozinha mesmo.

— Agora posso saber por que está aqui?

— Sim. — Ele me olhou de leve, depois voltou sua atenção para o copo de suco. — Mas acho que já tenha algo em mente.

— Gostaria de ouvir de você.

Ele permaneceu em silêncio até terminarmos de comer.

— Gostei da varanda da sala. — Ele se levantou e caminhou de volta para sala.

— Gostou é? — Eu o segui, o observando.

— Sim. — Ele saiu para varanda e ficou olhando para a vista da cidade.

— Não é tão diferente de Seoul. — Eu me aproximei um pouco.

— Eu conversei com Yoona. — Ele permaneceu com sua atenção voltada para a rua.

— Espero que tenha saído tudo bem. — Eu não queria força ele a dizer nada, apesar dele ter me contato que Yoona tinha se declarado para ele, ele já havia me dito que a via como uma irmã.

. — Ele me olhou sério, porém com uma certa suavidade.

— Sim. — Eu o olhei, ele retirou uma caixinha do bolso, senti um frio de leve na barriga.

— Sei que foi somente uma semana, mas… — ele se ajoelhou me olhando e abriu a caixinha. — Nesta uma semana que passei longe de você, senti que minha vida não fazia sentido, senti que precisava estar ao seu lado com você, te manter em segurança sempre.

. — Eu segurei minhas lágrimas. — Isto é?

— O motivo de estar aqui, não é somente para te levar para casa, mas por que quero que você seja a senhora .

, você…

, would you marry me? — Ele deu um sorriso tão fofo que perdi a respiração na hora.

“Eu havia preparado isto para você há tanto tempo.
Por favor, aceite este anel brilhante em minhas mãos.
Apenas como o dia de hoje,
Lembre-se desta promessa que estamos firmando agora.
Você casaria comigo?”
- Marry U / Super Junior


É óbvio minha resposta, o que eu sentia por ele era tão forte quanto o que ele sentia por mim, quando eu disse sim, me beijou no impulso, senti minhas pernas bambas e meu coração acelerado, aquela sensação era tão boa, e aquele momento tão bom, me fazia esquecer os problemas.

. — Eu me afastei dele um pouco. — Sabe que não posso deixar minha mãe.

— Eu não pediria isso para você. — Ele segurou em minha mão entrelaçando nossos dedos, com um lindo sorriso. — HeeSong me disse uma coisa que me fez refletir.

— O que ele disse?

— Somos mais fortes unidos.

— O que isso quer dizer?

— Bem. — Ele acariciou minha face devagar. — Tivemos a ideia da ajumma voltar conosco, somos uma família e todos queremos ela em Seoul também.

— Sério? — Eu não acreditava naquilo, mas aquela proposta me parecia tão boa e eu estava mesmo com saudade dos nossos irmãos.

Quando minha mãe chegou, contamos tudo a ela, ela ficou feliz por mim e preocupada se não iria nos atrapalhar e incomodar. Mas foi tão paciente com ela que a convenceu de imediato a ir para Seoul conosco. Era uma ideia arriscada, pois minha mãe ainda estava em tratamento, mas ele tinha preparado tudo, até mesmo o médico que iria cuidar dela em Seoul. Finalmente sim, eu poderia voltar sem preocupações para aquela que passei a considerar minha casa.

Levamos três dias para organizar tudo, a medicação e medidas de repouso da minha mãe, colocar meu apartamento na imobiliária para alugar, e resolvi me demitir da editora, e não, não estava desempregada, havia me convidado para trabalhar na revista CéCi, eu havia conquistado a confiança do dono. Seria legal, ainda mais que Yoona iria para os Estados Unidos estudar, seria o céu trabalhar naquela revista.

Quando desembarcamos no aeroporto de Incheon, meus irmãos estavam nos esperando no saguão, fiquei surpresa por aquilo.

— Unnie — Sakura gritou e correu até mim.

— Minha pequena. — Eu a abracei, segurando em meu colo de leve, depois a coloquei no chão novamente.

— Senti saudade, unnie. — Seus olhos estavam brilhando.

— Eu também princesinha. — Eu sorri para ela e me levantei, os outros estavam se aproximando.

— Unnie. — SunHill me abraçou, depois abraçou minha mãe — Ajumma, seja bem-vinda.

