SUPER JUNIOR: Numa noite de Natal..., by Nicki Snows

Numa Noite de Natal...

NUMA NOITE DE NATAL...
por Nicki Snows

"Nunca me esqueci daquela noite de natal! Foi o começo de tudo. O começo de grandes mudanças e, o mais marcante, o começo de um grande amor."
Gênero: Romance, Drama
Dimensão: Oneshot
Classificação: Livre
Aviso: Fic feita para o 1º Amigo Oculto do PLF. O Henry é fixo.

Beta: Nikki

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Capítulo Único

 

Estava passando pela Pracinha dos Amores com o saco de verduras, quando o avistei. Ele sorriu para mim e eu retribuí.

Ainda bem que te encontrei! Queria mesmo falar contigo — ele disse, enquanto vinha em minha direção.

Pois então, fale — respondi, curiosa.

Meus pais farão uma ceia de natal especial neste ano e, você e sua mãe estão convidadas. — Engoli o seco.

Minha mãe não gostava de muito contato com a família de Henry. Não sei de muita coisa, só que Mr. Lau vem falindo há anos e culpava meu pai até hoje por isso. Não tive a oportunidade de conhecer meu pai, mas minha mãe me contou que ele foi um funcionário de muita confiança do Mr. Lau. Porém, foi acusado injustamente de roubo por um colega de trabalho, e Mr. Lau acreditou e o demitiu. O mais estranho é que ele não denunciou meu pai, só que depois disso, meu pai desapareceu. Minha mãe nunca disse nada, mas acho que ela desconfiava do pai de Henry. Não a culpava por isso!

Acho muito difícil minha mãe ir e ainda permitir que eu vá — disse, sincera.

Você pode convencê-la! — ele disse, animado e eu forcei um sorriso. Meus pais são insistentes. De uma forma ou outra sua mãe aceitará — Henry disse, confiante.

— Eu tentarei. — Ele sorriu satisfeito e assentiu. — Agora preciso ir, minha mãe está me esperando para o almoço. — acenei para ele e me virei, seguindo o caminho até minha casa.

 

Cheguei em casa e encontrei minha mãe já preparando a refeição.

— Que demora, — reclamou.

— É que eu encontrei Henry no caminho e conversamos um pouco. — Minha mãe me olhou torto e pensei em contar logo a ela sobre o convite. — Mãe, o Henry disse que seus pais farão uma ceia de natal diferente neste ano e nos convidaram para participar com eles.

— Quê? — Ela ergueu as sobrancelhas e descansou uma das mãos no quadril. — Você acha mesmo que eu vou ir para a casa daquele homem e ainda te levar junto comigo?

— Mãe, o Henry ficou bastante animado com a ideia. E, seria tão legal se...

— Não iremos! Não é pelo Henry, até  gosto dele. O problema é os pais dele — ela disse e se virou para cortar mais alguns legumes.

— Eu quase não falo com as pessoas daqui, o único amigo que tenho é o Henry. Você podia, pelo menos, dessa vez me deixar ficar perto dele — eu disse num tom triste, e minha mãe me encarou.

— Posso pensar?

— Nem precisa! Sei que não iremos mesmo. — Deixei o saco de legumes em cima da mesa. — Só temos legumes para comer?

— Me desculpe por trabalhar dia e noite e mesmo assim não ter condições de te dar não só uma refeição melhor, mas uma vida melhor — ela respondeu, chateada, e eu me senti mal por ter feito essa pergunta à ela.

— Eu não...

— Não precisa se desculpar. É só a verdade, não é mesmo!? — Suas lágrimas desceram e eu, realmente, me senti mal por ter falado demais. — Se você ainda quiser se alimentar, termine de preparar o almoço, porque eu perdi a fome. — Ela caminhou até seu quarto e conforme bateu a porta, a maçaneta caiu.

Minha mãe não lucrava tanto como costureira e eu apenas a ajudava no que podia. Já pensei em trabalhar, mas ela não permitiu. Dissera que meu estudo é mais importante, só que eu não aguentava mais essa situação de pobreza!

E pensar que, se não fôssemos para a casa de Henry no natal, teríamos nada além de legumes para cear. Não seria um pouco de egoísmo de minha mãe? Ou egoísmo da minha parte?

