CONTO DE NATAIS
por Nana Leles
Uma história que caminha entre os Natais de dois colegas de trabalho que, aos poucos, deixam de ser estranhos e criam um ritual de se encontrarem apenas no Natal.
Gênero: Romance
Dimensão: Oneshot
Classificação: Livre
Aviso: Yoochun é fixo!
Presente para minha amiga oculta Nikki
Beta: Nikki
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Capítulo Único
E tudo começou com algumas latas de cerveja em meio a um inverno rigoroso. Até então, ele não sabia o quanto ela amava álcool e o quão divertida ela se tornava bêbada. Em contrapartida, ela também nem imaginava o lado sensível que ele viria a transparecer junto com seus outros inúmeros talentos ainda não descobertos pelo mundo.
Começou assim.
Em uma festa de Natal chata da empresa. Ela encolhida em um canto por não ser próxima de ninguém, ele entendido no outro canto porque as pessoas só sabiam falar das mesmas coisas. Entre comentários maliciosos do chefe, garrafas de espumante barato e uma música natalina extremamente irritante, ele a localizara do lado oposto do salão de festas alugado, parecia estar ainda mais aborrecida que ele por estar naquele lugar monótono e superficial, onde as pessoas que se aturavam durante todo o ano, atingiam o ápice da falsidade em nome do “espírito natalino” e acabavam por trocarem presentes e felicitações que nem sequer desejavam de fato. Ali, de cara emburrada e sozinha, ela parecia ser o par perfeito para ele naquela noite.
Park Yoochun levava um sorriso travesso nos lábios ao andar até a garota e ela não tinha bons sentimentos ao encarar aquilo. Conhecia o rapaz, na verdade, o relacionamento profissional deles era conhecido como o mais explosivo da empresa. Diferente da maioria, ambos eram sinceros demais e trocavam farpas com facilidade. Nunca se deram bem ao mesmo tempo que adoravam as implicâncias um do outro. Entretanto, naquele momento, pensou que algo iria mudar e não sabia até que ponto aquilo poderia ser positivo para ela.
Mas se deixou levar.
Permitiu que míseras palavras — “isso aqui está um tédio, vamos para outro lugar” — a convencessem e logo o pulso dela era puxado por uma das mãos dele, levando-a porta a fora. Ela não questionou ou reclamou e atribuiu o comportamento bizarro ao vírus do espírito natalino com o qual ficara exposta tempo demais naquele lugar.
Seguiram a pé até o parque mais próximo, passando por árvores tortuosas, nuas, uma paisagem coberta pelo branco da neve. O vento frio que insistia em atrapalhar seu penteado aliado ao toque quente da mão do rapaz ainda em sua pele lhe traziam arrepios. Ele a largou em um dos poucos bancos secos e pediu que ela esperasse. obedeceu, pois estava curiosa com aquelas atitudes repentinas. Levaram 10 minutos para que o rapaz retornasse com uma sacola repleta de latinhas de cerveja. Os olhos da garota brilharam observando o rapaz se sentar ao seu lado e lhe entregar uma das latas.
— Parecia que estava precisando tanto quanto eu. — Ele se justificou abrindo a própria cerveja e tomando alguns goles.
Ela se limitou a agradecê-lo, guardando para si uma risada breve. Não precisou de muito tempo para o silêncio ser quebrado e ao final da noite ela já sabia que Yoochun só entrara naquela empresa porque não tinha mais como se sustentar, apesar de ainda possuir o sonho de ser músico mesmo tocando suas próprias composições em bares noturnos. Ele tinha aquele espírito libertino enraizado na alma e suas questões eram filosóficas e interessantes, atraiam-na de uma forma diferente. Em contrapartida, ele descobrira um humor diferente na mulher, ela era divertida quando bebia e tomou mais da metade das latinhas. era independente, saíra de casa cedo para se virar na vida e alcançara uma boa posição em uma empresa moderada, era inteligente, bonita e esforçada, o tipo de mulher que interessava aos homens mais fortes. Ao mesmo tempo, quando o álcool lhe fazia a cabeça, tornava-se menina de novo com brincadeiras engraçadas que o distraiam em meio ao tédio de um Natal branco e solitário como aquele.
Eles faziam reflexões pequenas sobre a neve e o Natal, que ocorria de um jeito estranho. Bebendo cerveja em um canto qualquer da cidade, eles era um par de estranhos. Mas aquilo era agradável e tornara-se extremamente familiar para ambos.
De alguma forma, aquilo se tornou um ritual.
E religiosamente em todos os Natais, eles se encontravam para beber cerveja e filosofar sobre a vida. De um modo em que, mesmo que tivessem compromissos externos — seja com família, amigos, ou amantes — eles arrumavam tempo para suas latinhas amassadas e jogadas na neve.