— Obrigada, muito bonita esta recepção — disse minha mãe, já indo abraçar DongHo.

— Estamos felizes que tenha vindo com a unnie, ajumma — disse HeeSong com um largo sorriso.

— Estamos todos juntos agora — disse ao segurar minha mão e mostrar aos meus irmãos.

— Ommo! — JinHo começou a rir. — Jinja? Você conseguiu encontrar as palavras certas, hyung?

— Ah, finalmente ele disse — eu brinquei, fazendo todos rirem.

— Acho melhor irmos para casa — disse , meio sem graça, era tão fofa aquela cara dele.

Tivemos que nos dividir em dois táxis, quando chegamos em casa, acomodei minha mãe no meu quarto, eu iria dormi no da Sakura. Seria mais uma etapa em nossas vidas, afinal o um ano de prazo para a decisão da guarda de nossos irmãos já estava quase se completando. Admirável como o tempo passa rápido, já iria completar um ano que eu morava com , um ano com ele e muitas coisas haviam acontecido.

“Dizer que te amo é o que desejo fazer durante todos os dias da minha vida.
Você casaria comigo?
Quero te amar, te proteger e viver com você.”
- Marry U / Super Junior


Havia chegado o dia do nosso casamento, eu estava meio nervosa com tudo aquilo. Se me dissessem que um dia eu me casaria com ele, jamais acreditaria, ainda mais depois de tantas coisas do passado, mas enfim, não quero me lembrar disso agora. Um dia especial e memorável, por ironia e outros sentimentos que não citarei, convidou para ser nosso padrinho de casamento. , era um homem incrível e mesmo com as provocações, aceitou o convite, ao lado dele ficaria minha assistente que havia se mudado para Seoul também, ela iria trabalhar comigo na CéCi.

também convidou o dono da CéCi e sua esposa, para serem padrinhos juntos, eu fiquei surpresa ao ver Yoona na cerimônia, mas na festa de comemoração em nossa casa ela não apareceu. Foi uma noite inesquecível, e não tirava os olhos de mim, inacreditável, mas agora iria assinar minhas matérias como a senhora .

Eu e , saímos na metade da festa e fomos para uma pousada, tínhamos ganhado a estadia de presente do dono da CéCi. Um lugar muito bonito no litoral da ilha de Jeju, quando chegamos fomos bem recebidos pelo gerente que nos mostrou nosso quarto.

Ao entrar meus olhos brilharam, eu caminhei até a varanda que dava vista para o mar, enquanto se despedia do gerente, fiquei alguns minutos olhando a paisagem, aquele lugar era lindo.

— Gostou da vista? — perguntou, ele parando na porta e se encostando na parede.

— É lindo. — Eu me virei para ele e sorri. — Aqui parece ser mágico.

— Sim. — Ele concordou com um sorriso.

. — Eu o olhei. — Estamos mesmo aqui?

— Por que pergunta? — Ele me olhou sem entender.

— É que aconteceram tantas coisas em apenas um ano. — Eu desviei meu olhar para o lado. — Às vezes acho que vou acordar e tudo isso vai desaparecer.

. — Ele se aproximou de mim. — Fala do nosso sentimento?

— Às vezes é inacreditável isso, sempre fomos distantes um do outro e agora estamos casados.

— Mesmo que tudo isso seja imprevisível. — Ele pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos, sorrindo. — Meus sentimentos por você sempre foram positivos e verdadeiros.

— Eu sei. — Eu o olhei e sorri também. — Só não consegue dizer.

— Nunca fui bom com palavras, mas lhe mostrarei meu amor. — Ele tocou de leve em minha cintura, senti um breve arrepio. — Saranghaeyo — ele sussurrou.

me beijou, no início era suave, seus lábios doces e seu toque leve, depois foi começando a ficar intenso e malicioso. Acho que ele estava guardando tudo para aquela noite, ele me pegou no colo de leve e eu ri, seu olhar era tão sereno, seus olhos brilhavam para mim. Senti meu batimentos se acelerar quando ele me colocou de leve na cama, queria eternizar esta noite, nossa primeira de muitas noites juntos.