 

Passado alguns dias desde que falei sobre o convite dos pais de Henry, minha mãe ainda estava pensativa. Já era dia 24 de dezembro e nada de ela falar se iremos ou não. O pior é que, nem pano para fazer vestidos novos minha mãe tinha sobrando.

! — ela me chamou do seu pequeno e simples atelier. — Experimente! — me entregou um vestido estilo boneca preto rendado.

— Mãe? Como conseguiu pano? — perguntei, sem tirar os olhos do vestido.

— Esse eu guardo há tempos. — Ela sorriu, satisfeita. — Vá experimentar!

Fui para o meu quarto e coloquei o vestido. Me impressionei com ele no meu corpo. Comprimento, largura, cor, modelo... Tudo ficou bom!

— O que achou? — Minha mãe surgiu no meu quarto.

— É lindo! — Dei uma voltinha, fazendo a barra do vestido se abrir.

— Fico feliz que tenha gostado! Tome. — Me entregou um par de luvas também rendadas e eu as calcei. — Use o vestido com suas sapatilhas azul turquesa que te dei no seu aniversário e eu colocarei um laço da mesma cor em volta de sua cintura.

— Então, iremos na ceia?

— Eu não gastaria pano em vão — ela disse, óbvia. — Agora vou fazer o meu. Só me chame se for uma emergência!

— Tá bom. — Ela já ia saindo. — Mãe, obrigada. Eu amei o vestido! — Abracei-a forte e ela beijou o topo da minha cabeça.

— Não podia decepcioná-la.

— Sem dúvidas, é uma das suas melhores criações! — disse, sincera e ela sorriu largamente. Foi para o seu quarto.

Não queria retirar o vestido, mas se algo acontecesse com ele, não me perdoaria!

 

Passei a tarde fazendo o pouco de unhas que me restavam e minha mãe terminou seu vestido. Fez um vestido longo e delicado, na cor roxa.

— Gostou do meu? — perguntou, já vestida.

— É lindo e realçou as suas curvas — fui sincera.

— Não está dizendo isso só por que sou sua mãe, né? — Ela ergueu uma sobrancelha, me fazendo rir.

— Claro que não! É que você fez um vestido lindo que valorizou seu corpo.

— Se estiver mentindo ...

— Acredite em mim! — Sorri, e ela respirou fundo.

— Ok. Preciso que você vá até o mercadinho e compre algumas coisas, farei alguma sobremesa para levar amanhã. — Minha mãe disse e eu estranhei.

— Quase não temos dinheiro e quando temos um pouco você quer gastar sem necessidade? A família do Henry é rica, nós não — disse, um tanto indignada.

, não passarei a vergonha de ir sem levar nada. É constrangedor! — ela se defendeu. Escreveu algumas coisas num papel qualquer e me entregou. — Vá e compre tudo o que está aí. Seja rápida!

Coloquei meu calçado e fui até o mercadinho. Na volta, encontrei Henry na Pracinha dos Amores.

— Oi, — ele disse, sorridente. — Ansiosa para amanhã?

— Confesso que estou um pouquinho, sim.

— Legal! Alguns amigos meus irão, tudo bem para você? — Dei de ombros.

— A casa é sua. Convide quem você quiser! — disse, óbvia, e ele assentiu. — Tenho que ir agora. — O abracei.

— Nos vemos amanhã. — Ele sorriu fofo, como de costume.

— Até lá.

Minha mãe deveria estar preocupada, então acelerei os passos até chegar em casa.

— Que demora foi essa, ? — perguntou preocupada.

— Encontrei Henry na pracinha. — Dei a sacola para minha mãe e peguei uma jarra na velha geladeira. Despejei a água no copo.

— Você gosta dele? — No primeiro gole me engasguei.

— Que... Que pergunta é essa? — Respirei fundo, tentando normalizar minha respiração. — Eu gosto do Henry, mas não passa de amizade.

— Sei! — minha mãe respondeu, desconfiada. — Lave suas mãos e me ajude a amassar esta massa aqui. — Eu a obedeci.

Viramos a noite fazendo a sobremesa. Depois de pronta, minha mãe foi se deitar e eu fui para o meu quarto. Fiquei escrevendo num diário que ganhei há anos de minha avó, quando ainda era viva. Não tinha muito tempo para isso, mas vez ou outra eu escrevia nele. Era sempre um desabafo sobre a vida...