— Devíamos nos encontrar mais. — Ele disse no terceiro Natal.
— Nos vemos todos os dias no trabalho. — Ela riu, jogando uma latinha fora.
Naquela vez, ele havia levado a garota para o terraço de seu prédio, longe da festa de confraternização dos empregados que era quase um sinônimo para tédio absoluto. O prédio não tinha nada de luxuoso e aquele terraço era quase um espaço perdido de concreto. Talvez por isso Yoochun gostasse tanto dali, trazia paz. Ele chegara a dizer que a maioria de suas letras eram escritas enquanto olhava o horizonte aberto de Seul, agora decorado com luzes e neve.
— Trabalho não conta. — Ele tomou o resto da última lata da noite. — Poderíamos beber em outras datas que não o Natal.
Ela concordou porque também sentia que a relação que construíram não era o suficiente. Àquela altura do campeonato, havia sido promovida ao setor financeiro da empresa e Yoochun fora transferido para o setor de produção criativa. Encontravam-se sempre para trocar as habituais farpas, as quais eles não desistiram porque era demasiado divertido fazer todos pensarem que se odiavam. No entanto, por algum motivo, nunca se deram a oportunidade de se encontrarem fora do Natal, quebrar regras era difícil e havia ainda aquela expectativa, a espera daquele singelo momento.
E então, no quarto Natal, ele lhe dissera aquilo.
— Vou sair da empresa.
Ela não se surpreendeu, mas estava assustada.
— E para onde vai?
— Para uma produtora de música. — Ele sorriu, satisfeito, bebendo um gole de sua cerveja, não precisava mais olhar para a garota para saber que ela sorria com felicidade genuína. Por algum motivo, mais do que ninguém ela o apoiava. — Se quer saber, vou sentir falta das nossas brigas.
— Nós nem brigamos de verdade. — Ela fitou o colo, rindo baixo. — No início, eu realmente te odiava.
— Não odeia mais?
Ela revirou os olhos, já sentindo as bochechas arderem. Já estava meio óbvio que ao longo desses quatro anos, ela desenvolvera sentimentos por ele. Mais fortes do que o esperado, inclusive. Mas nunca dissera nada, não por medo, mas por excesso de conhecimento. Ela sabia que não fazia seu estilo e que a vida dele não se adequava a dela. Eram bons em conversar e resolverem um o problema do outro, mas como toda relação, eles tinham limites e ela não sabia sua extensão. Preferia ficar segura em sua zona de conforto a prova de corações partidos.
— Não. Eu não te odeio. — Ela respondeu voltando os olhos para a face branca do rapaz. Seus olhos escuros escondiam alguns pensamentos que ela jamais adivinharia. Ele ainda era uma grande incógnita afinal.
Ele manteve um silêncio incômodo, com palavras a serem ditas pairando pelo ar. Anos depois ela se arrependeu por não ter dito nada, poderia ter poupado tempo aos dois. Tempo e sofrimento. Fora um ano distante, conversavam por mensagens, mas a promessa de se ver apenas no Natal continuava tão concreta entre os dois que chegava a estressá-los. Eles não imaginavam o que era distância.
Naquele ano ela havia decidido que levara tudo muito longe. Foram cinco anos estranhos que a perturbavam em seus significados. Existia um homem em sua vida que conhecera aos poucos e, ano a ano, roubara seu coração. Mesmo começando com uma relação envolta de picuinhas no espaço de trabalho, eles cresceram e mudaram. Viam-se limitadamente, entra datas comemorativas e fugas excepcionais do excesso de trabalho. As latinhas de cerveja eram as testemunhas que algo acontecia entre os dois, e faltavam a eles olhos para enxergarem aquilo ou talvez sempre souberam de fato.
Mas o quinto Natal foi totalmente diferente.
Não houve latinhas, para começo de conversa.
Nada fora planejado, as coisas aconteceram de forma assustadoramente natural. No entardecer do dia 24 de dezembro, os dois andavam sozinhos pela mesma avenida e se encontraram por acaso, o combinado era que se veriam apenas no dia 25, mas ela decidira segui-lo, pois não o via há tanto tempo que adiantar um mísero dia era libertador. Andava a esmo pensando justamente em como contar ao rapaz aquilo que lhe perturbava desde o último Natal. Yoochun lhe dissera que faria um concerto e quis que ela assistesse, caso não fosse fazer nada, ela topou na hora.