Seus beijos e suas carícias, eu me sentia ainda mais quente com ele, não vimos a hora passar, e quem liga para hora quando se está em um momento especial com a pessoa amada, e parecia que a noite estava mesmo contribuindo para o nosso amor. Eu me sentia enfim realizada, não só profissionalmente, mas sentimentalmente. Era casada com um maravilhoso, gentil, romântico e lindo homem chamado .

“Eu perdi minha mente, no momento em que te vi
Exceto você, tudo ficou em câmera lenta
Diga-me, se isso é amor
Compartilhando e prendendo,
Incontáveis emoções todos os dias com você
Brigando, chorando e abraçando
Diga-me, se isso é amor.”
- What is Love / EXO


Quando finalmente acordei, já era manhã, acho que 10 da manhã, virei para o lado e senti que faltava aquela linda pessoa, me espreguicei de leve e abri meus olhos.

— Bom dia, senhora — disse ele.

— Bom dia, senhor . — Eu sorri, era mesmo um lindo dia.

— Está com fome? — Ele estava de pé, me olhando, perto da portada varanda.

— Bem, o meu marido me tirou toda energia noite passado, então acho que tenho que recarregar.

— Interessante. — Ele não conseguiu segurar o riso.

— O que temos para o café? — Eu me levantei e percebendo que estava só de lingerie, coloquei sua camisa que estava no chão.

— Muitas coisas. — Ele se aproximou de mim — Mas antes, nossa primeira foto juntos. — Ele pegou minha câmera.

— Agora? — Eu recuei. — Estou com sua camisa e descabelada.

— Está linda como sempre. — Ele me puxou para perto e sem que eu conseguisse escapar e tirou a foto.

. — Eu o empurrei de leve. — Como pode fazer isso comigo, olha o estado que você me deixou. — Eu apontei para meu cabelo.

— Podemos resolvei isso antes do café. — Ele me beijou de surpresa, envolvendo seus braços em minha cintura.

— Ei. — Eu o empurrei de novo, rindo. — Não vale, não é assim que se resolve.

— Que tal um banho juntos? — Ele sorriu maliciosamente.

— Senhor meu marido, comporte-se. — Eu ri. — Estou mesmo com fome.

Tomamos o café da manhã, tinha tantas guloseimas naquela mesa que cheguei a ficar perdida sem saber o que comeria primeiro, depois tomamos uma ducha rápida, bem que ele queria demorar um pouco, mas coloquei na água fria e logo ele saiu. Fiquei rindo da sua cara, nos trocamos e saímos um pouco para que eu pudesse conhecer o lugar. Eu havia visitado Jeju somente uma vez, quando meu pai e SoonHee haviam planejado umas férias de verão em família, naquela época coincidente eu pude participar e também.

Nós caminhamos um pouco pela praia, uma brisa gostosa e leve passava por nós, o parte chata é que só tínhamos aquele final de semana para aproveitar nossa curta lua de mel, depois disso a revista CéCi nos aguardava para o planejamento da Feira Internacional de Jornalismo em Londres. Eu queria aproveitar cada segundo ali, visitamos vários lugares depois do almoço, e acabei comprando uma pulseira de uma ajumma que vendia bijuterias na praia.

Ao final da tarde começou a chover, corremos para a pousada, mas não adiantou muito, ficamos totalmente molhados. Entramos no quarto entre risos, eu tirei minha blusa e coloquei na cadeira.

— Teremos que tomar outro banho. — Eu espremi um pouco meu cabelo. — Assim não ficaremos resfriados.

— Hum. — Ele me olhou com um sorriso de canto suspeito. — Tive uma outra ideia.

— Surpreenda-me — eu disse segurando o riso.

— Existe uma forma mais rápida de elevar as temperaturas e aquecer o corpo. — Ele se aproximou mais de mim. — Uma forma muito boa.

— Sei. — Eu o olhei, desconfiada. — E qual…

Nem mesmo consegui terminar a frase, fui interrompida por um beijo dele. E aquela forma realmente era eficaz, até mesmo o quarto parecia ficar cada vez menor. Mesmo sendo poucos dias conseguimos aproveitar nossa lua de mel, e aproveitamos muito bem!