Estava concentrada nas palavras e me perdendo nos meus pensamentos, quando ouvi um barulho na árvore que se localizava perto da janela do meu quarto. Sim, eu levantei e fui até a janela para descobrir o que tinha sido o barulho. Henry estava em cima da árvore e acenou para mim.

— Tá fazendo o que aí?

— Vim te ver, oras — ele respondeu.

— Você é maluco? Já está tarde! — eu disse, preocupada.

— Fique tranquila. Daqui a pouco estou indo para casa. — Assenti e ele sorriu. — Só vim te ver mesmo.

— Falando assim até parece que... — eu ia terminar a frase, mas caí em mim e me calei.

— Parece o quê? Que gosto de você? É isso?

— Chega de perguntas! Já me viu, agora tchau — disse, nervosa.

— Você já foi mais delicada — ele disse para me provocar, mas não me importei.

— Henry, to falando sério. É perigoso andar na rua tarde assim.

— Se preocupa comigo? —

— Quando que eu não me preocupei? — Cruzei os braços e ergui as sobrancelhas.

— Nem me lembro! — Ele me jogou uma pedrinha e eu bufei. — Agora eu vou. Até mais tarde na ceia.

— Até, Henry. Tome cuidado! — eu disse, e ele sorriu largamente.

Esse garoto era maluco! Ainda bem que minha mãe não tinha ido no quarto ainda, porque ela tinha o costume de vir me olhar todas as noites, mas se não tinha ido, é porque ainda iria. Apressei-me em me deitar antes que ela me visse fora da cama. Acabei pegando no sono.

 

! — Ouvi a voz de alguém me chamar e abri os olhos devagar. Era minha mãe. — Já são 11:46h.

— AH!! — gritei com o susto. Ela estava com o rosto verde e uma toalha na cabeça. — O QUE É ISSO?

— Calma, menina! É só um creme que uma das minhas clientes me deu. Ela disse que é ótimo para peles como a nossa. — Assenti e me sentei na cama. — Vamos almoçar.

— Estou sem fome.

— Mas vai comer! — Minha mãe saiu do quarto e eu me levantei.

Ainda bem que ela nem desconfiou que Henry tinha ido ali ontem de madrugada...

, ontem ouvi a voz do Henry. — Ela colocou a cabeça para dentro do quarto.

— Que estranho! — Ela assentiu. — Que horário foi isso?

— Pela madrugada — minha mãe disse, desconfiada.

— Por que está me olhando assim? — perguntei, fingindo estar confusa.

— Nada não. Vamos almoçar! — Antes que eu perguntasse, ela respondeu: — Legumes.

Almoçamos e passamos a tarde nos arrumando, da forma que podíamos. Não tínhamos muitos recursos, mas conseguimos ficar apresentáveis para a ceia.

 

Já prontas, minha mãe pegou sua bolsa e eu a sobremesa. Saímos de casa.

Passamos pela Pracinha dos Amores e vimos alguns conhecidos da minha mãe. Desejamos “Feliz Natal” a todas aquelas pessoas (algumas eu nunca tinha visto) até chegarmos na casa do Mr. Lau. Tocamos a campainha e uma moça, que eu diria ser a colaboradora da família, nos atendeu.

— Oi. Boa noite! Fomos convidadas pelo...

— Mr. e Mrs. Lau, eu sei — a moça interrompeu minha mãe. — Por favor, me acompanhe.

Passamos pelo jardim, muito bem cuidado por sinal, e não pude deixar de reparar na casa da árvore que havia ali. Antiga, porém conservada. Passamos por mais algumas plantas, até chegar frente à porta de entrada da casa.

— Mr. e Mrs. Lau, suas convidadas... — a mulher disse e nos deu passagem para adentrar a casa.

— Boa noite — eu e minha mãe dissemos em uníssono.

— Boa noite! Sejam muito bem-vindas! — Mrs. Lau disse, nos cumprimentando.

— Eu trouxe isto, espero que gostem! — minha mãe, disse entregando a sobremesa à colaboradora.

— Não precisava se incomodar — Mr. Lau disse e minha mãe forçou um sorriso. Ela teria que se segurar durante toda a noite, porque não poderia dizer tudo o que queria para o homem. Ainda mais dentro da casa dele.

! — Henry disse, animado, correndo em minha direção. Nos abraçamos. — Como conseguiu convencer sua mãe? — sussurrou no meu ouvido.

— Só esclareci para ela uns fatos da nossa vida e ela aceitou — sussurrei de volta, e ele sorriu.