O restaurante era simples, porém aconchegante. Lembrava um pouco deles mesmos e daquela relação que mal existia, mas trazia o mesmo sentimento a ela. Estava sozinha na mesa em uma véspera de Natal. Ele fora se preparar para tocar, enquanto ela estava ali unicamente para vê-lo. Ao olhar para os lados, enxergava casais e mais casais trocando palavras e olhares apaixonados, algo que não a pertencia, mas desejava há algum tempo. Nos minutos em que passou sozinha, pensava nos últimos cinco Natais mesmo que aquele assunto já a esgotara. Estava decidida a confessar-se ao rapaz, arriscando o vestígio de amizade que tinham. Seus nervos estavam a flor da pele, mas quando o viu subir ao palco sentiu seu coração se acalmar. Era a primeira vez que o via daquele jeito, arrumado e elegante, observou o rapaz se sentar ao piano e as notas soaram em seu ouvido.
Durante toda a noite, não conseguia tirar os olhos de Yoochun. Dos dedos que teclavam o piano com maestria, da voz melodiosa que cantava palavras quase sussurradas ao seu coração. Se ela ainda tinha dúvida, aquela cena confirmava. Estava apaixonada por ele e pela possibilidade de conhecer o Yoochun de outras datas, de outros momentos, todos os dias de um ano.
— Essa última música eu queria dedicar a alguém que faz meu Natal especial. — Os olhos dele cravaram nos de e ela quase engasgou quando percebera que ele havia preparado algo para ela. — Não estava no roteiro, mas a vida é feita de oportunidades e o tempo é mais cruel do que imaginamos. Se eu não cantar agora, talvez não poderei dizer mais.
A melodia era suave e combinava com a voz dele, porém a letra era o que mais chamava a atenção de a ponto de fazer seu coração palpitar tão forte que traria lágrimas. Ela nem imaginava, e como poderia? Ele não parecia sentir o mesmo, mas aquilo soava diferente. Soava como a melhor confissão que ela poderia ter recebido na vida.
With my old guitar
(Com meu velho violão)
I’ll take all the confessions I couldn’t say
(Eu direi todas as confissões que não pude dizer)
All the things I swallowed inside
(Todas as coisas que engoli)
And tell you right now as if I made it into a song
(E dizer tudo a você agora como se tivesse transformando em uma canção)
Just listen, I’ll sing for you
(Apenas escute, vou cantar para você)
I love you so much but I don’t tell you that I love you
(Eu te amo tanto, mas não digo que te amo)
It’s awkward, my pride won’t allow me
(É estranho, meu orgulho não permite)
I’ll take courage and tell you today
(Ganharei coragem e direi a você hoje)
But just listen without much thought, I’ll sing for you
(Apenas escute sem pensar muito, vou cantar para você)
The way you cry, the way you smile
(O jeito que chora, o jeito que sorri)
Do you know how much you mean to me?
(Sabe o quanto significa para mim)
Words I wanna say, words I lost
(Palavras que quero dizer, palavras que perdi)
I’ll confess to you but just listen
(Me confessarei a você, mas apenas escute)
I’ll sing for you, sing for you
(Vou cantar para você, cantar para você)
Just listen and smile
(Apenas escute e sorria)
E ela escutou e sorriu o tempo todo. Sorriso largo por saber que não estava tão errada quanto se sentia. Que ele vivera os mesmos sentimentos que ela. Ao fim do show ele se sentara com ela, dessa vez, a postura estava diferente de cinco anos atrás. Ele estava rígido e nervoso, algo que ela nunca havia presenciado antes, pediram o que comer e beber em silêncio. Trocaram as latinhas de cerveja por vinho e carne.
— Isso parece um encontro. — Ele murmurou quando começou a comer, ela riu.
— E não é?
Ele sorriu, então, concordando.
No quinto Natal houve vinho, conversa, música, passeios e declarações. E mesmo que, mais tarde ela praticamente implorara a ele para beberem cerveja mesmo depois de todo aquele vinho, ele negara e rira ao explicar porque. Não precisavam mais do ritual. Agora eles tinha uma certeza de que a vida deles não seria mais feita de Natais, mas de anos longos, extensos, que eles não deixariam cair na monotonia. O Natal agora seria para sempre.
~Feliz Natal~
N/A: Olá meninas! Depois de muito tempo sem escrever nada venho com esse singelo conto de Natal como presente para minha amiga oculta Nikki! Foi bastante difícil escrever (não só por causa do tempo curto), mas porque eu queria escrever algo que combinasse a minha escrita com o Yoochun do DBSK, um cantor que não acompanho e sou completamente alheia. Adicionando minha vibe mais filosófica saiu esse pequeno conto de duas pessoas que só se viam no Natal, mas mesmo assim acabam se apaixonando. Com certeza não ficou do jeito que eu queria, Nikki você merece muito mais, então prometo que vou trazer mais fanfics pra vocês com o Yoochun! Obrigada a todas que leram!
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