“Isso é amor, isso é amor
O céu limpo, o sol acima do horizonte
Isso é amor, isso é amor
Você me ensinou que tudo no mundo é amor.”
- This Is Love / Super Junior


Estávamos completando três anos de casados, e nossa família tinha aumentado com a chegada do nosso filho MiJun, minha mãe estava totalmente recuperada e nos ajudava a cuidar dos nossos irmãos e do nosso bebê. Estava indo tudo bem na revista CéCi, trabalhávamos em departamentos diferentes, mas sempre nos víamos nos corredores, elevadores, ou na pausa para o almoço.

havia se mudado para o Japão, iria trabalhar na filial da Cosmopolitan em Tóquio. Eu gostava dele, havia permanecido em minha vida como um amigo, e estava feliz pois ele tinha encontrado uma garota que havia conquistado seu coração. Eu trombava algumas vezes com Yoona, principalmente nas reuniões de fechamento de edições da revista, ela ainda guardava uma certa raiva de mim, mas enfim não podia fazer nada por ela.

Era sábado e tinha feito um almoço especial para comemorar o aniversário de um ano de MiJun, eu como sempre registrava tudo em minha câmera, cada sorriso, cada olhar, cada expressão de felicidade de todos.

— O almoço estava maravilhoso — elogiou minha mãe.

— Sempre está. — Eu sorri e olhei para . — Meu marido é um master chef.

— Hum, quanto tem muitos elogios — brincou JinHo, fazendo todos rirem.

— Não começa ok? — eu protestei. — Tenho o número da sua namorada.

— Assim não vale, noona. — Ele me olhou, segurando o riso.

— E por falar em namorada, onde elas estão? — perguntou minha mãe.

— A minha está viajando — disse HeeSong. — Intercâmbio, vai voltar no final do ano.

— Hum. — se sentou ao meu lado. — Garota estudiosa.

— Couple book — eu brinquei.

— Ah. — HeeSong riu, era raro momentos em que ele sorria, mas sempre que o assunto era a namorada, seu sorriso era automático.

— E a sua JinHo? — perguntou minha mãe.

— Vai chegar mais tarde, ela está na casa da avó.

— Moça de família — eu brinquei. — Vocês são o couple troll.

— Com certeza — concordou .

— E vocês o couple magazine — retrucou JinHo, rindo.

— Só eu não tenho namorada — reclamou DongHo.

— Não está na idade — eu disse, sorrindo para ele. — Mas quem sabe um dia.

— Quero ter uma namorada tão bonita quanto você, noona — disse ele ao olhar para mim.

— Vou levar isso como um elogio.

— Eu também não tenho namorado — reclamou SunHill.

— Se fosse bonita teria — brincou JinHo.

— Pabo — disse ela, dando um soco de leve no ombro dele — É por causa no oppa, sempre afasta os garotos de mim.

— Unnie, você é bonita — disse Sakura com uma carinha meiga.

— Não se preocupe, um dia seu príncipe chega — eu disse.

Minha mãe estava com MiJun no colo sentada na poltrona perto da janela, eu me levantei e peguei minha câmera.

— Uma foto — eu disse. — Todos se juntando a omma.

— Espera, eu vou ficar agachado — disse JinHo.

— Eu quero sentar no braço — avisou SunHill.

— Posso ficar no seu colo unnie — perguntou Sakura chegando perto dela.

— Claro. — SunHill pegou ela no colo.

Logo todos se acomodaram eu programei minha câmera e coloquei em cima da mesa, e corri até eles, fiquei ao lado de . Claro que meu marido era sempre imprevisível, quando a câmera foi tirar a foto, ele me puxou e me beijou, saiu como ele queria.

Aquela não era a primeira, nem seria a última foto, mas também faria parte da nossa história.

“Sempre, eu estarei ao seu lado
Sempre, ao seu lado estarei
Não preciso de mais nada,
Se você estiver comigo
Só de você.”
- Kiss Kiss Kiss / SHINee

 

~The End~


N/A: Chegamos ao final de mais uma história, espero que tenham gostado dessa também!!! Agradeço a todos que acompanharam e esperaram por esse último capítulo, e convido a todos a lerem minhas outras fics aqui no Purple Line.
Lorena, espero que a espera tenha valido à pena, desculpa os spoilers de madrugada, omma te ama muito!!!! *-* Annyeong!!!!


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