— Quer ir no meu quarto? — Henry perguntou e eu meio que gelei.

— Não teremos problemas? Só nós dois no seu quarto, seria estranho!

— Deixa de bobagem! Vamos! — ele pegou na minha mão e praticamente me arrastou até seu quarto. — Bom, aqui é o meu cantinho.

Observei cada detalhe do quarto e era bem a cara de meninos como Henry.

— Seu quarto é organizado e aconchegante — eu disse, sincera e parei perto da janela.

— Minha mãe não gosta de bagunça. — Ele deu de ombros e eu ri. — Você é tão linda! — Henry disse, de repente, me deixando envergonhada. — Com vergonha é mais ainda.

— Pare de falar assim! — dei um tapinha em seu ombro, mas ele segurou meu braço e me puxou.

— Há tempos estou querendo fazer isso... — Segurou meu rosto e me beijou. O primeiro beijo da minha vida.

Ficamos assim por alguns segundos, até sermos interrompidos pelas batidas na porta. Nos afastamos rapidamente.

— Henry, seu pai quer que você toque para os convidados — ouvimos a voz da colaboradora.

— Por favor, diga à ele que já desço — ele respondeu e me encarou. — Desculpe, eu não me controlei.

— Tudo bem. Só estou impressionada — disse, sem o encarar.

— Acha que podemos na...

— Vamos descer? Seu pai não deve se agradar da sua demora. — o interrompi, e ele assentiu, sem graça e saímos do quarto.

Não queria o deixar mal, mas estava apavorada. Se ele me pedisse em namoro? O que faria? Mal sabia o que era beijar. Sem condições!

— Henry, meu filho, toque o violino. Seu irmão tocará piano e sua irmã cantará — sua mãe pediu e ele se juntou aos irmãos. Formaram um trio musical perfeito!

Fiquei perdida na música e nos olhos de Henry. A cada olhar dele, um sorriso meu. Ele estava maravilhoso!

A música acabou e Henry logo se juntou a mim. Ouvimos um estrondo na porta e todos se assustaram. Mr. Lau foi até à porta se certificar de que não era nada grave, quando se deparou com um homem bem vestido e de boa aparência. Pareceu tomar um susto e deu alguns passos para trás. Olhei para minha mãe e ela parecia estar espantada da mesma forma. Me aproximei dela.

— O que houve? Por que você está assim? — perguntei, preocupada.

— O que está fazendo aqui na minha casa? — Mr. Lau perguntou ao homem.

— Achou que eu estivesse morto, não é mesmo? Pois veja, estou aqui bem e financeiramente melhor que você — o homem disse, satisfeito.

— Saia já da minha casa antes que...

— Antes que? Vai mandar me matar novamente, já que sua primeira tentativa foi falha? — o homem perguntou, o provocando e Mr. Lau deu um soco no rosto dele.

— Querido, saia de perto desse homem. Não sabemos do que ele é capaz! — Mrs. Lau disse ao esposo.

— Você também não sabe do que o seu marido é capaz e mesmo assim, convive com ele há anos. Mas eu vou contar tudo o que ele já fez — o homem disse para a Mrs. Lau e ela encarou o marido.

— Não acredite nele, amor — Mr. Lau disse, mas sua esposa o ignorou.

— Depois de sua empresa estar falindo, ele me demitiu por acreditar em um funcionário antigo que me acusou de roubo! Não quis me ouvir e perdeu o funcionário mais antigo e confiável de sua empresa. Mas, o pior não foi a acusação, foi a tentativa de me matar. Com muita raiva de mim por achar que eu estava tentando acabar com seu “ganha pão”, ele e seus capangas me sequestraram e tentaram acabar com minha vida me espancando. Não sei como consegui sobreviver depois de tantos chutes e socos na cabeça, fora outras partes do meu corpo. Tenho marcas de suturação por todo o meu corpo, posso até mostrar se quiserem ver, como prova do que esse homem fez. — Eu não sabia o porquê da minha mãe chorar tanto, mas estava tão chocada quanto ela. — Eu tive que me esconder por anos e tentar sobreviver com trabalhos temporários. Até o dia que comecei a economizar e guardar o dinheiro, consegui comprar uma pequena parte da empresa que hoje domina a cidade e, depois comprei toda a empresa. Aparentemente, tenho tudo... Menos a minha família perto de mim. Tudo porque este homem não me deu a chance de falar com ele. Não quis me ouvir e fez a maior besteira da vida dele. E quase acabou com a minha. Quase.

Todos os convidados estavam horrorizados com tudo que tinham ouvido. Henry e seus irmãos acolhiam a mãe, que estava completamente abalada com todo o depoimento daquele homem. Minha mãe estava abraçada comigo e continuava chorando.

— Eu... Eu não sei o que dizer — Mr. Lau disse.

— Mas nós sabemos, seu bandido! Como pode ter feito isso com esse homem? Tentar matá-lo e ainda o arrancar de sua família? É muita crueldade! — Um dos convidados disse. — Para mim já chega! Você acabou com o natal de todos. Aproveite sua ceia, já que está tão farta, enquanto têm um monte nas ruas sem ter um pão para comer. — O homem saiu da casa e todos os outros convidados foram juntos, só sobrando eu e minha mãe.

— NÃO ACREDITO! — o homem de boa aparência disse alto e se aproximou de nós. — AMOR? — ele disse e minha mãe se jogou em seus braços.

— Como senti sua falta! Achei que não o veria nunca mais. — Ela se desmanchou em lágrimas e o homem a acompanhou.

— Eu não deixei de pensar em você um só dia. Em você e em nossa filha. — Minha mãe se afastou um pouco para o olhar e me abraçou.

— Nossa filha! — o homem de boa aparência pôs as mãos na cabeça e tornou a chorar forte.

! Minha garotinha! — Ele veio em minha direção e me abraçou forte. — Está tão grande e linda! — Sorriu para mim e eu não sabia o que fazer.

— Saiam da minha casa agora mesmo! — Mr. Lau ordenou.

— NÃO! — Mrs. Lau disse, e encarou o marido. — Saia da minha casa você!

— Mas...

— Nem mais uma palavra. Henry já chamou a polícia e você vai apodrecer lá! — a mãe de Henry disse e Mr. Lau desabou.

A polícia chegou e levou Mr. Lau algemado. O homem de boa aparência, que eu ainda vou custar chamar de “pai”, foi junto para depor contra e apresentar as marcas em seu corpo como prova.

 

Alguns meses depois do ocorrido, o homem de boa aparência que agora eu chamo de pai levou eu e minha mãe para morar com ele numa mansão. Jamais imaginei um dia ter um quarto tão grande e lindo! Nem acreditava que tínhamos muito mais que legumes nas refeições. Minha mãe continuou com seu trabalho de costureira, mas apenas como uma distração. Eu continuei estudando, só que num colégio melhor. Às vezes, pensava em como estaria a família de Henry sem o seu pai comandando a empresa, que na verdade é da Mrs. Lau. Não tirava a ideia de visitar eles da cabeça, mas tinha medo da rejeição da família.

— Pai — o chamei. — Teve notícias da família de Henry? — Ele me encarou. — Não me olhe assim. Conheço eles desde pequena e Henry foi meu único amigo desde sempre. Estou preocupada com sua família.

— Já sei o que você quer! — ele disse, com certeza.

— Ok, então...

— Eu te levo lá.

— Pai, não. Eu vou sozinha, tudo bem? — Ele assentiu, querendo negar, e eu dei um beijo em sua bochecha. — Avise a minha mãe que já volto.

Saí de casa e peguei um táxi, que me deixou na Pracinha dos Amores. Andei um pouquinho até à casa de Henry e toquei a campainha. A colaboradora me atendeu.

— Oi. — Sorri.

— Oi, menina. Só Henry está em casa hoje. 

— Pode chamá-lo, por favor? — pedi e ela assentiu.

Fiquei olhando ao redor da rua e olhei em direção à minha antiga casa. Conseguia ver ela de longe. A casa foi doada para uma família muito pobre do bairro, fiquei feliz pelas crianças que se encontravam brincando no quintal. Agora elas tinham um lar.

? — ouvi Henry dizer meu nome e ele correu em minha direção.

— Que saudade! — o abracei forte.

— Você sumiu — ele disse, num tom de tristeza e se afastou para me olhar.

— Desculpe! Meu pai não queria que eu voltasse para esse lugar. Você entende! — ele assentiu.

— Mas agora você está aqui. — Sorrimos e nos apertamos num abraço mais uma vez. — Quer entrar?

— Na verdade, queria que fossassem para a Pracinha dos Amores.

— Vamos! — Ele fechou o portão e fomos.

Caminhamos devagar até a pracinha e nesse tempo, cumprimentamos algumas pessoas que até mesmo estavam na noite de natal na casa de Henry. Nos sentamos um de frente para o outro num dos banquinhos da praça.

— Bom, aqui estamos — ele disse.

— Queria saber como vocês estão. Sua família está bem?

— Depois que meu pai foi preso, Clinton ficou no lugar dele e está se saindo muito bem. Eu o ajudo nos negócios e temos conseguido reerguer a empresa. — Ele coçava a cabeça.

— Que bom, Henry. Fico feliz por vocês! — disse, sincera e ele sorriu. — Mas, sua mãe e Whitney?

— Minha mãe abriu uma clínica de estética e quando não está lá, está em casa cuidando das coisas. Whitney foi quem mais sofreu na história toda, mas estamos a ajudando a superar. — Assenti. — Agora me fale de você.

— Não tenho o que falar, Henry. Você sabe tudo de mim. — Virei meu rosto para a padaria e senti que ele me observava. — Pare de me olhar assim!

— Você fica linda com vergonha! — ele disse, rindo de mim.

— Não tem graça. — O olhei séria, mas não aguentei e ri com ele. — Você não sabe o quanto senti falta das suas risadas.

— Tem uma forma de você não sentir mais falta de mim — ele disse.

— Sim. Eu vindo te visitar e você indo me visitar todo fim de semana — eu disse animada e ele murchou.

— Na verdade, eu diria para nós na...

— Acho que preciso ir. — Ia me levantando, mas ele me puxou de volta.

, pare de fugir! — ele disse, sério, e eu engoli o seco. — Sei que sempre fomos amigos e na noite da ceia foi seu primeiro beijo. Eu já gostava de você, e você também gostava de mim. Só não falamos um para o outro. Mas agora estamos mais maduros, continuamos nos gostando mais que amigos, vamos ficar juntos logo. — eu respirei fundo. — O que você acha?

— Acho que...

— Namora comigo? — ele insistiu.

— Tem certeza, Henry? — perguntei nervosa e ele assentiu. — Sim, eu namoro contigo. — Mal terminei de responder e Henry me beijou.

Dessa vez, o beijo durou alguns minutos e foi bem mais romântico.

— Esperei tanto para esse dia chegar. — Henry disse e eu sorri. — Eu sabia que você gostava de mim, só tinha vergonha.

— Você terá que ir à minha casa pedir a meu pai e minha mãe.

— Tudo bem! Eu vou. — Sorrimos e nos beijamos mais uma vez.

— Espero que nada e ninguém nos separe — disse, receosa.

— Não se preocupe. Ficaremos juntos até o nosso envelhecer — ele respondeu.

— Mesmo?

— Como eu ficaria sem ver o seu sorriso? — dei um selinho nele.

— E como eu ficaria sem a sua risada? — Nos encaramos. — Eu nunca me esquecerei daquela noite de natal! Foi nosso primeiro beijo. — Henry sorriu comigo. — Também não me esquecerei de agora, seu pedido de namoro. — Ele se aproximou de mim novamente e nos beijamos.

 

 

50 anos depois, numa noite de natal...

— Mesmo depois de todos esses anos, não me esqueço daquele dia! — eu disse, na minha cadeira de balanço e meus netos e filhos me olhavam emocionados.

— Quero ter um amor assim — minha neta disse.

— Você terá, minha flor! Você terá! — eu disse e ela assentiu, sorridente.

Olhei para frente e lá estava Henry, brincando com nosso neto mais novo e me observando, como sempre fazia. Ele sorriu para mim e me disse algo. Mesmo de longe, consegui fazer a leitura labial. “Você continua linda com vergonha!”, foi o suficiente para eu me emocionar, e meus netos e filhos vieram me abraçar.

Nunca me esqueci daquela noite de Natal! Foi o começo de tudo. O começo de grandes mudanças e, o mais marcante, o começo de um grande amor.


~Feliz Natal~


N/A: Essa foi minha primeira fic de amigo oculto e de natal. Nunca tinha participado de algo assim, mas amei!! Fiz essa especialmente para a May, porém, é um presente também para todas as leitoras.
Tentei escrever algo fofo, porque o Henry é demais!! Espero que curtam, de coração. E obrigada por lerem


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